"As mais lindas palavras de amor são ditas no silêncio de um olhar."

Leonardo da Vinci

–Alguma de vocês duas poderia me explicar o que foi aquilo?

Estávamos eu e Annabeth,sentadas lado a lado,e sendo interrogadas pelo o diretor.

–Isto não foi uma pergunta retórica-ele falou

“Fácil” pensei “Basta eu usar aquele velho truque que consiste em choramingar e colocar a culpa na outra pessoa”

Bem,não subestime esse poder.Ele realmente pode te tirar de várias enrascadas.Cruel,porém eficaz.O único problema,é quando as duas pessoas envolvidas tentam fazer isso,geralmente não da muito certo

–Foi ela quem começou!-eu e Annabeth choramingamos em uníssono

O diretor se reencostou em sua cadeira e suspirou.

–Parece que nenhuma das duas está disposta a contar a verdade.Então acho que serei obrigado a anotar esse acontecimento na ficha das duas e ligar para os seus pais.

–Ligue.Ele não vai atender-tentei parecer calma

–Isso é o que vamos ver,Srta. Grace-ele disse já teclando os números do telefone

Ele ficou aproximadamente 1 minuto e meio esperando.Nada,como eu esperava.

–Muito bem,Srta. Grace.Está liberada.Agora vou cuidar da Srta. Chase

Levantei-me da cadeira vitoriosa e com um sorriso nos lábios.Annabeth me fuzilou com os olhos e eu retribui com uma expressão meio que “se vira”.

Nessas horas,é ótimo não ter um pai presente.Eu poderia roubar uma Ferrari e ele não saberia.

O sinal da segunda aula tocou.E então eu tive mais um típico e chato dia de aula

Dei graças a Deus quando a aula finalmente acabou.Mesmo não tendo praticamente nada para fazer em casa,era melhor do que aquele inferno.

Já estava em casa,e me encarando no espelho do banheiro.Então uma ideia surgiu na minha cabeça.Não exatamente,uma ideia,uma vontade.Abri uma caixinha que eu tinha na prateleira do banheiro disfarçado de remédio para dor de cabeça.Tomei um dos meus “comprimidos”,que era um codinome para morfina oral.

Pode falar qualquer coisa.Que eu sou uma louca viciada,que vou ter uma overdose e blá blá blá.Algumas pessoa também já me disseram isso.E nunca me impediu de nada.

Ouvi a campainha tocar,me tirando de meus pensamentos e fui atender a porta.Me surpreendi em ver Percy do lado de fora.

–O que está fazendo aqui?-perguntei.

–Trabalho de Biologia lembra?Somos parceiros.

–Por que não disse que viria aqui?Eu pelo menos tiraria o pijama.

–Eu te disse.Há uma semana atrás.E é engraçado te ver de pijama.

Claro.Eu usava pantufas de coelinho e uma camisola de vaquinha.

–Ok.Mais é melhor que seja rápido.

Ele assentiu e eu o acompanhei até o meu quarto.As empregadas as vezes olhavam de relance,imaginando o que um garoto como ele estaria fazendo aqui.Fuzilei elas com o olhar,como se mandasse elas simplesmente voltarem a fazer seu trabalho,e não se meterem na minha vida.Enfiei ele no meu quarto e tranquei a porta.

–Então...sobre o que é esse trabalho mesmo?-perguntei

–Você estava dormindo durante a aula?-ele riu

–Ainda pergunta?

Nós dois nos sentamos em minha cama e começamos a fazer o tal trabalho.Não era tão difícil,e nós terminamos em aproximadamente 2 horas.Quando terminamos,voltamos a conversar,sentados frente a frente na minha cama.

–Belas pantufas de coelinho-ele sorriu.

–Sexys,não?-tirei uma de meu pé e acariciei o rosto de Percy com ela.

–Não são só as pantufas que são sexy

Dei uma risadinha baixa.

–Você sabe que isso só funciona comigo quanto estou bêbada,não sabe?

Percy se aproximou seu rosto do meu,ficando numa distância que normalmente eu consideraria perigosa.

–E você sabe também que nós somos namorados de mentirinha,não sabe?-eu completei,um pouco nervosa.

Ele respondeu minha pergunta selando nossos lábios.Qual fora última vez que eu beijara um garoto por vontade própria?Há muito tempo atrás certamente.Sim,eu já beijei milhares de garotos.Mais nunca era por que eu queria ou gostava.Geralmente eu estava bêbada ou era algum tipo de brincadeira(geralmente os dois)

Nos separamos,quando já precisamos de ar.Sua expressão não revelava muito,mais eu sabia que ele havia gostado(afinal,se não gostasse,não teria me beijado.)Seus olhos ficaram distantes,como se ele encarasse algo atrás de mim.Segui a direção de seus olhos,e antes mesmo que pudesse descobrir o que ele olhava com tanto interesse,ele se levantou,se dirigiu até minha escrivaninhas,e abriu um pequeno livrinho azul.Meu diário.

–Um diário!Que interessante...-ele começou a examina-lo.

–Eu não escrevo aí há uns 3 anos.Não há definitivamente NADA de interessante aí.-falei

–Isso é o que vamos ver.

Ele o abriu,e umas 5 fotos caíram de dentro do diário.Ele se abaixou e pegou as fotos,curioso.

–Por favor...elas são muito constrangedoras!-supliquei.

–Mais um motivo para eu vê-las-ele sentou-se ao meu lado,e as observou junto comigo.

A primeira foto era uma foto minha.Eu tinha uns 14 anos na época.Estava sentada em um banco,na frente de um lago e em um jardim florido,e tomando um sorvete de morango.Isso ridiculamente me lembrou do dia que Percy me pediu para conversar no parque que tem na frente da minha casa,e eu fora embora furiosa.

Porém,esse dia foi completamente diferente.Foi o meu primeiro encontro,na verdade.Quando eu tinha 14 anos,e morava em Nova York,um garoto me chamou para sair.Seu nome era Leo Valdez.Era um fofo,me levou até esse lindo parque e pagou um sorvete para mim.Foi um dos melhores momentos da minha vida.

Com aquela trança despenteada,os tic-tacs no cabelo e o sorriso de orelha a orelha,eu me lembrava de como eu era uma criança feliz.Meu pai não trabalhava com tanta frequência.Minha mãe estava viva.E eu simplesmente amava a minha escola e meus amigos.Mas desde que meu pai foi promovido,nós nos mudamos e minha mãe morreu em um acidente de carro,felicidade não é algo que possa se encontrar na minha vida.Nunca vejo meu pai,estou sempre sozinha e odeio essa cidade.Talvez o meu único refúgio tenham sido as festas.Era o mais perto que eu conseguia chegar da felicidade,mesmo sendo do jeito errado.As vezes me pergunto se isso não está indo longe de mais.Mais eu simplesmente balanço a cabeça negativamente e culpo meu pai por tudo isso.

A segunda foto,era do próprio Leo Valdez.Não sei por que eu guardava essa foto.Acho que esse garoto sempre iria me lembrar dos bons tempos.

Para minha surpresa,Percy não perguntara quem era o garoto.Como se ele soubesse que ele não era importante.Passou para a terceira foto rapidamente.

A terceira foto era uma foto minha e de Annabeth.Acho que fora nas minhas primeiras semanas na Califórnia,quando ela era a minha única amiga.Tentei afastar as lembranças da briga que tive com ela hoje cedo(mesmo não admitindo,eu já sinto falta de sua amizade) e tentei focar-me em outros fatores da foto.A mudança em mim era evidente.Meus cabelos estavam mais escuros,tinha algumas olheiras,maquiagem preta e a trança e os tic-tacs haviam sumido,como uma chama em um recipiente sem oxigênio.

Ele passou para a quarta foto.Nela,estão Rachel,Katie,Connor,Travis,Annabeth,Luke,Nico,Silena,Percy e eu em roupas de banho em uma praia.Isso foi há 1 ano atrás,mais ou menos.Eu estava sentada no pescoço de Luke,tentando não me desequilibrar como uma retardada.Nico saiu olhando para a bunda de Silena,que a deixara bem empinada para a foto.Annabeth estava de braços cruzados e revirando os olhos como se pensasse como conseguira amigos tão estúpidos quanto nós.Katie e Rachel davam um beijo em cada lado da bochecha de Connor e Travis o encarava com uma cara de quem queria estar em seu lugar.Percy havia saído com uma careta engraçada,o que arrancou vários risos de nós dois.

Porém,nossos risos foram calados por um barulho vindo do primeiro andar.

–THALIA!-a porta da frente bateu-ADIVINHA QUEM PODE VOLTAR PARA CASA DURANTE A SEMANA?

Ótimo.No dia em que eu menos preciso,meu pai volta para casa,e ainda por cima com meu suposto namorado dentro de casa sem o seu consentimento(Como se eu fizesse algo com o consentimento dele,mais...)

Mesmo assim,agradeci mentalmente por ele ter chegado.Afinal,acho que ficaria constrangida se Percy soubesse que a quinta foto era uma foto dele.