A Última Chance escrita por BailarinaDePorcelana


Capítulo 62
Parte IV - Capítulo 62 - Tragédias II


Notas iniciais do capítulo

Rai, pipou!
Me desculpem por demorar, mas estava passando mal e ainda fui obrigada a ir na escola e no curso, então estava completamente exausta, mas provavelmente vocês estão pensando "bem feito" por causa o capitulo bõnus que postei pra deixar vocês curiosos kkkkkkkk' i'm a bad bitch ♥

Bem, espero que gostem. Capitulo dedicado á Denis Filho.



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Capitulo 62

Tragédias II

Passei a noite inteira em claro cuidando de Kalem, que dormiu como uma pedra. O sol ainda nem tinha despontado, mas o céu já estava claro o bastante para dar uma fraca iluminação ao interior da prisão, e o silêncio era profundo, tornando ainda mais alto o barulho de tiros do lado de fora.

Me levantei assustada - talvez fosse um novo ataque de Woodburry. Instintivamente já estava com uma faca em mãos. Uma movimentação nos corredores e, antes de sair, cobri completamente o corpo de Kalem numa tentativa horrível de escondê-lo.

- Qual é o problema dessa vez? - alguém perguntou.

- Não é um ataque, são só três pessoas lá fora matando os zumbis do pátio. - outro respondeu.

- Algum dos nossos?

- Não consigo ver muito bem.

- Deveríamos ir ajudar...

- Não, eles arranjaram isso, que se virem!

- O que? Está maluco?

Nessa parte já tinha me perdido completamente na conversa, e já havia muito tempo aprendi a não pedir a opinião dos outros quando o assunto é salvar alguém, porque raramente será a favor de se arriscar por um desconhecido. Mas eu era; não me sentia nem um pouco confortável vendo pessoas em perigo enquanto eu podia ajudar. Ás vezes tínhamos que parar de pensar um pouco e simplesmente agir. Mas antes que eu pudesse me mexer para ajudar os tiros cessaram e mais nenhum barulho foi ouvido, nem mesmo uma respiração ou um cricrilar. 

- Não é melhor irmos conferir? - perguntaram.

- Não podemos arriscar. Pode ser uma armadilha.

- Bando de covardes. - a voz que finalmente reconheci ser da Savannah falou.

Um barulho de chaves se movendo foi ouvida e o ranger de ferro. Ela estava saindo.

- Ficou maluca, Savannah? Não vá! Pode ser uma armadilha!

- Como eu disse, bando de covardes! - ela gritou de longe, me fazendo sorrir. 

Fui atrás dela até o pátio onde as cercas ainda estavam de pé, tentando seguir a sombra de Savannah, mas era meio impossível naquela penumbra que tornava tudo meio fantasmagórico e difícil de identificar. Apesar disso, conseguia ouvir sua voz misturada com outras diferentes que aumentavam aos poucos.

- Droga, porque ela não me escutou? - alguém reclamou - Se ela for feita de refém vou deixar ela morrer. Mentira, não vou, mas dá vontade. E agora ela está vindo pra cá com os matadores da meia noite.

- Já está amanhecendo. - falei revirando os olhos.

- Mas ainda está de madrugada!

- Savannah! O que deu em você? - podia distinguir a voz de Rick muito bem.

- O que deu nela é que ela ainda sabe o que é ser humana. - falei entredentes; ainda estava ressentida com ele.

O dia estava clareando aos poucos e pude distinguir as sombras á frente. Podia contar quatro, três de tamanho quase igual e uma perceptivelmente menor. Eles tinham uma criança.

- Hey pessoal! - Savannah chegou sorridente - Essas são Isabela, Isadora e Hannah.

Uma luz forte foi acesa no meio da penumbra; uma lanterna. As quatro garotas levantaram a mão sincronizadamente tentando proteger os olhos daquela coisa.

- Ahn... Oi. - a menina que não devia ter mais que quinze anos falou piscando forte.

- O que querem aqui? - perguntaram, e a luz foi abaixada para o chão.

- O mesmo que vocês. - a loira falou olhando para o rosto de cada um parecendo querer decorá-los - Um lugar seguro. E uma prisão parece um lugar seguro, não é? Se não, não estariam aqui.

Ficamos em silêncio por alguns segundos tensos, elas nos encarando e a gente encarando elas. Mas, por alguma razão, o que ela disse não pareceu muito sincero.

- Bem, já viram como é seguro. Agora podem ir embora e procurar uma para vocês. - Daryl falou ríspido.

As garotas nem se mexeram; continuaram nos encarando inexpressivamente numa clara afirmação de que não sairiam dali.

- Já chega, todos sabemos onde isso vai dar. Andem logo, vamos entrar. Aqui está frio e não estou muito afim de matar zumbis resfriada. - Lola fungou se abraçando e virou as costas indo em direção á prisão. 

- Lola! - Carol a repreendeu baixinho.

- Eu estou dizendo a verdade, eles são retraídos. Tudo falta de sexo, falando sério. - reclamou.

- Lola! - dessa vez um coro de vozes a repreendeu, e isso não pareceu a incomodar; ela simplesmente continuou andando.

- Bem, ela falou... - a garota de cabelos castanhos deu de ombros e sorriu maliciosa por sua vitória, e seguiu Lola.

 As duas mais velhas pareciam ter o gênio forte, mesmo com o rosto angelical da morena e o jeito inexpressivo com que a loira agia. A mais nova, com certeza irmã da de cabelos castanhos, parecia ser do tipo distraída e que ainda vivia como se nada tivesse mudado no mundo.

Com um enorme esforço, coloquei um pé na frente do outro caminhando para dentro da prisão, me preparando mentalmente para ouvir o discurso que Rick com certeza faria e que eu provavelmente contestaria logo em seguida, e maior parte porque seria bom ter mais gente conosco e em maior parte ainda porque guardava um certo rancor por sua falta de confiança em mim. O que me lembrou que tinha que conversar Jamie. Ainda não conseguia acreditar que ele estava entre nós por Woodburry.

Quando saí dos meus pensamentos, já estávamos na seção de celas e o choro da bebê ecoava por todo o lugar num tom agudo de doer os ouvidos.

- Vamos aproveitar que ela ainda não tem nome e chamá-la de Megafone. - Ariane resmungou tapando os ouvidos.

- O choro dela não é tão ruim assim. - ri do seu exagero.

- Meus ouvidos são sensíveis e essas paredes aumentam a frequência. Quando eu ficar surda irão me dar razão.

Balancei a cabeça ainda rindo, mas dessa vez de inconformação. Ariane tinha um jeito extravagante de ver as coisas, que na verdade era muito parecido com o da Lola. Talvez fosse por isso que brigassem tanto. Enquanto isso, os outros faziam um interrogatório para as três garotas.

- Ah, eu estava para te perguntar uma coisa. - Ariane chamou, tirando minha concentração da conversa.

- Pergunte.

- O Jamie é seu namorado? - me olhou atentamente - Pensei que estivesse com o Daryl.

Engasguei com o ar e a olhei incrédula por sua pergunta.

- Acha que eu não percebi suas escapadas com o Dixon? Por favor! Está tão óbvio! Principalmente quando os dois desaparecem juntos quando todos estão reunidos. E sua expressão de susto me diz que tenho razão. 

Ariane riu baixo e saiu andando como se estivesse feliz por ter conseguido o que queria. Massageei as têmporas ouvindo aquelas palavras ecoando em minha mente. Será que alguém além de Ariane teria percebido isso? Esperava desesperadamente que não.

- Então, Isabella, Isadora e Hannah, não é? - Reed as olhou de forma questionadora e desconfiada - Vão ficar aqui?

- É, acho que sim. - a loira falou indiferente mexendo numa das finas trancinhas espalhadas pelo cabelo curto, lançando um olhar avaliativo para Reed.

A conversa continuou e quanto isso atravessei o lugar a passos largos e apressados. Pedi as chaves a Rick que deu-as a mim um pouco relutante. Era a minha chance de falar com Jamie. Seria bom esclarecer tudo de uma vez, mas o lado ruim de fazer isso é que não teríamos a privacidade necessária com o tal irmão do Daryl, Merle, no lugar. Os dois tinham voltado no dia anterior e pelo que escutei ajudaram bastante, mas assim como Jamie ele também era de Woodburry. Mas isso era algo que eu teria que encarar.

Respirei fundo tomando coragem e girei a chave na fechadura.

- Jamie? - o chamei tímida.

- Está dormindo. - o homem sentado espalhafatosamente numa das cadeiras falou.

- Você é o irmão do Daryl, não é?

- Parece que os papéis se inverteram. - sua voz rouca me fez estremecer - Antes a pergunta essa pergunta era feita para o meu irmão, se ele não era o irmão mais novo do Merle.

Antes. - enfatizei estreitando os olhos quando Merle riu divertido; aquele homem não me dava boa impressão.

Fui para perto de onde Jamie estava deitado virado para a parede e me sentei ao lado de seus pés.

- O que você quer? - se virou para me encarar com uma expressão magoada - Veio me contar o quanto sou desprezível?

Pisquei algumas vezes organizando meus pensamentos e engolindo a vontade de lhe dar um tapa e perguntar porque tinha mentido para mim.

- Não, eu só quero te entender.

- Entender? - falou friamente com a voz cortante e baixa - Você pode entender que eu não tinha mais ninguém que não estivesse morto e a única coisa que me fez querer viver foi estar dentro daquela cidade e poder ajudar as pessoas de lá. 

- Mas porque estava nos vigiando? 

- O Governador mandou, ele queria saber quando poderiam investir contra esse grupo. Vocês nos atacaram, era a minha gente, então não pensei muito. mas não sabia que você e Ethan estavam com ele, se soubesse nunca teria feito isso.

Ficamos em silêncio por um momento até que percebi algo.

- Espera, nós atacamos? Nunca atacamos, pelo menos não sem razão. Eu, Ethan, a namorada dele e o Daryl estávamos presos lá porque a Melissa nos capturou e... Você estava com a Melissa?

- A Melissa capturou vocês? Não sabia disso.

- Você. Estava. Com a Melissa? - perguntei pausada e enfurecidamente.

- Estava. Ela chegou um mês depois de mim. 

- Mesmo depois de morta essa vadia ferra com a vida de todo mundo! - passei uma mão pelos cabelos em sinal de irritação.

- Ah, a vadia loira. - Merle riu - Aquela lá era a mulher mais irritante de toda a Woodburry. Talvez do mundo, contando com os zumbis.

Mesmo concordando com suas palavras, o olhei repreensiva. Era horrivel saber que outra pessoa estava ouvindo sua conversa.

- Não estou entendendo mais nada. - falou me olhando confuso.

- Quando começou tudo isso Ethan encontrou Melissa e levou para a nossa casa. Um tempo depois ela me irritou e a deixei para trás na cidade, pensei que ela já tinha morrido. E alguém de Woodburry a encontrou e ela foi pra lá. Mas depois de alguns meses Mellissa voltou com algumas pessoas e falou que se não entregássemos a pesquisa do meu pai sobre a cura e deixassem-na me matar ela mataria todos de lá. Teve a briga e blá blá blá, e o importante é: quando achamos que estávamos seguros - pigarrei pulando a parte sobre estarmos enterrando minha irmã - ela nos pegou e levou para  cidade, e iria nos matar de os outros não tivessem entrado lá pra nos salvar.

- Filha da mãe! - ele abriu a boca num "o" - Então tudo o que nos disseram era mentira.

- Com certeza. - Merle riu mais uma vez; ele parecia realmente gostar de rir - Você não sabe nem da metade do que acontecia naquela cidade, garoto.

Ficamos calados por mais um tempo, até eu resolver me levantar. Já estava claro lá  fora e queria ver se Kalem estava bem.

- Espera. - Jamie segurou minha mão - O que estava acontecendo lá fora, mais cedo e agora mesmo?

- Woodburry nos atacou. Axel morreu e meu irmão levou uma flechada mas esta bem, caso queira saber. - tentei não soar acusadora - E agora eram umas garotas perdidas...

Pensei um pouco no que falei e me lembrei do tom de mentira na voz da garota de cabelos escuros, Isabela, e como ela podia muito bem estar nos enganando. Saí de lá trancando novamente o portão ao passar. Fui para a cela e meu coração apertou ao vê-la vazia. No pelo corredor principal, uma agitação me chamou a atenção, e no final do corredor a bebê chorava alto. A peguei no colo e esperei alguém que pudesse me explicar o que estava acontecendo.

- Hey hey! - chamei Dennis quando ele passou - Que bagunça é essa?

- Eu, Rick, Carl e Michonne vamos á cidade dele para procurar armas.

- Ah. Viu meu irmão? 

- Não, mas deve estar lá fora com todos os outros.

Eu precisava procurar Kalem. Só restaram eu e Dennis no bloco, os outros já haviam saído, mas eu tinha que cuidar da Little Kick Ass. 

- Ariane, pode levar meu arco pro carro? - Perguntou Dennis quando a garota passou.

- E eu tenho cara de escrava? Me dá isso aqui. - disse ela enquanto saía, Dennis pegava sua mochila e se dirigia para a porta, mas eu o impedi.

- Dennis, pode cuidar dela pra mim enquanto eu procuro o Kalem?

- Tudo bem. - Eu a coloquei no berço improvisado e a deixei lá com ele.

Fui direto para o pátio onde todos os outros estavam reunidos, e ele estava lá. Se não fosse pelo curativo ensanguentado nos ombros diria que nunca tinha levado uma flechada. Nesse momento todos nós ouvimos um grito vindo da prisão. Dennis. 

Corremos á toda velocidade, encontrando-o deitado de bruços com alguma coisa nos braços e dois zumbis devorando-o e outro caído no chão. Não consegui reagir, então apenas assisti os outros matando aqueles zumbis e o resto correu para ajudá-lo. 

- Ele perdeu muito sangue. - diz Carol. - Não temos como salvá-lo, tem mordidas nos ombros, não tem como retirar.

- Droga! - Rick estava furioso. - Como isso aconteceu?

- Eu estava aqui, esperando por Delilah enquanto ela procurava por Kalem, daí eu vi um deles indo na direção no berço para matá-los. Matei o primeiro, mas os outros dois vieram por trás e me morderam. Bem... Pelo menos consegui salvar a criança. Gritei por socorro, depois vocês chegaram e... Foi isso.

E eu continuei ali, sentindo a maior culpa do mundo. Era para eu estar ali, não ele. Ariane estava chorando compulsivamente ao lado dele, ele tentava acalmá-la. Mas isso só a fazia chorar mais. 

- Eu cuidei de você por muito tempo, pra mim você é uma irmã. Agora você não precisa de mim, você tem eles. Eles cuidarão de você.

- Eu também nunca ajudei muito. Vivia sempre...

- Se metendo em encrencas, eu sei. Só... Tente se cuidar. Quero que deem meu arco á Kalem, eu o venho ensinando e o garoto tem futuro. Dixon, pode terminar o treinamento do garoto?

- Vou fazer o possível. - É, acho que no fundo Daryl gostava dele. Dennis só assente com a cabeça. 

- Sav, aprenda uma coisa... Da próxima vez em que você e seu namorado fizerem sexo na parte de baixo do beliche, saibam que a parte de cima também mexe tá? - Ele dá uma risada seca, seguidas de leves arquejos. - A criança me lembra minha irmã, Judith. Não podia deixar matarem algo tão inocente. - Os arquejos se tornam mais frequentes e ele começa a ficar pálido.

- A febre está muito alta. - diz Carol.

- É, parece que chegou minha vez.  Só... não me deixe virar um deles. E se cuidem. Não tenham medo dos mortos, tenham medo dos vivos.

 Os arquejos aumentaram, ele estava suando muito, não tinha volta. Ele deu seu último suspiro e partiu. Não posso deixar de sentir culpa, se eu tivesse ficado aqui... Ele poderia estar vivo. O mínimo que posso fazer é acabar com isso. Peguei minha arma e apontei para ele, mas antes que atirasse Ariane o fez, só aumentando ainda mais minha culpa. Qual era o meu problema? Porque sempre fazi a escolha errada?

Um nó apertou minha garganta e me senti sufocada, como se estivesse presa numa caixa que fosse fechando a cada segundo, me apertando. Minha visão estava turva e nenhuma lágrima saia dos meus olhos, mesmo eles estando marejados. Eu só conseguia raciocinar que Dennis estava morto por minha culpa, sua voz distante em minha mente continuava repetindo a mesma frase: "Não tenham medo dos mortos, tenham medo dos vivos".


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Notas finais do capítulo

Morte do personagem escrita por Denis Filho ♥
Personagens novas por Bella Weasley e Lisie Moon! Muito obrigada, meninas! ♥
Espero que tenham gostado, e no próximo tem um acontecimento esperado há um tempinho...
Beijos e até a próximaaa ♥