Destinos Entrelaçados escrita por teffy-chan


Capítulo 10
Capítulo 10 - Encontro




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Fazia um calor insuportavelmente forte em Tokyo. As cigarras cantavam por toda a parte, não havia uma única nuvem no céu, sem nenhuma previsão de chuva, e o dia estava intoleravelmente abafado e quente. Algumas pessoas ainda se arriscavam à ir até a piscina pública, ou mesmo sair pra tomar um sorvete, refrigerante, ou qualquer outra coisa gelada que amenizasse aquele calor detestável digno de um país quente como o Brasil, mas por outro lado, os mais preguiçosos conformavam-se em ficar apenas em casa sem fazer nada, esparramados no chão que só era gelado no inverno, na frente do ventilador o dia inteiro.
Esse era o caso de Tsukiyomi Ikuto.


– Ei, Ikuto-kun! Você dobrou as roupas lavadas que eu pedi? - Shiori gritou lá da cozinha
– Você está me vendo dobrar alguma coisa por acaso? - ele resmungou de volta, ainda esparramado na frente do ventilador, que não ventilava nada por sinal
– E eu estou aí na sala pra ver o que você está fazendo por acaso?? - ela rebateu, saindo da cozinha para não ter que ficar gritando. Sim, dava preguiça até de gritar naquele calor odioso - Você não dobrou nada! Levanta daí e faz o que eu te pedi, seu gato preguiçoso! E vê se aproveita e veste alguma coisa! - ela acrescentou ao notar que o garoto estava sem camisa
– Mas está calor demais pra usar roupas ou fazer qualquer coisa... - ele resmungou preguiçosamente, virando a cabeça apenas alguns centímetros para poder encará-la - Ahh... você fica bonitinha de avental, Shiori
– Eu estava lavando a louça... por que você fala isso toda vez que me vê de avental?!
– Porque é verdade, ué - o neko respondeu como se fosse a coisa mais óbvia do mundo - Anda, esquece a louça e vem ficar na frente do ventilador comigo
– Ah tá, e quem vai terminar as tarefas? A louça não se lava sozinha não, viu?!
– Mas bem que podia...
– O que podia é esse ventilador ventilar alguma coisa, ele é tão fraquinho! - ela se deu por vencida e sentou ao lado de Ikuto, roubando a maior parte do vento para si - Aahhhhh! - ela começou a gritar na frente do ventilador, fazendo com que sua voz saísse com um som diferente, como se fosse uma gravação
– Ei, o que tá fazendo? - Ikuto indagou com uma gota na cabeça
– Eu fazia isso quando era pequena! Aaahhhhh! - ela continuou gritando
– E pelo jeito continua fazendo né - o neko observou - Ahh droga, está muito calor dentro de casa! Vamos sair um pouco! Anda, vamos chamar a Utau e o pirralho-Samurai, e vamos todos tomar sorvete!
– Utau-chan está na gravadora, esqueceu? - Shiori parou de gritar na frente do ventilador para respondê-lo - E o menino-Samurai está tomando o quinto banho do dia pra ver se espanta o calor
– Desse jeito vai acabar com a água da casa - o neko comentou com outra gota na cabeça - Tudo bem, então vamos só a gente mesmo
– Aonde?
– Eu já falei! Vamos sair pra tomar sorvete!





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De alguma forma, Ikuto conseguiu convencê-la a sair, dizendo que, quando voltassem, ele dobraria a roupa lavada e não andaria mais sem camisa pela casa (se ele ia ou não cumprir o acordo já era outra história) e depois de Ikuto vestir a camisa mais fresca que encontrou, os dois acabaram saindo mesmo. E agora Ikuto à conduzia até a sorveteria mais próxima. isto é, se Shiori não parasse à cada cinco passos para admirar todas as vitrines das lojas por onde passavam.


– Kyaaa olha esse ursinho de pelúcia! Kawaii! Ahh e olha esse outro! meu Deus, existe até gato de pelúcia nessa loja! Aaaii são tão fofooos! - ela gritava extasiada, como uma criança em manhã de Natal
– Você teve um ataque histérico por absolutamente todas as lojas por onde passamos... não tinha lojas no lugar daonde você veio não? Não vai me dizer que, mesmo com esse visual de Gothic Lolita, na verdade você é uma garota do interior?! - Ikuto indagou, observando a garota correr de uma loja para a outra
– Que nada, até que tinha bastante lojas legais na minha cidade natal! - ela exclamou enquanto admirava um lindo vestido lilás com rendas pretas transparentes - É só que... eu não saía muito de casa. Só saía pra ir pra escola mesmo
– Por que? Sua mãe era super-protetora ou coisa assim?
– Mesmo se fosse, ela passava o dia inteiro fora, então mesmo que eu saísse escondido, ela jamais saberia - Shiori respondeu, com os olhos ainda pregados na vitrine da loja - É que... bem, digamos que as crianças da minha cidade não eram muito legais com as outras crianças que não tinham pais. Até mesmo a minha mãe era mal falada na cidade, por ter sido abandonada pelo namorado e se tornado uma mãe solteira. Por causa dessa má fama, ela nunca conseguia empregos muito bons, e por isso tinha que trabalhar em mais de um lugar, e ficava o dia inteiro fora. Mas mamãe era adulta e sabia se defender sozinha. Já eu... bem, acho que crianças são mais vulneráveis afinal
– Você... sofria bullying? - Ikuto perguntou sem encará-la
– Ah... entendo, então esse é o nome que se dá pra isso - Shiori comentou pensativa, fingindo não se abalar
– Já chega de drama, Shiori, não fique relembrando essas coisas ruins! - Maboroshi exclamou, despertando a dona de suas lembranças - Mesmo porque, você sempre dava o troco mesmo, não era?
– Ahahahaha... tem razão, Mabo-chan, aquilo até que era divertido - ela riu meio sem graça
– Ei, isso é interessante. O que você fazia com as "crianças malvadas"? - quis saber Ikuto
– Ah, bem... depois que a coisa toda acabava e as crianças iam embora, eu os seguia de longe, e quando conseguia um bom esconderijo, fazia o Chara Change com a Mabo-chan e criava todo o tipo de ilusões pra assustar eles, desde fantasmas e vampiros, até algum bandido grandalhão e perigoso que aparentava estar querendo sequestrá-los... não importa quantos fossem ou o quanto aqueles moleques fossem grandes e fortes, eles sempre caíam nas minhas ilusões! Surgiu até um boato sobre uma casa na vizinhança que ninguém comprava porque uma pessoa tinha morrido ali, e desde então a casa se tornou amaldiçoada... daí diziam que a alma da pessoa que morreu deixava a casa no fim da tarde pra perseguir criancinhas e levá-las pra dentro da casa com ela, mas no fundo essa história só surgiu por causa das minhas ilusões, já que na maioria das vezes eu me vingava das crianças perto da tal casa, então eles achavam que os fantasmas vinham de lá
– Uau... você é mesmo malvada ~nya - Yoru comentou um tanto amedrontado, com uma gota na cabeça
– E você é um gato medroso! Fala sério, aqueles moleques mereceram tudo isso! - Maboroshi rebateu
– Eu não sou medroso ~nya! Sua dona que é cruel e vingativa demais ~nya! - o pequeno gato exclamou
– Pff... hahaha... ahahahahahahahaha!! - Ikuto caiu na gargalhada, tanto pela história da garota quanto pela briga dos Charas - Depois de quase um minuto rindo, ele se recompôs, deu um tapinha no ombro dela e falou - Agora sim... agora sim eu gostei de ver! Puxa, como eu queria estar lá pra ver essa cena hahahahaha!!
– Era mesmo uma coisa engraçada de se ver, um bando de valentões correndo e chorando por causa de fantasmas - Shiori riu sem graça - Pena que isso não resolvia os trotes... já que ninguém sabia que era eu quem criava tudo aquilo, ou que eram apenas ilusões. Mas serviu pra me fazer dar boas risadas hahahahahaha!
– Muito bem! Vamos esquecer essas historinhas velhas, e deixar o que aconteceu no passado lá no passado mesmo! Anda, venha ver isso! - Ikuto puxou Shiori pela mão, andou mais meio metro, até que parou em frente à uma daquelas máquinas de jogos no qual você tem que pegar um prêmio com uma garra mecânica. No caso, essa máquina em questão continha apenas chaveiros, de todos os tipos, cores e tamanhos - Anda, vamos jogar um pouco pra esquecer essa historinha nostálgica!
– Pensei que a gente ia tomar sorvete - Shiori observou
– Nós íamos, mas "alguém" ficou parando em tudo que é loja pra olhar vitrine! Agora me deu vontade de jogar!
– Tudo bem, tudo bem, vamos jogar então! - ela concordou, começando a observar minuciosamente cada chaveiro dentro daquela máquina - Ahhh! Um chaveiro da Hatsune Miku!¹ Eu querooooo!!
– Qual? Essa bonequinha de cabelo verde com maria-chiquinhas? - Ikuto perguntou, apontando, e ela confirmou com a cabeça - Sério?! Ainda acho aquele chaveiro em forma de gato bem mais legal...
– É claro que é mais legal ~nya! Embora ele não seja tão bonito quanto eu ~nya! - Yoru exclamou um tanto convencido
– Mas não mesmo! O chaveiro de gato é muito mais bonito do que você! - Maboroshi exclamou
– Não é não ~nya!
– É sim! - teimou Maboroshi
– Vamos, vamos, já chega vocês dois! - Shiori exclamou, afastando os Charas um do outro com as mãos - Então vamos pegar o chaveiro do neko-chan e da Hatsune Miku... mas eu vou jogar primeiro!
– Por que você vai primeiro?! A idéia foi minha! - Ikuto rebateu
– As damas primeiro, seu mal-educado! - sem esperar por uma resposta, ela foi até o interior da loja, comprou fichas de jogo, voltou, e arregaçou as mangas do vestido, como se estivesse se preparando para uma intensa batalha.


Shiori colocou uma ficha na máquina, e chegou a agarrar o chaveiro da Miku com a garra, mas o tempo se esgotou antes que ela o pegasse. Xingou em voz baixa, depositou outra ficha, e a garra logo voltou a se mover. Estava quase pegando o chaveiro da Miku, mas tinha outro chaveiro da Suzumiya Haruhi na frente, e ela não conseguiria pegá-lo a tempo. Por fim, desistiu, e no lugar da Miku, resolveu agarrar o chaveiro de gato que Ikuto queria com a garra, já que ele estava mais perto, depositando-o no buraco por onde se alcançava o prêmio poucos segundos antes da garra parar de se mover. Ela pegou o chaveiro com as duas mãos, sorrindo, virou-se para Ikuto, e disse:


– Hai! Pra você, Ikuto-kun!
– Ei, isso está errado - ele obsersou, erguendo uma sombrancelha - Não devia ser o contrário?!
– Mas é que eu queria o chaveiro da Miku, e você gostou desse primeiro, então... fique pra você - ela respondeu, achando que ele estava falando do chaveiro e não do gesto
– Hai, hai... quer o chaveiro daquela boneca de cabelos verdes, não é? Vou pegar pra você então
– Eh? M-Mas não precisa, ela está muito longe...
– Se eu disse que vou pegar, é porque vou pegar! Não vou perder pra uma simples maquininha de pegar chaveiros! - ele exclamou, sério demais para um simples jogo - Sobrou uma ficha, não é? Me dê.


Shiori lhe entregou a última ficha que tinha sobrado, e Ikuto a depositou na máquina, tão sério e concentrado no jogo quanto ela estava antes. Retirou rapidamente o chaveiro da Suzumiya Haruhi que estava na frente, deixando-o cair à esmo, e agarrou o chaveiro da Miku com a garra. Agora era a parte difícil, trazê-lo até a abertura da máquina sem deixá-lo cair. Puxou a garra de volta com cuidado, mas seu tempo estava se esgotando e a garra se movendo cada vez mais lentamente. Deu um forte e último puxão, trazendo a garra de volta toda de uma só vez. O chaveiro caiu, quicando na quina do buraco, e escorregando pela abertura que levava ao prêmio. Ikuto o amparou do outro lado da abertura, segurando o chaveiro com uma das mãos. Ele encarou Shiori com um sorriso incrivelmente presunçoso, e disse:


– Viu, eu disse que conseguia. Toma aqui a sua "Mito", ou seja lá que nome tenha
– Kyaaaaaaaa!!! O chaveiro da Mikuuu!! - ela gritou extasiada, aparentemente sem nem perceber que Ikuto tinha errado o nome da personagem. Shiori foi tomada por uma euforia tão grande que, em um impulso, atirou seus braços ao redor do pescoço do neko, abraçando-o com força e ficando na ponta dos pés. Ikuto surpreendeu-se com o gesto repentino da garota, mas antes que pudesse abraçá-la de volta, Shiori o soltou e arrancou o chaveiro das mãos dele.


– É tão lindo... arigatou, Ikuto-kun! Então, já que você pegou o chaveiro da Miku, vamos trocar! - Shiori lhe estendeu o chaveiro de gato, e Ikuto o aceitou, sorrindo
– Ok, ok, nós trocamos então. Mas vem cá, que raio de gato é esse afinal?! - ele perguntou, encarando o próprio chaveiro, enquanto ela pendurava o chaveiro da Miku no fecho da bolsa que carregava
– Ah, é o Gato de Botas!² Você sabe, daquele filme Shrek!– ela explicou - Repara só que ele está até segurando uma espada e usando um chapéu... e botas, é claro!
– Ah, sei... pois é, ele usa botas, chapéu, mas roupa nenhuma, né? - Ikuto observou
– É verdade! Combina com você, que vive se despindo na frente dos outros hahahahahahaha! - Shiori começou a rir, e Ikuto limitou-se a ficar calado, já que ela estava falando a mais pura verdade mesmo - Bem, e então? Agora que já temos os chaveiros, vamos tomar sorvete ou não vamos?!
– Ah é... já tinha até esquecido - Ikuto falou em seu costumeiro tom preguiçoso - Vamos então.


Os dois caminharam por mais um quarteirão, até que chegaram a uma sorveteria que estava bem cheia e que só continha fregueses que eram casais, mas nenhum dos dois deu importância à esse fato. Ikuto pediu um sorvete de flocos com calda de uva e confeitos de chocolate, enquanto que Shiori preferiu um sorvete de galak (só porque vinha com pedacinhos de chocolate branco) com cobertura de limão e confeitos coloridos. Como Shiori tinha comprado as fichas do jogo, o garoto insistiu que ele pagaria pelos dois sorvetes, não importando o quanto ela protestasse quanto à isso.


– Fala sério, até no sorvete você coloca essas coisas de limão, é? - o neko observou, vendo-a lamber o sorvete feliz da vida. Os dois tinham sentado em uma mesa do lado de fora da sorveteria, já que as da parte de dentro estavam lotadas, ficando um tanto expostos assim
– Mas é claro! Tenho que comer pelo menos uma coisa com limão por dia! - ela respondeu, como se estivesse seguindo à uma rígorosa dieta diária - Além do mais, limão faz bem pra saúde, é bom contra resfriados. Quer provar?
– Quer saber, eu quero sim - Ikuto respondeu, e Shiori ia pegar um pouco do sorvete com a colher de plástico para oferecer ao garoto, mas antes que o fizesse, Ikuto deu uma longa lambida no sorvete da garota, que ainda estava perto demais de sua boca. Shiori arregalou os olhos por um momento, como se não conseguisse acreditar no que ele estava fazendo, e então sentiu seu rosto esquentar terrivelmente rápido, tendo a impressão de que aquele calor não tinha nada a ver com a temperatura elevada do verão. Mesmo depois que Ikuto se afastou, ela continuou encarando-o com incredulidade evidente, e depois que voltou à realidade, piscou algumas vezes, e disse:


– Ano nee, você não precisava ter feito isso, seu abusado... e-eu podia muito bem ter pego um pouco de sorvete com a colher e te oferecido
– Ah, é? Então peço desculpas - Ikuto falou, sem realmente estar arrependido - Então faça isso agora
– Isso o que?
– Isso que você falou. Pegue o sorvete com a colher e me dê, eu quero provar mais um pouco.


Um tanto hesitante, e por algum motivo incomodada com isso, Shiori encheu a colher em sua mão com o sorvete de galak, pegando também um pouco dos confeitos e a cauda, e o levou até Ikuto, que inclinou-se para a frente e abocanhou o sorvete todo de uma vez, antes mesmo que a colher chegasse na metade do caminho. Shiori sentiu o rosto esquentar novamente, tendo cada vez mais certeza de que isso não tinha nada a ver com o calor do verão, e começou a ficar irritada com isso. Queria sair daquela situação que tanto lhe incomodava o mais rápido possível, mas tudo em que conseguiu pensar foi em dar o troco.


– C-Certo, já chega, você já comeu demais o meu sorvete! Minha vez! - e sem esperar por uma resposta, ela inclinou-se para a frente, e abocanhou o sorvete de Ikuto, desfazendo a forma de espiral que ele tinha antes. Afastou-se logo depois, lambendo os lábios, percebendo só então que Ikuto à observava com atenção evidente, já que nem piscava os olhos, e falou - Q-Que está olhando, hein? Tem alguma coisa no meu rosto por acaso??
– Na verdade sim. Você ficou toda melada de sorvete - impulsivamente, Ikuto passou o polegar no queixo dela, e depois perto do lábio inferior, vendo-a se encolher e corar furioamente, com visível incredulidade estampada nos olhos. Não pôde deixar de sorrir, vendo uma expressão surpreendentemente fofa no rosto daquela garota. Sem se conter, colocou o dedo na boca, lambendo o doce que antes estava na face de Shiori, que arfou, cada vez mais incrédula, sem piscar uma única vez
– N-Não lamba, seu pervertido! - ela deu um tapa no braço do rapaz ao se recuperar do choque, mas foi tão fraco que Ikuto quase nem sentiu, e apenas riu da reação dela. Em seguida, seu olhar caiu sobre o sorvete do neko, reparando que ela tinha abocanhado o sorvete dele bem no exato lugar em que Ikuto o estava lambendo primeiro, e de lá desviou-se para a própria colher de plástico, ainda segura em suas mãos, e então um repentino pensamento lhe veio à cabeça - Nee... isso de agora foi... p-por acaso isso também foi... um beijo indireto?
– Ah... bem, eu diria que sim. Na verdade, foram dois, se considerar a vez em que eu comi o sorvete que estava na sua colher, e depois a vez em que você abocanhou o meu sorvete - Ikuto respondeu, analisando a situação com mais atenção do que uma pessoa normal faria, e só então percebendo que tinha deixado a garota ainda mais perturbada com esse fato - Ah, mas o que isso importa afinal? Não é a primeira vez que isso acontece mesmo... e foi apenas um beijo indireto, e não um de verdade, então nem conta
– É... n-não conta não, né? - Shiori falou, um tantinho aliviada, ao contrário dele - Tem razão, beijos indiretos não contam hahahahaha! - ela riu nervosa
– Isso mesmo, não contam. Agora vamos terminar esses sorvetes de uma vez antes que derretam.


Eles terminaram os sorvetes rapidamente, sem se atreverem a conversar sobre o que quer que fosse até que os dois tivessem acabado. Quado ambos os sorvetes chegaram ao fim, os dois continuaram caminhando sem pressa pela cidade, sem rumo definido. Quando estavam passando pelo parque, Ikuto falou:


– Nee, o que quer fazer agora?
– Não sei... a-acho que quero beber alguma coisa. Aquele sorvete me deixou com sede
– Eu também - Ikuto concodou distraído - Tem um shopping aqui perto, podemos passar lá e comprar uns refrigerantes. Daí aproveitamos pra jogar mais um pouco, que tal?
– Ahh, isso! Vamos jogar! Jogaremos até anoitecer, e pegaremos todos os prêmios daquele shopping! - Shiori voltou a se empolgar, esquecendo completamente o incidente com o sorvete
– Legal, assim que se fala! Então va...
– Espera! - ela interrompeu - Acho que ouvi uma voz familiar... venha, por aqui! - Shiori o puxou pelo braço, escondendo-se atrás de uma parede e obrigando o neko a se esconder também. Olhou atenta para todos os lados por alguns segundos, até que encontrou seu alvo: Nagihiko e Tadase estavam á alguns metros dali, naquele mesmo parque, rindo e passeando juntos, de mãos dadas - Achei! Sabia que tinha ouvido uma voz conhecida! São os pirralhos Guardiões!
– Onde? - Ikuto olhou na direção onde ela observava - Ahh, são o Reizinho e o pirralho travesti... hehehehe parece que os moleques estão aproveitando bem as férias, hein?! Também saíram em um encontro
– Pois é, todo dia eles... - Shiori parou de falar abrupdamente, prestando mais atenção à frase anterior de Ikuto - Peraí, o que você disse?! "Também"? Como assim "também"??
– Eu disse que os pirralhos também estão tendo um encontro, assim como a gente...
– E-E-En-Enc... - Shiori gaguejou nervosa, como se Ikuto tivesse falado o maior absurdo da face da Terra - Isso não é um encontro! Retire esse "também" agora mesmo!
– Do que está falando, é claro que é um encontro! - Ikuto rebateu, também sem conseguir acreditar no que ela falava
– Não é não!! - Shiori teimou, gritando com voz aguda - N-Nós só saímos pra tomar sorvete, e foi só isso! Não é um encontro não senhor!
– Por isso mesmo estou dizendo que é um encont...
– Pára de dizer isso!! - Shiori interrompeu, cada vez mais nervosa. Ela recuou alguns passos, com as pernas bambas, e em seguida saiu correndo, o mais rápido que conseguia. Mal virou a esquina e trombou com uma pessoa que vinha andando na direção dela
– Ahh eu sabia que aqueles gritinhos agudos e histéricos eram familiares... você não tem nada melhor pra fazer da vida não, Shiori?! - Nagihiko perguntou ao ver o rosto da pessoa com quem tinha se chocado - Não me diga que estava nos espiando de novo??
– É você, Valete... - ela murmurou, um tanto desnorteada - Onde está o Chibi King? Ele não estava com você agora à pouco?
– Hotori-kun ficou me esperando no parque - Nagihiko informou - Não vai me dizer que você realmente estava nos espia...
– Nee Valete, posso perguntar uma coisa? - Shiori o interrompeu - Quando... q-quando um garoto e uma garota saem sozinhos pela cidade, pra tomar sorvete, por exemplo... e experimentam um pouco do sorvete um do outro, conversam sobre suas vidas, riem juntos, ficam jogando juntos e trocam presentes... isso... i-isso por acaso pode ser considerado como um encontro?
– Etto... acho que eu não sou a melhor pessoa pra se perguntar isso, mas... - Nagihiko começou, pensativo, e estranhando a pergunta da garota - Bom, mesmo que as duas pessoas em questão não estejam comprometidas no momento... e mesmo que não se abracem, nem se beijem, nem nada do tipo, mas concordam em sair juntas e fazem todas essas coisas que você falou... não importa como você veja isso, com certeza é um encontro
– É um encont...?! Ahh... meu Deus, não acredito que era um encontro mesmo!!! - Shiori desabou de joelhos no chão, escondendo o rosto nas mãos, sem conseguir acreditar no que ela mesma tinha feito, e acreditando menos ainda que não tinha percebido nada até agora
– Ei, você está bem?? Por que me perguntou todas essas coisas afinal? Não me diga que saiu em um encontro com alguém e não percebeu?! - Nagi indagou, e Shiori apenas balançou a cabeça, em sinal de confirmação - É sério mesmo?? Você foi em um encontro e não percebeu? Logo você?! Não acredito nisso... e com quem você saiu afinal??
– Ahh, era aí que você estava! Finalmente te encontrei!
– Fujisaki-kun! Está tudo bem??


Nagihiko olhou mais à frente, e viu Ikuto correndo na direção deles, seguido de perto por Tadase.


– Está tudo bem, Fujisaki-kun? Você demorou pra voltar, eu fiquei preocupado... ué? Tennousu-san está aqui também? - Tadase falou ao avistar a garota ainda caída de joelhos no chão
– Ei pirralho, não me diga que você fez alguma coisa com ela? - Ikuto indagou desconfiado
– Eu não... mas parece que outra pessoa vez - Nagihiko respondeu, encarando Shiori com um pouco de pena - Está tudo bem, Hotori-kun, não se preocupe... foi a voz dela que eu escutei
– Por que a Tennousu-san está assim? - o loiro indagou, observando a garota com preocupação - Ela parece meio abalada... como se tivesse acabado de receber uma notícia realmente chocante
– Bem, de certa forma, ela recebeu mesmo - Nagi concordou, sendo tomado em seguida por um pensamento repentino - Ah, espera aí! Ikuto... por acaso você estava com ela até agora à pouco, antes de nos encontrarmos?
– Estava sim, por que?
– Não... nada não, só queria confirmar uma coisa - o Valete falou, rapidamente compreendendo a situação - Deixa pra lá, não é da minha conta mesmo. Melhor irmos andando, Hotori-kun. E boa sorte, garota, vai precisar - ele deu tapinha no ombro de Shiori, como que encorajando-a, e em seguida a contornou, seguindo na direção contrária à dela, junto com Tadase
– Ano... está tudo bem mesmo? - o Rei perguntou, dando uma última olhada para Ikuto e Shiori
– Comigo está tudo ótimo. Só não sei como estão as coisas com aqueles dois - Nagihiko respondeu, perdido em pensamentos. Ao ver o olhar confuso do garoto ao seu lado, soltou um suspiro e acrescentou - Vamos, eu te explico no caminho.


Os dois apertaram o passo e, depois que viraram a esquina, Shiori finalmente se levantou, e ouviu Ikuto dizer:


– Você realmente não tinha percebido que era um encontro??
– Não... se tivesse percebido, não teria saído com você - Shiori respondeu, de costas para ele
– Ah, é? E posso saber por que? - Ikuto indagou, meio ofendido
– Porque... bem, porque você é meu irmão, Ikuto-kun! - ela exasperou-se, virando-se de frente para ele para poder encará-lo - Nós somos irmãos, não somos? Irmãos não saem em encontros!
– Mas você sabe que não temos o mesmo sangue, não sabe? - o neko lembrou
– Isso não importa! Você e Utau-chan são meus preciosos irmãos... são a família que eu demorei tanto pra conseguir - Shiori respondeu, desviando os olhos dele e encarando o chão - O que eu sempre quis, desde pequena... é uma família. Uma família bem grande com um pai, uma mãe, e muitos irmãos pra brincar comigo. Minha mãe está morta e meu pai me abandonou, não uma, mas duas vezes. Mas eu tenho você e a Utau-chan agora. Mesmo não tendo o mesmo sangue que vocês, ou não sendo uma Tsukiyomi, isso não importa... eu finalmente encontrei pessoas que se importam comigo, e que cuidam de mim, assim como eu me importo e cuido delas. Eu encontrei a família que tanto desejava... e não vou jogá-la fora assim tão facilmente
– Não sabia... que você desejava uma família tanto assim - Ikuto comentou, olhando para o lado, meio sem saber o que dizer - Tudo bem, já que é assim, então vamos modificar o nome disso: Não vai ser mais encontro, e sim um passeio entre dois irmãos, o que acha?
– V-Verdade? Jura que não é um encontro? - ela forçou-se a encará-lo, fazendo um biquinho tão encantador que Ikuto foi tomado por uma forte vontade de abraçá-la, mas se conteve à tempo
– Sim, sim, eu juro! - Ikuto ergueu as duas mãos, como se estivesse se rendendo - E pra compensar essa cena dramática, faremos o que você quiser agora. E então? Aonde quer ir?
– Ao karaoke! - ela respondeu prontamente, erguendo um punho no ar, como se nunca tivesse tido uma crise de depressão
– Ahh não! Tudo menos isso! Você vai querer cantar aquelas musiquinhas de anime shoujo! E pior! vai querer me obrigar a cantar junto, já estou até vendo! - o neko recuou alguns passos, com um péssimo pressentimento
– Hehehehe... como adivinhou? - Shiori abriu um largo sorriso - E você não pode se recusar, afinal, prometeu que faria o que eu quisesse agora! Então... vamos imediatamente ao karaoke!! - Shiori agarrou a mão do garoto, guiado-o até o karaoke mais próximo, e completamente recuperada de seu breve estado depressivo. Ikuto deu-se por vencido, e entrelaçou seus dedos nos dela, caminhando ao lado da garota, que não rejeitou o gesto, e continuou caminhando feliz em direção ao karaoke mais próximo.








¹ Hatsune Miku é uma personagem de Vocaloid

http://1.bp.blogspot.com/-SOv2ZwJaX8E/TbBXsv1ho-I/AAAAAAAAHtE/otuw9NmsCDI/s1600/Animation49.gif

² Gato de Botas é um personagem de uma história infantil, mas no caso de Ikuto, ele ficou com o chaveiro no formado do Gato de Botas adaptado para o filme Shrek

http://4.bp.blogspot.com/--5KbaeXWgvE/TutCcA83HxI/AAAAAAAABqU/Ecpa-Z5YF7A/s1600/gato-de-botas.png













*** Próximo Capítulo: Excursão ***




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Notas finais do capítulo

Ohayou minna!
Eu estava muito ansiosa pra postar esse capítulo, nem acredito que finalmente chegou nessa parte!! Também estou muito curiosa pra ver a reação de vocês quanto à isso, e um tantinho receosa também, devo admitir... espero que seja uma reação boa *-*
Leiam minhas outras fics também onegai!!!
Fic Tadashiko:
http://fanfiction.com.br/historia/223745/Kizuna/
Fic de Shugo Chara na Idade Média:
http://fanfiction.com.br/historia/266701/Monochrome_Love/
Fic Tadahiko que estou escrevendo junto com a Shiroyuki-chan:
http://fanfiction.com.br/historia/198965/Yakusoku/
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Kissus e até semana que vem ^__^



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