Estava em um corredor claro, bastante iluminado. Não me lembro de ter chegado ali então comecei a andar a procura de alguém que me pudesse dizer como cheguei naquele lugar. No final do corredor vi uma mulher vestindo uma roupa branca, que me parecia ser uma enfermeira. Corri até ela, e lhe pergunto:

-Moça, por favor... Pode-me dizer onde estou? –ela estava lendo uma prancheta medica e não me dá atenção-

-AH doutora Simone! –ela sorri se dirigindo a outra mulher- Pode dar uma olhada nessa ficha? Eu creio que esta ficha pertença a outro paciente, mas Gregory deve ter trocado. Esta não é a sua paciente?

-Ah me deixa dar uma olhada. –diz a mulher-

-Hey, alguém pode me dar uma informação? –digo próxima as duas que não me olham- Tá de brincadeira...

Virei-me para outra direção, e avistei outro médico saindo de uma sala, então imaginei que ele poderia me dar atenção. Fui até ele, que continuava andando na minha direção sem erguer os olhos. Eu tentei perguntar mais uma vez:

-Doutor, meu nome é Valerie e eu não sei o que tá acontecendo, pode me dar alguma informação?

Ele olhou na minha direção, e parou, fiquei aliviada de alguém prestar atenção em mim. Porem, ele franziu a testa, e se virou outra vez, voltando a sala anterior, e me deixando ali sozinha. Andei por quase todo o hospital, atrás de informações sobre os motivos por eu estar ali, e ninguém querer falar comigo. Mas todos para quem eu perguntava, pareciam simplesmente não me ver nem me ouvir. Então me dirigi ate o terceiro andar, tentando descobrir sozinha...

Senti-me sozinha, e confusa. Não conseguia entender o que estava acontecendo, e a falta de respostas me deixava nervosa. Então me sentei em uma escada, abraçando minhas pernas enquanto pensava.

Ninguém falava comigo, nem me olhava. E aquilo era assustador. Ergui o rosto enquanto três pessoas passavam por mim, subindo as escadas. Depois olhei na direção do corredor do hospital e vi Jimmy andado como se estivesse tão perdido quanto eu, e seus olhos estavam fixos em ponto algum, como se fosse um zumbi.

Me levantei e corri até ele, rezando pra que pelo menos ele me visse e me ouvisse.

-Jimmy? –eu chamei por ele, enquanto o vi se virar pra mim-

-Valerie? –ele parecia surpreso ao me ver-

Corremos na direção um do outro e nos abraçamos...

-Graças a Deus voce pode me ver! –eu disse agarrada a ele-

-Pensei que voce tivesse me deixado... –ele disse tocando meus cabelos-

-Não entendo por que as pessoas não me respondem. –disse desesperada- Tentei falar com todos, mas eles me ignoram...

-Eles não podem nos ver... –e ele responde com olhar triste-

-Por quê?

-Vem comigo... –ele segurou minha mão e me levou ao longo do corredor-

Subimos-nos algumas escadas, ate estarmos em um novo corredor. Então Jimmy me levou até um dos quartos, e me fez entrar. Quando me aproximei da cama, vi Jimmy deitado sobre ela, com tubos e uma porção de aparelhos colados ao corpo. Ele estava muito machucado.

-Como? –perguntei sem entender-

-Aquilo é a única coisa que tá me mantendo vivo... –ele aponta para um aparelho no canto da sala-

-O que aconteceu com agente? –disse assustada-

-Acho que estamos... Fisicamente mortos... –ele me olha sério- Sem esses aparelhos, não acho que estaríamos aqui...

-Voce me viu? –perguntei ainda abalada-

-Voce está no outro andar... –ele toca meu rosto- Não sabia que encontraria voce aqui...

Eu abracei-o com força, vendo seu corpo deitado sobre aquela cama.

Nós dois saímos dali, e fomos ate onde estava meu corpo.

Quando entrei vi minha mãe sentada ao meu lado, segurando minha mão. Fui ate ela e disse:

-Mãe! –eu sorri tentando tocar seus cabelos- Mãe olha pra mim, eu to aqui...

-Ela não vai te ouvir... –disse Jimmy fazendo a volta na cama e me olhando-

 -Eu sinto muito minha filha... –ela começa a chorar- Não deveria ter deixado voce com seu pai... Perdoa-me...

-Mãe, não foi culpa sua... –eu tentei segurar a mão dela-

-Eu te amo tanto minha criança...

-Eu tambem te amo mãe... –senti uma sensação de vazio por dentro-

Ela se vira chorando, e então passa através de mim. Ela para na porta do quarto, olhando meu corpo, com lagrimas nos olhos e então sai. Viro-me e vejo meu corpo sobre a cama. Meu estado parecia ainda pior do que o de Jimmy. Haviam aparelhos ligados a mim, mantendo minha respiração, e tambem meus batimentos cardíacos.

Jimmy estendeu a mão sobre meu corpo, para que eu segurasse-a. Naquele momento eu soube que as chances de voltar à vida, e ver as pessoas que eu amava, eram praticamente nulas. Imaginei que Jimmy e eu, jamais poderíamos concretizar nossos planos. Ao menos não da maneira como queríamos.

Segurei a mão dele, e então saímos daquele quarto. Dirigimos-nos até o saguão principal do hospital. Vimos nossas famílias separadas apenas por algumas cadeiras nas salas de espera. Meu pai, assim como o pai de Jimmy estavam sentados de cabeças baixas, e pareciam inconformados pela situação dos seus filhos.

Jimmy e eu nos olhamos, e depois saímos do hospital. Andamos pela rua de mãos dadas, como jamais havíamos feito antes. Passamos por muitos lugares, ate estarmos de volta a catedral. E foi lá, em frente à cruz diante do altar que Jimmy e eu frente a frente, unimos nossas mãos e olhando um nos olhos do outro fizemos um juramento:

-Ainda que nossos corpos não sejam mais capazes de andar por este mundo. –Dizia Jimmy- Eu prometo Valerie Scotfield que voce terá meu amor, por toda a eternidade...

-Eu vou te amar pra sempre Jimmy Duckovsk... –eu toquei o rosto dele- Até que a morte nos separe...

Jimmy sorriu olhando em meus olhos, então levando suas mãos até minha cintura, ele me puxou pra perto dele. Nossos lábios se tocaram, em um beijo calmo, e sem pressa. Teríamos um tempo desconhecido pela frente, no qual poderíamos em fim ser livres, em qualquer lugar... Viveríamos nosso amor, mesmo que de uma maneira tão triste e solitária. Tínhamos um ao outro, e nada mais agora... Mas isso era tudo que precisávamos... Assim nosso amor, perpetuaria ate que nossos corpos fossem despertos, ou totalmente desligados...

Xxx FIM xxx

Musica para encerrar o capitulo:

- Be Still – The killers