Eu fito meus pés e depois de certo tempo olho nos olhos castanhos de Johanna.

– Não... e-eu... eu gosto de falar dela, mas é meio díficil sabe?? - ela assente com a cabeça - eu me lembro de qdo ela nasceu, foi o dia mais feliz da minha vida; eu me lembro de seu primeiro sorriso; me lembro de sua primeira palavra pronunciada, que foi Kat; me lembro de seu primeiro dia na escola; me lebro dela sendo erguida no ar pelo meu pai; me lembro qdo ela implorou para ficar com aquele gato feio e fedido - que hoje, eu não sei como está vivo, mas é uma boa companhia -; me lembro do aniversário dela, qdo ela dei a Lady de presente à ela; eu lembro de tudo sobre ela. - eu paro um pouco para respirar, mas logo em seguida continuo - Sei que a maioria dos melhores momentos da minha vida e os sorrisos mais cinceros que eu já dei, foram ao seu lado. Ao lado da menina de cabelos loiros e olhos claros; ao lado da menininha que foi obrigada a crescer antes do tempo; ao lado daquela menininha que conseguia me tranquilisar enquanto ninguém sabia o que dizer; ao lado daquela menina que... que morreu tentando salvar a vida de uma criança inocente; ao lado daquela menina que eu amei e sempre irei amar independente de onde ela esteja.

Então de repente a canção do vale veio em minha cabeça, aquela canção que eu cantava para ela quando ela acordava amendrotada por culpa de seus pesadelos, que como os meus eram causados pela morte de meu pai...

Bem no fundo da campina,

Embaixo de um salguero,

Um leito de grama, o macio e verde travesseiro

Deite a cabeça, e feche esse olhos cançados

E quando eles se abrirem,

O sol já estará no alto dos prados

Aqui é seguro,

Aqui é um abrigo,

Aqui as margaridas,

Te protegem de todo o perigo

Aqui os seu sonhos são doces,

E amanhã serão leis,

Aqui é o local,

Que eu sempre te amarei

Bem no fundo da campina,

Bem distante,

Num maço de folhas,

Brilha o luar aconchegante,

Esqueça suas tristezas,

E aquele problema estafante,

Por que quando amanhecer de novo,

Ele não será mais tão pujante.

Aqui é seguro,

Aqui é um abrigo,

Aqui as margaridas,

Te protegem de todo o perigo.

Aqui seus sonhos são doces

Amanhã serão leis,

Aqui é o local,

Que eu sempre de amarei

Deixei escapar uma lágrima de meus olhos quando parei de cantar a música mentalmente. Pelo visto, eu ainda não superei por total a perda da minha irmãzinha... e já fazem vários e vários anos.... mas... pensando bem, eu não quero esquecer, ela faz parte da minha história, e sempre irá fazer, independente do quão dolorido for pensar nela por um segundo que seja. Eu NÃO QUERO ESQUECE-LÁ!!! NUNCA!!!

– Mesmo não a conhecendo muito bem - diz Johanna limpando as lágrimas que insistem em escorrer pela minha face - sei que ela era uma pessoa maravilhosa como você Kat - deixei escapar um sorriso quase imperceptível, mas acho que ela percebeu - Kat, sei que é difícil para você, do mesmo jeito que é para mim, mas os dois, tanto Prim como Finn, tiveram uma ótima vida aqui. E saiba que eles estarão sempre nos observendo de lá oh - ela aponta para o céu - e sempre sempre estarão nos protegendo de quaisquer perigos que existem por aí, e o mais importante.... sempre estarão no nosso coração!!! - diz ela com uma mão em seu peito e a outra no meu.

– Obrigada - digo chorando mais ainda e a abraçando forte

– Ei ei, era pra te acalmar e para vc parar de chorar - diz ela com um tom de digamos... brincadeira - e não para você chorar mais ainda - me permitir rir um momento - Não foi nada.