Eu senti meu rosto e minhas orelhas ficarem vermelha de raiva fiquei ali como num transe parada e quando me toquei sai de lá correndo. Quando uma pequena parte de mim podia crer que o Malfoy talvez gostasse de mim, ele e Rose ficavam juntos, quando uma pequena parte de mim achava que Hugo me perdoaria e poderíamos voltar a ser os velhos amigos de sempre ele beija a Ryan. Tava tudo dando MUITO errado pra mim. E ignorei os olhares das pessoas que me olhavam. Eu queria achar um lugar que eu pudesse ficar sozinha, sem ninguém para me atormentar e nada que eu pudesse ver e ficas pior, é eu estava ficando traumatizada com essas coisas. Eu já tava em um corredor estranho de Hogwarts quando uma lembrança me veio na cabeça. Eu tinha meus 10 ou 11 anos quando papai comentou que em Hogwarts tinha uma sala muito legal que servia para as suas necessidades, era algo que aparecia quando você mais precisasse. Como era o nome mesmo? Pensei e até que o nome apareceu. Sala precisa. Tentei focar em minha mente, eu precisava de algum lugar calmo que ninguém pudesse me achar e que eu apenas pudesse pensar ou algo assim. Tentei achar as palavras certas e pensei naquilo com afinco. Quando algo começou a se mexer. As paredes se abriram e eu espiei timidamente. Sem hesitar entrei e logo se fechou atrás de mim. O lugar era enorme. Tinha vários objetos, mas era perfeito. Já ouvi uma vez James e Alvo comentando que já tinham vindo aqui, fiquei irritada por eles nunca me trazerem e me mostrarem, mas enfim. Vi algumas almofadas espalhadas pelo chão e fui lá, deitei nelas e fechei meus olhos. Logo tudo invadiu minha mente. Todos os acontecimentos e eu me senti mal, e até que senti lágrimas escorrendo. Eu odiava chorar. Eu me sentia fraca e imatura, eu sei meu pensamento é meio idiota, mas realmente chorar era algo que eu não gostava. Mas como eu estava ali sozinha me permiti. Eu pensei, remexi em minha cabeça, pensei em coisas ruins como me vingar de Rose ou Louise mas era ridículo, eu não era assim e isso não me faria melhor. Pensei em falar para Hugo tudo, mas achei melhor deixar quieto, ele já tava bem chateado comigo, a hora que ele achasse melhor para conversar eu estaria lá. Mas de uma coisa eu tive certeza: Eu não queria mais saber do Scorpius. Eu ia tratar de esquecer ele totalmente e não ia permitir que nada entre nós dois acontecesse mais. Ele seria passado.

Olhei pela janela e o dia estava anoitecendo quando tomei outra decisão. Eu focaria em outras coisas. O campeonato de quadribol estava chegando, logo teria os treinos e os jogos, e eu era a capitã. Eu me focaria muito no quadribol, isso faria com que minha cabeça se ocupasse. Também iria me focar nas aulas, iriam prestar atenção para que logo eu começasse a pensar no meu futuro. Sem mais nada para atrapalhar. Eu seria outra Lilian. Se eu estava gostando dessa nova Lily? Não. Mas era necessário.

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–Mais dez pontos para Grifinória. - O professor de Defesa Contra as Artes das Trevas sorriu e apontou para mim. Eu sorri também, mais uma pergunta eu tinha respondido certo. Senti Dominique revirar os olhos do meu lado.

–Não gosto dessa Lily muito estudiosa- A loira disse baixo do meu lado. Ignorei-a e me concentrei na aula. Era assim que eu estive passando as ultimas duas semanas. Estudava, nas horas livres fazia minhas lições (que a cada dia tinham mais e mais) e treinava quadribol. Eu marcava muitos treinos por semana que estavam até reclamando, mas fazer o que, eu queria vencer os jogos então tínhamos que nos empenhar. -É serio Lily,nem tia Mione na adolescência que era toda inteligente, estudiosa e tal era desse jeito que você esta agora. Ela saia para se divertir um pouco.

–Domi, me deixa- Eu disse baixo. Ela ia retrucar, mas fechou a boca e ficou quieta. Amém. Senti alguém me olhando e quando me virei discretamente para trás vi que Hugo me fitava. Virei para frente e suspirei.

Eu sentia falta do Hugo. Ele não vinha mais conversar comigo, trocava bem poucas palavras. Eu não vi mais ele beijando a Ryan e dei graças a Merlin por isso. Eu queria ver ele feliz, mesmo que para isso eu tivesse que me afastar, mas eu não queria vê-lo do lado da Ryan. Se eu visse os dois andando por Hogwarts como um casal eu era capaz de surtar. E você deve estar se perguntando, e o Scorpius? Também não falei mais com ele. Ele me olhava muito, mas eu não ligava. Nem sei se ele estava com Rose, mas Domi me disse que não, os dois não ficavam juntos nem nada assim. Tanto faz também. Os dois se merecem. Eu estava tão diferente que eu mesma reconhecia, mas pelo menos isso evitou que eu ficasse triste nos últimos dias. Eu estava tão ocupada com as minhas coisas que não tinha tempo para pensar e me deparar com coisas que só me deixavam triste e irritada. Era melhor assim.

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POV Lorcan

–Sinto falto dela- Eu estava pensando em minhas próprias coisas que fiquei meio confuso quando Scorpius disse isso do nada.

–De quem?- Perguntei enquanto jogava uma pedrinha no lago

–Da Lily- Ah sim. -Você percebeu nesses ultimas dias como ela esta né?

–Sim. A Lily tá diferente. Ela não anda mais alegre como sempre. Tá fechada, e fica só treinando ou estudando. - Scorpius suspirou do meu lado

–Isso é tudo minha culpa.

–Que? Claro que não cara. Quer dizer você errou varias coisas com ela e tal, mas Lily teve outros problemas também

–E eu sou o maior deles. - Eu não soube mais o que falar então fiquei em silêncio. Scorpius disse que ia voltar para o castelo e eu fiquei ali andando. Estava no começo de inverno, já podia sentir um vento frio. Sorte que eu estava quente em meu casaco. Eu estava observando o lago quando outra coisa me chamou atenção. Uma menina de cabelos loiros estava sentada. Eu senti um impulso surgir dento de mim. Eu precisava fazer algo e eu já estava demorando demais. Fui até aquela garota. Quando ela percebeu minha presença um sorriso tímido apareceu. Sentei ao seu lado. Ficamos alguns minutos em silêncio, mas não foi um silêncio constrangedor, foi um silencio acolhedor. Estar ao seu lado mesmo que não falássemos nada era muito bom. Melhor do que conversar com qualquer garota de Hogwarts. Percebi que ela estava com os braços de fora e tremia um pouco de frio. De repente estar quente em meu casaco não importava nada. Eu queria que ela estivesse aquecida.

–Quer meu casaco? -Eu falei já tirando. Ela me olhou e um sorriso, um sorriso lindo, surgiu em seu rosto.

–Isso é meio clichê- Franzi a testa.

–Como assim?

–Isso de tirar o casaco e dar pra menina. Tá fazendo isso só pra ser fofinho não é?- Eu ri.

–Claro que não Dominique. Você tá tremendo de frio e eu estou te oferecendo meu casaco. Isso se chama educação- Falei ainda rindo.

–Então tá, aceito seu casaco- Ela puxou de minhas mãos e colocou rapidamente. Viu como ela estava morrendo de frio.

–Mas e aí, o que estava fazendo sentada aqui, sem casaco algum e sozinha?- Eu perguntei e a loira me olhou desconfiada.

–Tá me controlando agora Scamander?

–Não, e mesmo que estivesse você não é uma menina que gosta de ser controlada. Mas falando sério. Tava pensativa?- Seu sorriso sumiu do rosto e ela voltou a encarar qualquer coisa.

–É a Lily. Ela ta me deixando preocupada- Mesma coisa que falei com o Malfoy. A Lily tava deixando todo mundo assim.

–Você é a melhor amiga dela, ela te falou os motivos?- Ela apenas deu de ombros.

–Ela teve alguns dias ruins e achou que mudando mudaria as coisas. Não penso assim, quer dizer ela teve seus motivos, mas acho que eu enfrentaria as coisas sendo quem eu sou. Eu não sei se conseguiria mudar e colocar uma pedra nos meus sentimentos e é isso que ela ta fazendo, colocando uma barreira pra que ninguém possa conhecer mais a verdadeira Lily, leal, amiga, companheira e amorosa. - Ela disse tudo e entendi que ela estava desabafando. E eu vi que era esse momento que eu tinha que me abrir.

–Domi, me desculpa?- A loira me olhou com a testa franzida e eu sorri. Era muito engraçado as caretas que ela fazia.

–Pelo que?

–Por tudo. Por ter sido covarde, orgulhoso e egoísta. De ter fugido e tentado tampar o sol com a peneira. Como eu fui burro- Ela continuou me olhando, mas agora sem qualquer expressão no rosto. Era difícil decifrar Dominique. Olhei em seus olhos. Aqueles olhos azuis tão claros. E depois para sua boca. Tinha um tom de rosa meio bebe quase vermelho. E eu me aproximei e a beijei. E entendi que estava tudo certo quando ela retribuiu com a mesma intensidade. Quando nos separamos ela sorriu.

–Tava demorando em Scamander- Eu apenas ri e a puxei para abraçá-la. Agora eu não cometeria os mesmos erros.

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POV Lilian

Acordei com alguns raios escapando da cortina. Lembrei que já era o dia do jogo. Era contra Sonserina. Que ótimo.

Nesses últimos dias, Dominique e Lorcan estão namorando, mas se você está pensando que é aquele namoro meloso, esqueça! Eles são namorados, mas não é por isso que eles pararam de brigar, de pregar peças com outros e que discordam tudo o que um e outro falam. A diferença, é que quando eles fazem às pazes, bem, a sala Precisa está sendo muito bem usada.

Vi que a maioria das meninas estavam dormindo, já que era sábado, então resolvi começar a me arrumar para o jogo. Tomei um banho, prendi o meu cabelo em uma trança embutida e coloquei o meu uniforme de apanhadora da Grifinória.

Acordei Domi, ela era a nossa artilheira. Pra variar, tive que receber a fúria da Dominique de manhã. Levei um travesseiro na cara de brinde. Depois de muitos palavrões dirigidos a mim, ela finalmente terminou de se arrumar e descemos para tomar café da manhã. Tomei só um copo de suco de abóbora, ouvindo bronca de Dominique falando que eu tinha que comer mais, e blá blá blá, às vezes achava que ela incorporava minha mãe.

Fomos para o vestiário e dei as ultimas cordeenadas para o time. Quando estávamos prontos para o jogo, Domi me puxou para o lado e falou me olhando preocupada:

– Promete que vai tomar cuidado nesse jogo?

– Por que isso agora Domi?

– Eu não sei, veio uma sensação ruim, como se algo fosse acontecer com você. Prometa, por favor.

– Prometo Barbie - Eu disse para acalmar ela. Achei estranho, Dominique nunca foi disso. Ela deu um sorrisinho. Ouvimos Mark Jordan narrando e demos impulso na vassoura.

– OLÁ ESPECTADORES! ESTAMOS AQUI NO PRIMEIRO JOGO DE QUADRIBOL DA TEMPORADA! GRIFINÓRIA VERSUS SONSERINA! SOU MARK JORDAN E SOU O NARRADOR DOS JOGOS! E AI VEM O TIME DA GRIFINÓRIA: O GOLEIRO WEASLEY, AS ARTILHEIRAS WEASLEY, BELL E FINNIGAN, OS BATEDORES KIRKE E MCLAGGEN E A APANHADORA E CAPITÃ LILIAN POTTER! - A torcida da Grifinória foi à loucura quando aparecemos. Ao ouvir isso, todos aqueles treinos valeram à pena.

– E LÁ VEM O TIME DA SONSERINA: O GOLEIRO BULSTRODE, OS ARTILHEIROS NOTT, FLINT E CORNER, OS BATEDORES MALFOY E BLETCHLEY E A CAPITÃ E APANHADORA CANDICE PARKINSON! - A torcida da Sonserina vibrou quando eles apareceram. Apertei a mão da Parkinson. - E O JOGO COMEÇA! FINNIGAN ESTÁ COM A POSSE DAS GOLES, QUE PASSA PARA BELL QUE VAI PARA WEASLEY E ELA MARCA! 10 A 0 PARA GRIFINÓRIA! - E o jogo foi indo, o placar já estava em 60 a 50 para a Grifinória e nada do pomo. Até quando eu vejo uma bolinha brilhante perto da torcida da Lufa-Lufa. Acelerei e vi que a Parkinson também havia visto. Cheguei mais e mais perto, eu estava quase pegando o pomo... Quase... Já podia sentir a ponta dos meus dedos roçando no pequeno pomo... Até que finalmente consegui capturar o pomo! Eu havia conseguido! - POTTER CONSEGUE O POMO! GRIFINÓRIA VENCE! O PLACAR FICOU A 210 A 50! VIVA A GRIFINÓRIA! - Olhei para os jogadores e cada um comemorava, mas eu vi que certo loiro estava tentando se desviar de um balaço. Um balaço? Primeiro que ele é um batedor, e segundo, as bolas já deviam estar no chão certo?

Mas aquele balaço não era normal... Ele estava adulterado! E ia acertar o Scorpius! Se acertassem nele, ele iria morrer!

Não.

Eu não posso deixar esse balaço acertar o Scorpius. Ele pode ter todos os defeitos, ter um caso com a minha inimiga, ser um imbecil, cego, idiota, e tudo o que você quiser chamá-lo.

Mas é Scorpius Malfoy, o homem que eu amo. E seria impossível esquecê-lo.

Então quando o balaço estava quase acertando ele, eu me atirei na frente. E a única coisa que eu me lembro antes de cair era olhar aqueles olhos cinzentos me olhando em choque e depois ele gritar o meu nome.

Depois, só me veio à escuridão.