Decline escrita por Yumi Saito


Capítulo 48
XLIII — Desentendimentos.


Notas iniciais do capítulo

Capítulo editado. [22/08/2014].



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P.O.V JANE SLANDER.

Acordei com o sol batendo na minha cara. Passei a mão no meu rosto, e ele fervia.

Obrigada, Armin, por ter deixado a cortina aberta. E obrigada, Jane, por não ter lembrado de fechar a cortina. Duas antas em um quarto não funciona. Não tentem isso em casa, crianças.

Brincadeira.

Fui até o banheiro lavar meu rosto.

Eu não conseguia tirar da cabeça aquele beijo de ontem com o Armin. Eu me esforcei para correspondê-lo, mas eu não queria. Eu queria empurrar ele e gritar com ele, pedindo por respeito. Mas depois do que ele fez pra mim... vai ser difícil ter coragem de erguer a voz com ele, ou brigar com ele.

Como sempre fiz, vou esquecer isso logo.

Saí do quarto, já pensando no que eu iria comer. E foi aí que eu percebi a ausência de Armin no meu quarto. Ele já estava na sala, assistindo televisão, quieto e com a mão apoiada na bochecha.

— Bom dia, Armin.

Ele olhou para mim, e voltou a olhar para a televisão:

— Oi, Jane.

Tá bravo.

Achei melhor não atrapalhar ele. Pelo que eu consegui ver, Armin estava assistindo Twin Peaks. Isso é bom, porque eu forcei ele a gostar, e ele gostou. Seu personagem favorito é o Agente Cooper. Assim como o meu também.

Aquele cara é demais.

— Bem... — pigarreei. — Você já comeu alguma coisa?

— Aham.

Respondeu de novo sem olhar para mim.

Me virei e fui até a cozinha. Maldita hora em ter televisão em casa.

Era óbvio que depois de chegar em casa, ontem à noite, o clima entre nós iria ficar pesado. Ele não tentou mais nada, me tratou superbem. Só que nós começamos a conversar sério... E eu disse que nós seríamos sempre amigos, e nada disso iria mudar.

Ele seria para sempre meu irmão bonito.

Eu acho que acabei ofendendo ele. Armin disse que estava com sono. Deitou no colchão e "dormiu". Não me deu boa noite e não disse mais nenhuma palavra desde então.

Depois de comer dois biscoitos, saí da cozinha e voltei para a sala.

— Ei, Armin.

Sem piscar os olhos, e sem tirar os olhos da televisão, ele respondeu:

— Hm?

— O que está aconte... — balancei minha cabeça e formulei uma nova pergunta: — Quer sair hoje?

— Ahm... — ele ponderou, arrumando-se no sofá. Ficou calado, mas depois se ligou que eu havia feito uma pergunta: — O que você disse?

— Nada, esquece.

Subi para o quarto e fui arranjar alguma coisa para fazer. Não tinha nada para fazer. Eu queria sair com Armin, queria tomar um capuccino com aquele idiota. Mas eu estraguei tudo ontem e agora ele tá puto comigo. E eu não vou ficar nesse quarto o dia inteiro.

Troquei minha roupa e voltei para a sala. Ele vai sair comigo por bem ou por mal.

— Armin — o chamei, mas não obtive resposta: — Armin!

— Ah... hã, o que foi?

— Vamos sair?

Cooper! — ele gritou. — Por que raios você não vai procurar a Audrey? Eu espero que você veja ela ali!

Ele sempre odiou a Audrey. Eu sempre amei ela.

— Vamos sair, por favor? — insisti.

— Hm... — ele colocou a mão na cabeça, decepcionado. — Agora teu pai vai te ver ali, Audrey. Se fodeu!

Episódio oito, primeira temporada, final.

Twin Peaks é mito.

— Poxa, Armin! — desliguei a televisão. — Você veio para ficar comigo ou assistir o pai da Audrey ver ela no Jack Caolho? Eu queria sair com você, cara!

Ele finalmente olhou pra mim.

— Você está prestando a atenção no que eu estou falando? Acho que não, certo? Você mal me responde... e depois de ontem... cara, o que deu?

— Estranho?

Ele riu e voltou a encarar a televisão, que estava desligada.

— Tudo bem, Armin. Eu desisto.

Saí calmamente de casa, mas por dentro, eu queria tacar aquela televisão na cabeça dele. E depois botar fogo na casa com ele dentro. Puta merda, o Armin é uma criança!

Dei meia volta e voltei para o apartamento.

Peguei o elevador e esperei quinze segundos até chegar ao meu andar. Saí de lá e praticamente corri até minha porta. Girei a maçaneta e percebi que ela estava um pouco emperrada. Estranhei, tirando a mão de lá. Assim, a porta se abriu, revelando Armin.

— Oi? Me...

Era ele.

— Não precisa se desculpar — falei. — Com licença.

Me desviei dele e saí, indo para o meu quarto.

Ele veio atrás de mim, mas eu consegui chavear a porta antes que ele entrasse:

— Jane! — ele gritou. — Me desculpa por não ter te respondido direito antes!

— Eu preciso ficar sozinha.

— Não seja criança! — ele devolveu. — Por favor! Eu reconheço que fui um merda!

— Bom pra você!

Eu esperei dois minutos, e nada. Havia um silêncio total na casa. Ele não estava mais batendo na porta, muito menos gritando meu nome, ou gritando para que eu abrisse.

Eu decidi abrir a porta, e esperar que ele estivesse lá. Mas ele não estava. Caminhei até a sala, procurando por ele, e nada. Fui, então para a cozinha, e acabei vendo ele com as mãos encostadas no balcão. Armin estava cabisbaixo.

Me sentindo a pior pessoa do mundo, corri abraçá-lo.

Ele se virou, ficando de frente para mim. Me encarou sério, mas logo sorriu e me abraçou de novo.

— Eu não quero brigar com você, menina bonita — ele sussurrou no meu ouvido. — Quer sair ainda?

— Sim — assenti. — A gente pode caçar algum fliperama por aí.

— Ótimo — respondeu. — Porque é dose não ter um videogame na sua casa.

Saímos de casa e caminhamos por um tempo. Com a maior cara de pau, pedíamos para as pessoas sobre fliperamas, elas nos encaravam de cara feia. Algumas ignoravam. E os educados respondiam: "Não sei."

— Ei, Armin.

— Fala.

— Você tem mesmo que ir amanhã? — perguntei.

— Sim — respondeu, sentando-se em um banco. — Tenho que cuidar da loja.

— Mas você disse que o Alexy poderia cuidar.

Qual é, amanhã é domingo!

— Alexy não sabe nem fritar um ovo. Quem dirá cuidar da minha loja.

— Hmmm... fritar um ovo!

— Slander! — ele gritou, rindo. — Poderia passar o dia sem essa!

Me sentei ao seu lado:

— Foi mal — ri. — Eu não consegui evitar.

Aproveitando que estávamos perto de um parque, entramos nele. Havia uma variedade de árvores lá. Então, eu e Armin tivemos a brilhante ideia de gravar nossos nomes nos troncos das árvores.

Que fique claro que fizemos isso para nos fingirmos de namorados na frente de tanta pessoa apaixonada. Aquele parque deveria se chamar: "Parque dos apaixonados", só tinha gente se pegando naquela bodega.

Bodega.

Bodega.

Bodega.

Cada nome que a minha pessoa dá pra os lugares. Nem nascendo de novo pra ficar normal.

Depois nos abraçamos e começamos a dar risada. Nós tínhamos estragado a árvore!

Voltamos para casa era quase cinco horas da tarde. Ficamos o dia inteiro fora, almoçamos fora, e fomos para o shopping, onde tinha uma área de fliperamas. Foi uma tarde produtiva.

"Armin! Você não sabe dançar!", "Cala a boca, Slander!", "Coloca no hard, te pago quinze euros se conseguir", "Sacanagem, hein!" — um resumo da gente jogando Just Dance.

— Vou sentir sua falta — ele disse, balançando o dinheiro da aposta. — Vou sentir mais falta ainda de dançar.

— Bicha desde que nasceu, nunca vi igual.

— Ah, viu sim! — protestou, rindo: — O Alexy.

(Eu vou morrer só por fazer piadinhas com o Alexy e sua sexualidade).

* * *

Acordei quando faltava um minuto para as nove da manhã.

Olhei para baixo e vi que Armin não estava no colchão. Me levantei da cama, correndo para a sala. Nada. Fui para a cozinha, e tudo o que eu achei foi um bilhete com a letra dele:

Jane,

Eu estou indo agora. E estou deixando esse bilhete porque não quero te acordar. Obrigada por tudo. E me desculpe pelas atitudes infantis que eu tive. Te vejo em breve, no casamento da Írischata.

Um beijo, moça bonita.

Seu amigo gostoso, Armin.

E ele tinha ido.

Sem se despedir.


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Notas finais do capítulo

segundo capítulo que eu edito hj... continuo puta da cara.