Neve e Chama: A Segunda Era dos Heróis. escrita por Babi Prongs Stark Lokiwife


Capítulo 28
Capítulo 26: Lailla & Aemon


Notas iniciais do capítulo

Leiam as notas finais.



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Lailla Baratheon

Ela foi a primeira a ver quando Mary Lane surgiu por entre as árvores. Informou ao homem de ferro que sempre estava pendurado nas cordas do mastro. Ele se balançava com extrema perícia de bombordo à estibordo, como se fosse um macaco do sul de Essos. Quando confirmou as novas, deu um grito de alegria e informou a todo o navio.

– A Capitã voltou! A Capitã voltou! – Gritou.

Lailla notou que ela não vinha sozinha, alguém vestido em trapos se apoiava na mulher de ferro para dar pequenos passos em direção ao navio. A Baratheon franziu o cenho, ele não parecia ninguém que conhecesse, mas pelo pouco que sabia da mulher de ferro, sabia que ela nunca ajudaria tanto um inimigo como Ramsay, ou mesmo um desconhecido qualquer. Então aquele só poderia ser...

– Theon Greyjoy, o Vira-Casaca. – sussurrou Ned ao seu lado, parecia incomodado.

Ele tinha o braço esquerdo enfaixado, graças ao ataque do lobo, mas o direito, com o qual manejava a espada, estava em perfeito estado. Os olhos cinzas do irmão brilhavam de reprovação, sua expressão era severa.

Lailla conhecia a história, Theon crescera como refém em Winterfell, criado ao lado dos filhos de Eddard Stark, no entanto, quando a Guerra dos Cinco Reis irrompera ele mudou de lado, traiu o norte, saqueou Winterfell e foi responsável pela morte de vários nortenhos. Por direito, a vida dele pertencia aos Stark, a quem ele traíra.

Entretanto ele sofrera punição suficiente nas mãos do bastardo de Bolton e, pelo que Lailla poderia analisar, mesmo que apenas superficialmente, ele estava moribundo. Valeria mais a pena permitir que morresse ao lado da única pessoa que ainda se importava com ele do que simplesmente cortar sua cabeça.

Os homens de ferro estenderam uma prancha de madeira, do convés até o porto, por onde Mary Lane e seu acompanhante embarcaram. Ele parecia velho, com os cabelos brancos , magro e olhos assustados.

– Pelos Sete! Mas que cheiro horroroso é esse?– Perguntou Narcysa Lannister aproximando-se, o desprezo era evidente em sua voz. Ela logo levou a mão ao nariz. –É capaz de os corvos alçarem voo com esse navio por conta desse mau cheiro todo! – Apenas quando quase se esbarrou em Theon que a leoa percebeu sua presença, temerosa em engolir uma mosca, recuou três passos antes de abrir a boca para falar novamente. – Mas quem é 'isso'?!

O homem caiu imediatamente de joelhos.

– Fedor, milady, s-sou Fedor. – Respondeu olhando para o chão de maneira submissa – Rima com horror.

Um silêncio tenso se fez, enquanto cada um dos presentes entendia a situação. Lailla pode ver que sequer Narcysa, que sempre tinha uma farpa venenosa na língua, estava sem palavras para a notícia. A Capitã Greyjoy ignorou a reação de todos, ajudou o homem a se levantar e guiou-o até sua cabine. Logo Sor Gyles, Lady Melony e um segundo estranho subiram ao convés. Esse último não parecia estar num estado tão grave quanto Theon.

– Martell! – Chamou Gyles – Esse homem precisa dos cuidados de um Meistre.

Aemon lançou um olhar de puro desprezo ao Tyrell, mas se aproximou analisando o estranho. Examinou o toco que ele tinha no lugar da mão esquerda. Já estava completamente cicatrizado.

– Não há muito o quê se fazer. – Disse por fim – Os ferimentos do corpo já estão curados. Mas não posso dizer o mesmo da mente. Esse aí é completamente louco, seria mais piedoso meter-lhe uma espada no coração, uma misericórdia, uma morte limpa e rápida.

– Ninguém fará mal a ele! – disse Melony com sua voz titilante.

Lailla segurou o riso, a garota era tão pequena e frágil que era estranho, "E cômico!", vê-la dando uma ordem a alguém como Aemon Martell. O dornes deu de ombros e foi em direção à cabine da Capitã, provavelmente com o intuito de examinar Theon Greyjoy.

Lailla se pôs a analisar o estranho a sua frente, ele era magro, tinha os cabelos brancos, a pele era flácida, como a de um gordo que perdeu peso muito depressa. Os olhos eram distraídos e lunáticos. Na metade esquerda de seu rosto havia uma tatuagem quadriculada. As memórias de suas lições com Meistre Leo vieram à sua mente. As antigas Cidades Livres, chamadas hoje de Cidades Libertas, costumavam tatuar o rosto de seus escravos de acordo com suas funções. O quê aquele quadriculado poderia significar?

– Penso que ele devia ser um bobo. – Disse Drogo apontando para as tatuagens.

– Bobo alegre, bobo esperto, bobo que viaja até o fundo do mar e retorna. – Gracejou o estranho – No fundo do mar tubarões e baleias tem filhotes híbridos, mais fortes que os dois juntos, eu sei, ei, ei, ei.

– Um bobo nada engraçado. – Ressaltou Sor Astor – Mas penso que já ouvi uma historia sobre um bobo com uma tatuagem assim.

– Não seria Florian, Sor? – provocou Eddard.

– Florian não tinha uma cara malhada !– Disse Shiera Tully revirando os olhos.

Lailla arregalou os olhos. É claro. Deveria ter percebido antes. Quando o corpo da prima Shiren e da mãe dela foram encontrados, o bobo que sempre a acompanhava não estava presente. Muitos suspeitaram que ele próprio cometera o assassinato, uma vez que seu corpo jamais foi encontrado.

Histórias sobre esse bobo vieram a sua cabeça. Os Lannister haviam inventado uma mentira, dizendo que a rainha de Stannis o traía com o bobo e a pequena Shiren era fruto desse adultério. E antes disso, quando a frota do bisavô afundou às vistas de Storm End, Cara Malhada passara três dias no oceano antes de chegar a praia. E desde então tornara-se um insano, cujos gracejos não alegravam a ninguém em exceção a Shiren.

– O bobo de Shiren... – Sussurrou – Cara Malhada.

– Donzela esperta. – disse ele pulando em sua direção – Donzela bonita. Donzela e monstro. Monstro e donzela. A donzela vai ver os filhotes de baleia e tubarão debaixo do mar, eles tem escamas e bolhas roxas, negras e vermelhas que escapam de suas bocas. Eu sei, ei, ei, ei.

– Dêem comida e água para ele... – Disse Gyles – É só um louco inofensivo.

Os olhos lunáticos de Cara Malhada comprovavam isso. Mas por algum motivo Lailla sentia que não era verdade.

Aemon Martell

Ele adentrou a cabine da capitã sem bater na porta, porém a Greyjoy não o ouviu se aproximar, ou não se importou. Ela tentava convencer Theon a descansar em sua cama, entretanto ele teimava em discordar, dizendo que seu lugar era no chão.

– Ele vai me machucar se me vir na cama. – Chorou o homem – Lord Bolton disse que meu lugar é no chão.

– O bastardo está morto. Nada do que ele disse ou fez importa agora. – Disse ela em um tom bondoso, que Aemon nunca a vira usar.

– Você não deve chamá-lo de bastardo. Não pode. Ele é Lord Bolton. Sempre Bolton, nunca Snow. Ou ele vai machucar você.

– Ele não pode mais machucar a ninguém. – Insistiu ela – Está morto. Você me viu matando-o.

Mas o quê restara de Theon Greyjoy se limitou a chorar e soluçar. Mary Lane parecia à beira de um colapso. Se lhe perguntassem mais tarde, Aemon diria que o quê fez foi porque queria entrar nas saias da capitã, contudo, naquele momento, sua intenção foi outra.

– Fedor! – Chamou com a voz mais rude que pode.

Theon rapidamente se virou para ele, como um cão que atende apenas por seu nome.

– Lord Bolton me instruiu a lhe dar ordens, ele disse que vai machucá-lo muito se não me obedecer. Compreende?

– Sim. Eu sou Fedor. O Fedor dele. Obedeço sempre. Senão me machuca.

– Você vai tomar um banho, ela vai lhe dar uma tina, depois vai vestir as roupas que lhe dermos e me deixar tratar dos ferimentos. Entendeu?

– Mas... – Disse ele se agarrando-se aos trapos que vestia – Estas são as roupas que me foram dadas. Lord Bolton disse para que eu NUNCA as tirasse. NUNCA! Disse que se o fizesse novamente ele iria esfolar toda a minha pele e costurar as roupas na carne nua.

Foi difícil para Aemon controlar seu enjoo ao ouvir aquilo. Em Citadel tinha observado Meistres abrindo cadáveres e ele próprio mexera com alguns enquanto aprendia. Mas ainda assim... O que o bastardo havia feito ao pobre homem... Ele não desejaria nem para os Targaryen que tanto odiava, nem para o seu pior inimigo. Controlou suas emoções, não deixando que nada transparecesse em seu rosto, exceto um leve franzir de sobrancelhas.

De joelhos no chão, com uma expressão de sofrimento e frustração, Mary Lane observava o progenitor soluçante, Aemon compreendia, ela queria ajudá-lo, mas não sabia como lidar com ele. A pobre garota devia ter guardado esperanças por todos esses anos e finalmente via que estava certa. Os deuses tinham um senso de humor terrível para fazer uma piada dessas com a vida da mulher de ferro.

– Devo chamar Lord Bolton para que você mesmo explique para ele por que desobedeceu suas ordens?

Ele se jogou aos pés de Aemon rastejando e choramingando.

– Não, por favor, eu farei o que ele ordenar. Tudo o que ele ordenar. Eu entendo, eu mereço ser punido. Lord Bolton quer apenas que eu seja renovado para que possa me machucar mais, não é?

Aemon fitou o homem aos seus pés. Sabia que se negasse ele dificultaria novamente, então assentiu positivamente. O coitado voltou a soluçar, mas se levantou. Aemon notou que ele tremia, mas não devido ao frio, era puro medo.

– Eu voltarei ao anoitecer. – Informou com a voz autoritária – Espero que tenha cumprido as minhas ordens. Ou Lord Bolton vai ficar muito zangado.

Ele assentiu, ainda soluçando, e o dornes se retirou sem olhar para a capitã. Não sabia o que ela tinha achado de sua intervenção e nem queria saber. Entretanto, ao ouvir passos rápidos atrás de si, soube que ela tinha o seguido. Ao contrário do que esperava, ela não parecia brava.

– Por quê fez isso? – Perguntou.

– Ele não estava cooperando... – Respondeu lutando para desviar os olhos do decote dela, ele era como era, mas ainda assim sabia que esse não era o momento apropriado – Pensei que assim fosse obedecer com mais facilidade.

– Foi astuto da sua parte. – Disse ela.

– As serpentes são sempre astutas... – Respondeu ele com um sorriso – Ele vai obedecer. Mas por hora sua tripulação precisa de seu comando.

– Eu sei. – Disse ela se afastando e ordenando que os homens de ferro levantassem a âncora.

Aemon observou-a se afastar. Seus olhos se seguiram para os outros companheiros de viagem, eles conversavam do outro lado do convés. Mas o dornes não teve interesse nenhum em se aproximar. Ao invés disso foi aos aposentos masculinos e procurou o quê necessitava em seu baú. Encontrou os frascos nas exatas posições em que os tinha deixado, pegou um que estava vazio e o usou para fazer as misturas, demorou toda a tarde mas finalmente conseguiu aquilo que queria.

O sol se punha no horizonte quando ele retornava ao convés. Os homens de ferro trabalhavam aos gritos, para manter o navio rumo ao sul, porém sua capitã não estava à vista. Na certa voltara à cabine. Adentrou novamente no aposento dela sem bater. Acertara. Ela tentava convencer Theon, já limpo e com novas roupas, a deitar-se na cama.

– Fedor! – Chamou com uma voz autoritária – Sente-se.

Ele obedeceu, lágrimas afloraram novamente de seus olhos, mas não soltou um mísero som. Aemon lhe deu um pouco de leite de papoula, mal ele engoliu o líquido branco e já dormia. O dornes examinou os ferimentos mais graves, usou um cataplasma e os enfaixou tal qual fora ensinado na Citadel. Quando terminou, tirou do bolso o frasco com o líquido laranja em seu interior.

– Isso é o extrato de uma flor chamada Misericórdia, que cresce nas Summer Islands... – Informou.

Mas não havia nenhum sinal de reconhecimento nos olhos dela.

– É valioso pois é o veneno mais rápido do mundo. Você o coloca na boca e seu coração para de bater. Simples, rápido e indolor.

Finalmente ela pareceu compreender, seus olhos se arregalaram e sua expressão assumiu o tom de confusão e instantes depois mudou para uma face rubra de fúria, provavelmente iria gritar alguma coisa ou expulsá-lo a bofetadas da cabine, mas ele tornou a falar antes que ela pudesse reagir.

– Os Meistres estão apenas começando a estudar a loucura... Mas posso dizer que se alguma vez ele teve a chance de se recuperar, essa chance já foi há muito perdida. Ele nunca voltará a ser o ara que ela pudesse observá-lo de perto – E isso... – indicou o veneno com a cabeça – é Misericórdia... Mas a decisão é sua. – estendeu o frasco para ela.

A Greyjoy pareceu hesitante, a expressão indecisa em seu rosto era o exato oposto da habitual carranca determinada. Naquele momento ela parecia tão frágil quanto uma criança. Pegou o frasco, fitou o veneno com cuidado, como se ele fosse uma cobra prestes a dar o bote. Aemon saiu da cabine, erquê era. Isso é uma existência miserável para quem já foi um príncipe. – Ele ergueu o frasco pa melhor que ela ficasse sozinha, tinha uma decisão difícil a tomar.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenha gostado desse cap. Mary Lane retornado ao navio. Descobrindo quem é o segundo estranho. Alias, o que vocês esperam dele?E por fim. A proposta do Aemon. O que vocês fariam no lugar da Mary? O que querem que ela faça?Aguardo suas reviews



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