Já de manhã, me preparei para ir ao colégio e desci para cozinha, ao ver meu rosto cansado minha tia caminhou até mim pondo a mão na minha testa.

___Rachel você não parece bem é melhor você ficar em casa hoje. Disse com olhar preocupado

____Estou bem não á necessidade de que eu falte ao colégio. Respondi, eu não podia faltar tinha que falar com Hugo.

____Então eu vou te levar de carro, você não parece bem vai que desmaia por ai. Concluiu, eu até tentei protestar, mas minha tia podia até ser muito legal mais quando tomava uma decisão não havia nada que se pudesse fazer para muda-la.

Tomei meu café, então saímos e embarcamos na caminhonete, quando passamos pelo ponto Hugo estava lá então minha tia parou.

___Entra a gente te dá uma carona. Disse a Hugo.

___Muito obrigado. Respondeu com um sorriso entrando e se sentando ao meu lado.

Não podia perguntar lhe nada na frente da minha tia e também não tinha vontade de conversar sobre qualquer outro assunto com ele então permaneci calada, enquanto Hugo puxava conversa com minha tia, quando de repente se virou para mim e após me olhar por um minuto começou.

____Nossa Rachel você esta bem parece cansada. Perguntou como se não soubesse o motivo para eu estar assim.

Eu começava, a perceber o quanto estava enganada a respeito de Hugo, ele podia parecer animado e amigável, mas cada vez mais notava como ele podia ser dissimulado e manipulador.

____Rachel esta gripada e não esta se sentindo muito bem, eu queria que ele ficasse em casa, mas ela não me escuta por isso achei melhor pelo menos leva-la até o colégio... Respondeu minha tia á Hugo e continuou, mas agora se dirigindo a mim___... Eu vou te buscar na saída e se sentir se mal me liga.

___Não precisa ir me buscar tia, pode ir para loja sem se preocupar. Disse

___É não se preocupe senhora Stuards eu acompanho Rachel para que ela chegue em segurança em casa. Afirmou Hugo despois de lançar um olhar estranho para mim, e minha tia acabou concordando com a ideia.

Chegamos ao colégio e desembarcamos da caminhonete nos despedindo da minha tia. Vivi Lucas e Eduardo que já estavam em frente ao portão vieram até nós.

___E ai gente tudo bem? Disse Eduardo nos cumprimentando, e Vivi e Lucas fizeram o mesmo.

Eduardo e Hugo saíram conversando caminhando lado a lado um pouco a frente de Lucas Vivi e eu.

___É parece que esses dois estão realmente se dando bem... Disse Lucas observando como Hugo e Eduardo conversavam animados, e continuou___... mas e o irmão dele o Victor  você o viu ultimamente será que ele não volta para o colégio .Pergunto olhando para mim

___Eu fui visita-lo, mas acho que ele não volta tão cedo. Respondi apenas, mas sentindo uma vontade enorme de contar lhe tudo que estava acontecendo, para que ele pudesse me dar algum conselho.

___Visitou é? Perece que não são só Eduardo e Hugo que estão se dando bem. Disse Vivi em tom malicioso.

___Oque você quer insinuar? Perguntei irritada.

___Nada nada. Disse rindo.

 Algumas vezes Vivi podia ser muito infantil, afinal meu relacionamento com Victor não passava de uma amizade e bem complicada por sinal, mas eu só sentia que ele era alguém que precisava da minha ajuda, e mais nada, não era possível que eu... Balancei minha cabeça dissipando esse pensamento já tinha preocupações demais em minha mente não precisava criar mais uma.

Entramos em sala e passei as aulas olhando para o relógio torcendo para que chegasse logo a hora da saída. Quando o sinal anunciou o final das aulas, guardei rapidamente meu material e estava prestes a sair, quando algo me ocorreu, por algum motivo veio a minha mente as palavras que Hugo dissera mais cedo na caminhonete “... eu acompanho Rachel para que ela chegue em segurança em casa...” e o olhar estranho que me lançara então me virei peguei a mão de Lucas o puxando para fora da sala.

___Oque foi Rachel aconteceu alguma coisa? Perguntou surpreso.

___Hoje eu vou sair da escola junto com o Hugo se qualquer um perguntar, a ultima pessoa com quem você me viu foi com ele. Disse, diante de toda situação estranha em que me encontrava, não podia confiar em Hugo então era importante alguém saber que eu havia saído com ele.

___Tá, mas porque você esta me falando isso? Você esta me deixando preocupado. Disse confuso, mas eu não podia lhe explicar então apenas lhe agradeci me virei e segui pelo corredor em direção á saída onde Hugo já me esperava.

Seguimos calados até o ponto onde embarcamos no ônibus que ia em direção à cidade ele se sentou ao meu lado, mas sem dizer nada quando decidi quebrar o silencio.

___A onde nós vamos? Perguntei

___A um lugar para conversarmos. Disse me dando um olhar rápido.

Descemos do ônibus e caminhamos um pouco,  notei que estávamos a caminho do parque, isso de certo modo me acalmou, pois lá sempre era  bem movimentado principalmente as sextas. Entramos nos parque e caminhamos até uma área onde haviam alguns bancos perto das arvores e para minha surpresa quando nos aproximamos do local pude ver o Senhor Betone sentado em um dos bancos olhei para Hugo me sentindo mais uma vez enganada.

____Desculpa. Disse abaixando a cabeça.

Respirei fundo e fui ao encontro do senhor Betone que já olhava para nós, haviam varias pessoas passando por ali então era pouco provável que ele fizesse algo.

___Que bom que chegaram tudo bem. Disse olhando para mim com um sorriso, mas eu não estava afim de rodeios então comecei.

___Como ele conseguiu fazer aparecer fogo? Perguntei e ele olhou para mim de uma forma surpresa e curiosa

___Ele fez isso na sua frente? Perguntou mas antes que eu respondesse ele deu uma risada irônica e prosseguiu ______... Pirralha de sorte, Victor chegou a esse ponto na sua frente e você ainda esta viva é realmente muita sorte. Disse tornando a rir.

Eu não entendia porque ele ria ou porque dizia essas coisas

___Então oque mais ele te contou. Preguntou me encarrando com o rosto, curioso e sorridente.

Não gostava que ele zomba-se de mim, sentia cada vez mais raiva eu queria tirar aquele sorriso do rosto dele.

___Ele me disse tudo, as mudanças às mentiras tudinho. Disse desafiadora, mesmo que Victor não tivesse sido especifico em nada não queria deixar que ele notasse que estava em vantagem, e por um momento acho que o desconsertei porque ele escondeu o até então constante sorriso.

____Então ele te disse que deixou seu único amigo em um hospital entre a vida e a morte. Perguntou, e eu não pude esconder a expressão de surpresa, e ele a notou, então colocando novamente o sorriso no rosto continuou___... parece que ele não te disse isso não é?

___Você esta mentindo Victor não faria isso você só quer me assustar. Disse me recusando a acreditar nele

___Você acha isso mesmo? Vai me dizer que você não o viu perder o controle ou de um momento pro outro ficar diferente, e se ele fez oque fez com seu melhor amigo não acha que ele faria com você. Perguntou arregalando levemente os olhos.

Não conseguia entender, porque o senhor Betone queria que eu sentisse medo de Victor, mas não iria deixar que ele me manipulasse.

____Você não vai conseguir me assustar agora deixe de rodeios e me diga como Victor fez aquilo. Disse com uma voz firme que até mesmo me impressionou.

O senhor Betone tirou o sorriso do rosto aparentemente também surpreso, com meu tom de voz confiante e sem medo, mas após pensar por um segundo respondeu.

___Victor deve ter te dito que ele é um monstro, pois...

___Pai! Exclamou Hugo interrompendo

___Não Hugo ela não quer saber... Disse olhando para Hugo antes de tornar a olhar para mim ___...Victor deve ter te dito que ele é um monstro pois é exatamente isso que ele é. Disse ainda me encarrando e podia notar que a cada segundo ele estava ficando mais nervoso

___Você esta me dizendo que ele não é humano? Como isso é possível então oque ele é? Perguntei sem acreditar no que ele estava me dizendo, e nesse momento vi que o senhor Betone perdeu toda postura calma que tentava demostrar seu rosto se avermelhou de raiva eu quase podia sentir a quentura vinda do seu corpo; ele se pôs em pé dando um paço em minha direção.

___Porque você não para de perguntas sua pirralha, tudo isso é culpa sua desde que te conheceu Victor só piorou você faz mal para ele deixa ele instável...

___Pai pare. Interrompeu Hugo entrando na frente do senhor Betone

Eu não entendia oque o senhor Betone queria dizer com tudo aquilo, mas por sua expressão pude perceber que ele havia dito algo que não queria. Ele respirou fundo aparentemente se aclamando antes de dizer

___Você foi avisada mantenha distancia do meu filho. Disse apontando o dedo para mim.

___Vamos pai, é melhor irmos. Disse Hugo puxando o pai para que fossem embora, mas antes de ir Hugo olhou para traz e me lançou um olhar tristonho.

Sentei-me no banco sentindo meu coração acelerado sem acreditar que havia desafiado o senhor Betone daquele jeito, mas o fato dele querer tanto me assustar e me fazer sair de perto de Victor só me fazia querer ainda mais ajuda-lo, deveria estar ficando louca por me sentir assim, mas agora era tarde demais para eu simplesmente ignorar tudo aquilo. Fui caminhando e pensando até á loja de legumes, minha tia ficou surpresa ao me ver, mas desta vez não tive que disfarçar na frente dela esconder lhe lagrimas, ou expressão de pânico porque simplesmente não me sentia assim, de algum lugar dentro de mim fluía uma coragem que até então eu não sabia que possuía.