Madeira e Prata escrita por Bells


Capítulo 4
28/29.07.2815 – Parte Um




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Mactíre

Acordei e já era noite lá fora, olhei para Fola e ela inda dormia, como um anjo, como sempre... Olhei para o teto da caverna e respirei fundo pensando na vida, na guerra e no mundo. Não fiquei sozinho por muito tempo, Fola começou a acordar, apesar de ela não abrir os olhos é fácil dizer quando ela acorda, já que começa a se mexer bastante, até finalmente abrir os olhos e lançá-los em minha direção, sorrindo, sempre sorrindo.

“Boa noite, Mac.”

“Boa noite, Fola. Como passou a noite?”

“Bastante bem, e você?”

“Normal de sempre.” Ela acenou com a cabeça enquanto ficava sentada, me sentei também. Ela olhou para fora da caverna e viu a noite tomando a floresta, então ela levantou e me puxou pela mão.

“Vem, vamos ver as estrelas...”

Fola tem o seu jeito simples e cativante, nunca esperaria um convite desses, mas simplesmente sorri e deixei que ela me levasse até o topo de uma árvore para uma melhor visão do céu.

“Acho que eu deveria ir embora, sabe Mac, mas as estrelas estão tão bonitas essa noite... Por isso acho justo ficar mais um pouco.”

Concordei com a cabeça. Algo me incomodava e eu sabia exatamente o que era. Mas como eu iria pedir uma coisa dessas para ela? É claro que ela diria que não. Diria? Não custava tentar? Quer dizer, perguntar não ofende, mas será?

“O que houve, Mac? Você está tão pensativo hoje.”

Ela e esse dom de saber exatamente o que eu tinha, óbvio que não podia mentir para minha melhor amiga, não em cima de uma árvore sob um céu tão lindo. Hesitei um pouco mas então eu disse.

“Bem, é que eu precisava te pedir uma coisa. E... Eu não sei bem o que você vai me dizer a respeito. Na verdade eu até tenho uma ideia, mas é que eu realmente preciso perguntar e...”

“Fale logo Mac, estou ficando curiosa.”

“Tudo bem, tudo bem.” Peguei suas mãos, não sei, talvez passasse um pouco mais de confiança, acho que mais dela pra mim do que ao contrário. “É que eu precisava perguntar se você poderia... Não sei... Talvez... Me dizer algumas coisas, pequenas coisas, sabe, sobre o território dos vampiros...”

“Você está louco, Mac?” Ela disse puxando as mãos e perdendo o sorriso que tinha no rosto. “Você acha mesmo que eu faria isso? Me diga, você faria se fosse o contrário?”

Abaixei a cabeça envergonhado, é claro que não faria e ela sabe disso. Mas o que eu poderia fazer? Eu tinha uma missão, e precisava cumprir... Mas como?

“Olhe, Mac, quando você quiser pedir coisas estranhas pense antes se você faria. Acho que assim podemos evitar esse tipo de constrangimento.” Ela desceu da árvore e sorriu pra mim. “Agora tenho que ir... Nos vemos mais tarde.” Ela sorriu mais uma vez e então saiu correndo.

Fiquei mais um tempo sentado naquele galho. Céus, como eu voltaria pra matilha de mãos vazias? Eu disse que conseguiria uma informaçãozinha que fosse. Mas como pude ser tão idiota de arriscar minha amizade com Fola com uma coisa dessas. Claro que ela nunca diria nada. Ela não ficou chateada, pelo menos não muito, claro, ficou calam depois de dizer que eu era louco, mas não reclamou muito mais, menos mal.

Desci da árvore e segui no sentido oposto ao de minha amiga, direto para a matilha. Cheguei e os seguranças abriram as portas, minhas roupas eram típicas demais para que me questionassem. Pensei em ir direto para o meu quarto e esperar ser convocado para reportar o fracasso de minha ideia, mas achei melhor encarar isso logo de uma vez, então desviei para o corredor que me levaria para o centro de comando ao invés do dormitório.

Respirei fundo diante da porta, tomando coragem pelo que vinha pela frente e então entrei. Lá dentro estava Etoile, nossa general de cabelos e olhos tão negros quanto a noite, com blusa e calça marrom, o sobretudo castanho e um temperamento explosivo. Minha presença na sala foi o suficiente para chamar sua atenção.

“Senhor Mactíre, espero que tenha boas notícias.”

“Senhora Etoile, sinto em dizer que minhas notícias não são as melhores.”

Ela me olhou de cima a baixo com nojo depois de me ouvir e então despejou com desprezo:

“Você prometeu informações valiosas, e chega me dizendo que não as têm?!?!?! Bem, senhor Mactíre, é melhor o senhor ter essas informações. E logo. Você tem uma semana para me trazer o que prometeu, ou pelo menos um plano aceitável para conseguí-las. Entendido?”

“Mas senhora, semana que vem é de lua cheia.”

“Não me importo, isso é problema seu. Traga-me o que eu quero ou sofra as consequências. Entendido?”

“Sim, senhora.” Respondi cabisbaixo.

“Ótimo. Dispensado então.”

Saí sem reclamar e sem me demorar mais um segundo sequer. Estava ferrado na mão daquela mulher se não aparecesse com uma ideia. Boa. E logo. Então fui para o meu quarto, esperar a usuais transformações da última noite antes da lua cheia.

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Fola

Que porra de ideia louca foi aquela do Mac? Pedir segredos do império vampiro? O que deu na cabeça dele em me pedir algo assim? Mas bem, ele nunca pedira nada assim antes, ele deve ter tido um motivo muito bom. Ele tem que ter tido.

Cheguei nos portões do império e entrei, como fazia no inicio de todas as noites. Sorrateiramente fui até o meu quarto, aproveitando que a essa hora apenas poucos estavam de pé e esses poucos estavam na cozinha, os vampiros menos capazes de ir pra guerra ou serem professores se tornam empregados ou se tiverem sorte, seguranças do castelo. Corri até o meu quarto, louca por um banho e por roupas limpas. Abri minha porta esperando encontrar sossego mas apenas ouvi a voz de minha mãe falando com meu pai.

“Argos, onde será que ela está?”

“Eu não sei, Artemisy, eu não sei.”

Tentei fechar a porta em silêncio, para ouvir o que fossem dizer, mas não consegui e atraí o olhar dos meus pais, e a frase do meu pai que me fez sentir um arrepio cruzar a espinha.

“Fola, precisamos conversar.”



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