-Não me deixe aqui sozinha, Nick. - ela implorava enquanto escorriam lágrimas de seus olhos. - Por favor, você é a única coisa boa que resta na minha vida.

-Acalme-se. Nós ainda temos um mês. - consolei-a enquanto afagava seus cabelos. - Me responda, seu passaporte está em dia? 

-Está, fomos para os Estados Unidos não faz muito tempo.

-Então esteja pronta para ir em uma semana.

-Meu... meu irmão não iria deixar. - ela respondeu entre soluços.

-Nós fugiremos. Eu conseguirei todo o dinheiro necessário. - falei, confiante.

-Essa viagem será muito cara. Eu não quero que você desperdice esse dinheiro comigo.

-Isso jamais seria desperdício de dinheiro.

-Nós poderíamos ir para Londres, que fica perto daqui. Eu ficaria muito feliz também. Por favor.

-Se é o que você deseja...

-É sim. - respondeu, me olhando meu rosto.

-Então iremos para Londres. - conclui, sorrindo.

-Sabe, que eu acho que você fica lindo quando seu cabelo castanho cai um pouco no olho, por que combina direitinho com a cor do seus olhos. E quando você sorri então, é maravilhoso. - Sophie me descrevia, me deixando um tanto encabulado.

-Obrigado. - respondi, sem ter muito o que dizer.

-É apenas a verdade. - comentou rindo.

Os olhos verdes viram o relógio que dava sete horas e imediatamente ela se soltou de meus braços, um pouco assustada:

-Nick, meu irmão vai chegar em alguns minutos. Ele não pode ver você. - seus olhos imploravam para que eu fosse embora. 

-Certo. - respondi levantando. - Até amanhã. E não se esqueça, tudo pronto até o final da semana, iremos para Londres. - completei sussurando em seu ouvido. 

Sophie me acompanhou até a porta. Saí da casa dela com um sorriso característico e uma cara de bobo, como sempre ficava depois de vê-la.

Isso tudo era muito novo para mim, eu me sentia diferente quando a via. Eu não poderia matá-la, e não o faria. De Londres fugiriámos para algum outro lugar, Paris talvez. Eu só tinha certeza de uma coisa, não deixaria ela morrer. 

Entrei em casa e tentei ignorar os comentários ridículos de minha "família", quando meua pai se colocou em minha frente, me obrigando a parar e olhá-lo:

-Nicholas, você tem algum problema? - meu pai perguntou furioso. - Ir para Londres com aquela garota? Você deveria ter escolhido uma de nossa espécie.

-Elas não tem o mesmo encanto que Sophie. Mas... - parei, com uma dúvida. - como sabe sobre nossa viagem?

-Eu fui ver o que você faria com ela. - respondeu, como se fosse óbvio.

-Vou fazê-la feliz antes de morrer.

-Você a beijou, seu irresponsável, inútil.

-Eu a amo! - gritei, sem me importar com o que qualquer um diria sobre aquilo. - E sinceramente não me importo com essa guerra, e não entendo por que é tão importante para você.

-Ótimo, quer que todos como você morram.

-Eu não me incomodaria. - disse, indiferente.

-Apenas mate essa garota até a semana que vem. Ou eu mesmo o faço. Eu nem sei por que te dei esse prazo. - ele completou em um tom mais baixo.

-Claro papai. - respondi irônico ao subir a escada.

Entrei no quarto e me deparei com meu irmão Richard em minha cama:

-Ai que lindo! - ele exclamou ao me ver. - Você a ama.

-Sim, eu a amo. Algum problema? - perguntei lançando-lhe um olhar fulminante.

-Ok. Estou indo embora. - Richard disse levantado e desaparecendo no corredor.

Uma semana. Eram as palavras que ecoavam em minha mente, sete dias para decidir o que fazer e como fazer. Para onde iríamos? O que eu faria para eles não nos caçarem até morrermos? Que vida valia mais; a minha ou a de Sophie? Tentei planejar, mas nada além de dúvidas e perguntas surgia em minha mente.