Rhaego Targaryen, o Garanhão que monta o mundo

Ele podia sentir os olhares de todos sobre si, quase sorriu com isso, e eles ainda não haviam visto seu rosto. Rhaego usava uma armadura, cota de malha e um elmo, à moda de Westeros. Não permitira que nenhum nativo visse sal face, ainda não era a hora. Sabia perfeitamente que tanto plebe como nobreza fofocavam curiosos sobre sua identidade, mas nenhuma de suas teorias mais loucas chegava próximo à verdade.

Suas companheiras de sangue não se afastavam mais dele do que uma sombra, dormiam no mesmo quarto que ele e estavam sempre próximas. Eram provavelmente as primeiras mulheres a carregarem esse titulo, e Rhaego sabia que era mais do que merecido, varias vezes elas haviam salvo sua vida, assim como ele as delas. Eram trigêmeas, filhas de um grande khal, morto antes que elas florescessem. Vendidas como escravas diversas vezes, elas tiveram uma longa jornada sofrida antes que se conhecessem.

Rhaego sabia que suas três garotas chamavam tanta ou mais atenção do que ele próprio, as três usavam calças masculinas e coletes de couro à moda dothraki, à primeira vista pareciam idênticas, demorara meses para que ele próprio pudesse diferencia-las. Jhiqui, era a mais velha e mais forte das irmãs, suas armas eram um par de arakhs; Jhade, era a que possuía a melhor pontaria, com qualquer arma que fosse, de arco e flecha à lança, porem suas preferidas eram adagas, das quais ela tinha uma coleção presas ao cinto; Jhoria a mais nova, também era a mais silenciosa e veloz, o inimigo não notava-a até que fosse tarde demais, possuía um chicote que era como uma extensão de si mesma.

O guerreiro passou a mão na crina de seu imenso garanhão negro, Thor, o animal que antes pertencera ao tio, a ultima lembrança que possuía dele. Porem não era hora de se afundar nas lembranças, o tio se fora, agora cavalgava nas Terras da Noite. Tinha que focar em seu objetivo, não viajara tão longe, atravessara as grandes aguas para as terras de uma mãe que nunca conhecera a toa. O dia de sua maior dadiva também fora o dia de sua maior desgraça, acidentalmente Rhaego descobrira a verdade escondida nas ruinas de Valyria, a causa da Perdição, e como lamentava esse fato... Preferia nunca ter visto o que viu, nunca ter escutado o que escutou... Mas presenciara aquele terror, era o único ser vivo que sabia do mal que se aproximava, da catastrofe eminente, do inimigo poderoso, com sede de vingança, alguém que desejava mais do que tudo a ruina dos Targaryen.

Observou a família real na bancada, em outra vida ele estaria ali, talvez não com tantos irmãos, mas em seu devido lugar de príncipe herdeiro. Porem as coisas não tinham se passado assim, na ânsia de salvar o marido, Daenerys tinha sacrificado o próprio filho, ela não desconfiava que esperava gêmeos, não soubera que a segunda criança sobrevivera, que fora levada para longe e criada como escrava por Maegis. Querendo preencher o vazio em seu coração, ela adotara feras, escravos e guerreiros, mãe de milhares, porem sem nenhum herdeiro.

Enquanto Rhaego crescera como escravo das irmãs de Mirri Mas Duur, até que um khalasar as liquidara e ele trocara de dono, tinha apenas dez anos na época. A partir dai tudo mudou, na batalha seguinte salvara acidentalmente a vida do Khal, que grato o transformou em Khalakka; mais tarde descobriu que este Khal na verdade era seu tio, irmão de seu pai.

Os anos se passaram em flashs, teve seu cabelo platinado trançado, e pode orgulhosamente permitir que crescesse. Fora uma época boa, aprendera com Khal Dracon a montar, usar um arakh e arco e flecha; com um exilado de Westeros aprendera a empunhar uma espada e lutar com uma armadura. Com 16 anos, Rhaego já era um guerreiro temido, então a desgraça lhe sobreveio. Khal Dracon fora assassinado no sono, o khalasar se desfizera, os dothraki jamais seguiriam um rapaz de 16 anos, mesmo um khalakka poderoso. Rhaego fugiu para salvar a vida, Thor o levou para o sul, para as ruinas de Valyria, onde tudo começou. Sacudiu a cabeça, mesmo que tudo tenha acontecido anos atrás nãos conseguia fugir das memorias, dos pesadelos...

Suas companheiras de sangue o ajudaram com a armadura feita do melhor material pelo mais caro ferreiro, algo que ele usara somente em treinos, há muito tempo; o deixava lento, porem protegido, Rhaego tinha convicção que poderia vencer o torneio de sua mãe e assim revelar-se como príncipe e herdeiro.

Ele colocou o capacete com chifres de dragão, sua trança prateada estava bem presa abaixo do elmo. Caminhou até Thor e montou no garanhão.

– E o filho pródigo retorna ao lar – sussurrou pegando a lança oferecida por suas companheiras de sangue.

Começaria a escrever sua lenda agora, diriam que ele era Rhaegar ou o Cavaleiro do Dragão renascido. Os dothraki chamavam de “garanhão que montava o mundo”, em Asshai, ele era Azor Ahai renascido, o Príncipe Perdido, Rhaego Targaryen, filho de Drogo, herdeiro do Trono de Ferro.