Neve e Chama: A Segunda Era dos Heróis. escrita por Babi Prongs Stark Lokiwife


Capítulo 48
Capítulo 46: Aemon & Raven




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Aemon Martell

Dias se passaram, antes que Aemon conseguisse se decidir, só havia uma saída, e esta era óbvia. Porem tomar essa decisão não tinha sido de forma alguma fácil, como ele antes pensara que o seria. À todo momento imagens de Lailla e de Mary Lane vinham à sua mente. A primeira, ainda que não o conhecesse por completo via bondade nele, e confiava nele. E a segunda... Desenvolveu um relacionamento com a pirata mais próximo do que os que já tivera durante toda a sua vida.

Contudo todos os relacionamentos estavam fadados a terminar de um único modo, Aemon aprendera essa lição há muito tempo. O mundo era feito de traidores e mentirosos, e apenas os maiores chegavam ao topo. O segredo estava em ser o melhor traidor, o mais hábil mentiroso, para assim não ser ele próprio traído e enganado.

A imagem dela lhe veio rapidamente, e da mesma forma desapareceu. E o nome que ele jurara jamais pronunciar lhe veio novamente aos seus lábios. Lindy. Não recebera esse nome injustamente, ela fora sem duvida uma das mulheres mais belas que Aemon conhecera, a primeira que conhecera.

Flashback

Era apenas um menino, com dez anos, a guerra já assolava todos os setes reinos mas a praga dos dragões ainda não havia chegado à Dorne. Ela era a servente do Arqui-Meistre Percivall, o homem era um velho cruel e abusivo, jamais tivera respeito à Aemon por sua posição como Martell, além do que maltratava com frequência sua servente.

Aemon estava alimentando os corvos quando ouviu os gritos dela, correu o mais rápido que pode, até os restos do que um dia fora o Bosque Sagrado, o Arqui-Meistre Percivall segurava-a pelos cabelos loiros, as roupas dela estavam rasgadas, revelando um corpo que apesar de jovem possuía curvas femininas.

O menino não tinha nada à mão que pudesse usar como arma, mas avançou mesmo assim empurrando o velho contra o chão. Ajudou a garota a se recompor, e quando o Arqui-Meistre ameaçou castiga-lo ele respondeu.

– O que você tentou fazer é punível com a Muralha ou castração. Diga uma palavra ou se aproxime dela de novo e garanto que será a segunda opção.

Lindy ficara excessivamente grata por isso. Eles se aproximaram e ao longo de quase um ano se tornaram melhores amigos, até que Aemon exagerou certa noite no vinho, e se tornaram mais que amigos. Ele não se casaria com ela, mas teria transformado-a em uma amante, tal qual Ellaria fora para Oberyn. Ela propôs que dessem um passeio em comemoração ao seu aniversario, todavia quando se distanciaram o suficiente de Citadel foram emboscados por soldados Tyrell. As flores intentavam obrigar Dorne a apoiar sua guerra perdida com um refém, para isso haviam contratado Lindy, com o intuito de atraí-lo. Poderia ter funcionado, se Aemon não estivesse sendo seguido dia e noite por homens do Príncipe Doran. Lindy perdera a vida naquela batalha, encurralada na armadilha que ela própria armara, mas a lição fora aprendida.

Fim do Flashback

Aemon era guiado até os aposentos de Bael pelos guardas enquanto refletia sobre tal memoria, ‘Está tomando a decisão certa’ dizia para si mesmo ‘Já foi traído uma vez, não o seria de novo, nem que para isso tivesse que ser o traidor’. As portas se abriram e o dornes enterrou todos os sentimentos de culpa. Caiu imediatamente de joelhos.

– Saudações humildes ao Imperador da Nova Valyria – disse em alto valyriano

– Saudações aceitas, filho dos Roinares – respondeu o albino – Veio me propor uma aliança?

– Vim lhe trazer minha submissão – disse ainda de joelhos – Os dragões foram a ruína da minha família. Minha casa não tem nenhum amor para com os Targaryen.

– E o que nos prova que isso não é uma armadilha. Algum ardil dos doze na esperança de derrotar o Escolhido? – ressoou a Mãe Harpia

Aemon engoliu em seco. Não esperava que ela estivesse ali. Ainda assim respondeu.

– Eu rompi com os doze. Assim como minha casa romperá com os Targaryen para apoiar o legitimo Imperador.

– E o que deseja em troca, meu caro traidor? – perguntou a Mãe Harpia em um tom divertido

– Apenas a ruína dos dragões – respondeu levantando o rosto pela primeira vez

– E assim o será – disse Bael

Raven Arryn

Foram dias e dias de cavalgada até Vaes Dothraki, e apesar dos voos em Valyria e da constante companhia de Rhaego Raven estava desconfortável. As trigêmeas estavam sempre presentes, e os olhares delas, ameaçadores e intimidativos contribuíam para que assim o fosse. Nesses momentos Raven sentia falta de Nikky, não temia as companheiras de sangue do Targaryen, mas seria melhor se tivesse alguém guardando suas costas como a garota sempre o fizera.

Sua lembrança voou para o dia em que conhecera a companheira, tinha 16 anos, estava a sudoeste de Tyrosh, nas Terras Disputadas e tinha acabado de entrar para uma companhia de mercenários, havia lutado contra dois membros para ter o direito de ingressar e matara um deles. Fora quando ela apareceu montada em Haru, saudou o líder dos mercenários como se fossem velhos amigos. Naquela noite as duas beberam juntas, riram e contaram historia. Todavia era uma armadilha, o líder dos mercenários por algum motivo que Nikky jamais explicou a queria morta, e esperou até que ela estivesse embriagada para ordenar aos mercenários que a matassem.

Raven já tinha esvaziado três garrafas, mas sempre fora resistente ao álcool, e embora seus movimentos estivessem ligeiramente mais lentos pode lutar com maestria, Sky furou os olhos de alguns, outros encontraram o fim nos dentes de Haru, mas a maioria morreu sob a espada de Nikky ou Raven, foi a primeira vez que lutaram juntas, e pela manhã a cabeça do líder se tornara brinquedo de Haru, e o sangue de toda a companhia manchava as areias das Disputed Lands.

Das varias perguntas de Raven, Nikky respondeu apenas quanto ao seu nome, no inicio vagaram juntas apenas por puro beneficio mutuo, as Disputed Lands.eram perigosas para pequenos grupos, entretanto com o passar dos meses uma relação de companheirismo foi se desenvolvendo. As duas participaram de mais dezenas de outras Companhias Mercenárias onde era cada um por si, mas ainda assim Nikky arriscou sua vida para salvar a de Raven mais de uma vez e vice-versa. A ordem dos lideres era: Aquele que fica para trás é deixado para trás. Mas nunca, nenhuma abandonou a outra.

Raven tinha dezenas de perguntas para Nikky, quem de fato era? De onde viera? Como conhecia tanta gente? Qual era seu objetivo afinal? Porém a maior de todas era: Por que Nikky não envelhecia? Ela tinha um aspecto adolescente quando se conheceram, e mesmo depois de tantos anos, ela mantivera a mesma aparência; enquanto Raven tomara proporções de uma mulher adulta Nikky não envelhecera um dia. Como isso era possível? Que segredo afinal ela escondia? Contudo mesmo com muita curiosidade a Arryn jamais verbalizara esse questionamento, sabia que Nikky partiria para sempre se o fizesse.

Raven observou Rhaego, os cabelos dele agora estavam relativamente curtos, soltos, batendo nos ombros, e apesar de saber que isso entre os dothraki era símbolo de vergonha Raven achava mais bonito. A Arryn avistou uma grande escultura de dois garanhões apoiados sob as patas traseiras, que marcavam a entrada de Vaes Dothraki. Raven teve certo receio de se separar de Peacemaker, jamais o fizera desde que a forjara, mas Rhaego deu sua palavra que ela seria devolvida, então a contra gosto a entregou. A cidade estava lotada, e isso pareceu impressionar muito cada um de seus companheiros dothraki. Rhaego lhe explicou que isso jamais acontecera antes e que só o faria uma vez.

Na praça central da cidade havia um grupo de mulheres, a maioria velhas e assim que puseram os olhos em Rhaego gritaram em conjunto. Elas começaram a murmurar alguma coisa em sua língua natal, repetindo-a dezenas de vezes e cada vez mais alto.

Raven franziu o cenho, sem entender o significado daquilo, seu conhecimento de dothraki era limitado por pouquíssimas palavras. A multidão pareceu gritar algo em protesto, algo talvez insultuoso, que fez Rhaego se retesar enquanto suas companheiras de sangue gritavam em resposta, os rostos contorcidos pela raiva. Uma das mulheres gritou algo, com uma voz imperiosa de uma rainha e o povo se calou.

Novamente alguém da multidão disse algo que Raven não pode entender, porem as trigêmeas sibilaram de raiva. Outra vez, a mesma mulher falou e a cidade ficou em silencio.

– O que está havendo? – ela se perguntou baixinho

– Elas reconhecem o sangue do meu sangue como o Garanhão que Monta o Mundo – explicou uma das trigêmeas com um forte sotaque – Porem os Khals ainda não acreditam por completo, o sangue do meu sangue teve a trança cortada e tomou três mulheres como companheiras de sangue.

O entendimento veio à Raven então. Aquelas deviam ser as Dosh Khallen, viúvas de Khals e feiticeiras, politicamente poderosas dentre os dothraki.

– O que elas disseram? – perguntou Raven à garota

– Que foi profetizado que o Garanhão que Monta o Mundo sofreria uma única derrota, e que não cabia a um mero Khal questionar o Khal dos Khals – respondeu a garota

A anciã deu um passo a frente falando agora diretamente à Rhaego. A companheira de sangue traduzia tudo ao ouvido de Raven.

– Eu vi você no ventre de sua mãe. Vi-o quando conquistou sua primeira vitória. Quando montou seu primeiro cavalo. Quando matou seu primeiro homem. E agora vejo-o cumprir a profecia. Que o Grande Garanhão lhe dê forças, que o ajude a massacrar seus inimigos e leva nosso povo para uma terra onde poderemos enfim descansar e abandonar as constantes guerras.

A anciã deu um passo para traz agora gritando para a multidão.

– Aqui, sob os pés da Mãe das Montanhas, no Ventre do Mundo. Eu o nomeio Rhaego, filho de Drogo, o Garanhão que Monta o Mundo. E incubo de sua missão. Agora todo os Khalasares devem se unir em um só, todos os Khals se tornarão Ko sob o domínio do primeiro e ultimo Khal. O Khal dos Khals.

E sob as repostas entusiásticas daquela multidão Raven soube que Rhaego tinha conseguido seu exercito.


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