A Última Chance escrita por BailarinaDePorcelana


Capítulo 69
Parte IV - Capítulo 69 - Prontos Para Atacar


Notas iniciais do capítulo

Hey dudes! Como estão?
Tenho algumas coisas pra avisar nas notas finais, então por favor leiam.
Bom capitulo! :3



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Capitulo 69

Prontos Para Atacar

- Vamos direto ao ponto. - Rick espalmou sua mão na mesa á nossa frente - Quem acha que devemos procurar pelo Governador e acabar logo com isso, levante a mão.

Uma a uma, as mãos se ergueram. Mantive minha abaixada, sem querer fazer parte dessa escolha. Mas não foi preciso, já que a maioria as mantinha erguidas no ar com um ar confiante e olhares raivosos.

- Aquele cara já era. - uma voz animada falou do canto, e só então a percebi ali.

- Jen? - murmurei para mim mesma.

A observei por um momento, deitada sobre três cadeiras juntadas, assistindo tudo de camarote.

- Tudo bem. Precisamos de um plano.- Rick se sentou na cadeira ao seu lado.

- Uma isca? - Ariane deu a ideia.

- Talvez. Mas quem o atrairia? - Reed encarou cada rosto ali.

- Bem, temos duas opções obvias. - Lola apontou para Michonne e então para mim - Uma matou a criança zumbi e o deixou cego, e a outra o enganou com direito a usar o nome da filha dele. Acho que ele adoraria ter a cabeça delas. A terceira opção seria o Rick, porque o cara realmente odeia ele.

Ficamos um momento em silêncio enquanto todos pareciam pensar nisso. Bem, precisaríamos de algo para chamar a atenção do Governador. Uma seria de grande ajuda, duas seria mais tentador ainda. Mas pelo que tinha entendido, o homem matou todas as pessoas de Woodburry, então ficaria mais cauteloso por não poder contar com outros para ajudá-lo, apesar de ter certeza de que deixaria pelo menos outro vivo. O que acabava com a opção “três iscas”. Dois de nós iríamos.

- Eu concordo, mas apenas dois devem ir. Ele não irá atrás de mais que dois, não sem mais pessoas para ajudá-lo. Só que ele matou todas. - falei me recostando na cadeira, e então dei de ombros - Eu vou.

- Ah, não vai mesmo! - Damen cruzou os braços.

- Como se você fosse decidir alguma coisa. Você não tem nenhum motivo para não me deixar ir, tem? - o fuzilei com os olhos.

- Claro que tenho! Você pode morrer!

- Irrelevante.

Eu imaginava que seria assim. Depois de muitas lágrimas, me coloquei no lugar e respirei fundo. Chorar era algo aceitável, mas não ajudaria. Então voltei á mim, ao que eu era antes. Agora tinha que fazer o que fosse necessário para manter o máximo de pessoas vivas. Eu não entrava nessa contagem: se fosse preciso morrer, era isso o que aconteceria.

-  Eu também vou. - Michonne deu o menor dos sorrisos - Depois de matar aquele projeto de zumbi com certeza deve  ter praticamente colocado minha cabeça á prêmio.

- E colocou. - a olhei divertida - Sabia que você seria a moeda de troca para o Governador deixar a prisão em paz? Sorte sua que fui no seu lugar. De nada.

- Ok, ok... - Jen me olhou risonha - Agora você tem meu respeito.

Ergui uma sobrancelha e voltei minha atenção para a conversa.

- Acho que vou me sentir um pouco mal por não ir, mas dependendo do resto do plano talvez tenham coisas mais importantes a fazer. - Rick esfregou as mãos.

- Você pode ir, Grimes. - minha mãe falou abraçando Kalem pelos ombros - A Delilah não vai.

- O que? - a encarei indignada.

- Você não vai. - dessa vez foi Daryl quem falou.

- O que é isso? Complô contra mim? - joguei os braços para o alto, irritada.

- Porque ela não vai? - Taty encarou minha mãe e Daryl.

- É, porque eu não vou?

- Porque ela está grávida. - Daryl falou simplesmente.

O encarei durante um tempo, sentindo meu rosto esquentar. Qual era o problema dele? Momentos antes tínhamos concordado em não contar isso para os outros até não podermos mais esconder isso. A primeira coisa que passou pela minha cabeça foi que devia ter usado aquela faca nele quando tive a chance. A segunda foi que eu queria sair correndo dali naquele momento, enquanto os murmúrios ainda estavam começando, mas isso só me faria parecer mais fraca. A terceira foi que eu realmente ainda queria atirar uma faca em Daryl. Ao invés disso eu somente movi os lábios formando as palavras “eu vou te matar”. Desviei os olhos dele e os passei pelos rostos que me encaravam sem acreditar.

- O que? De quem? - Hannah me encarou.

Apertei os lábios numa linha fina, perturbada com a pergunta. Esse “de quem?” fez eu me sentir uma completa vadia que dormia com todos os caras dali, mesmo sabendo que não era isso que ela queria dizer. Nem nos conhecíamos direito para ela no mínimo pensar que talvez fosse de Jamie, por ser meu ex-namorado e... Caramba, eu realmente parecia uma vadia.

- Ah, acho que você quer contar, certo, Daryl? - o encarei com o olhar mais irônico que consegui - Ou não quer contar que é você?  

Encarei minhas mãos entrelaçadas sobre a mesa por tempo até o silêncio pesar tanto sobre meus ombros que mal conseguia respirar.

- Com licença. - “vou ali me mata um pouquinho” acrescentei mentalmente, e fui para fora esperando que o vento forte que estava por ali antes pudesse me reanimar e fazerem minhas pernas pararem de bambear.

O sol estava muito quente e o vento parecia ter sido substituído por um vapor escaldante, e em pouco tempo já estava suando. Sentei no chão que no momento queimava e imaginei se aquilo era real. Poderia perguntar a alguém, mas não queria vê-los tão cedo.

- Você está bem? - Damen se agachou á minha frente, e fiquei agradecida, por ele tampar o sol.

- Ficarei quando eu não estiver morrendo de vergonha. E quando esse calor diminuir. Ele é real, não é?  - franzi a testa.

- É sim. Mas depois de dois dias de um frio intenso já era de se esperar.. Estamos chegando no verão, e não estamos mais tão no norte. Aqui é muito mais quente nessa época do ano. É melhor ir se acostumando.

Fixei meus olhos no céu, deixando o calor escaldante do sol entrar em minha pele. Senti meu irmão me cutucar, como se já tivesse me chamado milhões de vezes, e o encarei.

- O que acha de um passeio? - perguntou com um sorriso travesso, rodando uma chave no dedo.

Estendi a mão e Damen me ajudou a levantar.

- Aonde vamos?

- Você vai ver.

Entramos num carro vermelho e chamativo, nunca conheci muito de carros, mas com certeza um dos últimos modelos lançados. Toda a paisagem á nossa volta eram árvores e mais árvores e um pouco mais de árvores. Ás vezes encontrávamos um ou outro zumbi “pedindo carona”, e Damen se divertia atropelando-os.

- Chegamos. - falou estacionando poucos minutos depois no meio de uma trilha de terra vermelha.

Encarei o lado em que eu estava e só vi árvores.

- Porque estamos no meio das árvores?

- Olha pra esse lado, inteligente. - falou sarcástico.

Olhei por sua janela e vi um enorme rio cercado por umas plantas rasteiras que ainda tinham muitas flores coloridas. Sorri, várias lembranças vindo á minha mente.

- Parece o rio do vale, perto da nossa casa.

- Ponto para você! Que bom que ainda se lembra.

Saí do carro indo em direção da água.

- Não tem como esquecer que você tentava me afogar. - comentei, e Damen gargalhou.

- Você sempre foi muito medrosa, irmãzinha.

- Eu só tinha oito anos, poxa.

- Agora tem quase dezenove e ainda não sabe nadar.

Tirei meu tênis e as meias e as deixei de lado. Coloquei os pés na água, sentindo a correnteza fraca.

- Queria voltar no tempo. Eu nunca sairia dos oito anos.

- E então que graça teria? - sorriu ironico, colocando - Não poderíamos matar ninguém e nem teria um sobrinho.

Passou a mão levemente em minha barriga, e me senti desconfortável. Aquilo não estava certo.

- Quer nadar? - perguntou com os olhos brilhantes em expectativa.

- Vamos lá.

Tirei minha camiseta e a calça que usava, ficando apenas com as roupas íntimas assim como Damen. Não tínhamos vergonha quando se tratava de nós dois, sempre fomos muito próximos, desde a barriga de nossa mãe - mas essa última parte foi mais porque não tivemos escolha mesmo.

- Você está engordando - comentou segurando o riso.

- Vai se ferrar. - mostrei o dedo médio, enquanto entrava no rio.

Deixei a água fria chegar até meus ombros antes de começar a achar que iria me afogar. Respirei fundo tentando pensar, aproveitando que podia ter um momento de paz e alguém que realmente fosse me ouvir para conversar.

- Se eu te contar uma coisa você jura não contar a ninguém? - pedi envergonhada.

- Claro.

- Eu... Eu estou pensando em... Não ter essa criança.

Damen me encarou como se tivesse me notado pela primeira vez e piscou.

- Está maluca? - falou entre dentes.

- Não, estou sendo racional. Não vai ser fácil pra uma criança viver nesse lugar, ele vai viver com medo! Esse não é um lugar para crianças. não é lugar nem para nós! Eu vejo o que Judith está passando e o que todos estão passando para protegê-la. Isso não vai ser o bastante. Uma hora ou outra teremos que sair da prisão, e então... Não tem jeito.

- E o que vai fazer? Tomar um monte de remédios? O que vai dizer para todos quando perceberem que não está mais grávida? - praticamente gritou.

- Eu não precisaria arranjar uma desculpa para todos se você não tivesse contado a Daryl sobre isso!

- Ah, então a culpa agora é minha!

Suspirei tentando me controlar.

- Bem, eu posso cair da escada na frente de todo mundo. Um tombo bem feio. Eu já enfiei uma faca em mim mesma, isso não vai ser pior.

- Argh, não seja tão... Repulsiva. E pare de comparar a sua situação com a da Lori o tempo inteiro, você não é ela!

- Mas não tenho muitas chances nisso, certo?

Damen fechou os olhos como se estivesse sentindo dor. Tomei isso como um “sim”. E todos sabiam disso.

- Quando. Se. Essa criança nascer. E se eu não estiver mais aqui. Terão que dividir a alimentação entre ela e Judith. Ela já vai estar maior, poderá comer mais coisas, mas ainda vai precisar dessa coisa que ela toma. E não terá mais o bastante para os dois. Está tudo conspirando contra nós dois.

Podia ver em seus olhos que estava pensando no que falei. Porque eu tinha razão. Ele parecia em conflito, mas quando abriu a boca para falar, olhou assustado para as árvores.

- Acho melhor irmos embora.

Saímos da água e colocamos nossas roupas o mais rápido que conseguimos. Quando estávamos próximos ao carro, ouvimos passos e vozes baixas vindas das árvores. Andei até a árvore mais próxima a passos lentos e tentando não fazer barulho, e pude ver uma mulher andando. Ela tinha cabelos loiros e olhos negros, tão pálida que parecia doente. Atrás dela vinha um homem igualmente pálido, mas seus cabelos eram pretos oleosos, tão grudados na cabeça que podia praticamente sentir a gordura de onde estava. E ele carregava uma mulher negra, os cabelo curtos, nos ombros, completamente amordaçada e com as mãos e os pés amarrados. Os gritos que saiam de seus lábios eram abafados, e se eu me afastasse mais um metro não ouviria. Ela parecia desesperada.

- Ainda acho que não é ela. - a mulher falou alisando o facão de ponta curva que tinha nas mãos.

- Mesmo se não for, pelo menos não passaremos fome hoje. E ainda teremos um bônus com essa aqui. Além de todas as tais pessoas que o homem prometeu que estariam naquele lugar.  - a voz baixa e cortante do homem fez eu me arrepiar - Por favor me explique quem mora num lugar... Cercado, horrivel, como uma prisão?

- Nem comente sobre isso. Mas vamos levar essa ai para os outros? - a mulher deu um sorriso cruel e sugestivo.

Como resposta, o homem arreganhou os dentes afiados no que devia ser um sorriso e jogou a mulher em seus ombros no chão de qualquer jeito. Pude ver o rosto dela, banhado em lágrimas, e quis fazer algo. Queria ir até ela e tirá-la dali. Eu ia. Eu queria salvá-la. Ela se parecia com a mulher do sonho que tive na noite anterior, a que fugia comigo pela floresta. Ela parecia a Michonne. Mas no momento em que dei um passo em sua direção, a outra mulher, a doentia, ergueu o facão e o desceu á toda velocidade, direto no braço da mulher que se debatia loucamente. O homem se ocupou de fazer uma fogueira que ficou pronta tão rápido que não consegui entender como era possível. Ele pegou o braço cortado e o prendeu num espeto improvisado de galho de árvore.

Senti mãos ao redor da minha cintura e abri a boca formando um grito, mas ela foi tampada.

- Fica quieta. - Damen me repreendeu e me puxou para o carro, onde entrei de bom grado - O que diabos foi aquilo? Eles estavam comendo uma pessoa! Comendo literalmente!

Ele parecia perturbado, os nós dos dedos brancos em volta do volante.

- Eles... Prisão... - falei trêmula, ainda em choque.

- O que? Eles querem a prisão?

- Não. - engoli a coisa que subia por minha garganta - Eles querem as pessoas que estão dentro dela. Eles querem a gente.


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Notas finais do capítulo

E ae? O que acharam? :3

Então, quero avisar pra vcs que estou desistindo da segunda temporada porque:
— Estou custando pra postar até na primeira.
— As pessoas estão abandonando a história aos poucos, e isso não ajuda como incentivo.

Bem, é só isso que quero avisar. Espero que tenham gostado do capitulo e que não esqueçam de comentar!
Kisses ♥