A Garota Dos Cabelos Negros escrita por Giuli Mancuso


Capítulo 2
Capítulo 2




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10 anos depois

Minhas pálpebras se abriram com dificuldade. Queria que não tivessem aberto. Tive mais um daqueles sonhos dos quais meu pai aparece e senta-se na minha cama enquanto eu durmo. Ele coloca a mão nas minhas costas e beija a minha testa. Ele costumava fazer isso depois que contava as histórias de princesas. Me lembro que as vezes eu nem estava mesmo adormecida mas eu sabia que meu pai voltava tarde do trabalho e sempre estava muito cansado mas arranjava um tempo para mim. Ele dizia que sem ao menos um segundo comigo ele não conseguiria dormir.

Sentei-me na cama ao invés de ficar me lamentando pelo sonho não ter sido real. Com muito esforço me levantei da cama, eram seis horas da manhã, a última coisa que queria era estar acordada.

Ouvi minha mãe gritar meu nome. Sua voz doce e gentil pareceu tão perturbadora a essa hora da manhã, mas de qualquer maneira fui até a cozinha, arrastando meu corpo porque parecia que o mesmo estava lá mas minha mente ainda estava dormindo.

Minha mãe já estava sentada na mesa da grande cozinha que servia como lugar de trabalho para ela. Como ela podia parecer tão magestosa logo quando acorda? Seu cabelo preto que bate na altura de seu queixo já estava arrumado, com uma tiara vermelha enfeitando-o. Sua maquiagem impecável mas tão simples e suas roupas lindas mesmo que ela trabalhe em casa e mesmo que vá sujar a roupa de comida.

– Bom dia, mãe - disse com a minha voz ainda rouca, tossi para que voltasse ao normal.

– Bom dia Alison! - ela abriu um sorriso, estava tão animada. Como ela consegue? As vezes acho que eu não puxei ela nem um pouco em minha genética. Mas ai me lembro dos cabelos negros. Genética dos Fitzroy.

Comi tão rápido que mal pude sentir o gosto da comida. O pirúa escolar já estava ai, businando em frente a porta principal. Sai da cozinha em direção a porta. Antes de abri-la olhei para minha mãe e memorizei como estava. Seu sorriso, seu olhar, pois desde que meu pai se foi eu tenho medo de não ter mais tempo com as pessoas. Nunca se sabe.

– Tchau mãe, eu te amo. - Sorri timidamente, abri a porta e caminhei até a pirúa.

Ugh. Aquela pirúa suja me dava tanto nojo. Todos os veículos dão, na verdade. Desde aquele acidente eu não gosto muito de carros ou qualquer coisa do tipo. Desde que ele se foi não só me sinto vazia mas me sinto muito traumatizada. Nunca mais vou ser a mesma.

Como sempre, Martina estava guardando um lugar pra mim. Na verdade, nem precisava mais guardar nada, todos naquele lugar sabiam que nós eramos melhores amigas que eu iria sentar junto a ela.

Martina é exatamente como eu queria ser. Seu cabelo longo, ondulado e ruivo recaia no seu ombro direito. Magra e alta, olhos castanhos caramelo. E principalmente não tinha uma enorme cicatriz de queimadura de terceiro grau em sua perna esquerda. Nada a impedia de usar shorts, biquíni ou maravilhosos e caros vestidos.

Sentei-me naquele banco estragado pelo tempo e como sempre fazia depois de um final de semana longe de Marti começei a contar o que aconteceu. O que eu havia feito com Gabriel. Claro, seria algo errado. O namoro era proibido. Por isso era tão emocionante. Além do mais com essa minha entediante rotina, as saidas com Gabriel eram a única diversão. Além dos dias com Martina.


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