Era mais um começo de outono, minha estação favorita. Da minha janela dava para ver as arvores das montanhas ao lado do lago ficarem amarelas... Tudo era mais bonito durante o outono.

Antes de dormir tirei os livros da cama e preparei a roupa para ir para a festa dos Rileys amanhã. Sabia que a primeira coisa que a minha mãe me perguntaria de manhã era se eu já tinha preparado um vestido para ir... Dormi com a janela aberta olhando para a lua.

Acordei gritando, estava suando frio. Tive um pesadelo horrível, meu pai, minha mãe e eu estávamos na montanha a caminho da casa dos Rileys quando do nada apareceu uma garota no meio do caminho e meu pai não conseguiu frear, o carro derrapou e capotou floresta abaixo. Só quando fechei os olhos de dor no sonho pude acordar, acordei gritando e suando.

Estava tudo embaçado, mal conseguia ver minha mãe entrando pelo quarto. Ela se sentou e viu que estava suando, saiu e voltou com uma toalhinha, limpei o suor...

- O que aconteceu Amanda? Você esta bem? – disse mamãe preocupada.

- Eu tive um pesadelo... Foi horrível, eu você o papai estávamos na estrada que sobe a montanha a caminho dos Rileys e apareceu uma garota, o carro capotou... – ela me interrompeu antes que pudesse terminar.

- Ah... Achei que fosse grave... Você já escolheu um vestido para hoje à noite?

- Mas mãe, foi horrível!

- Mas foi só um sonho... – disse ela me abraçando.

- Sim já escolhi uma roupa pra hoje, esta em cima da escrivaninha. – disse apontando para o monte de roupa em cima da minha escrivaninha.

Ela se levantou e torceu a cara para a minha escolha, como eu sabia que ela iria fazer.

- Mas você vai usar isso? E o vestido que te dei de natal?

- Mãe você sabe que eu não gosto muito daquele vestido...

- Faça um sacrifício... Ah! E nada de tênis heim?

- Mas mãe...

- Mas nada. É isso e pronto.

- Tá preciso me arrumar pra ir pra escola... – disse esfregando os olhos e entrando no banheiro ates que ela começasse a discutir comigo sobre o meu estilo.

Me arrumei rápido e desci pro café, comi as panquecas com nutella e morango que minha mãe preparou, peguei a mala e fui para a varanda esperar a Lily chegar. Como sempre ela estava atrasada, ou ela ou o pai dela... Fiquei olhando para as montanhas uns 10 minutos ouvindo música e nada de Lily chegar, até pensei em ir de bicicleta, mas como Lily provavelmente já estava á caminho... Enfim, que bom que acordei cedo, era só o que faltava eu estar atrasada de novo, já seria a terceira vez no mês e a diretora Collins estaria mais p. da vida comigo do que nunca. Vi o carro dando a volta no lago me levantei da varanda e fui até o carro.

- Vamos! – disse Lily buzinando.

- Cadê seu pai? – perguntei entrando no carro correndo.

- Ele me deixou vir dirigindo... Afinal só mais uma semana até eu tirar a minha carta! – Lily era alguns meses mais velha que eu, o que me irritava um pouco, porque isso significaria que ela ganharia um carro primeiro e ela ficaria se gabando do jeito que só ela sabia fazer...

 Demos a volta no lago e fomos pra escola, escutamos músicas e fofocamos um pouco... Foi até legal tirando a parte de eu estar morrendo de medo com Lily no volante... Hahaha.

Quando entramos na sala, havia um murmurinho absolutamente normal, afinal é uma sala do colegial e é aula da Srta. Bigsley. Tenho até dó da Srta. Bigsley, ela não consegue organizar a sala e todo mundo faz o que quer porque ela não faz nada. Acho que ela até já se acostumou com isso afinal ela trás tampões de ouvido e um livro diferente toda aula... Como de costume sentamos nas mesas ao lado da janela com uma visão para a porta e para Joe Brookling, o garoto qual a Lily tem a maior paixonite. Paixonite mesmo, porque ele namora Amy Shetterd desde a 8° série.

- Você ficou sabendo? Teremos uma novata na sala, a diretora veio avisar pra professora que ela só chegará em duas semanas... Parece que a familia dela é uma das fundadoras da cidade que nem a sua. Ela vai morar naquela mansão abandonada do lado do lago...  – tagarelou Lily interrompendo minha linha de pensamentos.

- Sério? Faz um tempo já que não temos alunos novos... – disse fingindo que estava interessada e abrindo o caderno de desenho.

Comecei a desenhar flashes do sonho que tive essa manhã até que percebi que Lily estava me olhando estranho.

- O que são esses desenhos depressivos Amanda? Você não esta se cortando né? - disse ela pegando os meus braços e levantando minhas mangas.

- Claro que não sua tapada! São só partes de um sonho que tive essa manhã... – disse recolhendo os milhares de desenhos de cima da mesa, só que um deles voou pela sala e caiu no chão ao lado de Fred Fallon, o filho da cherife. Ele pegou o desenho do chão e viu que eu e Lily estávamos olhando.

- Eu acho que esse desenho é seu não é Amanda? – ele disse dando um meio sorrisinho e me entregando o desenho.

Lily me deu uma cotovelada.

- Ah.. É... É sim, obrigada... – minhas bochechas estavam ficando corado, quando eu fui salva pelo gongo barra sinal, enfim... Que indicava o fim da aula.

- Quem é essa garota? – disse Lily sussurando e olhando para o desenho.

- Ela estava no meu sonho... Mas não é nada foi só um sonho... – eu sussurrei de volta e sai correndo da sala de aula deixando Fred e Lily falando sozinhos. Fui para a aula de Fisica, na qual era a única do dia que era longe da Lily. E o dia passou... Voltei pra casa e comecei a me arrumar. Coloquei um trench-coat bege, um vestido bonitinho e coturnos marrons... Afinal minha mãe falou; nada de tênis, mas não falou nada sobre coturnos.

Desci as escadas quando ouvi meu pai apressando minha mãe como sempre... Fui até a garagem, entrei no carro , buzinei, voltei para o banco de trás e comecei a mexer no meu celular.

Estávamos a caminho da casa dos Rileys para mais um jantar importante, para as famílias importantes e influentes, que na verdade era mais uma festa de campanha, e mais uma chance para eles se mostrarem para a cidade. Quando “acordei” da minha linha de pensamentos percebi que o meu pai estava fazendo o mesmo caminho que fizemos no sonho antes do acidente.

- Pai você pode fazer outro caminho...? É que esta começando a chover e você sabe que a trilha da montanha fica bem escorregadia...

- Achei que você confiasse mais em mim no volante. – disse meu pai ironizando e rindo.

- Não, não é isso...

- É que ela teve um pesadelo hoje com essa estrada... – disse minha mãe me cortando e falando isso como se fosse a coisa mais idiota do mundo.

- Ah por isso que você gritou hoje de manhã? Ah... Como foi o pesadelo? – disse papai.

- Não foi nada demais Richard, estamos atrasados. – falou mamãe antes que eu pudesse abrir a boca.

- Bom, mas eu gostaria de ouvir se você não se importar. – disse papai lançando um olhar um tanto desafiador à mamãe.

- Tanto faz, desde que não nos atrasemos. – disse mamãe revirando os olhos.

Expliquei ao meu pai o pesadelo enquanto minha mãe ficava me cortando a cada quinze segundos.  E ele então disse:

- Deita e descansa um pouco, te acordo quando chegarmos ok? – disse meu pai cortando a minha mãe.

- Lygia se você não percebeu eu estou tentando ouvir o que nossa filha esta falando, não importa que chegaremos um pouco atrasados! Você nunca ouviu dizer que chegar atrasado é um charme não? – continuou ele.

Deitei no banco de trás e coloquei os fones de ouvido porque eles começaram a discutir.  Começou a chover mais forte... Comecei a ficar com medo e eles continuavam a discutir, cada vez mais alto... Papai começou a ir muito rápido então levantei.  Saímos da trilha.

- PAI CUIDADO TEM UMA ARVORE ALI! – gritei.

Ele freou e desviou o carro, só que como as folhas estavam escorregadias o carro começou a derrapar, estávamos nos aproximando da ponta da montanha muito rápido e o papai freando antes de cairmos. O carro começou a girar em direção a beira da montanha... Quando rapidamente virei à cabeça para janela vi de relance a garota do sonho! ERA ELA! ERA ELA! Pode ter sido rápido, mas era ela com certeza! Quando me toquei estávamos capotando e já não conseguia mais ficar acordada... Voava vidro e sangue por todos os lados...

FIM DO CAPITULO 1