A Última Chance escrita por BailarinaDePorcelana


Capítulo 60
Parte IV - Capítulo 60 - Tragédias I


Notas iniciais do capítulo

E ai, seus lindos? Como estão?
Capitulo legalzin, meio blergh e chato e talz, mas é porque as ações começam agora a partir do próximo capitulo, isso é como uma introdução, e vou mudar muita coisa da série, ok?



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Capitulo 60

Tragédias I

Já tinha amanhecido fazia horas, e nada dos outros voltarem de Woodburry. Minha mente circulava em volta de várias coisas que podiam ter acontecido com eles, desde terem saído bem e terem tido apenas um problema com o carro até torturas seguidas de morte lenta e dolorosa.

Ainda estava com a bebê nos braços. Cuidava dela desde a noite passada, para que Beth pudesse descansar, e Carol ainda estava um pouco mal pela desidratação e tudo mais, depois de ter ficado muito tempo presa. Então completei três dias sem dormir, mas pelo menos tinha comido - pouco, mas comi - e apesar da exaustão massacrante, conseguia rir das gracinhas que a pequenina fazia.

– Devia ir dormir. Já está até com olheiras. - Matt falou - Eu cuido da menina.

– Mas sua perna está machucada, e se precisar de alguma coisa que está longe não vai ter como ir até ela. - argumentei.

– Para com isso, Delilah. Vai acabar se matando se ficar tentando ajudar a todos todo o tempo. Tem que pensar em si mesmo também. Pode deixar que eu me viro sozinho, estou num apocalipse zumbi, não vai ser uma perna ou uma costela quebrada que vai me impedir de pegar uma mamadeira.

Suspirando, coloquei-a cuidadosamente no colo de Matt. Sorri em um agradecimento temeroso e subi para minha cela. Me sentei na cama afofando o travesseiro - o que não adiantava muito, aquilo parecia pedra - e, no momento em que me deitei, ouvi gritos ecoarem pelos corredores, gritos de mais de uma pessoa.

– Merda. - peguei minha arma debaixo do travesseiro e corri - O que aconteceu?

– Não sei, mas o Carl foi checar. - Matt respondeu preocupado.

Fui para o labirinto de corredores seguindo as vozes, e elas começaram a ficar mais altas.

– Por aqui. - consegui reconhecer a de Carl em meio ás outras desconhecidas.

Virando o corredor, o encontrei acompanhado por mais cinco pessoas, e uma delas era um mulher no colo de um homem; parecia estar muito mal.

– Mordida? - perguntei.

– Sim. - o homem que ia na frente falou, parecendo receoso.

– Venham, vamos cuidar disso. Esses corredores não são seguros.

Guardei minha arma e acompanhei as novas pessoas - que pareciam um pouco aliviadas - até a parte onde ficavam as mesas de ferro.

– Se não se importam, podem esperar aqui? Temos mais pessoas na área das celas e não acho que será muito bom para elas ver gente estranha por aqui. Esse lugar está seguro. - pedi, tentando ser o mais educada possível.

O homem e a outra mulher se encararam por alguns instantes como se discutissem mentalmente sobre me escutar ou não, e logo depois assentiram.

– Como se chama? - perguntei.

– Meu nome é Tyreese. Esses são Sasha, Ben, Allen, e a que foi mordida é a Donna.

– Eu sou a Delilah. - sorri amigavelmente - Assim que os outros voltarem nós vemos o que fazer, mas no momento o lugar está uma bagunça. Então, se não se importarem...

Dei as costas, voltando para o lugar de onde tinha vindo, Carl trancou a grade e finalmente fui para minha cela, ignorando as perguntas de quem quer que fosse; o garoto explicaria depois, estava muito cansada para isso.

No momento em que me deitei e fechei meus olhos sentindo todo meu corpo relaxar, começou uma confusão no andar de baixo com muito relutância me levantei novamente, me sentindo uma zumbi. Na verdade não seria tão ruim ser uma, no momento.

– Porque confiamos em você! - Rick gritava com Jamie, e esfreguei meus olhos para ter certeza de que não estava alucinando.

– Mas o que...? - tentei perguntar, mas a confusão não permitia. Mas, a meu ver, parecia que todos queriam matá-lo.

– Você sabia disso, Delilah? - Rick perguntou apontando para Jamie, que tinha a boca sangrando e a testa cortada - Sabia que ele estava aqui por Woodburry?

Fiquei calada encarando os dois. Não consegui processar muito bem o que tinha escutado, então simplesmente não falei nada. Apenas continuei encarando os dois, que agora me encaravam.

– Você sabia? - Rick perguntou novamente.

– Ahn... - foi a única coisa que saiu de mim.

– Não posso acreditar nisso!

– Do que está falando?

– De estar do lado de Woodburry, nos espionando, para dar a hora certa de atacar.

No momento em que escutei isso despertei e peguei o assunto da conversa.

– Está maluco, Grimes? Porque eu faria isso?

– Eu não sei, me diga você. Sai por cinco meses, e então fica desaparecida por três dias e reaparece com seu ex-namorado que por acaso é um espião para o Governador. O que ele te ofereceu, Valentine? Poupar a vida do seu irmão, do seu primo...? O que? - falou nervoso, e como seu habitual reflexo, colocou a mão sobre a arma. Mas eu não era boba o bastante para não perceber isso.

– Ah, claro. Esse é o meu plano desde o começo! Fazer uma aliança com a pessoa que quase me matou há pouco tempo atrás. - revirei os olhos - Um plano muito inteligente, não é?

– Sim, você é mais esperta que isso. Com certeza pode ter pegado outro caminho.

Apertei as mãos em punho me segurando para não pular no pescoço daquele maldito homem; não ganharia nada com isso. A não ser satisfação pessoal, mas não iria dar o braço a torcer.

– Pode não estar metida nisso, mas vou ficar de olho em você. Se descobrir que está ajudando, juro que mato você. - avisou em tom baixo e mortal, que acredito que era pra colocar medo.

– Então me mata. - falei no mesmo tom, mas com uma ponta de desdém - Vamos lá, Rick. Me mate. Estará me fazendo um favor.

Nos encaramos por mais alguns segundos e me mantive firme, não daria o braço a torcer. Não era culpada de nada, apesar de me sentir assim por ter confiado em Jamie.

– Já chega. - Ethan entrou no meio e me abraçou pelo ombro.

Com esse gesto, senti meus olhos arderem e sabia que logo estaria chorando de raiva. Há cinco meses prometi a mim mesma que me manteria forte e não choraria por qualquer coisa, mas em situações como essa era difícil.

– Pense bem do que está me acusando, Rick. Fui eu que convenci Ethan a receber vocês naquela casa, eu ajudei vocês quando precisaram, e muitos problemas podiam ter sido evitados se tivéssemos recusado seu pedido, e ainda estou sem dormir há três dias cuidando da sua filha, então não venha me acusar só porque essa loucura está tomando conta da sua cabeça. Eu nunca trairia ninguém, e esperava que soubesse isso depois de todo esse tempo.

Rick fechou os olhos e apertou a ponte do nariz parecendo estressado.

– Tem razão, me desculpe. Acho que a raiva me cegou.

– Acha? - perguntei entre um riso de raiva e incredulidade.

Antes que me acusassem de ser amante de um zumbi, entrei em minha cela ainda segurando as lágrimas e com a cabeça doendo ainda mais. A raiva sempre teve efeito negativo sobre mim: trazia lágrimas, dor de cabeça, me deixava trêmula e vermelha. Respirei fundo tentando me controlar e me deixei cair no colchão. No momento só queria morrer por algumas horas sem nenhuma perturbação, mas ai me lembrei de um fato importante. O que fariam com Jamie?

Novamente desci as escadas correndo, e todos estavam ali, menos Rick.

– Onde está o Jamie?

– Meu pai ia levar ele pro outro bloco, prender numa das celas. - Carl respondeu enquanto ninava a irmã.

– E disse o que ia fazer com ele?

– Acho que faremos uma votação, ou algo chato assim. - Ariane falou com a boca cheia do que parecia ser biscoito.

– Argh! por favor, Ariane, não fale de boca cheia. - Lola revirou os olhos, e a outra abriu a boca cheia de biscoito mastigado para ela - Infantil.

– Pirralha intrometida.

– Parem vocês duas, mas que inferno! - Savannah se irritou.

Pelo visto ninguém ali estava de bom humor.

– Onde está Oscar? - era a primeira vez que ouvia Axel falando abertamente. E ninguém respondeu, o que deixava claro o que tinha acontecido. E eu também senti falta de outra pessoa.

– Onde está Daryl? - Carol perguntou antes que eu pudesse fazê-lo.

– Esse aí é um caso perdido. - Taty falou limpando a mão completamente cheia de sangue - Não quisemos aceitar o irmão dele aqui, então os dois foram embora juntos. Aquele cretino filho da mãe. Olha o que fez com a minha mão! Devia cortar fora a única que ele tem.

Como assim Daryl havia nos abandonado? Tudo bem, era o irmão dele. Mas o que pensei era: será que ele pensou em mim antes de tomar essa decisão?

Quando eu ia falar, assisti uma cena que seria cômica se uma não estivesse chorando e o outro tão machucado. Maggie empurrava Glenn para fora de sua cela com raiva e ele parecia tentar falar alguma coisa. Pensei em perguntar o que tinha acontecido, mas não queria ser intrometida.

– Acho melhor ficarmos de olho, o Governador não ficará sem revidar. - Rick entrou novamente ali - Temos que cuida disso tudo, fazer barreirar onde podemos ter boa mira para atirar.

– Ahn... Rick... Você ainda tem que cuidar daquele outro assunto. - Carol olhou sugestivamente para o outro lado, que dava saída para onde Tyreese e seu grupo estavam.

– Vamos resolver isso agora.

Fiquei dividida entre ir descansar e ir ajudar aquelas pessoas que provavelmente Rick colocaria para fora por sua falta de compreensão e confiança - até mesmo em si próprio. Acabei acompanhando eles para onde Matt cuidava da bebê ao lado de Beth que cozinhava algo que tinha um ótimo cheiro. O grupo de Tyreese e a tal mulher que os havia ajudado em Woodburry, Michonne, também estavam ali, naquele ambiente tenso e com um silêncio perturbador.

Senti minhas pernas bambearem e me sentei numa das cadeiras tentando manter os olhos abertos. Perdi totalmente a noção do que estava acontecendo á minha volta e quando voltei a mim, só conseguia ouvir gritos.

– Porque está aqui!? VÁ EMBORA! - Rick berrava olhando para o alto.

– Calma, cara, já estamos indo. - Tyreese andava em direção á porta olhando estranhamente para o que gritava.

Mas isso estava estranho. Rick não estava gritando com aquele grupo, não era com eles, porque olhava para um ponto fixo. Mas era impossível, já que não havia ninguém naquele lugar. Fui atrás do grupo que já chegava aos portões e os chamei. Relutante, apenas Tyreese voltou parecendo desconfiado.

– Sinto muito pelo surto do Rick. Mas ele não estava mandando vocês irem embora. Ele só está perturbado, acabou de perder a esposa e tudo mais. Não há problema em ficar aqui.

– Me desculpe, Delilah, mas realmente prefiro ficar lá fora. Não acho que seremos muito bem recebidos aqui.

– Se pensa assim. - suspirei apertando sua mão - Realmente sinto muito por isso.

Eles foram embora e continuei ali, olhando para o sol que já queimava, sentindo as pernas mais pesadas que chumbo. Por onde quer que eu olhasse na prisão, as pessoas pareciam estar se preparando para a guerra. Pegavam armas, levavam grandes pedaços de madeira e chapas de ferro para usar como escudo em alguns lugares. Enquanto isso, minha necessidade foi maior que qualquer coisa e acabei dormindo encostada atrás de uma dessas placas de metal, que junto com outras formava uma barreira ali.

Acordei com barulhos irritantes de alguma coisa batendo no metal, e abri os olhos relutante. Os esfreguei preguiçosamente e olhei e volta procurando a origem dos ruídos que me acordaram na melhor parte do sono. Uma ponta perfurou o metal bem ao lado da minha cabeça, seguida por uma carreira de perfurações na parede á minha frente e mais alguma coisa que fincou ali. Tiros e flechas.

– Inferno! - reclamei.

Tentei engatinhar de volta para dentro da prisão. Não tinha nenhuma arma comigo e se me levantasse acabaria morta. Foi dificil, mas consegui chegar após quase ser atingida algumas vezes. Entrei na parte das celas e me assustei ao ver a bebê sozinha dentro de um berço improvisado escrito "Little Kick ass". Não tinha ninguém ali cuidando dela?

– Tem alguém aqui? - perguntei em voz alta.

– Serve eu? - alguém gritou de algum lugar próximo, e Dennis apareceu acenando da porta.

– Você está cuidando da bebê?

– Não, o meu amigo invisível. - sorriu sarcasticamente.

– Péssima hora para ironias. Meu irmão está lá fora? - perguntei pegando a menina nos braços.

– Ele está com o Matt, não se preocupe.

– Tudo bem. Contanto que ele não se machuque.

Peguei minha arma e saí correndo tentando me proteger dos tiros e atirando em quem teria maior chance de acertar, mas eles se escondiam atrás de coisas que tornavam difícil conseguir acertar um deles. Um que estava na torre caiu e vi um dos nossos mais á frente cair. Me desesperei tentando saber quem era e fiquei mais alerta. Um tipo de caminhão estranho atingiu a cerca a derrubando. As portas de trás se abriram e dela saíram vários zumbis, mais do que eu podia contar no momento. Os tiros cessaram e Rick entrou pela cerca, fechando o segundo portão para que os zumbis não entrassem ali, correndo acompanhado por mais duas pessoas que não me dei o trabalho de reconhecer. Corri para a pessoa que tinha caído e fechei os olhos quando vi quem era.

Kalem estava caído no chão com uma flecha atravessada no ombro, os olhos fechados e a pele pálida. Me ajoelhei ao seu lado.

– Mas que merda, garoto! - sussurrei irritada sentindo um bolo se formar em minha garganta - Pensei que estivesse lá dentro.

– Eu fugi - ele falou baixo abrindo os olhos verdes - Sou tão bom nisso quanto você, sabia?

– Você vai ficar bem.

– Eu sei. Você sempre cuidou de mim.

Sorri acariciando sua bochecha.

– Isso mesmo.

– Deixe-me levar ele para dentro. - Reed o pegou no colo cuidadosamente e entrou na prisão.

– Mais alguém se machucou? - perguntei antes de ir atrás deles.

– Axel... Ele morreu. - Carol falou, cheia de sangue nas roupas e no rosto, e eu apenas assenti.

Os segui e me amaldiçoei por ter dormido. Se tivesse continuado acordada podia ter ficado de olho nele, e isso não teria acontecido. Pelo menos a flecha não tinha pegado em nenhum lugar realmente fatal, mas a partir dali poderiam vir perda de sangue, infecções, coisas que realmente poderiam matá-lo.

Reed o colocou em sua cama e me sentei ali, bem do seu lado, segurando sua mão enquanto o outro quebrava a flecha para retirá-la. Com certeza aquilo iria doer. Mas meu irmão se manteve forte e fechou os olhos e comprimiu os lábios, numa clara intenção de não demonstrar essa dor. Não demorou muito; em menos de uma hora a flecha já estava fora de seu ombro e eu estava tentando fazer um curativo descente.

– Eu vou continuar cuidando, não importa como. Eu prometo. - falei dando um beijo na testa de Kalem, que já estava quase adormecido.

– Eu te amo, mãe. - falou baixo e grogue, completamente sonolento. Nem devia ter consciência do que estava falando. Mas aquilo me fez ganhar totalmente o dia, mesmo com todas as tragédias.


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Notas finais do capítulo

E ai, o que acharam?
Não é dessa vez que o Kalem morreu, mas foi quase. Mas ainda terão muitas mortes, muitas mesmo. E quem mandou o personagem e ele já está participando da fic e quiser que ele morra, me avise por MP.
Beijos e até a próxima ♥