A Carta escrita por Mabi


Capítulo 1
A Carta


Notas iniciais do capítulo

Existe uma coisinha muito, muito feia chamada plágio. E eu não quero ver isso com a fic.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/271745/chapter/1

Oi meu amor.

Como está o tempo aí, no exterior? Vi que, na previsão do tempo, indicava ter um sol lindo. Já aqui, nem sei se chove, se está nevando ou o que, porque, sem você meu anjo, está tudo cinza no meu mundo. Como é a cidade onde você está agora? Há alguns anos atrás, você em disse que poderia morar aí, pelo resto da sua vida, lembra? Que saudades daquele tempo.. eramos apenas amigos, mas você já havia me falado que gostava de mim. E eu, já havia me declarado para você.

Foi em um feriado em setembro. E, pelo que consigo me lembrar, no dia de sua viajem, fez exatamente um mês, que por MSN, você havia dito o que sentia por mim. E lembro que, depois de eu ter ficado offline, trocamos mensagens assim, por telefone. Nossa, você era tão carinhoso comigo, me fez acreditar mesmo que realmente me amava, e que todo esse "amor" que sentia por mim era real.

Meu lindo, me diga apenas, por que fizeste isso comigo? Nunca conseguirei entender direito o que houve. Só me recordo que, em algum canto na hora do recreio, eu e minhas amigas estavamos, como sempre conversando. E eu, de vez enquando virava a cabeça para o lado pra poder te ver. Minhas amigas, já sabiam do que eu sentia por você e do que você dizia sentir por mim. E já haviam lido nossos "troca-troca" SMS e nosso histórico do MSN. Não fazia ideia de que algo péssimo ia acontecer.

Eu estava lá e tal, na maior animação e espectativa de aquele ser o dia, em que algo importante, talvez fosse acontecer. Eu havia me abaixado para amarrar o all star, e quando me voltei para a posição em que eu estava antes, e olhei para você.

Acho que aquilo, foi a pior coisa que já vi. Ao te ver com as mãos na bunda dela, e as patas daquela vaca no seu pescoço, mexendo no seu cabelo, ganhei uma extrema vontade de chorar. De bater nela. E também de muito socar a tua cara pela raiva e pelo ódio que na minha cabeça fez passar. Minhas amigas, a salvação do meu dia, resolveram me tirar logo de lá. Não queria prestigiar aquela cena ridícula. E me levaram então, para a biblioteca da escola, e em meio aos livros elas tentaram me acalmar. Péssima ideia na minha opinião. Porque era lá, que, no meu ouvido, todo o dia você sussurrava uma nova declaração. Finalmente, decidimos ir pra um lugar, onde nenhum garoto tinha permissão para ir. O banheiro das meninas. Apenas cheguei e me olhei no espelho, minha cara estava horrível, de longe dava pra ver que eu havia chorado muito, tudo em vão, por que lágrimas não são atitudes, e nenhuma dor precisa de platéia.

Minhas amigas me ajudaram a lavar o rosto, eu tremia pois ainda estava muito mal. Depois ainda, deu tempo de retocar a maquiagem, que antes não apssava de um borrão preto. Bateu o sinal. O recreio acabou. Você estava subindo de volta para a sua sala. Eu estava na sua frente eu acho, porque antes de eu ir pra minha você puxou minha cintura para perto, beijou meu pescoço, e minha bochecha (na verdade, foi mais perto da boca). Lembro que falou um "eu te amo" baixinho, praticamente sussurrado no meu ouvido. Mentiroso! Como pode? Sério, eu nunca me senti pior. Nem nestes anos que se passaram, nunca sofri tanto quanto havia sofrido. Mas continuei te amando muito.

Recordo-me muito bem de como foi o resto do meu dia. Eu simplesmente cheguei em casa e subi correndo pro meu quarto. Enfiei a cara no travesseiro, e as lágrimas surgiram denovo. Foram duas ou três semanas me sentindo assim. Eu ia para a escola com um quilo de corretivo, e pó compacto na cara, para fazer sumir todos os vestígios de choro. Eu não aguentava mais ouvir suas mentiras.

O pior era que, pra mim, a errada da história era eu. Nunca fui muito femenina, sempre usei tênis, camisetas. Calças mais largas e amassadas, ou jeans. Cabeço liso e oleoso as vezes, e californeanas no cabelo, demonstrando rebeldia. E quanto a maquiagem, olha era só lá raramente e as vezes. E também era sempre a mesma coisa. Lapis de olho, junto com rímel. E pra completar era gloss incolor. Só pra ficar com cara de rebelde, acho que era isso o que você pensava, mas foda-se, nunca quis saber de ninguém a opinião.

Já ela, olha, um luxo só. Sapatilha delicada, e unhas de contraste rosa piink com outro bem mais clarinho. Babyliss no cabelo. Arquinhos, fitinhas e lacinhos.. Vestidinhos azuis, lilás e rosa. Com rendas, babadinhos, glitter,lantejoulas ou porpurina, seilá. E a maquiagem, era rosa também. Ela era a garota perfeita. Era ela que você queria, e não a mim.

Me distanciando de você, eu fui fazendo assim. Mas, olhe, se responder a carta, não precisa me contar as novidades. Eu fiquei sabendo de tudo o que tem acontecido aí, na sua vida. Já estou ligada sobre a história, da traição dela, com aquele seu melhor amigo idiota. Sei que você virá aqui, nesta cidade denovo. E acho que, sabe que o endereço continua o mesmo, e se não souber é só olhar no envelope desta carta. Então, ja sabe, se quizer vir me visitar.

Meu amor, só quero que saiba, que eu ainda te amo muito, mesmo com tudo o que me fizeste passar, ao longo destes anos.

Um beijo e mil abraços, para você meu amor

Com todo o carinho existente do mundo,

Sua linda *-*

Em seguida, ela releu a carta, e ficou com lágrimas nos olhos ao lembrar de todo o sofrimento havia passado. Pegou uma vela, e acendeu-a. As lágrimas transbordaram já havia muito tempo. Ela queimou a carta. E todas aquelas palavras viraram cinza. Ele nunca soube daquela carta que havia sido queimada. No lugar daquela, ela apenas enviou um papel pequeno, com poucas palavras: "Se precisar de ajuda, pode contar comigo, abraços." Ciente de que ele não queria mais nada com ela, foi ao correio, e levou a carta. Ao voltar, viu a vela, arrecém apagada. Lembrou novamente do que havia passado e, ficou com muita raiva. Em seguida, ela mutilou-se. Os braços dela, haviam virado sangue puro e carne viva. Aliviou a culpa. Não suficientemente bem com isso, ela se matou. Deixou-se afogar dentro de uma banheira, com a própra roupa preta que estava, aquela autura, suja de sangue. Enquanto isso ele pegava um avião, e voltava para a sua cidade natal. A água era gelada, ela apenas fechou os olhos, e deitou-se dentro dela. Quis deixar a morte levá-la. O avião pousou. Direto do aeroporto, ele pegou um táxi, e seguiu para a casa dela. Tocou a campainha. Bateu na porta. Tocou a campainha denovo. Arrombou a porta. Procurou-a nos comodos do andar de baixo, não a encontrou. Subiu para o segundo andar. Procurou-a no quarto, e não a viu. Sentiu o cheiro de sangue, olhou para a porta do banheiro. Viu que aquela água gelada havia se misturado com o sangue que ainda havia no braço dela, depois de mutilar-se. Apavorado, queria fazer entrar na sua cabeça que ela havia apenas desmaiado, e pegou o seu pulso direito para ver-lhe os batimentos do coração dela. Não batia. Mas claramente, em seu pulso, ainda dava para ver, o corte com as iniciais do nome dele.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

|-Malfeito Feito ||- Nox |||-Desaparata



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Carta" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.