LXIV – Apaixonadamente.

(...)

Bella estava assentada em um dos bancos do Tilicum Park. Em meio a uma trilha, a adolescente pôde ver Irina Denali passeando com um carrinho de bebê. Não se lembrava de vê-la grávida. Talvez fosse algum parente. Seus pés balançavam impacientes e as unhas estavam sendo roídas por seus afiados dentes. Estava nervosa em encontrar o namorado. Ao olhar o relógio, notou que ele estava atrasado por vinte minutos. Cogitou levantar-se e recolher o coração em cacos e voltar para o aconchego do lar. Porém, ao andar de cabeça baixa, esbarrou em algo duro. Encarou primeiramente os pés do rapaz, em seguida subindo até encontrar seus lúgubres olhos verdes.

Edward.

Ele a amparou pela cintura e, sem dizer uma palavra, guiou-a até o banco, sentando-se ao seu lado. As mãos jamais abandonaram os bolsos da jaqueta. Bella abriu a boca algumas vezes a fim de oferecer-lhe as suas apologias, mas a fechava assim que se acovardava.

– Sinto muito por aquela mensagem – encarava a pulseira que ele havia lhe dado há não muito tempo. – Só estou confusa, Edward. São informações demais para eu assimilar. E entendo se estiver tão magoado comigo ao ponto de desejar terminar o namoro. Eu entendo. Claro que não será nenhuma felicidade para mim, afastar-me. Ficaria com o coração partido, e não, não estou usando a fodida metáfora. Você é um garoto, e uma hora só me beijar não ia ser suficiente. Vai querer que eu... Faça aquilo, e não sei se teria coragem de realizá-lo. Ficará decepcionado. E nunca quis decepcioná-lo. Até pouco tempo não sabia que você se masturbava pensando em mim. Que possuía um frasco de óleo em sua gaveta. E... Tinha pensamentos impróprios envolvendo nós dois e uma cama. Mas, se é tão importante para...

Edward a interrompeu.

– Bella? – chamou-a. Isabella estava ficando com a face cianótica por causa da respiração presa. Ela exalou fortemente o ar preso. – Tem que respirar, Bella – ele tirou a mão do bolso para tocar a pele quente da garota. A menina fechou os olhos para apreciar o afago em sua bochecha. – Bella... – seu dedo gentilmente levantou-lhe o queixo para fazê-la olhá-lo nos olhos. – Não quero que entenda isso como uma pressão. Mas você me deixou confuso. Quando penso que entramos em um acordo, você despeja uma bomba em cima de mim. Lembra-se que concordamos em deixar as coisas como estão e, aos poucos, nós iríamos descobrindo juntos? – ela balançou a cabeça afirmativamente. – Então fiquei sem entender a origem daquela sua mensagem, completamente aleatória.

– Eu tinha acabado de fazer uma pesquisa na internet – desviou os olhos, corando.

– Que pesquisa? – interrogou, buscando novamente o contato visual.

– Você vai rir. É... realmente estúpido.

– Prometo que não vou rir – fez um carinho em sua bochecha. – Você tem que confiar em mim, bebê.

– Não deveria ter feito àquela busca... Mas estava confusa, e pesquisei que “o meu namorado se masturbava pensando em mim”, aí apareceram várias coisas horríveis que sinto vontade de vomitar apenas em lembrar. Mas, sobretudo, houve um relato de uma garota de me deixou desconcertada.

– E o que ela dizia?

– Que depois que a felação não foi suficiente, o cara começou a pressioná-la por sexo.

– E você, obviamente, fez uma analogia entre eu e esse cara – não era uma pergunta. O maxilar do Cullen estava travado. Era evidente que ele estava aborrecido.

Edward levantou-se.

Bella estava a ponto de entrar em uma crise de choro por conta do afastamento.

– Juro que não consigo entendê-la, Isabella – seu coração se quebrou ao ouvi-lo chamá-la por seu nome completo. – Você acha que sou esse tipo de cara? Pelo amor de Deus! Se estivesse em busca de sexo... – mordeu a língua para não articular uma besteira ao qual se arrependeria na sequência. – Não acreditou em mim quando disse que ia esperá-la estar pronta? – abaixou-se, quase ajoelhado, e tomou as mãos da garota entre as suas. – Eu seria um cretino se fosse forçá-la, principalmente agora quando está tudo tão recente. Até mesmo se você dissesse que só iria se entregar após o casamento eu esperaria. Esperaria por que... – as palavras pediam para serem ditas. E Edward não obteve controle para interceptá-las. Nem mesmo ele queria. Seu coração encheu-se do amor que sentia por sua Isabella. Aquela que lhe pertencia desde a infância. – porque eu amo você. Muito. Mais do que as palavras seriam capazes de expressar. Não me importo de “tocar-me” por mais dez anos se em uma década você não estiver pronta para fazer amor.

– Uma década é tempo demais – uma faísca de sorriso escapou dos lábios ressecados da adolescente. Há uma corrente de lágrimas manchando-lhe a face.

– Não me importo. – E o tom que ele impõe à voz declara que é verdade. – E eu vou roubá-la por um fim de semana.

– Um fim de semana? – Isabella replica, confusa.

– Você vai para Jacksonville comigo.

– Charlie nunca permitirá essa viagem. Principalmente se vamos sozinhos.

– E quem disse isso? – apertou-lhe a ponte do nariz. – Jasper e Alice vão conosco. E Esme também. Ela tem algum concurso de gastronomia para ir.

– Isso é... Uau! Isso é fantástico.

– E seus pais já permitiram a sua ida. Claro que o Chefe foi mais resistente, mas Renée conseguiu convencê-lo.

– Quando foi isso?

– Tem uma semana, mais ou menos. Nunca conseguia um tempo de qualidade para conversarmos. Você não me ligava. Pensei que tinha sido abandonado sem mesmo uma despedida – fez um bico com os lábios. – Estava justamente pensando em ligar quando recebi aquela sua mensagem. Logo imaginei que sua mãe tinha lhe contado e você estava uma fera.

– Renée não me disse nada. Está sendo um inferno essa paranoia dela em fazer a decoração natalina quase dois meses antes.

– Sua mãe é apenas preparada. Mas não quero mais falar sobre decoração, Flórida, natal, ação de graças ou sexo – ele estava novamente sentado lado da amada. Edward inclinou o rosto da namorada para próximo do seu. – Estou morrendo de saudades de beijá-la.

E não dando uma oportunidade da garota lhe oferecer a recíproca, seus lábios estavam colados ao dela. O choque de reconhecimento e saudade estava presente. As mãos de Isabella percorrem todo o ombro esguio do garoto até pousá-las na nuca, puxando alguns fios do cabelo macio com os dedos. As digitais do ruivo encaminharam-se até a cintura dela, apertando-a. Para diminuir a distância que existia entre eles, o rapaz coloca uma das pernas da moça sobre as suas. A língua de Edward roça os lábios entreabertos da garota, e logo ela lhe dá a passagem.

O apaixonado casal se esqueceu, completamente, que estavam em um lugar público, onde os transeuntes os observavam com curiosidade. Era apenas um casal de adolescentes desfrutando de um beijo com igual paixão.

A mesma paixão que era descrita nos livros de romance, até mesmo os clichês.