Já não caia a mesma chuva de sempre. Os dias já não eram como antes. Escutar o som do piano já não era valido. Há dias vinha tentando lutar contra uma dor incerta que me confundia, esperando sentado de frente ao piano.

- Kyo ela esta te esperando na sala ao lado. Gostaria de vê-la agora? –uma voz rouca e tranquila falava ecoando sobre a sala vazia.

Virei-me em direção a voz onde nem mesmo eu se lembrava de quem era ,como se me tivessem tirado um pouco da sanidade que restava em mim.

-Ah sim.

-Você sabe não e?

-Ela ainda não se lembra! E isso...?

-Sim, mas ela... se lembrou de mim a pouco.

-...

-Mas não se preocupe kyo.Eu sou a mãe dela por isso foi fácil me reconhecer. Tenho certeza que...

- Sim eu sei..- À interrompi .

Levantei da cadeira onde havia sentado para ouvir a chuva cair. Coloquei meus óculos sobre o piano. E andei sobre a sala gélida ate a porta.

-O medico disse q não seria bom que, por hora, a força-se  lembrar de algo.

- Entendo Senhora Kirumi.

Caminhei onde se encontrava a porta do quarto dela. E como se fosse a ver a primeira vez. Depois de poucos dias esperando para que pudesse a ver novamente. Meu coração acelerou no momento em que coloquei minha mão a maçaneta de prata. Mesmo q o nervosismo me alcançasse eu tinha q abrir a porta porque havia em mim um pouco de esperança.

Lentamente a abri e entrei furtivamente no quarto. O cheiro do perfume me embriagou, o mesmo perfume de sempre. A sombra de alguém a varanda com cabelos soltos me parecia diferente mais era a mesma. O mesmo brilho nos longos cabelos e a mesma cor mesclada do preto com o vermelho pelo sol que passava pelos fios.

Ela se virou.

- Ola...

Era como se fosse outra pessoa com a mesma voz e corpo.

-Ola Hiromi.

-Minha mãe disse q alguém viria me ver. Então... Bem. Quem e você?

Uma pergunta como esta fazia meu sentido se esvair. Fazia meu folego ir embora. Mas responder era a única coisa que eu podia fazer.

- Sou Sanshiro Kyo... Um amigo é um dos seus alunos.

Acabei mentindo... Não gostaria q ela ficasse assustada dizendo que era o namorado dela a alguns anos. Apesar de doer ter de fazer isso.

-Sanshiro.  Bem me desculpe, mas não me lembro de quem era. Na verdade não me lembro nem mesmo de como tocar piano.

-Sanchiro ... Você costumava me chamar de kyo. – sussurrei pra mim mesmo.

-Não entendi.

-Não, Não e nada. Bem, você realmente não se lembra das suas musicas. Elas já fizeram muito por você. Levaram-te a ser oque você e hoje. ..

- Oque sou hoje? Pelo que me contaram isto aconteceu pelo fato de ser oque sou hoje. Apresentar-me na Rússia e me tornar popular levando o nome do pais. .. E me acidentando com o avião. Fazendo-me entrar em coma e me deixando sem memoria. Pelo visto eu amava meu talento com piano.

-Não , seu talento não tem culpa do acidente q aconteceu. Entenda q esta coisas acontecem.

-Já ouvi muito disso. Porem não me deixa menos apreensiva.

- Então somente se tranquilize. As memorias voltarão com o tempo

Movimentei-me ate a varanda onde ela estava. Ela se voltou para fora olhando pra o jardim. Coloquei as mãos sobre o varão próximo a ela olhando para o mesmo ponto.

-Como não me lembrar de algo que amava tanto. ? Como me esqueci do amor pelo que me prendia. Isto e como se não me conhecesse. Como se tudo que eu tivesse saísse de mim. E Agora não sendo nada. –falou ela sendo frágil nas palavras.

Neste momento a pergunta me deixou aflito “Como não me lembrar de algo que amava tanto?”.   Esta era uma pergunta um tanto difícil de resolver.