A Última Chance escrita por BailarinaDePorcelana


Capítulo 49
Parte III - Capítulo 49 - Quase Perdão


Notas iniciais do capítulo

Oooooooooooi pessoas! Como estão? Bem, sim, não? :3
Quem gostou do novo episódio levanta a mão e grita YEEEAH! kkkkkkkkkkk' me senti rapper agora. Ta, parei.
Bem, espero que gostem do capitulo e não me odeiem, ok? Vlw! :3



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Capitulo 49

Quase Perdão

             Duas noites haviam se passado, e com eles parecia que nossa força também.

             Durante a noite, duas pessoas ficavam acordadas de vigia, por duas horas, e depois trocava. E eram exatamente essas duas horas que estavam acabando conosco. Sempre havia algum errante pelo bosque onde estávamos, nunca mais de dois. Mas era estranho, pois sem aquela adrenalina de precisar sobreviver a muitos zumbis de uma só vez vinha o medo de que aquele único zumbi possa te matar, pois você para pensar, e em consequência ele se tornava mais difícil de matar. Por isso nunca ficávamos apenas um vigiando.

             Com tanto estresse e peso sobre os ombros e dormir com os olhos abertos, acabamos ficando mais violentos a cada hora. No inicio era apenas um “tem um zumbi ali, acerte a cabeça logo para acabar com isso”. Depois de um tempo começou a se tornar mais “mais uma droga de zumbi! Vamos vez se esse sente dor!”. E, depois de Lori ter passado mal durante todo esse tempo com enjoos – o que achei um pouco estranho no quinto mês de gestação – e Delilah ter continuado também com seus próprios enjoos e um recente desmaio, tivemos de colocar mais pessoas para vigiar, caso acontecesse alguma coisa.

             Estávamos na terceira noite, jantando uma carne que preferi não saber de onde havia saído para evitar certas cenas – podia ter me acostumado a essa vida, mas nunca me acostumaria a esse tipo de coisa -, reunidos á volta de uma fogueira fraca e sentados sobre troncos que com certa dificuldade havíamos arrastado até ali. Agora Dennis e Ariane estavam conosco, mas não definitivamente, e eles se encaixavam bem ali. Estávamos um pouco mais tranquilos e começávamos a relaxar um pouco, até mesmo Lori, que já estava melhor e conseguira comer toda a sua parte sem enjoar, e agora acariciava sua barriga delicadamente. Era tão bom ver essa cena; quase fazia eu me sentir de volta ao mundo de antes.

             - Falta muito tempo para o bebê nascer? – Kalem perguntou, sentando-se entre Lori e Delilah, passando delicadamente a mão sobre a barriga já crescida.

             - Um pouquinho, sim. – respondeu sorrindo para o garoto.

             - Um pouco quanto? Um pouco pouco ou um pouco muito? – pediu confuso, franzindo as sobrancelhas e os lábios.

             - Alguns meses. – especificou acariciando os cabelos de Kalem.

             - Ah... – ele olhou pensativo para o céu – E de onde vêm os bebês?

             Um silêncio se instalou no lugar enquanto um olhava para a cara do outro esperando que alguém explicasse, e por ser a irmã, a que mais recebia esse olhares era Delilah.

             - Delilah? – Ethan pediu segurando o riso.

             - Hum... Eu? – ela perguntou pedindo socorro com os olhos, e mesmo com a luz fraca da fogueira era possível perceber que estava tão vermelha quando seu cabelo.

             - De onde eles vêm? – Kalem pediu novamente, olhando diretamente para a irmã.

             - Então... Er... – ela começou olhando para o nada – Tem esse lugar. Muito, muito, muito longe para uma criança ir. E é onde as pessoas adultas buscam os bebês.

             - E como a Lori vai buscar o bebê? – perguntou olhando-a desconfiado, enquanto ela olhava praticamente pedindo socorro.

             - Um homem tem que ir com ela no... No... Lugar onde os bebês ficam guardados até alguém ir buscá-los e... Quando não ninguém olhando eles vão lá e voltam com o bebê! ISSO! – ela terminou com um sorriso vitorioso, e todos a olhávamos com desdém, e alguns parecendo achá-la estranha – O que? Não quiseram ajudar, então não reclamem da minha explicação!

             - Mas... – Kalem começou novamente confuso, mas foi interrompido por Rick.

             - Mas agora vamos descansar!           

             - Também acho melhor irmos dormir. Primeiro turno é de quem? – Ariane perguntou, praticamente implorando com os olhos para não ser ela.

             - Ethan e Savannah foram os únicos que ainda não foram. – Delilah falou com um sorriso sinistro. Nem doente ela deixa seu espírito maligno de lado.

             Pensei em negar e pedir para ir depois, mas não sairia como a garota chata e mimada que não quer ajudar o grupo por razões pessoais. Não sairia como a cabeça dura, irritante ou algo assim.

             Então me levantei pegando uma arma de cano longo que não sabia o nome e andei em direção ao rio próximo dali, onde começaria a ronda. Mas, ao chegar lá, senti um aperto forte no coração, que praticamente me fez desabar ali. O que eu estava fazendo? Não aguentaria isso por muito tempo. E, mais cedo ou mais tarde, esse cansaço me venceria e eu acabaria morrendo. A única coisa pior que um apocalipse zumbi ou sofrer por amor é tentar sobreviver a um apocalipse zumbi sofrendo por alguém. Isso não me parecia certo, não agora; sofrer por alguém nesse mundo é irracional e idiota. Mas o problema é que eu sou idiota.

             - Está tudo bem? – ouvi uma voz atrás de mim e, quando me virei para olhar e não consegui identificar quem era por causa da visão embaçada, percebi que estava a ponto de chorar.

             - Sim. – respondi me virando novamente para o rio, tentando dispersar as lágrimas que se acumulavam no canto dos meus olhos.

             - Ok... Vamos fazer a ronda.

             Droga. Era Ethan. Porque não podia ser outra pessoa?

             - É, vamos. – tentei parecer indiferente.

             Andamos por um bom tempo contornando nosso acampamento improvisado alargando alguns metros, para termos uma visão do espaço mais á frente vermos as coisas antes de chegarem ali. Entre nós pairava um silêncio perturbador e uma tensão constrangedora.

             - Então... – Ethan falou diminuindo os passos.

             - Sim?

             - Acho que devíamos conversar de verdade. Sem brigas ou gritos, quero dizer.

             - Desculpe, mas não quero fazer isso. Eu não... Consigo fazer isso – falei apertando o passo para tomar distância logo, mas ele puxou meu braço.

             - Por favor. Vou embora em dois dias, e posso não voltar. Não quero ir dessa forma.

             Seus olhos cinzas estavam praticamente negros e podia ver a agonia neles. Senti outro aperto no coração e respirei fundo, fechando os olhos. Ele tinha razão, e por mais que tentasse escapar teríamos que fazê-lo, então era melhor acabar com tudo de uma vez.

             - Tudo bem. Pode começar. – falei tentando fazer com que minha voz soasse indiferente, me abraçando para tentar afastar o frio.

             - Me desculpe – falou simplesmente.

             - Terá que se esforçar mais, Ethan. O que você fez não vai ser perdoado só com isso.

             - E o que quer que eu faça? Que me ajoelhe aos seus pés e declare todo meu amor por você? – perguntou um pouco alterado.

             - Seria um bom começo. – meu sarcasmo falhou junto com minha voz.

             - Droga. – ele se virou passando a mão pelos cabelos – Tudo bem, vou falar a verdade. Eu estava com medo. Eu simplesmente não queria... Matar o meu passado. Esse mundo simplesmente me assusta, e queria mantê-lo vivo. Odeio admitir o quão fraco sou, mas eu não consigo mais. Está me sufocando, sinto como se a qualquer momento fosse surtar, e... Simplesmente queria me agarrar a algo que me lembrasse de antes, um salva-vidas.

             Fechei os olhos. Isso para mim ainda sim não era desculpa, mas o entendia. Sabia exatamente o que era se sentir sufocado mesmo estando a céu aberto, sentir como se estivesse queimando mesmo no gelo do inverno, ou não ter forças para continuar andando e continuar do mesmo jeito. Esse é exatamente o conceito de sobreviver é diferente de viver.

             - Você tem um ponto, mas isso não é motivo. Logo ela? Ela, Ethan? Você tem sua família aqui, não podia se apegar a eles? Tinha que ser logo a pessoa que acabou com tudo o que tínhamos? – falei rapidamente sentindo as lágrimas voltarem, mas me recusava a deixá-las cair – Você praticamente pediu pra ser espancado por tanta idiotice. Você magoou muitas pessoas com isso, inclusive eu. Antes dela aparecer falou que amava, e depois nem conversávamos direito. Essa vadia...

             - Não chame ela de vadia, por favor. – pediu tentando ser educado mas seu rosto vermelho denunciava o quanto estava irritado.

             - Chamo sim, porque tenho todo o direito de chamá-la assim, e você sabe disso muito bem Ethan. O que Melissa fez não tem e nunca terá perdão, nunca terá, e você defende-la... Meu Deus, como eu tenho vontade de te matar por isso. Foi o fim pra mim. Não tem desculpa.

             - Mas eu...

             - Não tem, Ethan! Simplesmente não tem! – me alterei já não contendo as lágrimas – Você me machucou de todas as formas que podem matar uma pessoa por dentro e ainda brigou comigo por eu ter colocado um fim no que você devia ter colocado! Eu cheguei ao meu limite. Isso dói. Só isso. Ou tudo isso...

             - Me desculpe. – pediu novamente abaixando a cabeça – Acho que... Acho que está melhor sem mim. Só queria que me perdoasse. Não pedirei nada mais que isso. Só... Me perdoe. Não aguentaria morrer com esse peso.

             - Mas é um peso que você merece carregar.

             - Só saiba que de qualquer maneira, nunca deixei de te amar.

             Ethan assentiu e se virou novamente, voltando a andar. Sentia uma dor imensa, mas também um alívio por ter colocado aquilo para fora, o que eu sentia. Eu precisava disso. Mas vê-lo daquele jeito também me partia o coração.

             - Argh... Inferno! – resmunguei enquanto corria atrás dele e o puxava de volta.

             - Quer jogar mais alguma coisa na minha cara? – perguntou magoado.

             - Só me responda uma coisa... Quando você disse que me amava... – tomei fôlego – Falou sério?

             - É claro. – me olhou com a testa franzida – Nunca mentiria sobre isso.

             - Ainda vou me arrepender por isso. – resmunguei enquanto passava a mão por sua nunca e o puxava para mim colando nossos lábios.

             Aquele beijo parecia a solução de todos os problemas, de todos os sentimentos que me doíam, de tudo o que estava me sufocando. Mas em compensação abriu um enorme vácuo em meu peito que parecia oco, como se não houvesse nada ali.

             Algo bem sólido bateu me minhas costas e, quando nos separamos em busca de ar pude ver a árvore onde Ethan prensava meu corpo. E isso fez voltar á memória que, da ultima vez em que estávamos numa situação como essa, Melissa apareceu e estragou tudo.

             Essa lembrança pareceu acender algo em mim, como uma luz, só que não era boa. Era mais para uma revolta, mas a maior parte era de algo contido que nem eu sabia da existência, mas me assustava de tão forte. E foi isso que me fez atacar novamente a boca de Ethan num desejo avassalador, que parecia tomá-lo também. Emaranhei uma mão em seus cabelos e com a outra segurei a barra de seu suéter com força, puxando-o.

             Pare agora, a parte de mim que ainda estava consciente reclamou, e eu sentia como se ela lutasse dentro de mim.

             Antes que pudesse dar ouvidos a ela, minha jaqueta e suéter já estavam jogados pelo resquício de gelo me deixando apenas com uma camiseta branca fina, e ele não ficava para trás, estando apenas com sua calça jeans.

             Algumas vezes meu lado com sanidade voltava e me fazia querer sair correndo dali rapidamente, fugir, para bem longe, mas os lábios que passeavam por meu pescoço e clavícula me faziam perder essa ideia em poucos segundos.

             Sem nem perceber – estava muito entretida em outras coisas – caminhamos, ainda grudados um do outro, até onde meu carro estava, e dali não tinha mais volta. Na verdade tinha, mas eu simplesmente não queria. Em poucos segundos estávamos no banco de trás, eu já sem a camiseta, os tênis e os jeans, assim como ele. Com certeza o banco de trás de um carro não era o melhor lugar do mundo, nem o mais aconchegante ou perfeito, mas, no momento, era o único onde gostaria de estar, exatamente naquele momento, sentindo meus lábios nos de Ethan e suas mãos passeando por todo meu corpo, com uma parada no meio das costas para desabotoar meu sutiã. Tinha a vaga impressão de que me arrependeria quando amanhecesse, mas talvez nem estivesse viva quando o sol chegasse, então porque não?  E, com nossos gemidos fracos misturados, que pareciam mais um murmúrio, ele me invadiu. E me senti tão completa como nunca. É, com certeza me arrependeria. Aliás, não tinha como não se arrepender ao pensar que minha primeira vez havia sido no meu carro, o meio de um mundo com superpopulação de zumbis, com o cara que mais me fez mal no mundo. Mas nada é perfeito, e conseguiria lidar muito bem com isso. Principalmente enquanto sentia tudo á minha volta sumir e pensava apenas em nós dois ali, encaixados da forma mais insana, nossos movimentos parecendo precisamente ensaiados, e o prazer parecendo explodir de mim.

             Sim, eu me arrependeria. Iria querer atirar em mim mesma depois disso.

             Mas também nunca me senti tão bem.

           


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Notas finais do capítulo

Pleeease, não me matem, não me matem! ç.ç Me desculpem, mas não consigo imaginar a Savannah com o Reed, não como um casal "apaixonados forever" que nem Maggie e Glenn, ou qualquer outro casal perfeito que todos torcem para continuar juntos. Acho que eles são um casal imperfeitamente perfeito. Mas isso não quer dizer que a Sav perdoou ele de vez, ok? hihi'
Muito obrigado por lerem, e, please, não esqueçam dos reviews. isso vale para os 74 leitores que acompanham a fic! Isso não vai doer, ok, pessoal?! EU JURO! u_u
Beijos e até a próximaaa ♥