Na vida, o que mais tememos certamente, seria uma mudança, tanto de vida, quanto de estilo ou qualquer uma outra coisa. Neste exato momento estou me preparando para sair do lugar de onde nasci, para um outro ambiente que é totalmente desconhecido. Simplificando, estou me mudando para o exterior, moro no Rio de janeiro desde que me conheço por gente. O problema não seria me mudar, o problema será me habituar a outros costumes, refazer amigos em um outro bairro, ou até mesmo em um outro colégio, mas somos seres humanos, e fomos feitos para nos adaptar e readaptar.

Estava me arrumando em meu quarto quando de repente escuto alguém
chamando pelo meu nome:

— Nandaa! – Olho pela janela de meu quarto e quem me chamava era minha melhor amiga, Letycia. 

— Já vou... E para de gritar, escandalosa. – Nós rimos juntamente. Então desci as escadas e fui atender a porta, e para minha surpresa Lety vem e me lança um abraço, retribuo e me afasto e quando a observo ela estava chorando.

— Ei ei, não chore minha linda... – Tentei conforta-lá enquanto nos sentávamos no sofá da sala. Ela me encara por um tempo e quebra o silêncio.

— Amiga você tem mesmo que ir? Olha na minha casa tem um quarto a mais, ele não é um dos melhores, mas da pra você ficar com ele e... – Interrompo-a.

— Lety amiga, entenda, eu não posso ficar, eu preciso dos meus pai e eles de mim, você sabe que se eu pudesse eu ficaria , sem sombra de dúvidas. – Falava enquanto limpava suas lágrimas. Ela balança a cabeça em um sentido positivo e diz:

— Ok, mas eu preciso que você me responda uma coisa. – Olho pra ela com uma cara meio que desconfiada e dou um sinal com a mão para que ela possa prosseguir com a pergunta.

— Então eu queria perguntar se você vai arrumar outra amiga lá na Inglaterra? – Eu a encaro, mas não consigo conter o riso.

— Você sabe que eu não trocaria uma amizade como a nossa, por uma outra não é? – Ela me olha com um sorriso envergonhado, então ela assente com a cabeça. Ficamos em silêncio por alguns segundos e então meu celular vibra, eu olho pelo visor do celular e vejo que minha mãe tinha me mandando uma mensagem que dizia:

“Filha chego em casa em menos de 10 minutos, espero que já esteja pronta” – Mamãe.

Então olho para o rosto de Lety que está encarando o chão e digo meio travada. – É... Amiga... – Ela me olha meio espantada e pergunta:

— O que foi Amiga, aconteceu alguma coisa? – Eu balanço a cabeça em um sinal negativo.

— Minha mãe me mandou uma mensagem dizendo que em menos de 10 minutos já estava voltando e... – Ela me interrompe.

— E ela quer que você esteja pronta pra ir não é? – Eu digo que sim encarando o chão. — Ta tudo bem, amiga. – Ela dizia se levantando, e me levanto também.

— Vai me visitar, não é? – Pergunto. Ela assente que sim,nos abraçamos pela última vez e acompanho-a até a porta. — Bom... Eu vou sentir sua falta... – Digo com a voz embargada segurando as lágrimas que estavam por vir.

— Eu também, amiga. – Ela me corresponde, minhas lágrimas pesam bem mais do que imaginei e não as seguro mais, me aproximo dando um beijo em sua bochecha. Ela se afasta com um sorriso torto nos lábios.

— Bom, você tem que se preparar para viajar, e tenho quer ir também. – Assinto freneticamente com a cabeça e enxugo as lágrimas que ainda insistem em rolar ao vê-la sair e enxugando seu rosto na manga de seu  casaco. Entrei e fui até meu quarto, encarei o espelho por alguns instantes ainda não acreditando que já iria partir. Olho ao redor de meu quarto e lembro das altas risadas que dei com Letycia e outras colegas que trouxe para uma festinha de meninas. Peguei as minhas bagagens e fui para a sala, deixei-as ao lado do sofá e fui à cozinha beber um copo com água. Voto a sala e fico a espera de minha mãe.

Depois de alguns minutos minha mãe chega com um sorriso no rosto.

— Pronta? – Lhe  meu melhor sorriso pra disfarçar a tristeza e assenti, colocamos todas as bagagens no porta malas, viro-me e analiso minha casa pelo último vez. - Vamos filha. - Saio do transe e entro no carro soltando todo o ar de meus pulmões, como se estivesse o prendido por muito tempo.

— Mãe, cadê o papai? – Pergunto.

— Já está nos esperando na nova casa. – Acho que minha expressão naquele momento seria bem mais do que uma surpresa.

— Rápido ele, ein. – Ela riu da minha surpresa, mas voltou sua atenção a estrada. Depois de algum tempo chegamos ao aeroporto, entramos e fizemos  todo aquele processo de check in, despachamos as bagagens e esperamos a  chamada para embarque.

(Letycia)