Bifurcados - O Apocalipse Zumbi escrita por Cadu


Capítulo 21
Cissura Exorbitante


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo. Antes de tudo Feliz Natal para todos, e um ótimo Ano Novo.
Estou de certa forma desanimado já que muitos dos leitores que possuia estão desaparecendo, mas não desistirei da minha história - nem que apenas um leia.
Espero muito que gostem desse capítulo, Boa leitura =)
{betado por caarol}



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Bifurcados - O Apocalipse Zumbi

Capítulo Dezoito - "Cissura Exorbitante"



O nervosismo ultrapassava os limites da ansiedade. As veias de Heitor pulsavam de ansiedade enquanto segurava fortemente a arma. O ritmo que saia dos fones de Ana era alarmante. A voz aveludada da cantora dava gritos clássicos maravilhosos, ótimos para serem apreciados em uma tarde chuvosa. Não quando uma horda de zumbis invade o depósito.

Um dos errantes entra no espaço. O fêmur que sai de sua coxa é gritante, mas parece não se importar com a grande ferida em sua perna e continua caminhar normalmente. Henrique e Heitor entreolham-se assustados. Clarissa atira uma flecha em sua cabeça fazendo o zumbi cair ao chão, atrapalhando a entrada dos outros, que caem quando pisam em falso no companheiro já morto. Cada bala acertada no lobo frontal de cada errante que ali entra chamam mais e mais zumbis. A quantidade dos mortos vivos é alarmante quando alguns – em uma ação imediata – sobem as escadas. André impede-os atirando lentamente uma bala em cada cabeça. Alguns caem sobre os corrimãos, vagarosamente caindo ao chão do depósito.

A cada segundo que passa o cheiro da morte abafa o depósito. Mais e mais errantes ultrapassam a porta de ferro e mais e mais balas iam ao encontro de suas cabeças fétidas.

— Ótima ideia, Henrique! Ajudou muito os deixar invadirem! — André grita alto, chamando mais atenção dos zumbis que agora grunhiam alto.

Henrique sentiu-se culpado, mas agora não havia mais o que fazer. Aquela era a única solução para saírem do prédio aparentemente abandonado – a não ser por cadáveres ambulantes.

Caralho! Não vai dar mais! — Heitor soltou o grito no meio do chamativo barulho das balas que caiam a todo momento ao chão — Clarissa e Henrique, vamos ter que ir! Não temos mais tempo. Cada minuto eles aumentam! Vamos!

Clarissa e Henrique entreolharam-se confusos. Não havia tempo para discutirem o melhor e mais integro. O instinto os levariam a fazer necessário. Ana tira os fones de ouvido ao perceber que algo está errado.

— Ana, André... Por favor, fiquem aqui em cima atirando o quanto for necessário... Não temos mais tempo.

— Mas... Heitor?! Henrique — Ana balbuciou enquanto encontrou seu olhar com os olhos concentrados de André e seu rifle. — Você vai mesmo? Porque?

— André disse que vocês não vão mais para Minas Gerais... Preciso encontrar meu caminho. — Henrique largou a pistola que encontrava-se em sua mão e jogou-a no chão. Entrou no escritório rapidamente e de lá saiu com uma mochila com alças largas. Agarrou novamente a pistola e assentiu para Heitor.

Os três desceram as escadas com dificuldade, ultrapassando rapidamente os corpos já mortos nos degraus. Alguns que ainda subiam tentavam atacar, mas sempre uma bala ou uma flecha os atingiam. Um errante, com certa quantidade de tecido adiposo aparece saindo da porta de metal. Seus olhos sem sentido e seu cabelo raspado pareciam admirar a carne viva e sólida de Clarissa. A menina armou seu arco, atingindo uma flecha em seu ombro. A cada segundo que passava o zumbi aproximava-se mais da menina, que em sinal de desespero correu para o canto mais afastado do depósito, sendo acariciada por duas paredes ásperas que raspavam seus antebraços.

André e Ana tentavam atirar no zumbi. Era praticamente impossível acertar sua cabeça, já que em comparação com o corpo era minúscula. Mais algumas balas acertadas em todos os lugares: pernas, braços, barriga. Nada. Heitor arregala os olhos em um momento de desespero e atrás do zumbi corre sem parar. Uma faca de seu cinto atinge as parte traseira da cabeça do errante, que se desmorona em cima de Clarissa. Chuta o zumbi empurrando-o para o lado até conseguir tirá-la debaixo do corpo fétido que o morto vivo proporcionava.

Suas roupas estavam completamente encharcadas de sangue e alguns pedaços de carne espalhavam-se por sua calça jeans. Não se importou com a excessiva sujeira e levantou-se com a ajuda dos fortes dedos de Heitor. Continuou a correr. Saindo pela porta do depósito Clarissa fitou Ana com um olhar desesperado. Acena desajeitadamente para a menina, que também está em estado de tremor. André e Ana continuam no segundo andar, ainda ajudando a atrapalhar os zumbis.

Nos imensos corredores dos mercados os errantes distribuíam-se de um jeito confuso. Percebendo a quantidade excessiva dos errantes, desistiram do plano. Fecharam a pesada entrada e trancaram-se novamente no depósito. Ana e André estranharam quando perceberam os três a voltarem para o lugar de partida.

— Há muitos deles... — ofegantemente Heitor comentou — Temos que encontrar outra saída.

— Nos fundos — Henrique avisou apontando para uma porta alta e prata.

As pernas já cansadas correram até uma grande porta vertical para a entrada de caminhões. Toda sua textura era ondulada, e em um rápido momento Heitor levantou-a, fazendo um grande barulho de ferro batido contra o concreto mais maciço. Um grande estacionamento envolvia os fundos do mercado. Apenas um errante ali permanecia, mas foi facilmente morto por Clarissa – e sua flecha. Uma caminhonete de cor avermelhada ali estaciona tentando de certa forma impedir a visão da entrada do depósito. Os três continuam a correr. Agora dão a volta na quadra, que poucos zumbis ali ficavam. Foi uma forma mais astuta de chegar ao C30.

Já na esquina, fitam todo o local. Há zumbis em toda a parte, mostrando-se mais e mais furiosos a cada minuto que passa. Os errantes parecem pressentir que há humanos por perto e agitam-se, tentando descobrir de onde o cheiro forte de carne nova vem.

Arriscaram-se. Em direção ao Volvo C30 correram. Em um momento fugaz, Henrique pergunta sem pretensões: “Onde está o carro de vocês?”

Um arrepio agonizante instala-se na espinha de Heitor. O carro havia desaparecido. Uma horda de zumbis saem novamente do mercado. Henrique fita Clarissa. Heitor confusamente tenta entender as faces desesperadas do casal.

— Heitor, cadê o carro? — Clarissa ingenuamente cita com seus lábios carnudos.

Um silêncio permanece no ar, a não ser pelos grunhidos dos errantes que aproximam-se mais e mais.

— Caralho! — Heitor raivosamente grita em quanto muitos errantes percebem a presença dos humanos. — Cadê a porra do carro?!

Nada mais passa em suas mentes, a não ser a dolorida morte – comida por andarilhos que apodrecem a cada momento. Apenas mais três mortes dentro de muitas.



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Notas finais do capítulo

E ai, gostaram? Comentem! :) O próximo será postado em breve.
Agora, uma minuscula preview do capítulo dezenove:
"Até quando a salvação, saída do meio da esquina, aparece."