Quando ela se virou para correr, Lupus se levantou rapidamente e apontou sua Scarlet para a ruiva, ele estava a olhando com ódio pelo que fez.

-Eu não faria isso... Essa rua está deserta e como você estava se mexendo tanto para tentar escapar de mim, nos afastamos da escola. – Lupus deu um sorriso vitorioso.

Elesis parou e continuou de costas, fechava as mãos e respirava fundo.

-Não sei o que você quer, mas acho melhor parar e me deixar ir.

-Não faço suas vontades.

A ruiva se virou e ficou muito assustada. Uma arma estava apontada para ela.

Lin ficou perplexa com o que estava acontecendo e decidiu ir até eles, foi caminhando, não queria chamar atenção.

-Você é louco!?

-Talvez... Aliás, todos nós somos.

-O que você quer? Me assustar?!

-Estou conseguindo? – Lupus estava achando graça do desespero da ruiva.

-... – Elesis engoliu seco, ela estava assustada, Lupus estava a intimidando e isso não era nada bom – Está...

-Por que está tão aflita? Hein? Isso está sendo tão divertido, deveria estar calma, como eu.

-Você... – nesse momento Elesis olhou Lin se aproximando e não terminou a frase.

Lupus percebeu a pausa da menina e estranhou, mas nem olhou para trás, apenas encarava a ruiva. Ele apontou a outra arma na direção da Lin.

-Como?! – Lin ficou assustada.

-Eu percebo quando um inimigo se aproxima. – Lupus ainda encarava a ruiva e permanecia com uma arma apontada para Elesis e a outra para Lin.

-Não sou sua inimiga!

-Droga! Saia daqui antes que... – Lupus foi interrompido por Lin.

-Antes que o que? Você atire?! Que você me ofenda mais?! Eu já aguentei você me ofender e eu não poder fazer nada. Não importa o que você faça ou fale, eu não irei sair daqui!

Rey observava tudo de uma cobertura, onde pediu para que seu motorista a levasse e não gostou quando viu Lin se aproximar.

-O que aquela coisa está fazendo? Que droga! Terei que fazer algo. – Rey falava para si mesma saindo do prédio de onde observava tudo.

Elesis estava confusa com tudo aquilo.

-Quem é você? – a ruiva se dirigiu à Lin.

-Não interessa! – Lupus e Lin gritaram juntos.

-Garota, sai daqui e finja que nada aconteceu, é para o seu próprio bem. – Lupus ainda olhava para Elesis, mas falava com Lin.

-Por que está assustando a menina? – Lin olhou para Elesis que estava com raiva.

-Não te interessa! Eu já pedi com educação que saia daqui! – Lupus ameaçou olhar para trás, mas continuou seu foco na ruiva.

-Eu já nem me importo mais com suas ofensas ou ameaças. Eu não vou sair daqui!

-Quer dar uma de anjinha protetora agora?

-Eu só quero impedir que aconteça algo aqui que você se arrependa.

 -Eu não me arrependo de nada que faço.

-Você é um idiota!

-E você é um nada!

-... – Lin abaixou a cabeça. – Você não vai conseguir terminar isso.

-Eu já terminei.

Elesis ficou mais estressada ainda vendo que Lupus e Lin estavam discutindo e ela ali parada na mira de uma arma!

-Você só queria me assustar e mostrar minha fraqueza!? – a ruiva falou indignada, com raiva, soltando faíscas pelos olhos, fechando os punhos e encarando friamente o Lupus.

-Então era isso? – Lin tentou se mexer para ir pra frente, mas a arma a seguiu e ela permaneceu parada.

-Sim e mais umas coisinhas... – Rey andava tranquilamente até eles – Por que não acabou com a pirralha?!

-Você?! Por que eu não desconfiei de nada!? – Elesis se revoltou.

-Por que estava com medo, queridinha. – Rey sorriu, provocando a ruiva – Lupus, por que demorou tanto para dar uma lição na ruivinha?

-Tive um contratempo.

Agora a discussão era entre Lin e Rey. Vish.

-E esse contratempo é uma menina idiota?! – Rey lançou um olhar para Lin.

-Seu olhar não me assusta. – Lin falou friamente.

-Cala a boca que eu não me dirigi a você! – Rey perdeu a calma.

-Já é a segunda vez que me manda calar a boca, não pareço forte, mas não me estressa ou...

-Ou o que?! Quem é você garota?! Hein!? Nada!

-Depois não se arrependa de suas palavras. – Lin parecia tê-la ameaçado.

-Não fale nesse tom comigo. – Rey parecia matar Lin com seu olhar.

-Você pode achar que manda nas pessoas, mas está muito enganada. Se eu, uma vez, calei minha boca quando você mandou, pode ter certeza que isso não acontecerá mais.

-AAH!  Já chega! – Elesis se estressou, não aguentou mais aquilo e deu um soco no braço do Lupus, deixando a arma que ele apontava para ela cair.

-Sua... – Lupus não terminou, Elesis estava irritada demais para o deixar falar algo.

-Ruivinha!? – Elesis gritou – Agora a ruivinha aqui não tem mais medo!

Rey não acreditou na reação dela e ficou parada olhando o que acontecia, Lin vendo que Lupus a ameaçaria de novo pegando a arma, empurrou o menino que quase caiu no chão. Elesis viu a oportunidade perfeita para sair daquela loucura e quando ameaçou correr, Rey a segurou.

-Você acha que me provoca ousadamente e vai sair assim?

-Me deixe ir!

Nisso, Lupus já havia pegado a arma e quando foi apontar novamente para Elesis, Rey o impediu.

-Não precisa. Já a assustei bastante e eu tenho a mais absoluta certeza que ela não falará nada para ninguém. Não é ruivinha? – Rey sorriu para ela, mas como estava impaciente com a demora da resposta gritou – NÃO É!?

-É! – Elesis conseguiu se soltar.

-Muito bem... Ah! Você pode ir, mas se abrir a boca...

-Eu já entendi! – a ruiva encarava Rey, aquilo não iria acabar ali.

-Me deixa terminar de falar! – Rey também a encarava – Bem, o ruivo não tem que saber de nada. Eu sei que você e o Jin têm uma certa relação, ou são amigo ou...

-Somos irmãos!

Rey não acreditou no que ouviu e ficou calada, Lupus riu. Rey deu as costas para Elesis e se virou na direção de Lin, a ruiva não entendeu nada, mas não perdeu tempo e saiu dali. Lupus apenas observou a ruivinha correr e ainda não havia olhado para trás.

 -Não quero que se intrometa nos meus assuntos! – falou Rey.

-Assustar uma menina covardemente e não fazer nada?! É isso que você queria que eu fizesse? – Lin  não parecia ter medo do que falava.

-Você não sabe com quem está falando!

-Ah! Eu sei muito bem, eu estou falando com uma menina arrogante, covarde, mimada e egoísta. Quer mais?

Rey não respondeu, por um momento ela se lembrou de Jin falando isso sobre o Lupus. O menino observava tudo, calado. Mas ele não iria aguentar aquela discussão.

-Olha para você, coisa. Está sendo o alvo da arma. Acho que deveria tomar cuidado com o que diz, não garanto muito que as duas armas estejam sem balas. – Rey falou num tom deboche.

Lupus, surpreendentemente, apontou a arma para Rey, ele estava entra as duas. Tenso.

-Já chega! Eu falei que não gostaria de ver um rosto tão belo na mira de uma arma. – Lupus não falou isso para Rey.

As duas olharam para ele assustadas. Lupus estava prestes a apertar o gatilho. Os batimentos estavam acelerados. Lupus fechou os olhos quando...

Rey e Lin se olharam, dois tiros se ouviram e onde estava Lupus? Elas ficaram imóveis sem entender o que estava acontecendo. Rey não gostou daquilo, voltou ao normal, pegou seu celular e ligou para o seu motorista que não demorou muito para chegar. Lin estava completamente confusa, ficou um tempo parada, mas depois foi embora.

Elesis chegou em casa quase explodindo de raiva, Jin se assustou e deu um pulo no sofá com o barulho da porta que a ruiva havia batido com muita força ao fechar.

-Você tá louca!?

-Não enche! – Elesis estava indo para algum lugar quando Jin se levantou do sofá e parou na frente dela.

-Ou, ou! Eu já estou cansado disso!

-Cansado do quê? Você correu por acaso? – mesmo com raiva, Elesis fez uma piada com o irmão que não gostou e se irritou.

-Você adora chamar as pessoas de idiotas, mas parece não perceber que é a maior idiota de todos!

-O que?! Pense bem antes de falar assim comigo!

-Elesis, você está estranha, não fala nada que acontece com você e ainda acha que tem razão?!

-Eu só estou assim, porque não sei mais o que fazer. – a ruiva abaixou a cabeça e o tom da voz.

-Eu sou seu irmão, estarei sempre ao seu lado e se você não quiser me falar nada, terá suas amigas para ouvi-la.

-Você não entende.

-Você precisa conversar com alguém?

-Sim.

-Vai falar comigo ou prefere as suas...

-Com você. – Elesis levantou o rosto.

-Mas eu não sei se darei conselhos bons e...

-Não importa.

-Tá...

-Jin. – Elesis respirou fundo – Eu tomei uma decisão.

-Pode começar me contando tudo o que acontece para eu entender?

-Não.

-Tá...

-Farei algo e preciso da sua ajuda.

-O que você fará? Baterá em alguém? – Jin riu.

-Sim. – Elesis falou séria e o ruivo ficou assustado.

-Aconteceu algo? Alguém te bateu?! Pode falar que eu darei uma surra na pessoa que fez isso!

-Ninguém fez nada disso.

-Alguém te xingou então? – Jin tentava entender.

-Não, não foi nada disso. Tocaram no meu ponto fraco.

-Te fizeram sentir medo num lugar vazio?

-Como você sabe disso?! – Elesis ficou nervosa achando que Jin tinha visto tudo o que aconteceu.

-Você sempre ficou com medo quando estava sozinha e em lugares desertos. Lembro disso porque você ficou desesperada e muito assustada quando se perdeu de mim e acabou ficando sozinha na rua de noite. Ficou sentada no chão de cabeça baixa. Eu senti sua falta e voltei o caminho. Você tinha parado para ver alguma coisa e eu continuei andando. Quando te encontrei você me abraçou e pediu para nunca mais te deixar sozinha. Naquela época você era mais fofinha. Aí você cresceu. Sou seu irmão, eu sei dessas coisas.

-Nossa! Nem me lembrava disso.

-Pois é...

-Eles também me deixaram assim, sozinha e com medo, mas...

-Quem fez isso!? Matarei essa pessoa!

-Mas!!! – Elesis continuou – Eu irei fazer isso! Eu irei fazer com que a pessoa se arrependa do que fez e... – a ruiva colocou a mão na cabeça. – Que droga!

-O que foi?

-Você não ouviu nada do que eu disse. - a ruiva se lembrou do que a Rey falou para ela.

-Ouvi sim, não sou surdo.

-Ai ai... Depois eu a pessoa mais idiota de todos. Enfim, não conte para ninguém, tá entendendo? NINGUÉM!

-Entendendo eu estou e ficando surdo também. – Jin riu e fez a irmã rir também.

-Eu quero que você me ajude, não sei como me vingar dessa pessoa.

-Tem certeza que quer vingança?

-Talvez sim, talvez não. Vingança e justiça, pra mim tanto faz.

-Não é bem assim. Se vingar não é bom, fazer justiça... depende.

-Depende do quê?

-Você quer se vingar por capricho seu ou por que realmente essa pessoa merece?

-É claro que essa pessoa merece!

-Estou começando a me assustar...

-Não quero te assustar, quero uma ideia do que posso fazer.

-Hm... Bem, você pode... – Jin parou e olhou para cima – Não, melhor não.

-O que?!?

-Espera! Estou pensando... – o ruivo voltou a olhar para cima – Você pode... Mas isso é muito cruel...

-Sim! Fala! Fala!!

-Não. Eu acho melhor você... – Jin olhou para Elesis segurando o riso – É muito leve isso, deixa eu pensar em outra coisa...

-Jin, você está me irritando e minha paciência chegou no limite!

-Calma! Estou pensando... – o ruivo colocou a mão no queixo.

-Sei...

-Essa pessoa vai participar do Campeonato?

-Não sei, por quê?

-Elesis! Se você quer bater nessa pessoa, nada melhor que numa luta legal e na frente de muita gente, porém você terá que treinar muito e, essa pessoa, precisa ser menina, é claro.

-Nossa! Que ideia! Perfeito.

-Claro né? Eu que pensei. – Jin riu.

-Como se acha. – Elesis olhou séria para ele.

-Então vai participar do Campeonato feminino, né?

-Não, do feminino não. – a ruiva sorriu.

-Tá... Mas se você não vai lutar no grupo feminino, você... Ah não! Não irá fazer o que eu estou pensando?!

-Eu não irei fazer nada do que está pensando, pois não sei o que você está pensando. – Elesis riu mais ainda.

-É incrível essa sua mudança de humor.

-Incrível será o dia da luta.

-Mas você não vai participar do feminino, então como você vai se lutar no...

-Isso mesmo! É nesse grupo que estarei no Campeonato e eu tenho a plena certeza que ele também. Treinarei com toda a minha força e lutarei ultrapassando meu limite.

-Você está determinada e nada eu posso fazer para tentar te impedir, não é?

-Sim...

Jin voltou a se sentar no sofá e Elesis foi para o quarto, mas antes, o ruivo lhe fez uma pergunta.

-O motivo da sua demora foi por isso que aconteceu? E que te deixou assim?

-Sim.

-Você mandou a Rey me falar para ir embora enquanto estava na direção?

-... – a ruiva respirou fundo e mentiu – Sim.

-Tá bom.