Forever And Always escrita por Firefly Anne


Capítulo 48
XLVIII: Mordida




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XLVIII — Mordida.

(...)

Em física aprendemos que cargas elétricas de mesmo sinal se repelem, enquanto sinais diferentes se atraem. Falando sobre pessoas, o significado desta “lei” é dúbio. Bem, geralmente um homem turrão procura em sua companheira uma criatura doce, ou o contrário. Mas esse fato não quer dizer que uma mulher “doce” não se sinta atraída por um homem igualmente “doce”. É relativo. Então surge aquela dúvida: os opostos se atraem? O jovem Jasper Whitlock estava fantasiado como o Chapeleiro Maluco. Seu vestuário consistia em uma peruca laranja cobrindo parcialmente seus cachos dourados e um chapéu igualmente estranho por cima da peruca. Trajava também um sobretudo negro com gola de babados coloridos, babados estes que estavam deixando o garoto sufocado. Apesar de sua fantasia ser menos “humilhante” que o Snoopy e Woodstock, Jasper não se sentia muito bem como o Chapeleiro.

Ao contrário de Edward, que estava mais que satisfeito com a sua fantasia. Era simples, podia dizer com certeza. Não usava nada extravagante como uma pintura em seu rosto e casaco com babados coloridos, como Jasper. Sua fantasia de “Edward Mãos de Tesoura” resumia-se a apenas uma luva em que havia as “tesouras”. Fora isso, vestir a roupa de couro do Scissorhands era até... Agradável. Estava tão, ou melhor, caracterizado que o Johnny Depp.

Logo ao entrarem no ginásio, os rapazes guiaram os olhos em direção a todo o lugar parcialmente escuro à procura de suas respectivas namoradas. Ambos compartilhavam um mesmo sentimento: ansiedade. A ansiedade em ver com os próprios olhos a fantasia escolhida pelas meninas era quase alucinante. Várias opções passaram pela cabeça dos adolescentes, e, para Edward, a que mexia constantemente com o seu psicológico era a Chapeuzinho Vermelho. Já conseguia até imaginar a sua doce e inocente Isabella trajando um vestido vermelho, curto, até a altura do joelho mais ou menos — ou então mais curto —, com pregas que destacasse a sua cintura delgada. Um capuz cobrindo seus cabelos castanhos, talvez uma meia arrastão para completar o visual “sexy”, enquanto seus pés estavam cobertos por um sapato peep toe, ou qualquer “merda” que as meninas gostassem de usar em seus pés.

Enquanto olhavam em todas as direções, Edward conseguiu avistar a figura de Lauren Mallory dançando acompanhada de várias outras garotas na pista de dança. A fantasia dela, para ele, era desconhecida. As meninas pulavam, dançavam ao som da batida da música animada que um DJ comandava. Desviou os olhos, tendo inesperadamente a visão mais absurda já vista por seus olhos. Sempre desconfiou da alienação de Jessica Stanley, mas vê-la fantasiada justamente de “avatar” apenas a deixava ainda mais semelhante ao personagem que estava caracterizada. Usava uma roupa colada ao corpo que praticamente desenhava todas as suas curvas.

— Puta merda! Você está vendo o mesmo que eu? — o tom de voz de Jasper estava alarmado. Era como se à sua frente estivesse o espectro de um fantasma.

— Bem, depende — respondeu, desviando a atenção da “avatar”. A busca por sua namorada era mais interessante do que analisar com minúcia Jessica.

— Jessica Stanley está realmente de... Avatar? — indicou o lugar em que a garota estava conversando animadamente com Mike, fantasiado de Norman Bates.

— A fantasia realmente combinou com ela — brincou.

Voltaram a caminhar, parando em frente a um grupo de estudantes servindo ponches. Pegaram um copo e beberam do líquido que estava sendo servido. O ginásio não era grande, no entanto não encontravam as meninas em lugar algum. Quando desistiram da caminhada por breves instantes, Jasper se assustou ao ter uma respiração batendo diretamente contra a sua orelha e uma voz familiar lhe dizer:

— Vocês rodam, rodam, rodam e nada encontram. Estão procurando por algo? — ela disse com uma voz arrastada. Se não conhecesse tão bem a namorada, poderia dizer que aquela não era a sua Alice.

Ambos os garotos se viraram em direção à voz da baixinha, e o que viram em seguida fez com que recuassem dois passos. O sorriso de Alice morreu ao notar o olhar assustado dos meninos, e logo atrás Bella se controlava para não gargalhar. Não era à sua intenção magoar os sentimentos da amiga, lhe dizendo que Morticia não combinava com a sua aparência delicada. O correto seria usar a fantasia de Sininho que comprou caso acontecesse algo com o gótico.

— A-A-Alice? — os olhos do loiro pareciam que sairiam das órbitas em poucos segundos.

— Jasper! Você parece estar vendo um fantasma! Tão pálido... — comentou sem dar-se conta que o “medo” do rapaz era dirigido à sua pessoa. Ela era a razão do pasmar do loiro.

Edward sentia vontade de gargalhar, mas soube se controlar. Alice estava... Peculiar. Bem, não tão quanto a Stanley e sua caracterização de alienígena.

— Bela fantasia, Alice — elogiou Edward, pedindo a uma força Divina que a melhor amiga de sua namorada não notasse a mentira por trás do elogio.

— Obrigada! — cantou com um sorriso de orelha a orelha. — De que é a sua fantasia?

— Scissorhands — levantou as mãos com a luva de “tesoura”. — Gostou?

— Bem legal — comentou. — Ainda preferia um morcego, mas tudo bem. Só não corte os cabelos da Bella — logo atrás Bella estava completamente vermelha.

Inutilmente tentou subir o decote do vestido para esconder o máximo que podia os seus seios. Edward já os tinha visto antes, mas quando estes não passavam de duas pedrinhas quando eles ainda eram crianças e presos em redoma de inocência. Agora estavam maiores, não eram pedras. Poderia comparar os seios com duas maçãs.

— Bem, onde está o circo? — a voz da baixinha era áspera quando se dirigiu ao namorado.

— Circo? — replicou Jasper, quando finalmente encontrou a sua voz.

Com uma expressão de desdém em seu rosto, Alice apontou para a fantasia de Jasper.

— Isso não seria fantasia de palhaço? Onde está o circo?

— Alice, meu amor, não precisa ser tão cruel. Você sabe que... — Edward poderia ficar ali apenas apreciando o espetáculo que era Jasper tornar-se uma "mulherzinha" quando estava na presença da intimidante Alice. Talvez aquele fosse o objetivo da fantasia. Intimidar. Morticia era intimidante. Alice era intimidante. Talvez a combinação das duas não fosse algo tão terrível. Ao menos não superava a Jessica-bizarra-avatar.

No entanto, os olhos de Edward foram levados diretamente para uma figura que estava logo atrás de Alice e toda aquela imponência gótica.

Bella.

Se possível fosse, o maxilar dele estaria tocando o chão. E talvez o solo não fosse suficiente. Era uma mistura de surpresa, espanto, excitação, vê-la naqueles trajes que, mesmo sendo comportado, era sensual ao seu modo. Principalmente no que correspondia à parte do busto que deixava os seios praticamente pulando para fora do decote exagerado. Lógico que ele não reclamaria. Um pouco de pele à mostra era sempre muito bem-vindo para um adolescente hormonal como ele, e mesmo que não "agradecesse publicamente", ele o fazia em seu imo.

Edward tossiu para se recompor. A discussão entre Alice e Jasper ficou perdida no espaço em que ele encurtava para se aproximar da sua garota. Até mesmo a música que começou recentemente ficou perdida à medida que estava mais próximo à Isabella. Como o completo infeliz que era não conseguiu domar seus olhos de percorrem todo o corpo da menina à sua frente. “Botas... Fodidas botas sexy do caralho”, ele dizia em pensamentos conforme seguia a renda da meia 7/8 que se perdida nos confins do vestido vermelho. A curiosidade que o fazia imaginar se havia uma cinta liga presa a lingerie.

A menina já estava ficando totalmente constrangida com o modo que o namorado a fitava. Ele parecia um leão faminto e ela o pedaço de carne suculenta. Sem saber o que fazer, pela primeira vez, ela desviou os olhos.

— Edward — cumprimentou, tentando forçar a voz a parecer normal e não nervosa. Estava temerosa que ele não apreciasse a sua fantasia de vampira.

Edward tossiu novamente para recuperar a sua capacidade de falar.

— Está linda — caminhou até a namorada que estava a poucos centímetros de distância.

— Você também... — sorriu, logo desviando os olhos até os pés. — Então, "Edward Mãos de Tesoura"?

Yeah! Você gostou? — levantou as mãos com as luvas para a garota vê-las de mais perto.

— Interessante. Fico aliviada em saber que você não está fantasiado de morcego.

— Não seja estúpida, Bella. Morcego? Por que eu viria de morcego?

— Coisas de Alice — deu de ombros.

— Como você vê — apontou para si, — nada de morcegos.

— Bem, eu posso ficar mais aliviada — permitiu-se sorrir.

— E você? — olhou-a novamente de cima a baixo. — Talvez a Rainha Má? Viúva Negra? — palpitou.

— Não! — riu. — Nada de Rainha Má. Eu não tenho uma coroa, como você pode perceber.

— Não havia reparado esse infame detalhe — entortou os lábios enquanto pensava. — Talvez... Eu não sei.

— Uma vampira, Edward! — esclareceu.

— Bem, isso explica algumas coisas — murmurou apenas para si.

— O que disse?

— Nada — pigarreou novamente. O Cullen tirou uma das luvas em suas mãos para poder guiá-las em direção ao rosto da menina.

Bella estava parecida a uma adulta com aquela maquiagem em conjunto à fantasia sensual. Os lábios cheios estavam demarcados em batom vermelho e ele queria provar aqueles lábios sobre os seus. Concretizou o desejo, segundos depois, logo ao juntar os lábios sobre os da menina. Quando sua língua tocou o lábio de Isabella, pôde sentir que tinha gosto de morango, e esse fato apenas foi o combustível que faltava para causar o incêndio, atacando de forma até violenta os lábios de Isabella que correspondia com a mesma paixão.

O beijo estava sendo diferente dos anteriores. Havia uma necessidade em colar os corpos e não obtendo o controle de suas mãos, uma delas segurava com urgência o braço do rapaz, apertando-o, arranhando-o com as unhas sobre a jaqueta de couro, enquanto a outra subia, enroscava-se e detinha-se no emaranhado de cabelos cor de bronze. Edward, no entanto, segurava a nuca da menina, inclinando a cabeça dela para trás, fazendo que o corpo também se curvasse, quando a outra, agora também sem luva, que jazia caída no chão, apertava-lhe a cintura.

Todavia, em algum momento daquela selvageria o oxigênio ficou escasso para ambos, e o afastamento foi inevitável. Bella sentia-se tonta com o beijo avassalador. Mas Edward não parecia ainda satisfeito, pois momento algum se afastou dela. Arrastando o nariz pela pele da garganta ele aspirava o cheiro natural dela mesclado com uma essência aromatizada de algum perfume que ele desconhecia. Beijava-lhe próximo ao lóbulo da orelha e orgulhava-se ao notar os pelos ralos se arrepiarem com o contato. Porém, a contragosto, afastou-se completamente, dando-lhe um último beijo na testa. Bella ainda conservava os olhos fechados, as bochechas estavam rosadas e os lábios inchados — uma prova viva do que acontecera há alguns instantes. Ambos não se arrependiam, contudo.

— Vou buscar um refrigerante para nós — comunicou Edward. O rapaz abaixou-se para colocar novamente as luvas nos dedos. Deixou Isabella sentada em um puff, enquanto dirigia-se primeiramente ao toalete para lavar com água gelada o rosto e tentar se acalmar. Apenas em seguida ele foi em direção ao local em que estavam distribuindo bebidas sem álcool.

— Charlie não gostou muito de eu ter vindo a essa festa — comentou Bella. Estava ela e Edward, sentados lado a lado em um puff com formato de uma abóbora. Isabella mantinha uma de suas mãos apoiada na perna de Edward, enquanto a outra se empenhava em mexer nos cabelos do rapaz.

— Mas você está aqui — lembrou.

— Estou. Bem, devo agradecer a Renée por isso.

— Lembre-me de fazer o mesmo — aproximou-se apenas para beijar a ponta do nariz da menina ao seu lado.

Bella riu deleitosa com a sensação de tê-lo tocando-a, mesmo que fosse em apenas um único ponto de seu corpo.

— Você sabe que não estamos combinando, não sabe? — comentou, com tristeza em sua voz.

— E quem disse que é preciso combinar? — replicou.

— Mas... — tentou argumentar, mas Edward rapidamente a cortou.

— Por acaso nós comemos com duas facas? Não. Há uma faca e um garfo. E eles são diferentes. Mas por isso mesmo trabalham com perfeição. Imagine o desastre que seria comer com duas facas ou dois garfos?

— Boa resposta, cavalheiro — brincou. — Por causa dela não lhe transformarei em uma criatura como eu.

Edward aderiu à brincadeira.

— Não que eu fosse me opor a ser mordido por uma bela dama como a senhorita.

— Você está certo sobre isso, cavalheiro? Dou-lhe dois minutos para pensar — Bella encarou o pulso, como se ali existisse um relógio.

— Vamos, morda-me — inclinou-se, permitindo que Bella tivesse livre acesso ao seu pescoço.

— Tem certeza? — insistiu. O silêncio de Edward serviu apenas para incentivá-la.

Saindo completamente do personagem que encarnou há alguns minutos, Bella permitiu-se ficar ansiosa e nervosa para o "momento". Seria apenas uma "mordida", pensou. Inclinou-se para mais perto da garganta do namorado, de modo que seu nariz agora tocava a pele da nuca. Pôde perceber que os pelos loiros se eriçaram ao ter a sua respiração bater justamente sobre aquele ponto.

Afastou os lábios, e lentamente encostou a boca na lateral do pescoço de Edward, fazendo uma mínima pressão com os dentes naquele local. A mão que estava apoiada no ombro do namorado, desceu até parar no antebraço. Mordeu-lhe novamente, dessa vez pondo mais pressão à mordida e somente parou quando escutou uma espécie de gemido sair dos lábios de Edward. Constrangida com o que provocou — não tão inocentemente —, Bella afastou-se.

Ficaram mudos por alguns minutos. Bella completamente corada por ter de alguma forma deixado o namorado excitado com uma simples mordida. Faziam esses tipos de brincadeiras quando ainda eram crianças, mas então se recordou de um tempo não muito distante em que conversava com Edward justamente sobre isso. Às vezes tentavam repetir brincadeiras/atos de crianças e rapidamente se arrependiam porque naquele tempo eles eram justamente crianças, portanto sem malícia. Algo que não era muito comum naquela fase da adolescência com os hormônios à flor da pele e a vontade da descoberta estivesse mais viva do que nunca.

— Levantem-se! Vamos para a “cabine da tortura” — Alice piscou para Bella.

— O que houve com a sua fantasia? — indagou Edward, com a rapidez a qual a baixinha trocou a fantasia de Morticia por uma da Sininho.

— Troquei a fantasia, ora! — colocou as duas mãos em cada lateral do quadril e bateu os pés no chão. — Agora, levantem-se!

— E ir para onde?

— Cabine da Tortura! — repetiu. — A Bella já conhece, então será uma novidade para vocês — apontou para Edward, e beijou a bochecha do namorado ao seu lado. — Principalmente para você, Tesoura!

Edward fez uma careta com o modo que Alice o chamou. Com certeza aquilo era obra do Jasper.

— E o que seria isso? — Edward estava interessado.

— Um lugar planejado exclusivamente para propor sofrimento aos casais. Apenas sofrimento — reprimiu uma risada.

— Bem, então eu quero conhecer esse lugar — levantou-se disposto a conhecer o espaço citado por Alice.

— Ótimo! — bateu palmas. — Vamos, Bella, arraste essa sua bunda gorda desse Puff, e vamos sofrer!

"Sim, sofrer. Lógico," pensou Bella com ironia enquanto seguia os amigos e namorado em direção à câmera da tortura. Talvez não fosse não ruim assim.



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Notas finais do capítulo

Olá, queridas! Mais um capítulo grande, mas os próximos voltam ao tamanho padrão da fic. Espero que gostem! E então já assistiram Amanhecer? Assistirei logo mais à tarde. ♥3
Bem, espero que vocês gostem desse capítulo. Acho que a maioria acertou sobre coisas que aconteceriam nessa festa. Lembrando que nada de cunho sexual acontecerá. Não enquanto eu considerar a Bella uma menininha. Hahaha Sou muito Charlie, confesso!
Obrigada pelos comentários no capítulo anterior. Amei cada um *coraçõezinhos* continuem comentando, recomendando, lendo, please. *-*
Até muito em breve.
Mil beijos,
Annie.