LXXIV — Seguinte

(...)

Bella despertou assim que os primeiros raios solares atingiram a janela de vidro do quarto de hotel. Tentou remexer-se para esticar as pernas, mas esbarrou em algo. Ou alguém. Descerrando rapidamente as pálpebras lembrou-se da fuga no meio da madrugada até o quarto do namorado, com o objetivo de adormecer em seus braços e afugentar o medo de dormir sozinha. Mas então lembranças dos acontecimentos anteriores lhe invadiram a mente. Ela e Edward, naquela mesma cama agindo como os dois adolescentes que eram. Apoiando o queixo no peito do namorado, observou a face sonolenta do garoto. Ele ostentava um ridículo sorriso nos lábios, se não fosse o ritmo de sua respiração o acusaria de estar acordado.

Levou a mão em direção aos lábios do garoto a fim de tocá-los, e fora surpreendida quando teve um dos dedos mordido pelos dentes de Edward, que começava a despertar.

— Você estava acordado! — ela acusou.

— Bom-dia pra você também, linda — ele disse, alongando as pernas o máximo que podia conseguido assim deixá-los ainda mais colados. As pernas de Bella estavam enlaçadas às do namorado e não se sabia a quem pertencia cada uma delas.

— Por que não avisou que estava acordado?

— Eu acordei assim que fui chutado. Mas não a culpo; essa cama é ridiculamente minúscula!

— Talvez por isso Esme tenha escolhido quartos com cama de solteiro... — cobriu os lábios com o dorso da mão para bocejar. O hálito matinal, infelizmente, não tinha o aroma de morangos. — Com o pouco espaço, seriam pequenas as chances de dormirmos juntos.

— Acho que baseado em sua teoria, ela se equivocou.

— Sim  — concordou.  — Tenho que voltar para o meu quarto.

— Não! — E para enfatizar a sua resposta, ele a segurou mais apertado, impedindo a sua fuga. — Fique mais um pouco. Precisamos conversar sobre ontem à noite. A madrugada dela, eu quero dizer.

Bella imediatamente corou com a citação sobre o que fizeram na madrugada. Ainda sentia sua pele queimar nos locais em que fora beijada por Edward. Havia sido diferente da primeira experiência, no Halloween.

— O que você quer falar? — a voz saíra abafada por estar com a boca grudada à camisa dele. — Aliás, espere um minuto. Eu preciso escovar os dentes.

— Certo. — sentou-se em postura relaxada, levando Isabella consigo. Tentou beijá-la, mas acabou tocando os lábios em seus dedos quando ela cobriu a boca.

— Eu volto em dois minutos! — e rapidamente Bella saiu do colo do namorado para ir até o seu banheiro, higienizar-se.

Seu cabelo mais parecia um ninho de passarinho com os fios embaraçados. Não dispunha de nenhuma escova de cabelo, então teria que se contentar a passar os dedos pelos cabelos, tentando eliminar os nós. Não havia nenhuma escova de dente extra, e não correria o risco de ir ao seu quarto buscar o que precisava para depois voltar, então apenas bochechou com antisséptico bucal.

Enquanto enxaguava a boca, Bella se assustou ao ter um par de mãos a segurarem pela cintura. Cuspiu, antes que sem querer engolisse e teve as costas prensadas ao peito sólido de Edward. Ele afundou o rosto em seu pescoço, cheirando-a maliciosamente e distribuindo beijos molhados por sua garganta  e orelha.

— Por que demorou tanto? — perguntou com uma vozinha rouca e despretensiosamente sensual. Bella arrepiou-se inteira com a mistura da voz lhe sussurrando à língua quente acariciando o lóbulo da orelha. — Alguém também precisa usar o banheiro.

E tão rápido quanto ele apareceu, afastou-se. Ao terminar a escovação seguiu para fora do banheiro, deixando-o solitário. Esperou paciente pelos quinze minutos que se seguiram, sentada na cama.

— Desculpe  — disse assim que fechou a porta do banheiro e caminhava até o guarda-roupa com apenas uma toalha no quadril cobrindo a nudez.

— Está sendo acusado por qual crime?

— Por ter te atacado. Duas vezes. Ontem e hoje.

— Se bem estou lembrada, eu ataquei você essa madrugada.

— E isso me lembra de que precisamos ter outra conversa...

Edward não pôde concluir a frase, pois uma voz familiar, acompanhada de batidas na porta do quarto interrompeu o seu raciocínio. Um segundo olhar à Isabella, que parecia petrificada, explanou o pensamento de ambos.

— Esme.