XLVI — Macho.

(...)

“Merda! Merda! Merda! Merda!”, Edward já havia perdido as contas sobre quantos “palavrões” escapuliram de seus lábios em tão pouco tempo. Havia duas coisas que o adolescente mais odiava profundamente:

Primeira: comprar roupas — ainda mais sendo esta uma fantasia estúpida para uma festa ainda mais estúpida quanto um baile à fantasia. Havia aceitado participar dessa “perda de tempo” apenas por insistência de Isabella, caso contrário, ele estaria nesse exato momento com a bunda pregada no sofá de couro da sala de jogos enquanto disputava com Jasper quantos assassinatos eles cometeriam em um jogo sangrento recém-adquirido.

Segunda: exatamente os mesmos itens da primeira “lista”. Seria algo como “as coisas que mais irritam o Edward ao quadrado”. Sim, ótimo.

— Você parece uma menina, Scissorhands — Jasper deu duas tapas no ombro de Edward, que reprimiu um palavrão que certamente chocaria o Whitlock. — Não é você que tem as mãos de tesoura? Seja macho, homem! — brincou o loiro fazendo referência ao Edward Mãos de Tesoura. — Sabia que você até mesmo parece com o cara?

— Temos mesmo que fazer isso? — entortou os lábios, apontando para o estabelecimento chamativo do outro lado da pista.

— Certamente — assentiu pensativo.

— Fantasias são para garotas, certo? — questionou, procurando qualquer brecha que o impedisse de adentrar naquele recinto infernal.

— Talvez... — o loiro estava pensativo, enquanto com o indicador esfregava o maxilar em busca também de uma fuga.

Várias desculpas surgiam à mente dos dois jovens. Enquanto Jasper tentava achar alguma brecha lógica, Edward partia para as desculpas mais bizarras já inventadas.

Em sua mente, ele imaginou que chegaria até a namorada, com um largo sorriso enfeitando seus lábios róseos, uma caixa de chocolate em mãos anunciando que óvnis haviam invadido Port Angeles levando para a sua nave no espaço a única loja que disponibilizava fantasias para venda. Ou, talvez, que houve um incêndio na madrugada acabando com todo o centro comercial da região vizinha.

— Bem, você só precisa de uma luva para as mãos. Mas, cuidado para na hora de enfiar os dedos pelos cabelos da Bella não cortá-los, literalmente.

— Você é um idiota, Whitlock — sem mais alternativa, atravessou a pista.

— Ei, Tesoura! Espere-me! — gritou, correndo para alcançar Edward que apressou o passo para se distanciar das “brincadeiras estúpidas do namorado de Alice”.

O quão brava Alice ficaria em receber o namorado com o nariz quebrado? Certamente brava ao extremo. Preservaria seu “amigo” de receber um chute oriundo da perna nanica de Alice. Nanica! Porém os saltos usados pela baixinha eram pontudos... Não, Jasper voltaria com o nariz intacto. Por amor às suas “bolas”.

— Filho da mãe! — Jasper apoiou as mãos nos joelhos para reestabelecer a respiração arfante.

— Boa tarde, meninos! — uma mulher em torno dos trinta anos, usando um óculos semelhante ao da vovó da Chapeuzinho Vermelho, disse ao avistar os dois rapazes com os olhos de coruja parados em frente à sua loja.

Chapeuzinho Vermelho!, Edward sentiu-se estranho apenas com o pensamento em ter a sua garota vestida com uma fantasia semelhante. Vermelho era sexy. Bella definitivamente ficaria sexy como a Chapeuzinho.

“Para o inferno! Seria estupidamente quente”, assustou-se com o próprio pensamento.

— O Freddy está procurando uma fantasia — Jasper apontou para Edward, que respondeu com um olhar que certamente o mataria, se este fosse capaz de executar tal proeza.

A mulher olhou de forma confusa para os dois rapazes.

— Ele gostaria de saber se ainda há disponível o Zé Colmeia — Edward controlou a gargalhada ao perceber o olhar chocado de Jasper com a menção à fantasia infantil.

— Bem, já alugamos — murmurou. — Mas, creio que ainda temos disponível Snoopy e Woodstock.

— Não!

— Fodidamente não! — disseram ao mesmo tempo.

— O caso é o seguinte, precisamos de duas fantasias — começou Edward. Já estavam no inferno, então acabariam logo com a tortura. — Nada de Woodstock e seu cachorro Dálmata..., — a atendente tentou corrigir, mas Edward brecou a mulher. — Algo... normal. Será que há algo assim, justamente aqui?

— Acho que sei exatamente o que vocês procuram — sorriu. — Sigam-me!

— Não é um Dálmata, seu idiota! — corrigiu Jasper, enquanto seguiam a mulher para o interior da loja.

— Tanto faz. Ele parece um Dálmata.

— É um Beagle! Beagle! Sabe a diferença ou prefere um desenho?

— E você. Você prefere um nariz intacto, quebrado ou cortado?

— Vá à merda, idiota — resmungou Jasper.

— Já estamos nela, meu caro amigo.