Eu comecei a frequentar uma nova escola, a mesma de Adri, mas ele estudava em outra sala. Nos víamos durante o intervalo.

Lá tinha uma professora, o nome dela era Vanessa Pártila. Ela era reconhecida por todos como uma doida, estranha, idiota. Para mim, ela era original. Andava vestida como uma cigana, mas era realmente um amor de pessoa. Minha primeira aula foi com ela, por isso, pediu que eu me apresentasse e falasse de mim.

– Meu nome é Paola, tenho 14 anos, amo ler e... - eu iria falar dos meus pais, mas abaixei a cabeça, era melhor não.

– É verdade que você é adotada? que nunca foi a uma escola? - perguntou um menino, do estilo que eu odeio. Com aquelas calça no chão, cabelo Neymar, correntes, se achando o garanhão, óculos de mosquito. Argh, que coisa horrível. Mas o que me pegou foi, como ele sabia da minha vida?

– Como você sabe disso? - perguntei

– Já te vi naquela livraria idiota no final da rua, você trabalha lá?

Como eu já não estava suportando aquele menino.

– Cala boca Vitor. Já está com inveja até da menina nova? que coisa em, você consegue ser insuportável demais cara. - Dessa vez foi uma menina que falou. Ela parecia, normal. Diferente do que eu vi pelo resto da escola.

– Por favor Vitor e Marina, parem agora com isso. Paola, por favor, aceite minhas desculpas. Quer falar mais alguma coisa? - disse a professora

– Sim - eu não daria satisfação para aquele menino retardado -, eu estudei sozinha num orfanato durante 12 anos, eu trabalho na D&R Books no final da rua, com os meus pais, que me adotaram depois de 2 anos que eu estava trabalhando lá. Obrigada. - disse, e me sentei na minha carteira.

Toda a sala estava me encarando, a única pessoa que parecia que estava bem por eu estar ali era a tal Marina.

Passou a aula, não falei com ninguém.

Quando deu o sinal do intervalo, Adri estava na porta da minha sala me esperando.

–E aí, como foi? - ele perguntou

– Eles me odeiam. ME ODEIAM.

– Eles não te odeiam.

– Odeiam sim.

– Como alguém poderia te odiar? - quando ele disse, Vitor passou por nós, e tacou uma bolinha de papel em mim.

– LIXO NO LIXO - gritou aquele garoto idiota

– Assim. - eu disse me virando para Adriano.

– O Vitor é idiota, desde que eu conheço ele. Não liga, por favor. Eu queria que ele fosse como a irmã dele. Já a conheceu? - perguntou Adri enquanto nos sentávamos em uma muretinha.

– Quem é?

– Aquela - disse ele apontando para a menina Marina.

– Ela parece legal, você gosta dela? - eu perguntei tirando sarro dele. Mas não deu tempo dele responder, que Marina estava vindo na nossa direção.

– Oi. Eu sou Marina - disse ela estendendo a mão pra mim.

– Paola - eu disse apertando a mão dela.

– Desculpe-me por Vitor, ele é um idiota. - desculpou-se

– Oi Marina - disse Adriano

– Oi Adriano, como vai?

– Bem

– Você já conhece ela?

– Sim

Eles escondiam alguma coisa. Uma menina chamou Marina, e ela disse que já estava indo.

– Hum, Paola, quer ir com a gente? eu posso te apresentar as meninas, se quiser é claro - perguntou ela

– Eu ia adorar, mas tenho que conversar com o Adri, pode ser depois?

– Claro - disse ela despendindo-se de mim e do Adri

–Depois que ela se afastou, Adriano olhou sério pra mim.

– Você recusou ir com ela? por mim?

– Sim, por que? ela é tão importante assim?

– Importante? o pai dela é dono da escola.

– Eu não ligo pra isso, prefiro você a todo esse povo aqui.

– Depois conversamos mais um pouco e bateu o sinal. Ótimo, mas um pouco de tortura.

Ninguém falou comigo novamente.

Quando voltei pra casa, Daniela me perguntou como foi a aula, eu disse que tudo bem. Não iria falar o que aconteceu. Era só o primeiro dia, né?

– Temos uma surpresa pra você, mas só a noite diremos.