Decline escrita por Yumi Saito


Capítulo 22
XIX — Bordoadas.


Notas iniciais do capítulo

Capítulo editado. [04/04/2014].



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P.O.V CASTIEL TISSOT.

Depois de receber a mensagem de Jane, fiquei feliz por saber que ela estava dando algum sinal de vida. Eu fui até lá na tal casa, era bonita por sinal e não parecia um cativeiro ou algo do tipo.

Fiquei um pouco apreensivo em entrar, porque o crápula do Vicktor podia estar lá. Mas do que você está temendo, Castiel? Mete a porrada naquele desgraçado e sai cantando Rage Against the Machine bem feliz.

Coloquei as mãos em meu bolso e respirei fundo. Dei três passos, até chegar bem a frente da porta. Tentei ir um pouco pro lado, para olhar pela janela... não havia cortinas e nem pessoas por lá. Fui para trás da casa, subi em uma árvore e taquei uma pedra na janela que havia lá.

Por sorte, Jane abriu.

Eu sou muito foda, cara. Puta merda.

— Você veio! — ela sussurrou, sorrindo. — Entre pela porta da frente, não há ninguém.

Suspirei fundo. Tanto esforço pra depois descer da árvore e entrar pela porta da frente. Saí daquele pedaço de madeira e fui pra perto da porta. Girei a maçaneta e subi as escadas. Chamei pela Jane e logo ela abriu a porta que ficava a minha direita.

Corri para abraçá-la.

— É muito bom te ver... — ela disse. — Eu estava sentindo muitas saudades, você não tem noção.

— Faça das suas palavras as minhas — sorri. Pura preguiça de falar.

Jane me puxou para dentro do quarto. Sentei na cama, ela se sentou ao meu lado, olhou pra mim e disse que teria de me contar algo. Falei para que ela fosse em frente, porque pelo que eu saiba o negócio é importante.

— Vicktor me sequestrou... como eu posso te dizer... — ela passou o indicador pelo lábio. — Ele falou pra a Ambre que tinha de me dar um susto, porque eu era uma vadia e tinha que aprender a virar gente.

— A Ambre por trás disto também? Eu mato ela!

— Calma — ela falou. — Eu gravei a conversa deles, no meu celular. O áudio não está bom, mas dá pra entender o que ele falou. Preciso que me escolte até a polícia.

— Tudo bem — falei. — Eu vou acabar com a raça daqueles dois. Eu posso ser preso, mas antes Vicktor vai ter que provar do próprio veneno.

Jane assentiu positivamente. Em seguida, me mostrou o gravador, realmente, não era muito legível de se escutar, mas dava pra entender. Era apenas Vicktor falando. A gravação tinha em média de quinze segundos.

— Ela é louca!

— Eu sei — ela murmurou. — Vicktor quer me levar para "passear" mais tarde... Eu estou com medo. Por isso precisamos ir urgentemente à polícia. Sério.

— Claro — falei. — A gente vai agora.

— Temos que ir logo, Vicktor chega a qualquer momento. Não vai ser legal se ele te ver... Eu só espero que acreditem em mim. E que a polícia consiga caçar aqueles dois infames.

Escutamos um barulho. Jane entrou em desespero, pedindo para que eu sumisse de lá. Agora Vicktor chamava por ela. Segurei-me no batente da janela. Virei do lado oposto do quarto e me agarrei em alguma falha que havia na parede. Assim, desci com segurança até a grama.

Jane deu uma última olhada e sussurrou. Apenas consegui fazer leitura labial:

— Te vejo depois.

Assenti positivamente e fiquei em alerta, caso escutasse algum barulho estranho.

P.O.V JANE SLANDER.

Sentei-me na cama, escondendo o celular por baixo do travesseiro. Fingi estar fitando o teto, com as mãos descansando em cima da minha perna. Logo, Vicktor entrou no quarto. Estava com cara de poucos amigos, mas relaxou ao me ver naquele estado:

— Por que não me respondeu quando eu te chamei?

— Não tive vontade — provoquei. — Estou com fome, Vicktor.

— Eu comprei um lanche pra a gente. Desce na cozinha comigo, ou ficará sem comida.

Torci a boca e revirei os olhos. Saí da cama, mas antes de sair do quarto, esperei que ele fosse. Peguei meu celular e enfiei no bolso. Assim, desci as escadas e encontrei Vicktor se sentando em uma cadeira.

Cheguei lá e peguei um biscoito. Abocanhei-o enquanto fitava Vicktor. Pensei se ele seria capaz de sumir comigo... ou até mesmo me matar. Talvez não, ele não pode ser um monstro que mata alguém só por ela ser... chata, ignorante e mal humorada.

Verifiquei duas sacolas espalhadas pela mesa. Vicktor, nessa hora, saiu da mesa e foi lavar seu prato. Nesse meio tempo, fui vasculhar as sacolas. Encontrei um saquinho transparente com um conteúdo branco, em pó. Voltei a me sentar, fingindo que nada havia acontecido.

Ele também é bem estúpido, em deixar isso visível.

— Garota.

Ele me chamou, engoli em seco.

— O que é?

— Tem um saquinho de pó aí dentro da sacola. Pega ele pra mim.

— Tá se drogando?

— Cala a boca — ele disse. — É suco de limão. Me entregue, rápido.

Peguei o pó e caminhei ao encontro dele. Joguei o saquinho na bancada. Ele fitou por um tempo e despejou em uma jarra cheia de água.

— Eu não estou com vontade... — arrisquei.

— Não vai se arrepender, se provar.

Na mosca. Isso daí deve ser uma droga pra que eu caia dura no chão e ele coloque um fim em mim. Nunca vi um cara tão psicopata como Vicktor. Louco da cabeça, que mata todo mundo que não o respeita.

Sentei-me novamente na cadeira e preparei um sanduíche. Quando Vicktor terminou, colocou um copo em minha frente, agradeci com um sorriso. Analisei aquele copo... eu não iria tomá-lo, de jeito nenhum.

— Prove que isso é suco mesmo... tome comigo.

Ele arqueou as sobrancelhas. Pegou o copo e levou até os lábios, mas apenas molhou eles. Não vi sua garganta se movendo. Então, provoquei o garoto mais um pouquinho:

— Você não tomou.

Ele bateu fortemente o copo na mesa. Partiu para cima de mim, mas esquivei-me, acabando por cair no chão. Rastejei-me para trás, batendo as costas na parede. Gritei por socorro, mas tudo o que recebi foi um soco na boca.

Vicktor me ergueu pelos ombros e me atirou para cima da mesa. Puxou meu cabelo para trás, gritando para que eu tomasse o bendito suco. Gemi de dor. Senti um gosto de ferro na minha boca... percebi que ela estava sangrando.

Lembrei-me de Castiel. Gritei mais alto, quase estourando minhas cordas vocais.

— Cala a tua boca, cadela!

Respirei fundo, tentando aguentar. Vicktor pegou o copo e forçou-o na minha boca, mas me rendi, não abrindo ela.

Nessa hora, escutei a porta ser aberta. Era Castiel, só poderia ser ele.

Foi como num piscar de olhos... Eu ver Castiel avançando para cima de Vicktor e tacando-lhe um vidro na cabeça. O moreno caiu na hora, desmaiado. Respirei pesadamente e deixei que me corpo me levasse para o chão.

Estava acabado.

Estava tudo acabado.

* * *

Mais tarde na delegacia, alguns minutos, na verdade. Mostramos o gravador ao delegado, ele ficou intrigado e perguntou a definição física de Ambre e Vicktor. Ele ficou mais aguçado quando mostrei-lhe os ferimentos da minha boca e os hematomas causados em minha nuca.

Ele prometeu caçar ambos e prendê-los o mais rápido possível.

Eu depositei minha confiança nele. Deixei a gravação com ele. O homem fez uma cópia e disse que iria analisar com mais cuidado. Pediu que voltássemos outra hora, e que ligássemos para o número pessoal dele caso Vicktor e Ambre voltassem a me perturbar.

Com isso, saímos da delegacia...

Talvez eu possa dormir mais tranquila. Talvez.


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