My Hero. My Light. escrita por Ankoku Mayoi


Capítulo 11
Pra que tanta reviravolta se foi apenas uma dança?


Notas iniciais do capítulo

Hoje é att dupla pra vocês ♥



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— Acho que você deveria ir falar com ele. — comentou Gisele, estreitando os olhos para a outra. — Sabe, depois do que aconteceu... — insinuou, referindo-se a dança que havia acontecido entre Debby e Bucky, dois dias atrás. Ela vinha tentando discutir esse assunto com a Grey, mas ela sempre acabava arrumando um jeito de desvia-lo, fazendo Gisele insistir cada vez mais.

As duas estavam sentadas sobre as frágeis cadeiras de madeira do pequeno refeitório improvisado, observando a movimentação que acontecia por ali.

Assim que elas haviam chegaram a seus aposentos, Déborah relatou para Gisele os acontecimentos da noite, sobre sua dança com o Sargento Barnes. E a Blood não pôde esconder sua clara surpresa pela atitude do Barnes, que ela mesma conhecia há alguns meses. Foi impossível não se lembra do Stark, que passou a noite inteira a perseguindo, tentando puxar alguma conversa com ela, que fugia do mesmo sempre que possível.

— Oras, mas por quê? — chiou Grey, cruzando os braços e fazendo uma expressão inconformada. — Não há algo para ser falado, ou discutido sobre isso... — complementou, olhando rapidamente para o sargento que estava um pouco distante dali; mas não o suficiente para atrapalhar a visão de alguma das duas. Ao voltar sua atenção para Blood, observou a sobrancelha arqueada no rosto da mesma, olhando-lhe descrente.

— Tem certeza? — persistiu Gisele, cruzando os braços de frente ao peito. Debby desviou o olhar, voltando-se para seu prato por meros instantes, antes de erguer novamente sua cabeça, e com um suspiro confessar:

— Não muita. — vendo que Blood ainda a encarava do mesmo modo de antes, exasperou-se: — Ah, certo. Qual é o problema de eu ir ter dançado com ele? Acha que só porque eu aceitei um convite para uma dança, ele prevê que eu cai na lábia dele, ou algo assim? Que eu estou "gostando" dele? — falou rapidamente, fazendo gestos com as mãos tentando mostrar de alguma maneira sua maneira própria de se expressar, da qual Gisele já estava bastante acostumada depois de meses em sua companhia.

— Eu quero que me explique por que aceitou. E onde o "outro" soldado fica nesse meio. — falou Gisele em tom de desdém, deixando Debby encurralada. Déborah não tinha contado para mais ninguém sobre seu segredo. Na verdade, ela nunca tinha contado para ninguém; eram as pessoas que descobriam, para a má sorte da Grey. Ela confiava plenamente em Blood, apesar de terem se conhecido há alguns meses, já eram bastante próximas e já podiam muito bem se considerar amigas; mas Déborah ainda tinha medo da reação da nova amiga quando soubesse de sua paixão platônica. Será que ela reagiria como seu avô? Ou como Howard? Oh, não, ela não faria isso. Talvez tivesse uma reação única e própria, lhe falando que era uma paixãozinha fajuta, por seu herói de quadrinhos favorito. — E sim, talvez... Só, talvez, ele não tenha encarado as coisas dessa maneira. O mundo não é tão inocente assim Déborah. Homens apenas procuram um rabo de saia, pelo menos, é o que eu acredito. — Gisele acrescentou em tom levemente debochado. — Mas quanto a hipótese de você gostar dele... — ela sorriu torto. — Acho que só você pode me responder. — pisca para a Grey, que de resposta mandou-lhe um olhar descrente. — Mas como já disse, onde que é fica o Capitão? — ela riu brevemente.

Ah, sim. Gisele já conhecia, e muito bem tudo sobre o Capitão América, ou pelo menos, tudo que Debby lhe contava; Incluindo o nome verdadeiro do mesmo, que Gisele não se lembrava muito bem. Todas as noites antes de dormir a Grey não conseguia parar a boca, falando por horas e horas sobre as aventuras acontecidas nos quadrinhos que lia, e até sobre outras informações mais pessoais sobre o Capitão que poucas pessoas tinham conhecimento, para o fim das noites completamente dormidas da Blood, que sempre tentava a todo custo conseguir dormir, colocando o travesseiro — em péssimo estado — sobre o rosto.

— Ahn, eu... Er... Não... digo... — começou a gaguejar, olhando para várias direções ao mesmo tempo, menos para o rosto de Gisele — Tenho que... — Déborah parou por um segundo, soltando um suspiro derrotado antes de falar: — Eu pensei que não tinha nada a perder. — outro suspiro, só que mais baixo, saiu pela boca da Grey, enquanto um pequeno sorriso tímido se alastrava por seus lábios. Ao ouvir aquelas palavras, Gisele deixou um sorriso divertido se projetar em seus lábios, claramente animada com o rumo que a conversa estava tomando.

— Então... eu desconfio que não tenha sido apenas isso, Srta. Grey. — Gisele quase rira, ao ver a Grey parar a colher de sopa que levava até a boca no meio do caminho, fitando-a curiosa. — Talvez isso clareie sua memória. Somente dois nomes: Stévie. Rogers. — contou ainda com aquele mesmo sorriso pregado no rosto – que era bastante parecido com o de Howard, mesmo que Gisele ainda não tivesse se dado conta disso – e com os braços cruzados sobre o peito, quase que presunçosamente. A colher que estava sendo erguida pelas mãos de Déborah escorregou de sua mão, fazendo assim um barulho estridente ao bater contra o prato de sopa em alta velocidade.

— Gisele, você enlouqueceu?! — Debby deu um grito mudo, fuzilando a Blood com os olhos. — De onde você tirou essa ideia? O Steve não tem nada com isso! — argumentou em tom mais baixo e envergonhado. — Ele e o Barnes são amigos, e só isso. — replicou demostrando leve nervosismo. — Não tem nada demais. O que isso influencia na ideia de eu aceitar dançar com o Bucky? — Déborah balançou a cabeça de forma negativa. — Não faz sentido! Eu só gosto dos quadrinhos dele. Afinal, você está desconfiando de que?

— Déborah...

— Só porque eu gosto dos quadrinhos dele, não significa exatamente que ele tenha algo haver com a minha vida...

— Déborah... — tentou Gisele novamente, fitando a Grey.

— Tecnicamente, se tivesse, era porque eu era uma fanática, coisa que eu não sou... – ela pensou por um momento, e adicionou logo em seguida: — Ok, talvez só um pouco...

— Debby...

— Bem, acho que você deve rever todas as suas teorias e...

— Agente Grey, pare de se fazer de desentendida! — interrompeu Gisele um pouco impaciente, finalmente conseguindo a atenção de Déborah. — Suas anotações mais antigas te entregaram. — adicionou divertidamente, segurando o riso por educação ao observar o rosto de Debby, que tinha empalidecido ao ouvir suas palavras.

Q-q-q-que anotações? — Debby não conseguiu conter o gaguejo, voltando a fitar para seu próprio prato.

— Oh, não se faça de boba. Aqueles coraçõezinhos são realmente lindos. Foi uma ideia bem criativa de sua parte. — zombou Gisele, mas ao ver que a Grey ia tentar retrucar, levanta seu dedo indicador em sua direção, fazendo a Grey abaixar os ombros, claramente derrotada.

— Malditas anotações! Não sei como ainda não taquei fogo naquelas coisas velhas. — resmungou ela, colocando de má vontade outra colherada na boca. Gisele ao ouvi-la reclamar, não conseguiu mais conter um pequeno riso. — E afinal, como as conseguiu? — indagou, olhando acusadoramente para Blood. — Foi o Howard não foi? Aquele bigodu–-

— Não! — Blood sorriu torto. — Não foi por causa do senhor Stark; foi apenas por coincidência. — Gisele respondeu calmamente, pegando uma xícara e enchendo-a de café — As achei no meio dos dados e relatos das missões anteriores, Debby. Não achei que fosse nada pessoal, desculpe. — desculpou-se, mandando um olhar arrependido para Debby.

— Ah, tudo bem... eu acho. — falou a Grey incerta, dando um sorriso amarelo. — Mas, por favor, não conte a ninguém. — pediu quase que implorando. Se continuasse assim, logo o próprio Steve sabia de tudo, e isso era a última coisa que Debby queria no momento.

— Eu nunca revelaria nada, Debby. — começou Gisele, subitamente séria. — Você mesma que irá fazer isso! — terminou, fazendo os olhos da Agente Grey se arregalaram por instantes.

— Creio que não terei coragem para fazer isso tão cedo... — lamentou abaixando os olhos, ao mesmo momento em que um sorriso triste tomava conta de seus lábios.

— Eu não acredito muito nisso, Déborah. Quando eu der de cara com esse tal Stévie, vou arrastá-la comigo para contar tudo a ele! — declarou Blood, tomando mais um gole de seu café.

— Ah, sim, claro! — ironizou Debby, fazendo uma expressão levemente entediada. — E ele vai achar que você e eu somos fanáticas pelo Capitão América!

— Coisa que eu não sou, realmente. — negou Gisele veemente, balançando a cabeça negativamente repetidas vezes relembrando das suas noites muito pouco dormidas — Mas já você... — olhou a Grey de cima a baixo, sorrindo, não completando a frase de proposito.

— E o nome dele é Steve! — ralhou Debby, ignorando totalmente a fala da amiga. —“Stévie”? — tentou imitar a voz da Blood, em tom ridiculamente agudo. — E eu pensava que você prestava atenção no que eu falava. — reclamou, cruzando os braços sobre o peito.

As duas mulheres que estavam sentadas na mesa subitamente caem em um silêncio absoluto, entretanto, risos baixos abafados por suas mãos são ouvidos em seguida.

[...]

Alguns minutos depois, o refeitório já estava quase completamente vazio; somente as duas agentes das três agentes da REC ocupavam ainda os mesmos lugares que os de alguns instantes atrás. Conversavam sobre as missões realizadas anteriormente, as que foram fracassadas, comentando cada erro cometido e também cada ataque feito pelo inimigo; até as vitorias, que para a alegria do povo estadunidense sempre eram, na maioria das vezes, gloriosas. Até que subitamente, uma delas mudou de assunto, ou melhor; voltou a rever/discutir aquele assunto.

— Ainda acho que você deveria ir falar com ele. — recomeçou Gisele, referindo-se a conversa que tinha tido com Debby há alguns minutos. — Você deixou uma brecha para ele se aproximar, mas me diz que não está interessada nele... Então por que não recusou o pedido? — exclamou indignada.

— Gisele, eu não sou você. Não recusaria milhares de vezes uma dança com o Howard. E aliás, por que fazia isso? — perguntou Debby, fitando Gisele como se a desafiasse a contrariá-la.

— Ah, neste caso já é bem diferente... Para mim Howard Stark não é considerado uma pessoa dançável. Muito menos associável — respondeu Blood, falando isso mais para si mesma do que para Debby.

— Agora temos que guiar a 107 até a saída do REC, e rever os últimos detalhes da missão. — o tom de voz de Déborah ficou subitamente fica sério, como sempre ficava quando se tratava de algum assunto sério demais e que exigia responsabilidade.

Levantando-se de suas cadeiras, as duas seguiram em direção à saída do refeitório, assumindo uma postura reta e compenetrada, e até mesmo intimidadora; que por si só esbanjava autoridade.

— Esta seria uma ótima – e única – chance de falar com o sargento antes dele partir Debby, faça o que tem que fazer. — falou Gisele, fazendo Déborah parar por alguns segundos no meio do caminho, enquanto Blood tomava a frente e continuava o caminho que tinham trilhado.

— Ainda acho que você está fazendo drama demais com isso. Foi só uma dança, não tem pra que tanta reviravolta. — Debby murmurou, observando as marcas que os sapatos de Gisele haviam deixado na terra.

E foi pensando nas palavras ditas pela Agente Blood, que ela voltou a seguir o caminho que antes tomara.


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Notas finais do capítulo

qualquer erro, por favor, me avisem para ele ser corrigido :)