Neve e Chama: A Segunda Era dos Heróis. escrita por Babi Prongs Stark Lokiwife


Capítulo 43
Capítulo 41: Lailla & Gyles


Notas iniciais do capítulo

Leiam as notas finais.



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Lailla Baratheon

Lailla saiu discretamente do quarto de Ned, tivera uma longa conversa com o irmão. Ele não demonstrara, mas ela sabia o quão preocupado estava com o dia seguinte. Ela não o culpava, também estava nervosa. Sua mente vagou até a família, o que estariam fazendo seu pai e sua mãe naquele momento...

– Lannister e Targaryen são dados ao incesto – comentou uma voz zombeteira e conhecida – Mas não sabia que os Baratheon também eram. Mas talvez nem seja incesto, afinal não temos certeza de quem é o pai de Eddard, então talvez ele não seja mesmo seu irmão estou certo?

– Você é asqueroso. – retrucou Lailla revirando os olhos – Pode ser que amanhã eu morra, pode ser que meu irmão caia em batalha, apenas queria aproveitar as ultimas horas antes da luta com a minha família. Será que sua mente é tão poluída que vê malicia em sentimentos fraternais?

– Eu a ofendi – disse Aemon – Peço perdão por isso, milady, dorneses costumam ter a língua ferina, alguém deveria ter cortado a minha quando era menino.

– Não discordo – sussurrou Lailla

Ele riu

– É honesta. Isso é bom, raro e perigoso. Peço que não queira cortar minha língua tão rapidamente, é com ela que dou prazer à muitas mulheres, talvez queira experimentar...

Lailla riu da ousadia dele.

– Volte para sua mulher de ferro, Martell. Não permitirei que entre nas minhas saias.

– Você quem perde – retrucou ele – Já estive com Mary Lane esta noite, e em breve voltarei para cama dela. Estou apenas descansando, a Capitã Greyjoy é insaciável.

– Isso realmente não me interessa, Martell.

– A ofendi novamente, milady? Lamento.

– Pare de me chamar de milady – vociferou ela

– Como queira. Devo chama-la como então?

– Apenas Lailla – disse ela desviando dos olhos escuros do dornes

– Nesse caso me chame de Aemon. Aqui está quente, Lailla, gostaria que fossemos para o terraço onde está mais ventilado?

Ela semicerrou os olhos em desconfiança.

– Sem segundas intenções – disse ele erguendo as mãos em rendição, como se houvesse lido os pensamentos dela – Apenas não gostaria de passar a noite inteira em um corredor.

Ela assentiu e o seguiu para o terraço mais próximo. De fato estava bastante ventilado, tanto que levantou os cabelos da Baratheon e a fez tremer um pouco. Dias quentes e noites frias, assim era naquela parte do mundo, como Lailla sentia falta de Storm End.

Aemon observava as estrelas com um ar sonhador, ele apontou para algumas dela e fez um desenho com o dedo no céu.

– Àquela constelação é o Sopro do Dragão – informou – Vê como tem formato de uma cabeça de dragão? E aquela outra é o Grande Garanhão dos dothraki. – apontou para outra – E ao lado dela o basilisco. – disse com um ar sonhador – Aprendemos sobre elas em Citadel, mas é impossível vê-las em Westeros.

– São belas... – sussurrou Lailla observando o céu – Como era em Citadel?

– Entediante. – respondeu – Passei nove anos lá na companhia de velhos e noviços, era raro que saísse para visitar mulheres, mas meu avô insistira em me ver com uma corrente de Meistre, uma longa.

– Não parece muito divertido, é verdade que forjou elos de todos os metais conhecidos?

– Sim, menos o de aço valyriano, que simboliza os mistérios ocultos, ou a magia. Não era verdadeiramente necessário e eu já estava cansado daquele lugar.

– É uma pena que não o tenha feito, poderia ser útil agora. Me sinto cercada de coisas que não entendo, de magia mesmo, as coisas que Melony pode fazer, essa criatura que deveremos enfrentar...

– A criatura é uma aberração, um monstro, como os dragões da rainha. Tais bestas são desprezadas em Citadel. Não há lugar para magia no mundo em que os Meistres almejam construir, foram eles quem extinguiram os dragões da primeira vez e um dia o farão novamente.

– Difícil de acreditar agora que há uma dragoa, quanto tempo vai levar até Valyria acasale com os ‘filhos’ da rainha e dê cria? – comentou Lailla

Um brilho de ódio surgiu nos olhos de Aemon e ele pareceu querer falar alguma coisa mas se calou.

– Como é em Dorne? – perguntou Lailla se aproximando do fim do terraço, não havia nenhum parapeito, nenhuma grade, nada que impedisse uma queda, ela se sentou e deixou as pernas dobradas além da beirada.

– Quente e intenso – respondeu Aemon sentando-se ao lado dela – Tudo é assim em Dorne. O clima, o vinho, a comida, as pessoas...

– Sente falta?

– Muita. Minha mãe deve ter tido um ataque quando a ave chegou com as noticias. Mas não é como se a rainha tivesse nos dado muita opção. Se recusássemos ela poderia começar uma guerra.

– Eu notei também – assentiu Lailla – E aqui estamos nos...

Uma forte corrente de vento veio do leste, Lailla cambaleou e escorregou para frente, seria uma queda de mais de dez metros, mas o dornes a segurou no ultimo segundo. Ele ajudou-a a retornar à segurança, Lailla recuou para longe da beirada.

– Obrigada – sussurrou quando devidamente recomposta – :Mas por que?

– Como?

– Não me entenda mal, sou grata por salvar minha vida, estou em divida com você. Mas por quê? Você odeia todos nos. Podia ter me deixado cair e depois dito que nada viu. Ninguém diria o contrario. Por que me salvou?

– Não sou tão ruim quanto pensa, Lailla – respondeu o Martell com um sorriso zombeteiro – E seria uma pena deixar um rostinho tão belo quanto esse ser desfigurado por uma queda destas.

– Obrigada.

Ela se despediu do dornes e retornou ao seu quarto pensando sobre o que tinha acabado de acontecer. Porém quando chegou aos seus aposentos encontrou Drogo esperando à sua porta. O lobo gigante estava ao lado dele.

– Drogo... O que houve?

– Pode ser que todos morramos amanhã... Eu não tenho medo, Lailla. Mas não gostaria de morrer tão cedo, há tanta coisa que ainda não fiz...

– Eu também não gostaria de morrer – concordou ela

– Mas é uma possibilidade. Essa talvez seja minha ultima noite, e eu quero passa-la com alguém com quem eu me importo muito.

A Baratheon sentiu seu rosto corar e desviou o olhar. Drogo deu um passo adiante encerrando a distancia entre ele, ele usou a mão para erguer o queixo dela, e os dois pares de olhos cinzas se encontraram. Drogo selou os lábios nos dela, Lailla sentiu seu rosto corar, pensou em todas as razões para empurra-lo, pensou no que o irmão diria, no que seus pais diriam, pensou em sua herança, em Karhold, que ela jurara jamais dividir com um homem. Mas nada disso pareceu ser um bom motivo para interromper o beijo, que aos poucos ia evoluindo.

Ela correspondeu ao beijo com paixão e quando se separaram para tomar folego fitou nervosamente a porta, em um momento de paranoia pensara ter ouvido alguém se aproximar.

– Shadow – Drogo chamou seu lobo com a voz rouca – Monte guarda na porta.

Puxou novamente ela para um beijo, ao qual Lailla aprofundou. Suas mãos estavam enlaçadas no pescoço dele, enquanto as dele seguravam firme em sua cintura.

– Eu não quero que você morra amanhã, Lailla – sussurrou o loiro em seu ouvido

– Nem eu quero que você morra amanhã, Drogo – respondeu ela

Eles se beijaram novamente. Dessa vez com mais tranquilidade. Lailla sabia que o lobo gigante estava montando guarda, não havia motivos para temer.

Gyles Tyrell

Ainda estava escuro, apenas manchas rosadas no horizonte indicavam o sol que nascia. Os doze se preparavam para a partida. Iriam se encontrar com o inimigo em breve, Gyles estava sinceramente preocupado, não consigo próprio, mas com Lady Melony. Mesmo que ela tivesse progredido bastante, estava longe de poder se defender em uma batalha real. Caberia á ele, mantê-la segura.

Ela montou um dos cavalos fornecido pelo conselho de Mantarys enquanto Gyles subia em Graceful, sua égua malhada e temperamental. Lady Melony estava em um silencio tenso, tal qual todos os demais. Narcysa Lannister havia deixado seu filhote de leão para trás, juntamente com a gata de Lady Shiera. Entretanto ao contrario da felina, o pequeno leão estava arisco e agitado, aranhara os braços da dona sem querer permitir que ela partisse. Lady Lannister teve dificuldade em controla-lo.

Eles cavalgaram juntos em direção ao leste, apesar da escuridão, Gyles pode vê-los de longe, na verdade pode ver a besta de longe. Era ainda maior que os dragões da rainha, as escamas eram negras, mas não como as de Drogon, que tinham tons vermelhos. Eram negras como a noite, e sob a luz do amanhecer brilhavam em um tom esverdeado. Ele estava no chão, sobre suas quatro patas, e de cada uma dela brotavam gigantescas garras afiadas, com o tamanho aproximado à uma espada de duas mãos.

Da enorme cabeça brotavam cinco chifres, dois pares laterais e um singular partindo de uma região central da testa. Os olhos eram a própria visão do inferno, com íris douradas como ouro derretido, mas as pupilas seguiam num tom vermelho sangue. Sob o dorso, estavam as asas, que ao contrario das asas dos demais dragões que já vira não era de couro, se assemelhando à um morcego. Mas sim possuía penas, como as asas de um pássaro, ou uma harpia. Uma criatura hibrida.

O animal notou a proximidade deles, pois soltou um urro que faria até o próprio Guerreiro se esconder debaixo da cama. Chamas negras com nuances e roxo, verde e cinza saltaram por entre seus dentes em direção ao céu. Sentiu Graceful ficar agitada, mas a incitou a prosseguir. À medida que se aproximavam pode ver que a mesma figura que conhecera no dia anterior, a Mãe Harpia, ela planava ao lado da criatura e tinha sua arma divina nas mãos. No chão, de pé, estava um homem.

Ele era alto, mas não tão alto como Gyles. Usava uma armadura de um metal estranho e negro, havia runas valyrianas no metal, assim como arabescos de dragões e harpias, a espada desembainhada que trazia nas mãos parecia ser feita do mesmo material. Usava também um elmo que se assemelhava à cabeça do seu dragão, com cinco chifres, impossibilitando que vissem seu rosto.

Gyles desmontou do cavalo, tal qual todos seus companheiros, exceto pelas trigêmeas dothraki que recuaram em seus cavalos afim de observar a luta, tal qual Sor Astor. Ele tirou o capacete revelando uma pele clara que parecia jamais ter sido exposta ao sol, cabelos igualmente alvos e olhos de um cinza tão claro que parecia translucidos, usava uma barba pequena e tinha um olhar frio no rosto.

– Finalmente – disse ele com uma voz monocórdica e sotaque evidente – Os doze. Sou Bael Baskoll Drawviryen, o Imperador da Nova Valyria. Gostaria que me dissessem seus nomes.

O grupo se entreolhou hesitante.

– É apenas uma gentileza. – disse o inimigo friamente – Foi profetizado que vocês seria a única coisa capaz de me parar. Estou curioso.

Um por um eles murmuraram seus nomes, inclusive o próprio Gyles. O albino fitou cada um deles com atenção, como se quisesse memorizar seus rostos. Gyles se sentiu desconfortável quando ele se demorou mais do que o usual em Melony, e quase que inconscientemente deu um passo para a direita ocultando a pequena com o seu corpo.

– Muito bem. O sol nasceu e aqui estamos. Eu, sozinho, contra todos vocês. – falou sem demonstrar emoções, assumiu uma posição de luta – Venham. Me mostrem do que são capazes.

Barulho de espadas sendo desembainhadas e tudo começou. O Tyrell não se lembrava ao certo de quem foi o primeiro a atacar, mas sabia que ele próprio não tinha ficado de fora por muito tempo. O albino girava e se esquivava, rebatendo todos os golpes com maestria. Pelo canto do olho, Gyles notou Lady Melony, Lady Shiera e Lady Narcysa afastadas, com apenas Lady Lailla as protegendo.

Bael era sem sombra de duvida o adversário mais poderoso que Gyles já enfrentara, o cavaleiro aprendera com Garlan Tyrell e este frequentemente o forçava a lutar com três ou mais adversários ao mesmo tempo, pois seria assim em uma verdadeira guerra. Mas mesmo com uma clara vantagem numérica, por algum motivo Gyles estava com um mal pressentimento.

O ‘Ultimo Filho da Harpia’ valia sozinho por dez guerreiros. Drogo fora o primeiro a cair inconsciente, a Mãe Harpia levou seu corpo desacordado para fora de seu alcance e não houve nada que pudessem fazer para impedir. Gyles não soube ao certo quanto tempo se passou, Lady Shiera fazia chover flechas sob o inimigo, elas cravavam-se nos pontos fracos da armadura, mas não pareciam verdadeiramente atingi-lo ou sequer retarda-lo.

Nenhum dos ataques parecia surgir efeito, mesmo quando todos agiam em conjunto.

– É isso? – provocou o albino – Essa é a única verdadeira ameaça? Esse grupo patético de crianças?

A Mãe Harpia sorriu.

– Ajoelhem-se e pode ser que os poupe, lutem e o castigo será pior que a morte. – ameaçou Bael

Gyles olhou ao seu redor, tal como ele ninguém parecia disposto a se render.

– Não? Que o seja. Foram avisados.

A batalha recomeçou. Mary Lane foi a próxima a cair, o albino se preparava para mata-la, quando o inseto que sempre acompanhava a Greyjoy o atrapalhou. Naquele momento Gyles viu a mudança evidente, o rosto do inimigo, antes inexpressivo agora demonstrava uma fúria quase louca. Ele não se contentou em esmagar o inseto, ele o estraçalhou com as próprias mãos com uma brutalidade desnecessária, enquanto Mary Lane, ferida gemia em protesto.

Quando ele se virou para os demais heróis havia um brilho avermelhado em seu olhar, um brilho de loucura e crueldade. Era como se ele não estivesse mais lidando com a mesma pessoa, e sim alguém tão insano quanto Aerion Chama Viva ou o Rei Louco. Ele avançou em sua direção, Gyles mal teve tempo de erguer sua espada.

Agora não lidava com um inimigo que agia calculadamente, e sim com um homem que atacava como um cachorro louco, sem jamais recuar, porém igualmente mortífero. O albino lambia os lábios, ria e chorava ao mesmo tempo. Quando ele chegou muito perto de lhe cortar a cabeça, Melony soltou um grito assustado, atraindo a atenção dele para si.

Bael lambeu os lábios, enquanto um brilho de puro desejo nascia em seu olhar. Gyles o atacou, forçando-o a desviar a atenção de Melony. Não permitiria que uma criatura tão doce e inocente fosse ameaçada por um monstro como aquele. O albino parecendo furioso, com uma força que Gyles não esperava forçou a espada de aço negro. E diante de seus olhos, Gyles viu sua própria espada, sua Bloody Rose quebrar-se.

Bael lhe infligiu um ferimento na perna. E o empurrou andando em direção à Melony. Verdade seja dita. Ela tentou lutar, sacou sua espada de aço valyriano e tentou se defender, mas do mesmo modo que desarmaria uma criança ele lhe tirou sua espada, e puxou a garota para si com um sorriso cruel no rosto.

Gyles sentiu a visão turvar pela dor, mas conseguiu assistir do chão quando Lady Lailla e Lady Narcysa reagiram. Bael as desarmou também, a Mãe Harpia se aproximou e de repente as três não estavam mais lá.

Não. Melony não. Pelos sete infernos me levem. Mas não a machuquem. ME LEVEM!

Foram seus últimos pensamentos antes de desmaiar.


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Notas finais do capítulo

Eh, eu demorei um pouquinho mais do que o planejado. Mas em compensação caprichei nesse capitulo. Ele não está apenas maior como cheio de acontecimentos importantes. XD
Finalmente o primeiro confronto entre Bael e os 12, as coisas não foram muito bem para os herois. Mas Gyles não viu a batalha toda, parte dela. Vcs ainda tem muito que saber. Hehehehe. O que acham que vai acontecer agora? Gostaram do cap?
Apenas avisando, a morte de um dos protagonista se aproxima. Já está decidido quem é, e nada no mundo me fará mudar de ideia. Apesar de gostar do personagem, tem que ser assim mesmo...
Aguardo suas opiniões.



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