A chuva ainda caia forte, os ventos faziam as arvores se balançarem a tal ponto que pareciam prestes a cair de tão envergadas que ficavam. Os relâmpagos faziam o quarto ficar iluminado durante alguns segundos, para logo em seguida voltar a ficar escuro.

Edward ainda a abraçava com força, fazendo um carinho em seu braço, para que ela se acalmasse.Bella sentia-se segura ali.

Obviamente sempre houve esse tipo de tempestade, e fazia tempo desde que ela não ficava com medo, afinal ela tinha Edward ali, mesmo que eles não estivessem bem, eles dormiam juntos, e isso significava que quando alguma tempestade chegava ele estava ao seu lado. Os braços dele estavam ao redor dela, e tudo o que ela precisava fazer, era respirar fundo sentindo o cheiro dele, e apertar os braços dele, apenas querendo senti-lo.

Isso a acalmava mais, do que qualquer rémedio do mundo.

Era estranho pensar nisso agora, por que de certa forma ela sempre o viu como um porto seguro, era a ele a quem ela recorria sempre acontecia algo, era a ele que ela procurava para desabafar.

E agora, mesmo depois de tudo oque havia acontecido, depois de tudo que haviam falado... Ele ainda estava ali, ele ainda a protegia... Ele ainda a amava.

Pensar nisso a fez dar um leve sorriso. Ele ainda me ama, pensou convicta.

Mais forte do que qualquer outro sentimento, mais forte do que a raiva, ressentimento ou magoa, mais forte que qualquer vestígio de dor ou de desilusão, o coração dele batia com o verdadeiro amor que ele sempre sentiu. Como se em todos esse anos, nada tivesse mudado, como se ela, ainda fosse ela.

Eles estavam tão perto... Um passo mais perto de realmente estarem juntos de se sentirem novamente.

Completamente consciente do que fazia, Edward deitou-se junto com ela, mas virando-a para que ambos ficassem frente a frente, mesmo que deitados, uma de suas mãos, ainda em sua cintura, a outra procurou no escuro a mão dela, segurou-a suavemente como se ela pudesse ser quebrada facilmente.

Os corações batiam forte e aceleradamente, hesitante e mandando tudo a sua volta, que não fosse ele para o inferno, Bella ergueu a mão livre para tocar o rosto dele. Um relâmpago, se fez presente clareando momentaneamente o quarto, fazendo com que eles enxergassem um ao outro. Verde no marrom.

Ela não retirou a mão do rosto dele, não sentiu-se constrangida por ele estar olhando-a. Quatro segundos depois, o quarto ficou mergulhado no escuro novamente.

Reunindo toda a coragem, e vontade ela inclinou-se um pouco para a frente, tendo como o único objetivo, encontrar os lábios delem foi devagar, o rosto se aproximando centímetro por centímentro, e quando estava próxima o suficiente para sentir a respiração dele bater de frente com o seu rosto, ele a afastou, porém sem tirar a mão da cintura dela.

E como era de se esperar a rejeição a atingiu.

- Pensei que... Poderíamos... - Ela não sabia o que falar, como falar e o por que falar.

- Acho que não é o momento para se precipitar, Bella. - Ele disse cuidadosamente, como se não quisesse magoa-la, depois de ter de qualquer modo rejeitado algo que ele também queria.

- Precipitar? Um beijo não é precipitação, precipitar seria eu assinar o divorcio amanhã e semana que vem ir me casar em las Vegas para te esquecer. Isso seria precipitação. - Ela disse firme, mesmo querendo se fazer de forte e levantar dali e sair de perto dele, ela não o fez, não pode faze-lo, e duvidava que ele fosse solta-la.

- Isso seria exagero, para ser sincero.

- Você não quer tentar, não quer me dar uma chance... Seja honesto comigo, por favor. - Ela pediu se mantendo forte.

Não chore sua idiota, não chore. Ela se ordenou mentalmente.

- Eu sou honesto com você. - Ele disse prontamente.

- Você esta com outra mulher? Esta tendo um caso, com alguma prostituta barata? - Perguntou de supetão, fazendo-o ficar calado por alguns segundos digerindo a pergunta feita pela voz suave e ao mesmo tempo esganiçada pela fúria que sentia. - Responde. - Ela disse quase em tom de ordem.

Ele não aguentou e deu um riso baixo, e isso a irritou.

- Para falar a verdade não.

- Não? - Ela sondou.

- Não.- Deu de ombros.

- Por que? Vai ficar com peso na consciência, por isso? - Perguntou irônico.

- Muito engraçado... - Ela ficou calada por algum tempo, e isso o incomodou, queria ouvi-la.

- O que foi?

- Quando decidiu pedir o divorcio? - Perguntou.

- Bella, não quero brigar com você, vamos ficar aqui, conversando, faz tempo que isso não acontece. - Ele pediu.

- Não vamos brigar, eu prometo. Preciso de muitos choques de realidade para me dar conta de tudo, por favor.

- Comecei a pensar nisso, quando via os meninos perguntando por você, quando eu ia com eles para algum almoço na casa de Rose... Eu sentia um pouco de inveja de Emmett...

- Rose é muito bonita, eu sei disso. - Bella disse um pouco enciumada, tinha de admitir.

- Não pela beleza da esposa dele, Bella, você é linda, sentia inveja da família completa que ele tinha... Ai você foi esquecendo o nosso aniversario de casamento, uma coisa juntou com a outra, e aqui estamos nós. - Ele pontuou não querendo voltar ao assunto.

- Aqui estamos nós... Juntos.

- Por causa de dois meninos que estão dormindo, e por causa de um tempestade. - Ele lembrou, fazendo ela revirar os olhos.

- Costumávamos fazer outras coisas quando estava chovendo desse jeito. - Ela disse, querendo mais do que tudo provoca-lo, fazer ele perder a razão e o maldito controle.

Ele fechou fortemente os olhos... Não a deixe te influenciar assim, Edward. Ele ordenou-se mentalmente.

Antes que ele pudesse evitar, flashs de suas noites juntos invadiram sua cabeça, mexendo fortemente com sua imaginação.

O corpo dela junto ao seu, ambos suados enquanto aproveitavam cada uma das sensações que podiam oferecer um ao outro, beijos e mordidas, apertos suaves e rudes, arranhões e muito prazer. Isso resumia as noites deles.

- Não provoca. - Ele disse se afastando um pouco dela, que no mesmo instante o procurou novamente.

- Edward, somos adultos, responsáveis e vacinados... - Ela começou, tentando aplicar um tom sedutor e provocativo na voz. Considerando que o homem que ela queria no momento era Edward, ela não precisaria de muito para conseguir o que queria, se não fosse o fato de que ele estava convicto do que queria.

- Que estão enfrentando um processo de divorcio.

- Você poderia esquecer isso por algumas horas? - Ela pediu, controlando-se.

- Desculpe, é a unica arma que eu tenho. - Admitiu por fim.

- Arma?

- Você acha que gosto de ficar falando oque falo para você? Acha que gosto de te encarar e dizer que vamos nos divorciar? Acha mesmo, Bella? - Ele perguntou trazendo o rosto dela para o seu. Colando suas testas.

- Pensei que depois de tudo, você tivesse raiva de mim. - Admitiu.

- Como eu poderia ter raiva de você, Bella? O fato de você ter deixado sua família de lado, não muda o fato de eu ter orgulho de você, muito orgulho.

- Jura? - Perguntou agarrando-se a ele, com força, ela lembrava uma menininha querendo ter certeza que ganharia uma boneca caso se comportasse bem. Ela gostava de ouvi-lo dizer que ele sentia orgulho dela, a fazia sentir melhor... Que toda a luta para chegar onde chegou havia valido a pena.

- Juro. - Ele disse.Ficaram em silencio.

Ela não continha o sorriso, daria tudo certo, depois de tudo que ele havia dito, faltava apenas um " Eu ainda amo você" e ela nem se importaria com esse " ainda", já que no que dependesse dela, no relacionamento deles, já não haveriam lacunas em braco.

Ele não sabia de mais nada. Não sabia se era um erro estar ali agora, por que apesar de querer demais isso, era um erro... Um erro bom.

Não sabia se havia feito merda ao falar o que falou, não era bom ele estar falando tudo, apesar de tentar ser o mais sincero possível, ele não deveria faze-lo, quando se tratasse dela.E não sabia se ele estava sendo muito rude consigo mesmo. Afinal ele é homem, e ali, é a mulher dele, a mulher que ele ama e deseja, a mulher que ele sente falta, e que esta sentindo falta dele também.

Ele já não sabia de merda nenhuma.

E quando não se sabe de merda nenhuma, sabe o quais as opções que temos e geralmente fazemos? Fazemos outra merda, só que para uma coisa boa, ou para algo ruim, sou simplesmente ficamos na nossa, esperando o resultado.

Ele se rendeu a primeira opção, e contrariando o que ele mesmo havia dito a minutos atras, ele pegou o rosto dela com uma das mãos e sem hesitar trouxe-a para perto dele. E fez o que ambos queriam.

Deixou os lábios se encostarem, e foi o que bastou para o desejo falar mais alto. A surpresa dela não durou muito tempo. Logo as mãos dela migravam para os cabelos dele puxando os fios com força, sem se importar se aquilo iria machuca-lo.

Os lábios se entreabriram permitindo a passagem da língua dele, ela soltou um pequeno gemido de pura satisfação ao tê-lo novamente.

Ele sentou-se do jeito que pode encostando a costa na cabeceira da cama, e a trouxe para o seu colo, as mãos passeando pelas costas da morena que ondulava o corpo em direção ao dele.

- Deus, eu amo você.- Ela disse entre arfadas, rendendo-se de uma vez. - Eu amo você. - Repetiu e sentiu-se leve quando finalmente admitiu aquilo, já era obvio, mas sentiu aquela necessidade.

Sentiu um pouco de receio, de que ele pensasse que ela só houvesse dito aquilo pelo momento, mas depois tirou isso da cabeça, ele sabe diferenciar.

Antes que ele abrisse a boca para falar alguma coisa, ela grudou seus lábios novamente, sentindo-se completa. Nenhum beijo poderia ser assim tão perfeito.

Ela entregou-se novamente ao beijo, desesperada para tentar aplacar a saudade que agora havia se multiplicado por mil.

Esqueceu-se de tudo.

A chuva estava parando, apenas uma fina garoa que caia tranquila. Já não tinha mais relâmpagos, a companhia elétrica já trabalhava para restabelecer a energia das cidades afetadas.

Nada disso importava agora. O que importava era eles.Não pensavam no que aconteceria depois, quais seriam as consequências dessa madrugada.

Só queriam aproveitar aquilo...E talvez deixar isso acontecer por mais tempo, ou para sempre.