Só Mais Uma Vez escrita por Anna Liberatori


Capítulo 4
Capítulo 4- Um soco e uma surpresa.




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Voltei para a sala, todos olharam para mim. Dez minutos depois o sinal bateu para o recreio. Fui para a fila da cantina, comprei um salgado e fui me encontrar com Alessandra. Estávamos encostadas na parede conversando quando Bárbara chega:

–Nossa quem diria, a gorda pertubada com a namorada psicopata.- Ficamos caladas, até que ela veio e jogou minha cozinha no chão.- Ai, caiu, foi sem querer, desculpe. Ah, mas tudo bem, melhor assim só to te ajudando a emagrecer, tá precisando mesmo.- Falou em tom de ironia.

–Nossa, que engraçado. Mas agora me diz: você se importa muito comigo, néh? Só pode. Fica vigiando minha vida, não larga do meu pé…

–Não não, você só está pagando o pato por ser quem você é. E cuidado comigo, isso foi só uma amostra grátis… Ah, e isso vale para você também.- Disse olhando para Alessandra.

–O que eu fiz para você, cara?

–Nasceu.- Logo em seguida gritou para a escola toda:

–Ai gente, essa é a louca que eu falei. Se duvidam de mim olhem só por debaixo de sua manga.- Ela veio até mim e tentou segurar levantar a manga de minha blusa, mas não deu certo, com a outra mão dei um puxão de cabelo nela, ela soltou, em seguida veio Alessandra e a imprensou na parede e disse “Não mexe com quem tá quieto.”, ao terminar essa frase aquela garota cuspiu na cara dela, fazendo-a se afastar, “Quem não devia era você, meu ódio é pela sua namoradinha.”, em seguida eu cheguei e dei um soco na barriga dela e disse “Ela não é minha namorada.”, saímos do local ocorrido. Agora era torcer pra que isso não chegasse aos ouvidos da diretora.

Fomos beber água e o sinal bateu:

–Tenho que ir, tenho aula de química.

–E eu de biologia.

Fomos para nossas aulas. Parece ironia, Bárbara era da minha turma. Passou meia hora e eu fui ao banheiro. Quando sai Aquela garota e mais um amigo estavam me esperando na porta:

–Vai fazer o que agora que sua namoradinha não está por perto?

–Vê se me deixa em paz.- E sai andando, mas fui barrada pelo amigo dela, quando de repente sinto um puxão no meu cabelo.

–Aiii! Qual é o seu problema?

–Você!- Sinto outro puxão.

–Porra!- Quando vejo ela me dá mais um puxão, um soco na barriga, chutes. Seu amigo me segurava, eu não podia fazer nada. Depois de mais alguns socos e pontapés ela dá um tapa na minha cara e o menino me joga no chão. Ela cospe em mim. Eu fico ali chorando e eles vão embora, logo depois me sento num canto e continuo chorando. De repente ouço uma voz:

–O que houve?- Era o menino de ontem.

–Ah, nada.

–Ninguém chora por nada. Me diz, o que houve?

–Não, eu nem te conheço. Só te vi uma vez e você estava apoiando a Bárbara.

–Nesse caso, meu nome é Pedro Henrique, e eu não estava apoiando a Bárbara, eu era só mais um na multidão, achei ridículo o que ela fez. E o seu nome é?

–Alice. Mas você são amigos.

–Colegas.

–Dá no mesmo.

–Não, não dá. Me diz o que houve.

–A Bárbara…

–Fala.

–Ela veio com um amigo e me bateu.

–Uow. Porque ela fez isso?

–Vai saber… Vingança de hoje no intervalo, só pode.

–Mas porque ela tem tanta raiva de você?

–Não sei, ela deve se sentir bem machucando os outros. É louca.

–Porque não vai na direção?

–Do que isso iria ajudar? Primeiro eu seria a criança que não sabe resolver os problemas sozinhas, e segundo a diretora também me acha louca.

–Ah…

–Pois é.- O assunto encerrou, eu continuei sentada e e ele ficou comigo por um bom tempo, não falamos nada até ele me perguntar:

–Porque você se corta?

–Não parece obvio?

–Mas você já se cortava antes disso.

–Ah, não gosto de falar sobre.

–Hum, tudo bem, entendo.

–Ai, você não está perdendo aula?

–Não tem nada demais, já sei a matéria e professor nem sente minha falta, eu ia matar a aula mesmo.

–Ah, é de qual ano?

–Segundo.

–Hum.- Ficamos lá até o sinal da saída bater, ele foi comigo até a sala para pegar o material. A Ale chegou e nos viu juntos.

–Oi.

–Ah, oi. Esse é o Pedro Henrique.

–Olá.

–Olá. O que aconteceu?

–Bárbara me bateu quando sai do banheiro.

–Han?! Eu vou matar aquela garota!

–Deixa, provocar só vai piorar.

–É verdade, quanto mais vocês provocam pior ela agride vocês.

–Hum, ok. Mas não ficou nenhuma marca?

–Não, essa garota é esperta, acha mesmo que vai me dar um soco na cara para eu ficar com o olho roxo? Ela me deu socos na barriga e pontapés nas pernas.- Andamos em direção a saída:

–Tchau, obrigada por tudo, até.

–Sem problemas, até!- Andamos e Ale ficou toda curiosa:

–E então?!

–Então o que?

–Rolou beijo?!

–Do que você tá falando?!?!

–Do Pedro, ué!

–Santo Deus, dai-me paciência para aguentar isso… Você acha mesmo que estou com humor pra essas coisas?!

–Ah, fala sério, você está caidinha por ele!

–Estou nada, e não rolou nada.

–Mas você queria que rolasse.

–Não, não queria. Ele é só um amigo, ou melhor um conhecido que me ajudou bastante.

–Que mané conhecido, você pareciam amigos íntimos!

–Ok, um colega. Meus Deus, você tem um dom para exagerar as coisas! Eu conheci o menino hoje!

–E amanha já vai se agarrar com ele!

–Que?! Do que está falando?! Pirou total…

–Ah, sejamos sinceras, ele mexeu com você.

–Para com isso, você sabe que eu não sou de gostar de alguém.

–Okok, eu paro. Só amigos.

–Colegas…!

–Fazer o que, néh? Mas até que ele é bonitinho.

–Nem tanto.

–Deixa de ser cabeça dura!

–Ih, você tá chata hoje hein?!

–Ah, tá bom.- Cinco minutos depois, eu chego em casa.

Almocei e fui para o computador, passei a tarde nele. Lá pelas 5horas meu celular loca, era minha mãe:

–Alô?

–Alice.

–Ah, oi, que foi?

–Posso saber o motivo da sua diretora ter me ligado?

–Ué, não sei, o que ela disse?

–Que era para eu ir na escola que nós iriamos conversar.

–Vai na escola e conversa, não sei o motivo.- Menti.

–Hum. Tá bom. Almoçou?

–Almocei.

–Miojo?

–Não, o que você deixou.

–Lavou a louça?- Merda, me esqueci da maldita louça!

–Lavei.

–Estudou?

–Estudei.

–Tá bom. Beijo.

–Outro.- A vaca da diretora tinha me dito que não ia chamar minha mãe! Eu estava fudida!

Fui lavar a maldita louça. Voltei para o computador e 1 hora depois o desliguei. Fui para meu quarto, peguei meu caderno e comecei a escrever. Fiquei escrevendo textos até as 19 horas, me deitei, queria estar dormindo na hora em que meus pais chegassem, por sorte minha mãe chegaria mais tarde hoje. Não conseguia dormir, meus pensamentos invadiam minha cabeça e lágrimas escorriam por meus olhos. Me levantei e me cortei. Eu estava cansada disso, fiquei pensando em acabar com tudo, parecia a única solução para acabar com minha dor. “Só um corte na vertical e a dor toda vai sumir.”, fiquei tentada a isso, estava tudo um inferno. Decidi ir dormir, minha vida só estava começando eu não podia acabar com ela, não daquela forma. Deitei novamente na cama e tentei dormir, não conseguia. Ouvia a porta de casa abrindo. Meus pais haviam chegado, fingi estar dormindo, eles acreditaram, ouvi a conversa deles:

–Não sei mais o que fazer com ela. Isso está fora do controle.

–Eu sei, nunca me imaginei fazendo o que fiz. Sabia que a diretora dela me ligou hoje? Disse que precisava conversar sobre o comportamento dela.

–Estranho.

–Sabe o que eu estou achando?

–O que?

–Acho que aqueles cortes continuaram.

–Mas tinham parado! Isso não pode estar acontecendo! Se eu descobrir isso essa garota vai apanhar!

–Calma, isso não vai adiantar, eu li na internet que eles só precisam ser compreendidos.

–Eu gostaria de saber porque diabos eles usam a inteligência que tem para isso!

–Eu também. Acho melhor interna-la.

–O que?!

–É. Olha eu tenho uma idéia, vamos lá pra sala.- Depois disso não ouvi nada, eu estava chocada com o que ouvi. Eu não era louca! Dessa vez, chorei até dormir.



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