A Gaiola de Prata escrita por Débora Falcão


Capítulo 4
Refletindo




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O tempo foi passando, e a vida foi se estabilizando. Era o que eu queria. Estabilidade emocional. Eu fui respirando melhor o ar de Forks, com seus dias sempre chuvosos, um raro dia de sol, e mais e mais chuva.

Eu às vezes tocava meu camafeu, só para ter certeza de que ele estava lá. Não que eu estivesse com vontade de voltar, mas seria bom, para uma emergência. Então eu me perguntava se, por acaso, Mary Poppins já dera por minha falta.

Era uma pergunta um tanto relativa, se pensar bem. Pois, se eu resolvesse voltar naquele exato segundo, eu apareceria na livraria no segundo em que eu saí de lá, e ela não daria por minha falta. Mas, se ela percebesse minha ausência e demora, sem que eu voltasse, e resolvesse vir me buscar, nós voltaríamos juntas para o momento em que ela saíra, e não em que eu saíra. Então, eu teria perdido algum tempo em Londres, em meu mundo real, dependendo de quanto tempo levaria para Mary Poppins saber de mim.

Isso nós não tínhamos percebido, até que tivemos a experiência com Cindy Grace. Quando tivemos que buscá-la, voltamos no tempo em que nós saímos de Londres, e não no tempo em que ela saiu. Isso nos deu muito o que pensar e refletir, depois do episódio.

Bem, eu estava decidida a não voltar. Se ela quisesse vir me ver, tudo bem, mas eu não voltaria lá. E eu esperava que ela não notasse minha ausência tão cedo. Eu precisava de um pouco de solidão.

Em dados momentos, a minha ansiedade era tanta, e minha solidão tão grande, que eu sentia desejo de dirigir até La Push e ver, nem que fosse de longe, escondida nas pedras ou entre as árvores, o lobo que partiu meu coração.

Mas não, eu não cometeria esse erro. Definitivamente, não.

Eu não tinha amigos. E isso me martirizava. Eu nasci para a vida social. Mas eu também não correria o risco de ser notada. Eu fui ali para me renovar, como uma terapia. Eu gostava dali e gostava das pessoas também.

Às vezes, eu me perdia observando Edward e Bella juntos, à mesa. Eles eram tão unidos e tão perfeitamente conectados juntos que eu não podia imaginar outra pessoa para Edward, nem outra pessoa para Bella, ainda que, se Edward não tivesse sido transformado por Carlisle e tivesse morrido no passado, a alma gêmea de Bella fosse Jacob Black.

E não era porque eu o amava. Era porque Bella e Edward nasceram um para o outro. O que me fazia acreditar que Bella nascera para ser uma vampira.

Seria isso muito horrível de se falar?

Bem, eu dei de ombros. Eu não estava muito para a lógica nesse período em Forks. Quem estaria? Vivendo na fronteira entre Vampiros e Lobos e ainda estando consciente disso. Isso não é lá muito lógico.

Então eu imaginei uma coisa idiota. Claro que eu me repreendi na hora, mas foi um pensamento que passou pela minha cabeça. Um pensamento, não: uma imagem. Quase uma imagem estática, sem movimento. Eu, vivendo no meio dos lobos, ao lado do meu lobo (meu não: de Nessie), mas diferente. Com o corpo transformado, como uma... vampira!

Não!

Eu abanei a cabeça, como se isso fosse jogar o pensamento longe.

Por que Jake iria se interessar por uma "sugadora de sangue", como ele costumava dizer? Ele não ia pensar duas vezes antes de me matar!

Suspirei.

Eu tinha que tornar minha vida um pouco melhor naquele mundo solitário. Antes que eu enlouquecesse.

Então, comecei a fazer alguns planos. Umas compras, talvez. Talvez Portland, talvez Seattle. Seria uma boa idéia, eu pensei.

Me distrair um pouco...


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