LI — Compreensivo.

(...)

Bella já estava se preparando mentalmente para o sermão que certamente ouviria de Charlie logo ao chegarem em casa. Ela esperava que ele fosse quebrar os móveis, bradando o quão irresponsável ela era por ir a uma festa onde estariam alunos mais velhos e bebidas inclusas ao pacote. Ou, que ele fosse descontar a sua fúria em Renée — e culpá-la por ter permitido que a “criança” deles fosse àquele lugar.

Charlie deixou a viatura policial estacionada em frente a casa com fachada branca. Rapidamente Bella desvencilhou-se do cinto de segurança que a prendia e correu em direção à pequena escada, pegando debaixo do tapete uma chave extra. Abriu a porta, e tão loco acomodou-se ao sofá à espera do sermão que o pai lhe daria.

— Vá subir, Bella — disse Charlie, com uma voz calma que nada combinava com a situação. Lentamente, ela ergueu a cabeça, para fitar o pai, com confusão em sua face.

— O senhor não vai... — não completou a frase. Charlie suspirou pesadamente, e sentou-se ao lado da menina.

— Não. Não tem lógica eu lhe aplicar um sermão, sendo que a culpa de Jessica Stanley ter se machucado não foi sua. E também não quando a entrada de bebidas na festa não foi permitida por você — explicou o chefe.

Bella enlaçou o pescoço do pai com os seus braços, puxando o chefe para um abraço. Beijou-lhe a bochecha, e rapidamente escorregou para fora do sofá seguindo até as escadas e entrando em seu quarto.

Ao buscar em sua bolsa o seu celular perdido, encontrou uma mensagem de Edward enviada há menos de quinze minutos. Leu silenciosamente o conteúdo:

“Me desculpe por hoje.”

Enquanto deslizava o vestido para fora do corpo e o jogava dentro do cesto de roupa suja, sentou-se na cama para retirar as meias e os sapatos que já estavam machucando seus pés. Completamente despida, enrolou uma toalha sobre o corpo e seguiu em direção ao seu banheiro. Prendeu o cabelo com uma fita e, antes de jogar-se debaixo da água, tamborilou seus dedos pelo teclado do aparelho para enviar a réplica:

“Não se sinta culpado. Isso é normal, Edward. E eu gostei. Boa noite e bons sonhos, scissorhands.”