Fola

Sem palavras para descrever a sensação de ser amada, sem palavras para descrever a minha felicidade, sem palavras para descrever a noite mais perfeita que vivi, e também a mais errada.

Mac, deitado sob mim, me olhava curioso e carinhos, enquanto desenhava caminhos nas minhas costas ainda nuas. Foi quando ele viu que eu acordei, que ele percebeu que apesar de feliz havia algo de estranho em meu rosto.

“O que foi minha linda, algo de errado?”

“Sim... Não... Quer dizer, mais ou menos.” Mas isso apenas o fez rir e me puxar para um caloroso beijo de bom dia.

“Algo que não possamos resolver? Duvido.”

“Bem... É só que... Estou com medo...”

“Medo de quê?”

“Mac, você já deve ter percebido que vampiras morrem viúvas e nunca, jamais se casam de novo. Isso é porque, existe algum tipo de mecanismo interno no qual nós, vampiras, só nos tornamos férteis com o primeiro homem que nos possui, e isso de alguma maneira nos faz amar incondicionalmente nossos maridos e nenhum outro homem depois dele.”

“Mas por que você está me dizendo isso?”

“Por que eu estou com medo Mac, você não é vampiro, e eu já amava você antes, e agora, ainda mais, mas eu não sei o que isso pode significar. Eu gostaria de ser mãe um dia, mas se for pra ficar com você eu não me importo, mas e se mesmo com as nossas diferenças ainda sim tivermos filhos, que tipo de monstro essa criança vai ser? Você entende?”

“Entendo perfeitamente, mas acho que não devemos nos preocupar com isso agora. Vamos simplesmente viver uma noite após a outra e ver onde isso vai nos levar, certo?” Concordei com a cabeça e ele continuou. “Tem água limpa na sua banheira, está gelada, mas não me importo, vamos tomar um banho juntinhos e depois tomar um bom desjejum. Estou faminto.”

Concordei mais uma vez então me levantei da cama e o segurei pela mão, caminhamos até o banheiro e entramos na água fria, tremi um pouco no início, mas logo o corpo quente de Mac me esquentou e não houve mais problemas.

Depois de um longo e divertido banho, me enrolei em uma toalha e escolhi um vestido, algo entre o roxo e o vinho, com uns detalhes em renda preta, Mac se vestiu com as mesmas roupas do dia anterior, mas estavam um pouco amassadas,sujas e rasgadas, então o convenci a passar no quarto dele para pegar uma melhor. Chegamos lá e passamos por uma nova sessão de carícias rápidas, depois que ele trocou de roupa.

Caminhamos de mãos dadas até o grande salão, sem medo que as pessoas nos vissem assim, mesmo que esses nos olhassem assustados e comentassem entre si, mas a inveja alheia não me importava então continuei de cabeça erguida e sorridente, até chegar à mesa onde meus pais e Hugh estavam sentados.

“Boa noite! Que caras tristes são essas?” Cheguei rindo e brincando, mas assim que nos sentamos percebi que o olhar dos três era o mais devastado possível, mas este se tornou descrente assim que nos viram sentados ao seu lado. “O que foi, gente, parece que vocês viram um fantasma. Vocês estão começando a me assuntar.”

Mamãe foi a primeira a soltar os talheres e chorando me abraçou forte, me puxando para si. “Ai, mãe, você está me sufocando.” Reclamei, mas não fiz efeito sobre minha mãe que continuou me abraçando, apertando cada centímetro do meu corpo, conferindo se eu estava realmente ali.

“Eu não acredito, é você mesma?” Mamãe só me soltou para olhar nos meus olhos enquanto fazia a pergunta.

“Eu não entendo, por que não seria?” Ela começou a chorar e me abraçou novamente.

“Anh... Alguém pode nos explicar o que está acontecendo aqui?” Mac estava tão perdido quanto eu, mas pelo menos ele não estava sendo sufocado pela própria mãe.

Foi meu pai quem se dignificou a responder nossas perguntas, enquanto mamãe continuava soluçando, apertando forte minha cabeça contra seu colo enquanto me sacudia, como se eu fosse uma boneca. “É que, bem, ontem o fim da noite foi complicado, o sol estava quase nascendo quando Dibucky bateu em nossa porta, eu já estava quase pegando no sono, mas ele foi insistente e então eu levantei para atender. Sem nem ao menos pedir licença ele já foi entrando no quarto, o rosto vermelho e os olhos cheios de lágrimas, ele levou um tempo para começar a falar e pouco antes dele começar eu olhei para o relógio, impaciente, eram sei e dez da manhã. Mas foi aí que ele começou pedindo imensas desculpas por me apontar como principal suspeito da morte do pai dele e por fazer da minha vida um inferno depois disso e principalmente por ter planejado uma vingança contra mim. Fiquei sem reação mas ele continuou antes que eu pudesse perguntar qualquer coisa, a essa altura sua mãe já estava desesperada do meu lado, ele disse que tinha preparado sua morte e a do senhor Foster também, e que a culpa cairia sobre ele já que teoricamente ele teria fugido para não ser punido pelo seu crime. Mas ao descobrir que a própria irmã era a responsável pela morte do pai dele ele se desesperou e matou a desgraçada e correu para longe, esquecendo completamente de te soltar e naquele momento já seria tarde. Ele puxou a arma para se matar mas eu segurei sua mão. Artemisy gritava assustada e desesperada, chamando a atenção dos guardas que vieram e levaram Dibucky para a prisão. Mandei que fizessem ele levar os seguranças até o local do cativeiro assim que a noite caísse, mas o desgraçado se enforcou na sela usando a gravata, então, alguns sentinelas estão fazendo uma busca por qualquer lugar que possa receber luz durante o dia e que sirva de esconderijo. Filha, você não sabe como fico feliz em ver que você está bem.” Então ele veio me abraçar, fazendo com que minha mãe me soltasse um pouco. Hugh se juntou a esse abraço em grupo e puxou Mac para perto.

Depois de um tempo assim, meu pai se levantou, foi até o palco do salão, onde os músicos tocavam as mesmas músicas clássicas de sempre, e chamando a atenção de todos gritou:

“Minha filha está viva!!!!!!! Uma rodada do melhor sangue com o melhor vinho para todos! Vamos comemorar que minha filha está viva!!!”