Neve e Chama: A Segunda Era dos Heróis. escrita por Babi Prongs Stark Lokiwife


Capítulo 50
Capítulo 48: Lailla & Drogo




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Lailla Baratheon

Ela se recostou em sua cela de olhos fechados, o ferimento em sua cintura estava infeccionado e doía, tal qual as pernas, ambas quebradas e inutilizadas. Quando fora atirada àquela cela ferida desse modo, sua maior dor era de saber que jamais voltaria a andar, que não poderia correr, cavalgar ou lutar novamente. Porém com o passar das horas o ferimento infeccionara, e essas preocupações se tornaram insignificantes.

Lailla sabia que ia morrer, e que agonizaria antes do fim. Mas não tinha medo, havia conseguido que seu precioso irmão escapasse, juntamente com Drogo e todos os outros. E se os deuses fossem bons conseguiria liberta Aemon também antes de partir.

A raiva e o ressentimento a haviam abandonado assim que tomou conhecimento de seu fim. Sabia que seu irmão, seu pai e mesmo Drogo a vingariam. Eles porem não chegaram a saber do pior, não chegaram a saber o que exatamente ela passara quando estivera sob o domínio daquele psicopata. Uma lagrima brotou em seus olhos ao se lembrar da dor, da impotência e da humilhação.

Lailla agradecia aos deuses por ter tido uma noite com Drogo antes da batalha, pois de outro modo morreria com apenas lembrança de violência e dor no que tangia ao sexo. Ela se esforçava para pensar apenas nos olhos cinzas do Stark e no toque de seus dedos, porem os olhos cinzas de Drogo se transformavam no olhar adiamantado de Bael, e seu toque gentil se convertia em um doloroso tapa. E depois do tapa seguia mais violência, até que o maldito a tomou da forma mais brutal e dolorosa que pode, quando ela tentou resistir ele lhe enfiou um punhal na cintura, quando tentou fugir ele quebrou ambas as suas pernas. Maldito fosse.

Sua mente vagou até os pais em Storm End, quando Gendry soubesse de sua morte ele bufaria como um touro, socaria o que quer que estivesse ao seu alcance, sua fúria demoraria para passar, mas quando o fizesse ele buscaria por vingança. Já a mãe... Alys derramaria poucas lágrimas, porem se recuperaria rapidamente, e como uma estrategista talentosa que era organizaria as forças de Storm End, chamaria os vassalos e prepararia o povo para a guerra.

Eddard estaria à frente, Lailla sabia que o irmão estava sedento de sangue, sabia que ele iria mais do que ninguém querer vingança. Ela só podia esperar que ele sobrevivesse, mesmo quando tudo tivesse acabado que ele vivesse para casar com alguma moça bonita, que tivesse filhos e que se tornasse o lorde que nascera para ser.

Novas lágrimas vieram ao seu rosto, dessa vez pensando não nos olhos cinzas do irmão, mas nos olhos igualmente cinzas e embaçados de Drogo Stark.

Flashback

– Não vale a pena – sussurrou ele

– Ele salvou a minha vida, a decisão é minha. – respondeu ela.

– Não quero que morra, Lailla.

Ela deu um sorriso melancólico e segurou sua mão

– Vai ficar tudo bem. Vocês vão vencer o maldito, eu sei que vão... E depois... Quando tudo acabar... – lágrimas vieram aos seus olhos mas ela não as deixou cair – Você vai encontrar uma lady apropriada, que vai lhe dá filhos nortenhos e saudáveis.

– Nunca. – disse ele beijando a mão dela – Eu não me importo com herdeiros. Eu não quero uma lady apropriada, eu quero você. Deuses isso não é justo, por que eles me dariam você para arranca-la de meus braços logo em seguida? Ainda mais dessa forma!

– A vida não é justa, Drogo

Ele levantou o olhar, e ambos os pares de orbes cinzas se encontraram. O rosto dele ficou mais próximo, eles trocaram um beijo cheio de amor, tristeza e luto, o ultimo beijo, um beijo de despedida.

– Mas a morte é – sussurrou – Nos nos veremos de novo, Lailla. Eu amo você.

– E eu você. – respondeu ela

Fim do Flashback

A porta da cela abriu, o dornes entrou calmamente, ele usava roupas típicas de soldados nativos, se ajoelhou até que pudesse ficar da altura dela.

– Por que ficou? Por que não foi com eles? Não acredito que seu irmão fosse deixa-la para trás.

– Eu não podia acompanha-los – disse indicando as pernas quebradas – Não queria atrasa-los. E de qualquer forma, tenho assuntos inacabados aqui.

Ele franziu o cenho confuso.

– Você, Aemon. – disse ela – Eles me disseram que se tornou um traidor. É verdade?

Ele desviou o olhar

– Ele é muito poderoso, resistir é assinar a própria sentença de morte. Eu não me importo com os Targaryen, e assim posso salvar minha casa e o meu povo.

– Não é desse modo que vai salvar a sua casa ou o seu povo. Esse monstro é apenas morte e destruição. Ele nunca conseguirá erguer uma nova Valyria. Isso é um sonho envenenado. Uma utopia insana. Você é mais inteligente do que isso.

Ele ficou calado, seus orbes castanhos a fitaram quase duvidosos.

– Pode ter sido intragável toda a viagem. Mas eu via bondade em você. Salvou a minha vida.

– Não convinha deixa-la morrer naquelas circunstâncias – respondeu em um tom monocórdico.

Ela sorriu tristemente.

– Mesmo que tente esconder à sete chaves, eu vejo bondade em você Aemon Martell. Qual o lema de sua casa?

– Não submissos. Não curvados. Não quebrados.

– Não submissos. Não curvados. Não quebrados. – repetiu ela – Não submissos. Não curvados. Não quebrados. Para os Targaryen, e para qualquer invasor estrangeiro.

Ele sacudiu a cabeça em negação. Lailla sentiu uma pontada forte no ferimento, tentou mudar de posição, mas apenas gemeu sem sucesso. Ele franziu o cenho, e se aproximou levantando os trapos que cobriam o ferimento, seus olhos se arregalaram. Lailla sorriu docemente.

– Está tudo bem – sussurrou ela

– Não. Não está... A infecção se espalhou. Não há nada que eu possa fazer. – ele caiu sentado – Por que ficou para trás, Lailla? Por que escolheu morrer aqui, ao invés de ao lado do seu irmão?

– Por que eu quero que minha morte signifique algo, não quero que seja em vão. Você pode ser bom, Aemon Martell, eu sei que pode, eu vi. Você verá que os Targaryen não são tão ruins se comparados à esse monstro. E quando o fizer... Faça o que é certo.

– Fazer o que é certo pode me custar tudo! Eu não sou um maldito Stark, muitas coisas vem antes da honra.

– Não submissos à perversidade do mundo. Não curvados perante à tirania. Não quebrados pela corrupção. Foi sempre assim que eu vi o lema de sua casa.

– Você parece ver sempre o melhor em cada um...

– Sim. É verdade.

Eles se fitaram por alguns segundos, até que ele pegou um pequeno frasco dentro das vestes, Lailla não conseguia ver a cor do liquido. Ele colocou o frasco em sua mão.

– Amanhã ele pretende se divertir mais com você. E quando se cansar vai dá-la ao monstro. Poupe-se, e aceite essa Misericórdia por favor.

– Muito bem. Mas também quero lhe pedir algo. Quando o momento vier, vai fazer a escolha certa. Prometa.

– Prometo – sussurrou

Lailla sabia que dorneses eram conhecidos por serem mentirosos e covardes. Sabia que Aemon podia está querendo apenas acabar logo com isso, mas decidiu colocar um pouco de fé nele. Assentiu e destampou o frasco. Bebeu seu conteúdo em um só gole. E fechou os olhos.

O corpo entorpecido não pode sentir que Aemon ficou com ela até que seu coração enfim parasse, os olhos cegos não puderam ver quando deixou a cela, e os ouvidos surdos não escutaram quando ele comunicou em apenas duas palavras para a criatura que o observava com desconfiança.

– Está feito.

Drogo Stark

O sabor dos lábios dela ainda estava em sua boca, assim como sua imagem, sua voz, seu perfume e ela própria estariam para sempre gravados à fogo em seu coração. Drogo não entendia como aquilo poderia ter acontecido, como poderia ter encontrado a pessoa ideal para ele e perdê-la por entre seus dedos.

Sua mente retornou à noite antes da batalha, a melhor noite de sua vida, onde ele finalmente se unira à ela, onde eles declararam amor um ao outro, fizeram planos e falaram sobre o futuro, um futuro que nunca chegou. Eles seriam a união há tanto esperada das casas Stark e Baratheon, seriam melhores amigos, confidentes e amantes. Com ela ao seu lado talvez pudesse corresponder as expectativas da mãe, talvez pudesse se conformar apenas com o Norte. Talvez formasse uma família e fosse feliz. Talvez.

Agora sequer valia pensar no assunto. Ela estava morta. Ele sentia que ela estava morta, e que jamais voltaria. Mas ele a reencontraria, não planejava ficar sem sua amada por muito tempo. Viveria tempo o suficiente apenas para vinga-la, e então seguiria ao seu encontro, sabia que ela não ficaria muito satisfeita com isso mas contanto que estivesse junto dela... Nada mais importaria.

Acompanhou seguiu em silencio o estranho pelos corredores do castelo. Cruzaram com poucos guardas mas os que tivera esse azar foram mortos pelo seu salvador. Seguiram pelas ruas da cidade e entraram em uma casa em ruínas, o estranho caminhou até o centro da sala e bateu no chão.

– Valar Morghulis – disse ele

Um alçapão revelou-se e uma voz conhecida respondeu do buraco no chão.

– Valar Dohaeris.

O estranho adentrou no alçapão. Drogo, Eddard, Narcysa e Melony se entreolharam hesitantes mas o seguiram. Ali estavam Shiera Tully juntamente com seu protetor, Mary Lane Greyjoy, Renly Lannister e Gyles Tyrell, esses últimos correram na direção respectivamente de Narcysa e Melony assim que puseram seus olhos nelas. O Tyrell abraçou a menina com todas as suas forças, como se tivesse medo que ela desaparecesse repentinamente, Drogo não pode deixar de sentir certa inveja, apesar de tudo Gyles reencontrara Melony, de uma maneira que ele não poderia se reencontrar com Lailla, pelo menos não em vida.

Subitamente Drogo sentiu-se ser jogado ao chão, patas pesadas pressionavam seu peito e sobre si estava seu lobo gigante, Shadow. Pela primeira vez desde a batalha um sorriso verdadeiro tomou conta de seu rosto, ele acariciou a cabeça de seu companheiro com alegria, sentou-se o empurrando. O lobo gigante mordiscou sua orelha de brincadeira. Ficou de pé observando seus companheiros. Mary Lane e Gyles pareciam feridos, mas nada muito sério.

Nikky, a amiga mercenária de Raven estava conversando em vozes baixas com o homem que os libertara. Foi só então que ele notou a ausência da mercenária de seu meio irmão.

– Onde estão Raven e Rhaego? – perguntou franzindo o cenho

– Partiram para o norte em busca de um exercito de dothraki – respondeu Mary Lane – Mas onde está Aemon?

A simples menção do nome do maldito fez o sangue correr quente pelas veias de Drogo. Fora por causa do desgraçado que Lailla ficara para tras, fora por culpa dele que ela estava morta.

– Aemon Martell nos traiu e se juntou ao inimigo – respondeu Eddard tentando controlar a voz

Mary Lane arregalou os olhos e recuou como se ele estivesse estapeado. Renly Lannister porem fechou a expressão.

– E Lailla? – perguntou o loiro franzindo o cenho

Eddard abaixou o rosto e o próprio Drogo desviou o olhar, porem Melony respondeu com sua voz tilintante e infantil.

– Ela está com os deuses agora – sussurrou a menina selvagem

O loiro socou a parede com força irritado.

– Calma aí, Príncipe Encantado – disse Nikky – Ninguém quer que essas ruínas caiam sobre nossa cabeças certo? Eu sinto muito pela garota, mas nos temos partir, e temos que faze-lo agora.

– Raven e Rhaego... – começou Gyles

– Não chegarão à tempo. – interrompeu Nikky – As bestas estão procurando por nos nesse exato momento, se não partirmos logo seremos capturados.

Não houve mais discussões. Ao inicio da noite, camuflados pelas sombras eles deixaram Mantarys.


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