Provocação escrita por Kalhens


Capítulo 1
Manipulação


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura~



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Sala do Roger.

Novamente.

Pensando agora, parecia que a maioria das cenas em sua vida nas quais Near participava acabavam ali.

Normalmente, ele sozinho, balançando as pernas na cadeira de espaldar alto enquanto esperava um sermão ou um castigo ineficaz e pouco criativo.

Dessa vez, entretanto, se resumia a fechar a cara e deixar o queixo afundar no braço que afundava na perna, ele inteiro querendo se afundar na almofada da cadeira.

Ao seu lado, o próprio Near, o rosto meio avermelhado por um tapa bem dado, olhava com tédio para o vazio enquanto enrolava os cabelos com os dedos.

À frente, os olhos profundamente negros de L o encaravam, um café indo e vindo da boca silenciosa, enquanto ele parecia digerir o escasso depoimento de Near sobre os fatos que Mello já narrara de maneira mais afobada do que gostaria na frente do detetive.

E, para coroar a cena do purgatório,o próprio Roger, em pé, uma vez que L lhe roubara o assento, limpando a garganta, como se cutucasse o aquele homem que mantinha os pés descalços sobre seu estofado..

Queria sua cadeira de volta.

- Mello- pronunciou-se por fim,aproveitando para jogar mais alguns cubos de açúcar no que restara do espesso café- particularmente, eu não sou contra o uso de violência.É realmente bom que você tenha vigor físico e saiba lutar. Mas agir por puro impulso é estupidez. Por favor, antes de bater em alguém da próxima vez, tenha uma boa desculpa.

O loiro limitou-se a sustentar o olhar, esperando pelo resto.

L acabara induzido a ir mediar o problema pelo próprio Watari (depois de meia dúzia de suplicas do sempre fraco diretor). Roger tinha esperanças de que,conversando diretamente com aquele que era sua meta de vida, aqueles dois criassem um pouco de juízo.

- Bem, espero que consiga aprender algo com seu erro. E, também, não deveria bater em um lugar tão a mostra. Imagino os motivos para deixar uma marca sua tão clara no rosto de Near- Mello quase abriu a boca num protesto. Quase-, mas lhe pouparia trabalho se os falasse claramente. E Near, pare de ficar provocando. Podem sair, os dois.

Não era qualquer um que conseguia deixar os dois gênios da Wammy’s House atordoados, mas ao menos L era digno do feito, recebendo olhares um pouco mais abertos de Near e uma careta de coisa a ser dita estampada e Mello.

Todavia, os dois apenas saíram da sala.

Um estupefado Roger parecia infeliz com a obediência um tanto quanto rara de ambos. Queria castigo, punição, lição. Mas aquele ser de cócoras apenas virava seu açúcar com traços de café, os olhos voltados para dentro da xícara.

- L, não seria melhor impor ao Mello algum castigo?

-Não. Primeiro, quem começou a briga obviamente foi Near, provocando o Mello, como já disse- adicionou, esperando livrar-se de maiores explicações-. E segundo, você já deve ter notado que Mello não tem jeito. Na verdade, é até interessante acirrar a rivalidade entre eles, assim ele se focará em superar o Near mentalmente, e evitará recorrer a força física.

-Espere- o colecionador de insetos tentava acompanhar o raciocínio- Near provocou? Você também ouviu os relatos dos dois. Ele não fez nada, apenas evitou alguma reação mais danosa quando Mello espalhou as peças que ele estava montando de maneira súbita e desnecessária, pra não dizer violenta.

L o encarou, de baixo mesmo, posto que mantinha ocupada a cadeira do diretor.

E Roger sentiu-se minúsculo refletido naqueles olhos mortos escurecidos pelas pesadas e eternas olheiras.

O detetive quase pensou em pegar uma caneta para desenhar mais claramente o esquema para aquele senhor, mas, sinceramente.

Isso seria meio humilhante para aquele que cuidava da renomada Wammy’s House.

- Senhor Roger. Como Mello costuma reagir quando você lhe impõe castigos? Com indiferença, certo? Desafiando suas ações e sua autoridade. Deixando claro que não reconhece o poder que possui enquanto diretor do orfanato- o tal diretor assentiu, os dentes meio trincados- É irritante, não é? E proposital, também. E, essa atitude acaba te forçando a dispensar-lhe mais atenção. O que o Near faz é parecido.

Uma exclamação quase saiu pela garganta um tanto flácida, mas o homem, débil, calou-se, ruminando sobre o raciocínio que L lhe entregara, o próprio agora concentrado em calçar seus sapatos sem meias ou laços, as mãos enfiadas nos bolsos.

- O grande problema do Mello, é o Near. Se Near se controlasse um pouco e parasse de provocar tanto e de chamar a atenção, você não teria que trazer o Mello aqui tantas vezes. Ah, Watarai- o mordomo-faz-tudo pareceu materializar-se no momento em que L se calçou- o carro está pronto?

Da janela da sala de brinquedos do segundo andar, pode-se ver o carro que escoltava o maior detetive do mundo ir-se embora.

Um Near enfezado observava o pontinho motorizado afastar-se, a malicia brotando em seu rosto frio conforme a distancia aumentava.

Sua bochecha ainda estava quente pela violência sofrida, ainda que a vermelhidão já estivesse quase sumindo.

Mas, dentro em breve, ele viria a seu encontro novamente. Sabia que L também compreendia Mello, o que de certa forma lhe incomodava.

Mas o pior era a certeza de L entendia a ele próprio.

E que desconfiava que ele, aquela precoce e genial criança que o próprio detetive um dia fora, gostava das marcas.

Gostava de ser marcado.

Gostava de ter algo de Mello em si.

Vestindo o véu de indiferença, sentou-se no chão, juntando algumas cartas próximas e montando a base do que logo seria um castelo.

Um belo castelo pronto pra ser derrubado.


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Notas finais do capítulo

Mello e Near pra não perder o costume u.u9
Eu tinha começado a escrever algo completamente diferente mas, quando dei por mim, já tinha enfiado o L no meio, e foi isso que saiu.
Aliais, eu ganhei uma ganeca MelloxNear.
UMA CANECA MELLOXNEAR.
Se eu dei gritinhos quando vi?
Imagina.
Se eu quero contar isso pro mundo?
Magina.
Enfim.
Ficam os avisos de sempre,
Kalhens.