Neve e Chama: A Segunda Era dos Heróis. escrita por Babi Prongs Stark Lokiwife


Capítulo 26
Capítulo 24: Melony & Renly


Notas iniciais do capítulo

Leiam as notas finais



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Melony

Melony sentia-se em casa enquanto caminhava pela floresta coberta de neve. Ibben não era nem de longe tão frio quanto sua terra natal, mas era bem melhor do que o sul tão absurdamente quente. A primeira coisa que fizera quando desembarcara, fora procurar uma árvore-coração, não fora tão difícil, havia várias espalhadas por toda a floresta.

Ajoelhou-se em frente ao rosto esculpido em sinal de respeito, tocou com delicadeza na neve, onde ela sabia que se iniciavam as raízes, e estendeu sua consciência. Encontrou ali outras vidas, como esperava, centelhas dos Filhos da Floresta que haviam se conectado à árvore em outras eras. Se quisesse poderia vislumbrar um pouco de cada um, mas não procurava esse tipo de conhecimento. Sentiu as raízes se entrelaçarem umas às outras embaixo da terra, de modo que pudesse ver não apenas o que havia se passado em volta daquela árvore, mas também em toda Ibben.

Anos se passaram num flash, Filhos da Floresta, os Primeiros Homens, o Povo Livre, mercadores e marinheiros vindos de todo o lugar. Por vezes se distraiu em algumas memórias, três em particular lhe chamaram a atenção. A de uma Filha da Floresta, que quase sozinha eliminou dezenas dos Primeiros Homens. A de uma fêmea nativa, troca peles como ela, que criou um vínculo com cada uma das criaturas viventes na ilha. E a de um warg, também nativo, ao qual chamavam de Ulruck , que traiu os seus avisando a marinheiros que ancoraram no porto, de um saque que sua tribo planejava ao navio, os marujos mataram todos, homens, mulheres, velhos e crianças. E o traidor fugiu com os marinheiros.

Não soube ao certo quanto tempo se passou até que retomasse o foco e procurasse por habitantes atuais da ilha, porém quando o fez não demorou muito para encontrar o que queria. Tal como seus companheiros suspeitavam, ele estava numa grande caverna submarina no extremo norte da ilha.

Voltou ao seu próprio corpo e começou a procurar um animal forte para vestir. Há muito tempo que não usava suas habilidades e de certa forma sentia falta, mas não era apenas por isso, ainda não sabia manusear muito bem a espada, portanto sua única defesa era sua habilidade como troca-peles. Procurava também pela fêmea que era dona do navio, a que chamavam de Capitã, sentia que a companheira de viagem precisaria dela para alcançar seu objetivo e há muito aprendera a confiar na intuição.

Quando finalmente a localizou , Melony se aproximou sem nenhum receio. Porém a fêmea parecia a espera de algum perigo, pois imediatamente puxou a espada. A mão de Melony automaticamente se dirigiu à cintura, procurando por Dark Sister, mesmo que não pudesse usar a espada, sentia-se mais segura em saber que ela estava ali. Mas logo soltou seu punho, não queria que a outra fêmea achasse que ela era uma ameaça.

O que está fazendo aqui? disse a Capitã com agressividade, entretanto, abaixando a espada Está louca? Eu poderia tê-la matado! Pensei ter dito que não queria que ninguém me seguisse!

Você vai precisar de ajuda. respondeu Melony com calma E eu preciso vestir algum animal.

Se precisa de alguma pele, peça para que um dos rapazes cace algo para você. rosnou a Capitã parecendo irritada No momento eu tenho minha própria presa.

Não preciso da ajuda dos machos para vestir uma pele, sempre fiz isso sozinha. disse Melony com o cenho franzido de confusão E você vai precisar da minha ajuda. A sua presa está próxima, mas você jamais chegará até ela sozinha.

Eu não preciso da ajuda de ninguém! Muito menos de uma criança selvagem!

O rugido de um urso as interrompeu, pelo som, o animal estava próximo, muito próximo. A Capitã praguejou baixinho e pegou sua espada, Melony apurou os ouvidos e escutou as passadas do animal e sua respiração pesada, logo o encontrou. Era um Urso da Neves, eles costumavam ter o dobro do tamanho dos ursos comuns, tinham uma pelagem totalmente alva, de seus dentes afiados pingava sangue de uma presa recém abatida, mas Melony não conseguia ver perigo nele.

Estendeu sua consciência em direção ao animal, de início o urso resistiu, mas Melony foi delicada e prometeu devolver-lhe o domínio em pouco tempo. O animal podia pressentir que a pequena humana poderia facilmente sobrepor a vontade dela a dele, por isso aceitou o acordo. Toda essa conversa se deu não com palavras ou gestos, mas através de suas mentes, cada um expondo suas intenções.

Por fim, o urso pareceu compreender e Melony pode entrar. Viu através dos olhos dele a si mesma, uma jovem fêmea humana, com os olhos de azul-esverdeado tão brilhantes quanto à pedra que carregava no pescoço. E farejou com seu olfato superpotente todos os seres vivos ao seu redor. Sentiu uma força avassaladora em seus braços, como se fosse capaz de derrubar a mais imponente das árvores ou mover a mais pesada das rochas, e realmente o era.

Dividiu sua consciência entre os dois corpos, de modo que pode voltar a ser ela mesma, mas ainda assim controlar o urso. Subiu no dorso do animal e sorrindo estendeu a mão para a Capitã, incentivando-a a fazer o mesmo. A fêmea parecia abismada, mas aceitou a ajuda e subiu no dorso do urso.

Sua presa está no extremo norte da ilha. disse Melony para a Capitã Ele poderá nos levar até lá. Levará dois dias de viagem.

A fêmea apenas assentiu e Melony pediu que o urso caminhasse.

Renly Lannister

Renly caminhou pelas rochas em silêncio, aquele talvez fosse o ponto mais alto da ilha e se olhasse para o horizonte, conseguia ver milhas ao norte onde o mar congelava. Perguntou-se se era possível haver habitantes para lá. Se os selvagens podiam sobreviver além da Muralha, por que não? Prosseguiu até os pés do monte, onde estavam Lady Baratheon e Aemon Martell. Ela usava calças de montaria e trazia nas mãos um martelo de guerra, uma arma muito rude para a maioria das mulheres, porém ele já havia aprendido que Lailla não era como a maioria das mulheres.

O Martell estava recolhendo algumas plantas nativas em uma bolsa de couro, ao que parecia eram ervas muito raras que só cresciam em Ibben e podiam ser ingredientes tanto para antídotos como para venenos. Pouco acima deles voava o corvo branco que Aemon chamava de Egg.

Renly caminhou até a beirada da rocha. Sob seus pés, a partir daquele ponto, a descida até o mar era extremamente íngreme e ele não ousava avançar mais do que isso. Observou as ondas geladas que batiam na pedra, pensou nas ondas azuis turquesa de Tarth. Recordar sua casa lhe encheu de saudades, não apenas do seu lar, mas de sua mãe.

Sabia que ela não aprovava aquela viagem, mas nada pudera fazer quando os filhos embarcaram no Black Kraken. Esperava que pudesse regressar, Brienne não merecia o sofrimento da morte de um filho, se ele caísse em batalha só restaria Narcysa. A arrogante, cruel e ambiciosa Narcysa. Certamente que a mãe merecia mais do que uma filha que a renegava. Brienne era uma das melhores pessoas que conhecera, mas ainda assim tivera poucos momentos de felicidade durante sua vida, e estes foram na companhia dos filhos e na de Jaime Lannister.

Pensar no pai fez com que um bolo se formasse na garganta de Renly. Passara toda a sua vida sonhando com isso, entretanto, agora que o momento se aproximava, estava nervoso. Temia ser uma decepção, afinal não era tão habilidoso com a espada como gostaria, tampouco era belo como seu pai fora. Jaime Lannister fora um leão, impiedoso e feroz para com seus inimigos, um grande guerreiro e, como todos os Lannisters, não tinha o pudor de passar por cima de inocentes para alcançar seus objetivos. Brienne dissera que ele mudou depois de ser preso em Riverrun, porém Renly temia que ele, tal como Narcysa, julgasse o filho como um fraco.

No fundo ele invejava a irmã. Ela parecia totalmente indiferente à perspectiva de conhecer o próprio pai, não se importava com o quê ele fosse pensar dela. Renly gostaria de ser assim também. Gostaria de ter essa habilidade de simplesmente não se importar.

Estava perdido em seus próprios pensamentos enquanto caminhava, até que tropeçou. Estava demasiado perto do precipício. Tentou se equilibrar, mas desastrado como sempre, o máximo que conseguiu foi segurar-se na borda com as mãos.

Ouviu passos correndo em sua direção e logo Lailla e Aemon ajudaram-no a subir.

Essa foi por pouco. disse o Martell recuperando o fôlego Na próxima vez que quiser cometer suicídio, meu caro, apenas peça a minha ajuda, seria menos doloroso do que uma queda contra as rochas.

Tropecei em algo. respondeu Renly se levantando.

Caminhou até um pedaço de rocha protuberante. Assim que se aproximou, notou que não se tratava de uma rocha.

Isso é... começou Lailla hesitante.

Ele notou que ela apertava o punho de seu martelo com tanta força que os nós de seus dedos estavam brancos, tal com ele buscava segurança em suas armas e em sua própria força.

Sim. disse o dornês pegando-o e puxando-o.

Não foi necessário muita força, era apenas barro que o envolvia e não pedra. Ele ergueu-o acima da cabeça para que os companheiros deslumbrassem. Tinha a cor branca, ligeiramente amarelada pelo tempo, mas era inconfundivelmente um osso humano.

O Martell largou o osso e pegou algo mais no barro estilhaçado. Um colar, com um pingente estranho. Parecia se tratar de um dente.

É a garra de um Urso das Neves. O Povo de Skagos costuma utilizá-lo em volta do pescoço para ter boa sorte. disse voltando a pegar osso.

Estudou atentamente o objeto em suas mãos, enquanto Lailla destruía o restante do barro encontrando outros ossos. Dedos, uma mão, um braço e duas costelas.

Isso é recente. No máximo um ano. disse o Víbora Dourada enquanto Egg pousava em seu ombro, o Martell não deu atenção ao pássaro, mas passou a examinar a costela E por essas marcas o pobre não foi apenas torturado, mas assassinado. Isso não foi obra de animais.

Como sabe? perguntou Lailla

Seu rosto estava impassível, mas sua voz delatava que temia a resposta. Aemon pegou o braço e o ergueu a altura dos olhos.

Observe estas marcas no osso. respondeu apontando para alguns arranhões Isso não são marcas de dentes ou garras. Este coitado não teve a carcaça devorada por animais, nem decomposta, pele e carne foram separadas do braço através do aço.

E-enquanto ainda estava vivo? perguntou Lailla, hesitante.

Aemon assentiu positivamente.

Bem... Sabemos de pelo menos uma pessoa que gosta de tirar a pele e a carne de seus inimigos enquanto ainda estão vivos. disse Lailla.

O dornês assentiu novamente.

O pirata estava certo. sussurrou Renly O bastardo de Bolton está mesmo por aqui.


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Notas finais do capítulo

E no próximo cap teremos finalmente o tão esperado POV da Mary Lane e seu encontro com Ramsay. Mais spoiler que isso não darei, mas me digam o que esperam desse encontro? Como nossa piratinha reagirá? E o que vai encontrar?
Aguardarei suas reviews.
Abs