A Última Chance escrita por BailarinaDePorcelana


Capítulo 32
Parte II - Capítulo 32 - Pensamentos e Palavras


Notas iniciais do capítulo

PARTE II! PARTE II! PARTE II!
Ok, parei!
Bem, acho que não é o POV que esperavam, mas eu realmente espero que gostem, e com o tempo irão percebendo o quão estranho são os pensamentos desse personagem que eu tanto adoro! *-*
Capitulo dedicado á A demigod! Amôir, muito obrigada pela força que sempre me dá pra continuar escrevendo e pela capa nova! Finalmente seu sonho de Ethanna será realizado! ♥



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Parte II: Ethan

Capitulo 32

Pensamentos e Palavras

Todo o mundo estava acabado. E isso era um fato.

A verdade era que não tínhamos mais uma vida; comemorávamos por estarmos vivos, mas não éramos melhores que nenhum zumbi. Não vivíamos mais, apenas sobrevivíamos, e há uma grande diferença entre os dois viver e sobreviver. Todos os que estavam vivos permaneciam assim por que tinham um motivo para se manterem dessa forma, na maioria das vezes alguém que queiram proteger mais que tudo.

E eu tinha muito pelo que lutar.

Há um tempo atrás não diria isso – mais especificamente desde que meu pai e Melissa morreram – mas tive de mudar meu conceito depois de conhecer o grupo de Rick, Reed, Lola, Taty e, acima de todos, Savannah. Não que minha família não fizesse diferença, mas simplesmente não conseguia enxergar um apoio neles.

Desde que me entendo por gente, pelo fato de minha família sempre estar se mudando, lembro-me de minha mãe falando que o lugar não importa, e sim quem está nele. Demorei muito para entender o que isso queria dizer, pois nunca fui muito sentimental ou ligado á alguém. Principalmente quando se falava no tal amor. Mas ainda sim tive lá minhas experiências. Ou pelo menos achava que sim.

Sempre pensei que o que sentia por Melissa era amor, mas estava completamente enganado. Eu só não sabia identificá-lo. Por ela era apenas desejo, e nada mais. Melissa era o tipo de garota perfeita que todos os garotos querem, mas basta abrir a boca para todo o encanto acabar. Pena que não percebi siso antes. Savannah era totalmente diferente; era linda, nunca poderia negar, mas seu jeito era o que mais me encantava. Apesar de ser fechada, forte, durona e corajosa, tinha um lado nela infantil, delicado e fraterno, e eu amava a mistura de emoções que ela me fazia sentir. Logicamente não era aquela coisa de “mãos suando, garganta seca, coração disparado e blá blá blá”. Era algo mais simples, e ao mesmo tempo que me pressionava a um ponto que me sentia sufocado; muito bom, e ao mesmo tempo péssimo.

Para falar a verdade, nunca fui bom com sentimentos, relacionamentos e esse tipo de coisa. Sempre fui alheio á isso, e muitas vezes não ligava. Até mesmo com minha própria família. Nunca fui muito ligado aos meus pais, e até me sentia mais confortável dessa maneira. Hoje em dia me repreendo por isso. Agora que meu pai está morto e minha mãe por aí – provavelmente morta também, mas preferia não pensar nisso – imagino se poderia ter aproveitado mais a presença deles.

Lembro-me exatamente do dia em que tudo começou; eu e Delilah na escola, nossos pais desesperados nos buscando no meio da aula, o desespero nas ruas, e mesmo em nossas casas. Lugares pegando fogo, a polícia tentando conter os curiosos que tentavam chegar perto dos infectados e, então, a separação da nossa família no meio do caminho. Menos de uma semana depois a pequena Sue estava morta – transformada – e, em alguns dias, meu pai havia morrido. Teria entrado em séria depressão se não fosse por tio Zack encontrar Melissa. Ela foi como um bálsamo em tudo o que estava acontecendo, mas apenas me deixava cada dia mais cego para o que realmente acontecia. Meses de passaram e minha mãe não voltava, e eu apenas me desesperava cada vez mais. E se ela não voltasse?, me perguntava todo santo dia. E então Melissa também morreu, me fazendo perder completamente a esperança e a vontade de viver, e eu realmente não queria sair de casa. E durante todo esse tempo, Emma foi como uma mãe para mim, e ela era tão afável e amorosa quanto a minha própria mãe. E então tio Zack morreu, e foi a vez de Delilah ficar mal – não que eu tenha me dado ao trabalho de tentar consolá-la, ainda mantinha um pouco de raiva por ela ser a culpada pela morte de Melissa -, e então chegou Savannah – ok, tenho que agradecer á minha prima por isso – e logo depois o grupo de Rick. E Emma morreu. E agora Delilah está quase morrendo e estou tentando convencer a mim mesmo dizendo á minha prima que isso não irá acontecer. Minha vida é uma droga, afinal.

Gael é uma das crianças mais incríveis do mundo – e digo isso mesmo sem conhecer muitas crianças. Ela parecia estar mais tranquila que eu com toda a situação, se acalmara mais rápido. Mas eu continuava falando palavras de conforto, como já disse, mais para convencer a mim mesmo de que tudo ficará bem.

– Ela vai ficar bem. – Gael falou se levantando de sua cama – Ela prometeu que voltaria e ficaria um dia inteiro comigo, e ela nunca quebrou uma promessa.

Fiquei ali parado, sentando em sua cama, deixando Carol acompanhá-la e Savannah se sentou ao meu lado, sorrindo.

– Gael é estranha. Parece que sempre tem algo a dizer que combina exatamente com o que precisamos ouvir. – ela se inclinou um pouco ao meu ouvido, sussurrando – Ela me assusta ás vezes. Se o mundo não estivesse tomado por zumbis, diria que ela é uma alma*.

– Alma? – perguntei confuso.

Savannah me avaliou por um momento, com as sobrancelhas erguidas.

– Você nunca foi muito de ler, não é?

– Não, sempre preferia coisas mais... Ativas. Sou meio hiperativo. – passei um braço por sua cintura – Mas pensei que não pudesse ler livros que sem ser a bíblia. Não disse que cresceu com uma freira rigorosa que não permitia leitura ou qualquer coisa do tipo?

– Sim, eu disse. Mas isso não quer dizer que eu seguia as regras dela.

Sorri e a puxei para meu colo, fazendo-a rir baixo e passar os braços por meu pescoço. Beijei o topo de sua cabeça, deslizando os lábios até encontrar sua boca. Meu sorriso aumentou antes que pudesse realmente beijá-la, e então o fiz. Puxei-a para ficar mais próxima á mim e uma de minhas mãos foram para a base de suas costas, pronta para avançar um pouco mais. Mas como tudo o que é bom dura pouco ou é interrompido, alguém pigarreou, chamando nossa atenção.

– Não acho que deviam fazer isso no quarto de uma criança. – Maggie apareceu na porta, com um sorriso malicioso.

– Droga, não posso nem mais beijar minha namorada em paz. – resmunguei irritado.

– Que namorada? – Savannah perguntou me olhando séria.

– Lógico que é você, Sav. – revirei os olhos, impaciente.

– Namorada? Está louco?

– Porque não?

– Não acredito que tenho amnésia, mas não ouvi nenhum pedido de namoro ainda para você me chamar de namorada. – ela cruzou os braços.

– Antes que comecem uma briga de casal... Ethan, Rick está te chamando. – Maggie falou e saiu.

Fiquei olhando para a porta por mais alguns segundos e então voltei a olhar Savannah que continuava olhando seriamente para mim.

– Então... Depois a gente resolve isso. – falei de repente agradecendo por ter um motivo para sair correndo sem ter aquela conversa.

Peguei Savannah no colo e a coloquei sentada novamente na cama enquanto esta me observava com a boca num perfeito “o”. E, naquele momento, tive minhas confirmações de que realmente não lido bem com situações de “converse sobre seus sentimentos e coloque para fora tudo isso!”.

Antes que ela pudesse me impedir, saí do quarto e fui á procura de Rick. Não sabia onde estava, mas se fosse apostar em algum lugar, apostaria no quarto dele e de Lori; devia ser onde Herschel estaria cuidando dela. Fui até o final no corredor e bati na porta, que foi aberta por Rick. Ele abriu apenas uma fresta para que pudesse passar e andou um pouco.

– O que aconteceu... – começou, mas deu uma pausa parecendo cansado, e fechou os olhos por um momento, massageando as têmporas – Acho que tem uma proporção maior que achamos. Reed contou o que viu?

– Qual parte? – perguntei fechando as mãos em punho, lembrando do atirador imbecil (para não dizer coisa pior) e o fato de Reed não ter contado tudo.

– Os carros. O tal cara estava com um grupo, e parece grande, pelo que entendi estavam em mais de três carros. E tenho certeza que um deles estava nos seguindo, mas não pude despistar, Delilah estava perdendo muito sangue. Não queria arriscar. Acho que devemos ficar em alerta, se algo acontecer. Qualquer coisa pode ser suspeita.

Respirei fundo pensando em tudo o que já tínhamos passado. Será que nunca iria acabar? Nunca teríamos um momento de total paz? Quando não eram zumbis eram humanos que causavam problemas. O problema era que na maioria das vezes estes podiam ser mais perigosos que esses zumbis. O que poderíamos ter que enfrentar caso eles realmente tivessem nos seguido e soubessem que o tal cara tinha sido morto por um dos nossos era algo completamente imprevisível, e ainda mais que perigoso.

– Tudo bem, vamos resolver o que fazer depois. Vá cuidar de Lori, vou ficar de olho por enquanto. – falei e dei um tapinha nas costas que Rick, que devolveu o gesto.

– Devia cuidar da sua prima também. – falou entrando no quarto.

Suspirando, fui para o quarto de Delilah e me sentei na beirada da janela, observando-a. A respiração lenta e fraca, em conjunto com o suor que ensopava seus cabelos cor de fogo e a pele pálida agora ainda mais branca, não eram uma cena muito legal de se presenciar contando com a enorme porção de sangue que já manchava seus lençóis e edredom brancos.

– Se você me deixar aqui sozinho cuidando de seus irmãos e de todo o resto eu juro que te trago de volta á vida só pra te matar, Valentine. – falei, mesmo sabendo que ela não me escutava.

– Estúpido. – ela resmungou com a voz arrastada e tão baixa que me perguntava se não era minha imaginação.

– O que? – perguntei, tentando comprovar.

– Estúpido, idiota. – ela resmungou novamente.

Gargalhei, mas logo o riso morreu quando percebi as consequências de tudo aquilo. Sabia muito bem que ela não andava muito bem nos últimos tempos , vinha perdendo a sanidade; isso era visível em seu rosto – ou talvez eu a conhecesse bem demais, por passar metade do dia com ela desde os seis anos. E eu realmente passei muito tempo com raiva dela, por causa de Melissa. Mas se algo acontecesse á ela, eu nunca me perdoaria.



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Notas finais do capítulo

alma* - Referência ao livro A Hospedeira.
E então? Mereço reviews? Recomendação? Pelo menos um oi? Qualquer coisa?
Ok, falando sério, o que acharam do Ethan? O que será que vai acontecer com esse tal grupo do Chaz? hehe' Emoções fortíssimas para os próximos capitulos! E sinto em dizer que a parte II não será muito grande.
Beijos e até a próxima ♥