A Profecia: Guerra Nos Campos De Tandara escrita por MisuhoTita


Capítulo 2
A Queda de Samir




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/271322/chapter/2

Do lado de fora do castelo, pessoas correm desesperadas, tentando salvar suas vidas, guerreiros exibindo um escudo de uma mão envolta em chamas, símbolo da Legião Maligna de Perrin, atacam sem piedade. Estes guerreiros trajam armaduras negras com o símbolo da mão em chamas, levam com eles espadas e lanças, e atacam sem piedade as pessoas que ali se encontram.

A bela lua cheia some no céu, pois grandes criaturas aladas emergiram das sombras para cobrir o mundo com o terror de seus gritos. Animais alados que lembram dragões, de pele negra e escamosa sem nenhuma pelugem, asas monstruosas que fazem barulho e espalham um vento forte e frio quando batem no céu. Estes animais são montados por cavaleiros Negros, homens que usam uma capa negra por cima da armadura e que parecem adestrar como ninguém os animais, indo em voos rasantes na direção das pessoas que estão correndo alucinadas de pânico, tentando salvar suas vidas.

Os animais alados começam a dar voos rasantes, porém, não na direção das pessoas, e sim em direção aos muros do castelo. Muros que parecem intransponíveis para pessoas comuns, porém não para aquelas que estão dispostas a invadir aquele local.

Enquanto os animais alados atacam os muros do castelo, os soldados da Legião Maligna de Perrin continuam atacando as pessoas. Umas fogem, mas outras são ousadas o suficiente para ficar e lutar. Como uma bela jovem de cabelos ruivos, vermelhos como o fogo. Seus cachos vermelhos voam por seu belo rosto juvenil, os olhos cor de mel emanando uma fúria incandescente enquanto ela esbarra em um soldado da Legião maligna que aponta uma lança em direção a seu peito.

― Posso te matar a qualquer momento! – diz o soldado da legião maligna – Acho melhor você se render!

― Me render nunca! – diz a jovem, sem se importar com a lança apontada para seu peito – Prefiro morrer a me render sem lutar!

O soldado ri para ela de forma cruel. Como era tola, achando que poderia vencer a força das trevas mais poderosa que o mundo de Tandara já conheceu.

― Então terá seu encontro com a morte, tola criatura! – diz o soldado, se preparando para ataca-la.

Porém no momento em que tenta atingir a jovem com sua lança, um golpe certeiro e rápido atinge seu braço, cortando-o e fazendo seu sangue jorrar, gotas de sangue pingam pelo rosto da jovem, enquanto o guerreiro urra de dor pelo golpe recebido. Ele olha para trás e vê o que o atingiu, uma espada, sendo portada por um guerreiro alto de cabelos loiros como o sol, e olhos azuis como um fim de tarde, que mostram toda sua ira contra aqueles soldados do mal.

― Não tente tocar em um fio de cabelo dela! – diz o guerreiro para o soldado ferido – Ou irá se arrepender amargamente do dia em que nasceu!

O guerreiro da Legião Maligna olha furioso para o homem que cortara seu braço, com a outra mão, tenta sacar sua espada, mas o guerreiro loiro é mais rápido e, com um golpe desferido em grande velocidade, corta a cabeça de seu inimigo, dando um fim à sua vida.

Após livrar-se do inimigo, o guerreiro loiro volta-se para sua amiga.

― Você está bem, Nadja? – ele pergunta, em tom preocupado.

― Estou, Oliver. – responde à ruiva – Mas não precisava vir me ajudar, eu ia dar um jeito sozinha na situação.

― Ia mesmo? – pergunta Oliver em tom zombeteiro – Pois me parecia que você estava bem encrencada, querida!

A ruiva olha ao redor, e percebe que mais quatro guerreiros malignos vêm na direção deles. Ela sorri para seu amigo.

― Ia, do mesmo jeito que vou dar agora. – ela diz – Se prepare, Oliver, eles estão chegando. Gladius lucis!!!*

Ao fazer tal invocação, uma luz surge nas mãos de Nadja, e desta luz surge uma espada incandescente, a jovem se coloca em posição de combate.

― Se você queria uma luta, agora a tem. – diz Oliver, preparado para o combate.

― Deixe de falar abobrinhas e prepare-se para lutar. – diz a ruiva, com um sorriso no rosto.

― Querida, eu nasci pronto para este momento.

E após pronunciar tal frase, os guerreiros começam a atacar com lanças e espadas o casal, que não perdem tempo em revidar o ataque.

 

 

*****

 

 

No salão do castelo onde se encontram o rei, a rainha e o mago olham preocupados para o guarda, enquanto ouvem os sons de batalhas do lado de fora do castelo. Madelaine aperta com força o pequeno corpo de sua amada filha, querendo protege-la de todo o mal.

Samir não tem tempo para pensar em nada, a não ser em lutar contra quem quer que esteja invadindo os seus domínios e proteger a sua filha. Suas mãos automaticamente vão para a espada sua espada embainhada em sua armadura.

― Mande todas as tropas para os portões do castelo. – diz o rei ao guarda – Quero que todos lutem e defendam nossas muralhar.

― Sim, majestade. – diz o guarda antes de se retirar.

Lamar olha sério para seu amigo, e o rei rapidamente entende o sinal dado pelo mago. Sabia que tinha que ir à luta, que tinha uma dura batalha pela frente.

― Madelaine, eu quero que você fique aqui com Elie. – diz o rei, de forma terna – Eu preciso ir para a batalha.

Madelaine olha com o coração transpassado para seu marido, enquanto continua apertando o pequeno corpo de sua filha contra seu peito. Algo dentro dela lhe diz que isto não terminará bem.

― Tome cuidado, Samir. – diz a rainha.

Com lágrimas nos olhos, Madelaine vê Samir e Lamar partirem para a batalha que acontece do lado de fora do castelo, sem compreender porque isto tem que acontecer em uma noite tão importante como a noite de hoje.

Seu coração de mãe chora, pois sente que a vida de sua amada filhinha está em perigo. Como que adivinhando seus pensamentos, a criança em seu colo estende o bracinho e puxa um cordão de prata com um pingente em forma de uma estrela de oito pontas branca, a estrela de seu povo.

― Vai ficar tudo bem, Elie. – diz a rainha, sorrindo para o bebê em seus braços enquanto lágrimas caem de seus olhos.

 

 

*****

 

 

Nadja e Oliver continuam lutando contra guerreiros e mais guerreiros que os atacam sem parar, a jovem ruiva com sua espada de luz, dando golpes e mais golpes contra os seres malignos que vem a seu encontro, sem se importar com as gotas de suor que caem por seu rosto. Tudo o que lhe importa é lutar e defender as pessoas que precisam ser defendidas.

Um guerreiro a ataca com brutalidade, tentando acertá-la com uma lança em algum ponto vital. Para desviar, ela se abaixa com muita rapidez, e a lança apenas passa de raspão, fazendo com que ela suspire aliviada.

Mas ela não tem tempo para descansar, pois o guerreiro volta a ataca-la com a lança, em golpes sucessivos que ela tem dificuldade para desviar.

E enquanto Nadja enfrenta um único adversário, Oliver está em maior dificuldade, pois, três guerreiros o atacam ao mesmo tempo, deixando o loiro em uma grande desvantagem.

― Então você acha mesmo que pode derrotar guerreiros da legião Maligna de Perrin? – pergunta um de seus adversários.

― Posso. – responde Oliver ao mesmo tempo em que ataca um dos guerreiros com sua espada.

O guerreiro desvia do golpe com maestria, mas outros dois guerreiros o atacam por trás, desferindo golpes de lanças em suas costas, que começam a sangrar imediatamente. A força do golpe recebido é tão grande que faz com que Oliver caia de joelhos no chão. Não satisfeitos, os guerreiros continuam o ataque, e preparam mais lanças para desferirem em Oliver, que devido à dor não tem tempo para desviar.

 

 

*****

 

 

Em um dos salões do palácio, Samir e Lamar estão com espadas em mãos, prontos para partirem para o ataque, prontos para colocarem suas vidas em risco para proteger aqueles que amam.

Os dois escutam o forte barulho de uma explosão, e sabem que os muros do castelo foram derrubados. O terror começa a dominar Samir ao mesmo tempo em que rei e mago escutam passos de um exército invadindo o castelo.

― Então começou... – Lamar sussurra, mais para ele do que para o rei.

As tropas do rei começam a atacar os guerreiros inimigos, espadas contra lança em lutas corporais formidáveis. Nenhum dos dois lados teme a morte, a acertar o inimigo e se deixar ser acertado por golpes violentos de espadas e lanças, sem qualquer tempo para defesa. É ver seu companheiro cair morto a seu lado e só ter tempo para desferir um golpe em seu inimigo e se preocupar com sua própria vida.

E enquanto os dois grupos de soldados lutam desenfreadamente, os animais alados que estão no céu dão mais voos rasantes, em direção à outra parede aparentemente instransponível do palácio, eles se chocam uma... Duas... Três... Quatro vezes em vão, até que finalmente conseguem fazer uma pequena rachadura em um muro que parecia aparentemente impossível de se destruir.

Diante de tal brecha, os animais alados continuam o ataque, abrindo suas bocas e lançando chamas na direção do muro, aumentando assim o dano ao grande muro. Os animais dão mais voos rasantes, em direção ao grande muro, e ele se destrói de vez.

Das costas dos animais descem três pessoas, um homem austero, de pele branca, porém um pouco queimada de sol, bastante musculoso, um metro e noventa de altura, olhos negros como ocre e que brilham de tanta maldade, com armadura negra e uma espada embainhada. Seus cabelos negros até a altura dos ombros estão soltos e em seu rosto a barba por fazer completam um visual arrepiante e que assusta quem o vê.

A segunda pessoa é uma mulher. Possui a pele no mesmo tom do homem, cabelos igualmente negros em cachos rebeldes que caem até o meio de suas costas, usa uma armadura muito parecida com a do homem e também carrega uma espada. Seus olhos também são negros e cheios de maldade.

E, a terceira e última pessoa é uma criança, um menino que aparenta ter um pouco mais de dez anos de idade, também usa uma armadura mas, ao invés de uma espada, carrega clava, com um pontas tão afiadas capazes de rasgar a pele de quem o tocar. O menino tem os mesmos olhos negros do homem e da mulher, tão novo e tão cheio de maldade. Possui cabelos negros iguais aos do homem, e ele olha aquela cena de destruição totalmente satisfeito.

― Quando vamos tomar posse do meu reino? – pergunta o menino aos dois adultos.

― Calma, Raffi. – responde a mulher – Primeiro precisamos dar cabo do rei Samir e da rainha Madelaine. Assim como da criança que eles acham que será rainha!

― Você governará Tandara quando for adulto e estiver pronto, Raffi. – responde o homem – Enquanto isso eu e sua mãe tomaremos o poder à força, pois somos os líderes da Legião Maligna de Perrin, e o trono de Tandara é nosso por direito!

― Meu filho. – continua a mulher – Você está diante do rei Hannes e da Rainha Valence, pois a partir deste momento estamos reivindicando o trono de Tandara.

― Agora vamos. – diz Hannes – Temos uma princesa para assassinar e um trono para usurpar!

Os três caminham pelos corredores do palácio, ouvindo o som da batalha, seus homens tomando a força o poder que devia ter sido de seu povo há muito tempo. E em um destes corredores eles encontram com espada nas mãos e prontos para o combate o rei Samir e o Mago Lamar.

― Isso vai ser divertido. – diz Hannes, sacando sua espada e indo de encontro ao rei, a fim de começar um ataque.

 

 

*****

 

 

― Scutum lux!!!** – Nadja evoca, e então um escudo de luz se projeta na direção de Oliver, impedindo que o guerreiro seja atingido por seu inimigo.

Porém esta tentativa de proteger o amigo custa caro a jovem, pois seu inimigo crava uma lança em seu ombro direito, atingindo seus tendões e fazendo com que ela derrube a espada de luz que segura, a espada some ao cair da mão da guerreira.

― Droga...! – diz Nadja, enquanto percebe que seu inimigo pretende atingi-la mais uma vez.

Sem a espada, tudo que ela pode fazer é desviar-se do golpe, e, mesmo em desvantagem, ela tenta dar uma rasteira em seu inimigo, que, pego de surpresa por este golpe, acaba caindo ao chão, dando a ela tempo de ir de encontro a Oliver, que luta contra dois guerreiros ao mesmo tempo.

Ela sente dor no local em que está machucada, e instintivamente leva suas mãos ao ferimento, que não para se sangrar.

Oliver pega sua espada e tenta acertar em vão vários golpes em seus adversários, mas não tem muito sucesso, pois o cansaço por conta do ferimento começa a dominá-lo. E mais guerreiros chegam para encurralá-lo. Nadja se junta a ele e os dois percebem que estão cercados por dez guerreiros que apontam suas lanças na direção do pescoço dos dois.

― Estamos encurralados. – diz Oliver.

― Tem algum plano para sairmos dessa? – pergunta Nadja.

― Calma aí, eu tô pensando!

― Melhor pensar depressa, ou seremos mortos.

― Não precisa me lembrar deste detalhe.

Os guerreiros não dão tempo para os jovens pensarem em como sair da armadilha em que foram encurralados, e lançam suas lanças afiadas contra os dois. Instintivamente, Oliver se abaixa e puxa Nadja para que ela faça o mesmo, livrando-os de terem suas vidas tiradas.

Mas eles não têm tempo e quando se levantam novamente, continuam sendo atacados. Nadja não tem forças para usar uma nova invocação e em um movimento corajoso, segura com sua mão a ponta de uma lança no momento em que ela vai ser atacada.

― Não sou tão indefesa quanto pareço. – Nadja diz com um sorriso triunfante.

Ela dá um chute em seu inimigo, e paga a lança dele para si, sem se importar com o sangue que escorre em suas mãos.

― Pronto, consegui uma arma.

― Ótimo, Nadja, porque mais destes guerreiros estão vindo para nos atacar!

 

 

*****

 

 

As espadas do rei Samir e de Hannes colidem, fazendo um grande barulho, tamanha força que os dois colocam em seus golpes. Os dois olham um dentro dos olhos do outro, os olhos azuis de Samir mostrando a determinação que ele tem em proteger aqueles que amam, e os olhos negros de Hannes mostrando que ele não desistirá. Lamar observa os movimentos de Valence e Raffi, que ficam impassíveis, parados como estátuas assistindo a luta frenética dos dois homens.

Uma inquietude transpassa o coração do Mago, e ele sabe que as coisas podem estar prestes a piorar, que aquela mulher e aquela criança não estão ali, parados à toa, que eles têm um ousado plano muito bem escondido.

E, como que para completar os pressentimentos do mago, uma explosão acontece em uma das paredes daquele salão, e em meio a fumaça e as cinzas uma mulher trajando um vestido negro surge, cabelos lisos e cor de mel, na altura dos ombros e olhos negros cheios de maldade. A atenção dela se volta para Lamar.

― Há quanto tempo, Lamar. – diz a recém-chegada com um sorriso cruel sem seus lábios.

― Bernadette. – diz Lamar sem tirar seus olhos da recém-chegada – Eu devia saber que você também estaria envolvida neste ataque.

― Menos palavras e mais ação, mago de araque! Acus venenum!!!***

Das mãos de Bernadette surgem agulhas venenosas que voam na direção do mago. Agulhas afiadas, venenosas e mortais.

Lamar fecha seus olhos por uma fração de segundos e em suas mãos surge um grande cajado branco com uma estrela de cristal em sua ponta. Rapidamente ele aponta o cajado na direção das agulhas.

― Protection!!!****

Uma luz sai de seu cajado e forma um escudo, que impede que as agulhas o atinjam, o mago está tão concentrado em sua luta com Bernadette que não percebe a saída furtiva de Valence e Raffi.

― Não vai me vencer se ficar focado na defesa, Lamar. – ironiza Bernadette – Você deveria saber melhor do que ninguém que sou muito poderosa.

― Eu sei muito bem o quão poderosa você é, Bernadette. – responde o mago – Sei disso melhor do que qualquer outra pessoa de Tandara.

― É claro que sabe, mestre! Afinal Lamar, você foi o responsável por me ensinar tudo o que sei.

― E me arrependo amargamente do dia em que a acolhi como discípula, Bernadette. Agora me diga, quando deixou a razão e resolveu se aliar a Legião Maligna de Perrin?

― Não me lembro de ter deixando a razão, Lamar. Apenas percebi que você não passa de um tolo ao ser o melhor amigo de um rei que não tem pulso para governar este mundo como ele deve ser governado. Aliei-me ao lado vencedor, apenas isto.

― Lamento ter escolhido o lado de maldade da Legião Maligna de Perrin, Bernadete. Mas não vou deixar que vocês usurpem o trono de Samir, muito menos que façam mal a princesa Elie. Vou detê-los aqui e agora! Aqua cortinae!!!*****

Das mãos do mago surgem poderosas cortinas marítimas que vão na direção das agulhas venenosas de Bernadete, destruindo-as completamente. Furiosa, a ex-discípula faz aparecer em sua mão um chicote e o lança na direção de Lamar, que o segura com as mãos, sem se importar com o sangue que começa a escorrer de suas mãos, devido à força que coloca para impedir Bernadette de usar a arma.

Hannes e Samir continuam lutando, espada contra espada, seus golpes são tão poderosos que saem lufadas de vento poderosas com o atrito das duas armas. Os olhos negros do comandante da Legião Maligna de Perrin transmitem todo o ódio que sente por seu inimigo, e toda a vontade que tem de acabar com ele, humilhá-lo perante todo o mundo.

O homem dá mais um golpe, que é defendido com maestria pela espada do rei. Hannes não desiste e tenta um segundo... Terceiro... Porém todas as suas tentativas de quebrar a defesa de seu adversário parecem inúteis, pois sua espada não consegue uma brecha para atacar e ferir Samir, o rei tem muita habilidade com a espada e está demasiado concentrado no combate.

Por uma fração de segundo, Hannes olha para o lado e vê que não se encontram mais ali Valence e Raffi. Perfeito! Em breve toda a concentração do rei será quebrada com o espetáculo de sangue que está para se iniciar.

Com um sorriso cruel em seus lábios, Hannes dá mais um golpe de espada na direção do rei, que novamente defende o golpe. Tudo está saindo conforme planejara.

 

 

*****

 

 

Madelaine escuta desesperada os gritos e sons de batalhas, enquanto nina em seus braços sua preciosa filha, que chora devido ao barulho.

― Shhhh!!! – a rainha balança a criança – Não tenha medo, filhinha do meu coração, vai ficar tudo bem.

― Duvido que fique tudo bem! – a voz cruel de Valence se faz ecoar no ambiente.

Em um movimento protetor e desesperado, Madelaine colocar a criança contra seu tórax.

― Não se aproxime! – a voz de Madelaine soa fraca em meio ao desespero.

Valence encara a rainha com crueldade, pois sabe que a vitória já lhe pertence, e não há nada que a futura rainha caída possa fazer para impedir isso.

Madelaine olha para a criança sorrindo em seu colo, nem que lhe custe à vida, protegerá sua filhinha. Aquela mulher não sabe o que uma mãe desesperada pode fazer por seu filho.

Valence solta à mão de seu filho e saca sua espada. Madelaine dá um passo para trás tentando afastar-se o máximo possível de sua inimiga, não pode deixar essa mulher machucar sua filhinha, precisa defendê-la custe o que custar.

A malvada inicia seu ataque, dando vários golpes na direção da rainha, tentando atingir o bebê. Madelaine se deixa atingir pela espada de sua inimiga, e usa seu corpo para proteger o bebê. Não se importa com o sangue que começa a escorrer dos ferimentos que sua inimiga lhe provoca... Não se importa com a dor de sentir uma espada muito afiada transpassar seu corpo... Nada disso importa... Desde que sua amada filhinha fique em segurança... Nada mais importa, desde que Valence não machuque sua preciosa e amada Elie.

Com uma das mãos, a rainha continua segurando sua filha contra seu tórax, e a outra ela estende na direção de sua inimiga.

― Tempestas!!!******

Da mão livre da rainha, sai uma forte rajada de vento, tão poderosa que faz com que Raffi seja arrastado. Valence coloca a espada de modo defensivo contra seu corpo, tentando conter o ataque da rainha, enquanto involuntariamente começa a ser levada para trás.

Madelaine aproveita o momento e começa a correr com sua filha em seus braços, precisa urgentemente encontrar um local para escondê-la, precisa deixa-la em segurança. Porém Valence logo percebe as intenções da rainha, e não pretende deixar sua presa fugir assim tão fácil.

Para impedir a fuga da rainha, Valence deixa-se atingir pela magia de sua inimiga, que rasga seu vestido e deixa seu braço sangrando. Mas ela não se importa com o ferimento nem com seu líquido vital escorrendo por seu braço.

Raffi se aproxima de sua mãe.

― Você está bem? – pergunta o menino.

― Estou. Não se preocupe. Agora se prepare, está na hora de você agir.

― Ótimo. – diz o menino preparando sua clava.

― Scutum Umbrae!!!*******

Uma sombra negra invade todo o local, e forma um escudo em volta do salão, de modo que ninguém entra ou sai. Tentando desesperadamente fugir, a rainha Madelaine acaba esbarrando no escudo de sombras evocado por sua inimiga.

Seus olhos se enchem de lágrimas, enquanto ela percebe que está em um beco sem saída. Seu desespero é tanto que nem percebe a aproximação de Valence, que lhe acerta um poderoso golpe de espada nas costas.

Madelaine grita de dor, e lágrimas amargas escorrem por seus olhos, mas se recusa a soltar a criança que chora em seus braços. Mesmo que lhe custe à vida, precisa proteger Elie.

Sua inimiga acerta nela mais um golpe de espada, e dessa vez a rainha não consegue segurar com força o pequeno embrulho em seus braços, afrouxando o aperto que mantém o bebê seguro em seus braços.

Mas, em um movimento rápido que a rainha não consegue prever, Raffi acertar-lhe um golpe com a clava e em seguida tira o bebê de seus braços.

Mãe e filho olham vitoriosos para a rainha que jaz ferida na frente deles. Lágrimas desesperadas banham a face da rainha Madelaine, vendo sua preciosa filha nas mãos daquele menino.

― Elie... – sussurra a rainha.

Valence sorri de forma cruel para a rainha, ante a vitória que tem em suas mãos.

― E então, futura rainha destronada. Como se sente vendo os últimos momentos de sua filha?

― Não machuque a Elie... – a voz de Madelaine mostra todo seu desespero – Eu lhe imploro... Ela é apenas um bebezinho... Não lhe fez mal algum...

― Você é patética, Madelaine. Implorando pela vida de um bebê insignificante quando deveria estar implorando pela sua. Isso só me enoja. Raffi, agora.

Ao comando de sua mãe, o menino coloca a menina no chão, que continua chorando descontroladamente. Valence se aproxima da rainha ferida com um sorriso cruel e triunfante, e a segura pelos cabelos, fazendo-a encarar aquela cena de horror.

― Você não vai querer perder esta cena, rainha destronada!

Com as duas mãos, Raffi segura sua clava e dá um único golpe no corpo do bebê.

― ELIE!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

 

 

*****

 

 

Samir escuta um grito desesperado de Madelaine, e por um momento perde toda sua concentração. Não consegue enxergar o inimigo a sua frente e seu pensamento volta-se para sua esposa e sua filha. O que teria acontecido?

Hannes escuta o sinal, o grito da rainha, e sabe que Valence e Raffi cumpriram com sucesso a sua parte na tomada do poder. Ele aproveita o descuido do rei e lhe desfere um golpe mortal com sua espada, atingindo o braço que o rei segura a espada e lesando os tendões dos músculos braquiais. Samir grita de dor e solta a espada, incapaz de conseguir segurá-la.

Mas Hannes não para de ataca-lo, o descendente da Legião Maligna de Perrin faz um movimento giratório com seu corpo e desfere mais um golpe, desta vez nas costas do rei, que caí devido à dor. Seu inimigo pisa em suas costas, em cima de seu ferimento, colocando muita força em sua bota.

― Renda-se! Você perdeu!

 

 

*****

 

 

Nadja e Oliver se veem cercado, ambos já não têm mais forças para continuar atacando, são apenas dois contra centenas de inimigos, que conseguiram dominar com facilidade todas as pessoas que ali se encontram.

― Vocês não têm mais como lutar! – diz um dos inimigos – Abracem o poder da Legião Maligna de Perrin e se curvem diante do novo rei de Tandara.

Apesar de estar cercada, e sem chance ou poder para um contra-ataque, Nadja se recusa a se render e a se curvar diante das forças do mal. Ela sorri para Oliver, que entende o que está pensando, ele sorri de volta, dizendo a ela que está com ela para o que for que ela estiver planejando.

― Me recuso a me curvar diante de homens malvados. – diz Nadja – Meu rei é Samir, e eu só me curvo perante ele!

― Faço minhas as palavras de Nadja. – diz Oliver – Eu só me curvo diante do meu rei, que é Samir.

― Então a vocês só restará à morte! – diz um dos soldados.

― Ignis cortinae!!!********

Das mãos de Nadja surgem labaredas de chamas, que vão na direção dos soldados que cercam a ela e a Oliver, aproveitando a distração deles, Oliver puxa sua parceira pelo braço e os dois conseguem fugir.

 

 

*****

 

 

Lamar tenta ajudar seu amigo, porém está travando uma batalha intensa contra Bernadette, que aumentara em muito o seu poder. Sente que tudo corre para um trágico fim, e seu coração lhe diz que precisa fugir poder cumprir uma tarefa que precisa desempenhar, mas que ainda não sabe qual é.

Ele aponta seu cajado na direção de sua inimiga, e uma luz intensa e branca sai do cristal da ponta dele, cegando a todos que estão no local e dando tempo de ele sumir nos destroços do castelo destruído.

― Eu voltarei, Samir. – diz o mago antes de desaparecer – Espere por mim, meu amigo...

 

 

*****

 

 

Os soldados da Legião Maligna de Perrin conseguem dominar as pessoas que estão nos arredores do palácio. Apontando suas lanças na direção das pessoas, gritando para elas “rendam-se ou morrerão”.

As pessoas, indefesas e em pânico, só restam se render aquela legião maligna, e observarem o silêncio que vêm do palácio. Mas, o silêncio é quebrado por passos vindos de uma das torres do castelo, e em uma sacada, surgem triunfantes Hannes, Valence e Raffi, exibindo em suas mãos os diademas de Samir e Madelaine.

O olhar de Hannes é cruel e exibe toda sua satisfação perante sua vitória.

― Povo de Tandara! – ele começa seu discurso – Neste momento, eu, Hannes, descendente direto da Legião Maligna de Perrin, me declaro rei deste mundo e declaro que a partir deste momento eu sou o único soberano de Tandara ao lado de minha rainha Valence e do príncipe Raffi!

As pessoas assistem a cena horrorizadas, enquanto veem Hannes e Valence se auto coroando, gargalhando de prazer pela vitória conseguida.

― Curvem-se diante de nós, povo de Tandara! – ordena Hannes.

As pessoas se recusam a se curvam diante deles, e uns começam a gritar por Samir e Madelaine, sem temer as represálias dos soldados da legião Maligna de Perrin. Hannes se enfurece diante disso, e dá um sinal, para Bernadette, de dentro da torre, e eis que a maga das trevas surge acompanhada de duas presas por grossas correntes nas mãos e pés, o rei Samir e a rainha Madelaine.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

*Espada de luz
**Escudo de luz
***Agulhas venenosas
****Proteção
*****Cortina de água
******Tempestade
*******Escudo das sombras
********Cortina de fogo



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Profecia: Guerra Nos Campos De Tandara" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.