Shino realmente não conseguia entender sua sorte inconstante. Depois que ele os amigos saíram da cidade das apostas foram atacados por ninjas mercenários que queriam tomar suas armas assim como seu dinheiro. Logo após darem uma surra nos ladrões, conseguiram águias ninjas gigantes que tinham o triplo de sua velocidade normal, após andarem vários quilômetros para a direção errada por causa de um erro no mapa descobriram que sem querer foram para o lugar certo. E agora um emaranhado de cabelos loiros a sua frente com um enorme sorriso no rosto era a prova da sorte inconstante.
Quando encontrasse com Naruto, Kiba normalmente lhe daria um soco ou lhe chamaria de baka, mas ele estava preocupado demais para isso. Essa missão só o trouxe mais problemas ainda. Ele estava abatido, desde que saíram daquela cidade Kiba não conseguira dormir. Toda vez que ele fechava os olhos aquela estranha voz circundava sua cabeça.
- Cara ou coroa, Kiba? Uma morte em troca de uma vida. Eu lhe disse que você não conseguiria sem mim . Seis meses,é o que você tem. Seis meses de tormento.
A todo custo ele tentava entender o que aquelas palavras significavam, mas quanto mais fundo ele ia mais se perdia. Cara ou coroa? Duas escolhas? Dois lados? Duas pessoas? Duas opções? Uma morte em troca de uma vida? Kiba sentiu que isso não se referia a vida de Akamaro em troca da dele. Apesar de tudo o que mais atormentava o Inukuza era a ultima parte da frase: Seis meses de tormento. Se fosse o que ele imaginava, a coisa não estava nada boa. Ele estava tão abalado e desconcentrado que não duvidava que Naruto não houvesse notado sua presença ali, além do mais, o loiro estava ocupado demais prestando atenção em Hinata.
A cada passo dado, seu coração apertava mais. Era como se ela estivesse acabado de viciar-se em um remédio e este fosse retirado bruscamente de seu alcance, e agora ela pudesse tomar novamente uma dose dele. Três anos sem ver Naruto. Antigamente ela já teria desmaiado, mas não agora. Ela não era mais aquela pequena Hyuuga que sempre dependia dos outros e ficava vermelha na presença do Uzumaki de Konoha. Uma batalha sempre pode amadurecer um ninja. Então o que é capaz de fazer uma guerra?
A longos dos anos tendo como inspiração Naruto, Hinata tonou-se mais confiante, forte, com mais presença e coragem , porém, não deixando sua parte meiga e doce de lado. Em todas a noites em que Hinata deitou-se para dormir, ela pensou no ultimo dia em que viu Naruto e no pedido que ele fez a ela.
-Você pode me esperar Hinata? Eu prometo que um dia voltarei, eu prometo...
Não houve um dia em que ela não pensasse naquilo, e agora esse momento chegou. 11 passos, 10 passos, 9 passos, 8 passos. Ela contava os passos em direção ao loiro, por mais que não estivesse nervosa seu coração pesava no peito, suas mão tremiam e ela não sabia se seus joelhos aguentariam. Por sorte, o Uzumaki apressou-se em passos largos em direção a morena a tomando em um abraço apertado cheio de saudade.
Quando Naruto estava com Hinata ele sentia-se leve, calmo, como se olhar para o rosto dela varresse todos os seus problemas,em um minuto de contato com a Hyuuga ele esqueceu-se dos problemas do clã Uzumaki, dos bijjus no pergaminho em suas costas, das espada demôniacas que teria que procurar e da luta que acabara de ter.
Quando estava assim, abraçado com Hinata ele sentia seu peito inchar, e uma dificuldade de respirar. Quando os dois encontravam-se ele não sabia o que o atingia, ele sentia uma sensações e depois arrepios na nuca. Quando ele falava isso para Mizuki-Sama, seu mestre sempre dizia que é isso que acontece quando um tornado encontra um vulcão, Naruto nunca entendeu o que ele queria dizer com isso.
Agora ali abraçado com ela de novo, ele sentia essas coisas de novo. Naruto não aguentou, tomou os lábios da Hyuuga nos seu, coisa que deixou Shino e Kiba um pouco constrangidos.
Ele não importava-se com isso, não agora, tudo que ele queria era sentir o calor de Hinata no seu. Naruto nunca foi o melhor no quesito amor, sempre foi um tanto desajeitado quando o assunto tratava- se de garotas, mas até ele percebia que era apaixonado por Hinata.
Ele nunca foi homem o suficiente para dizer a Hinata: -Você quer namorar comigo? E ele gostava disso. O começo do namoro dos dois não foi através de palavras, nem sorrisos nem gestos, simplesmente aconteceu. Ele nem sabe como foi, só sabe que foi uma das melhores sensações estar com essa garota.
Quando separaram-se em buscar de ar, Hinata reparou em Naruto. Seus olhos azuis continuavam tão vivos e cheios de alegria como antes, ele havia ficado mais alto e mais musculoso, seus cabelos estavam levemente cumpridos, e ele tinha um grande sorriso branco nos lábios, o logo após fazer uma vistoria pelo corpo do rapaz a sua frente Hinata reparou em sua capa chamuscada, o que a levou a perguntar:
-O que houve com sua capa?
-Eu estava com saudades de você Disse Naruto soltando uma risadinha gostosa e logo em seguida lhe dando outro abraço.
-...Naruto. Shino pigarreou meio sem jeito para chamar a atenção dos dois.
-Hum? É mesmo! Shino, Kiba Hinata, Akamaro, o que vocês fazem aqui? Lembrou-se o loiro quando recuperou-se do choque de ver Hinata.
-Viemos a mando de Shizume-Sama, Konoha sofre por falta de um novo Hogake. E você é o mais indicado para o cargo. Disse Hinata em um abraço frouxo, mas com uma postura séria.
Um choque percorreu o corpo de Naruto na menção de um novo Hogake. Ele sabia das ultimas ocorrências em Konoha, mas não podia voltar para a vila da folha sem antes ajeitar as coisas no clã Uzumaki.
Shino cutucava Kiba, já que ele estava sob posse da ordem de busca promulgada por Shizume, mas o rapaz parecia preso em seu próprio mundo. Depois de alguns empurrões Kiba voltou entregando a folha a Naruto, que a leu calmamente, transparecendo um semblante nada animado.
-Não posso voltar ainda. Falou após encerrar a leitura. Tenho responsabilidades no... Ele interrompeu a se mesmo, lançando um olhar preocupado para Hinata.
-Droga, seu babaca, você não entende? Konoha precisa de você. Não pode ter nada mais importante do que isso. Konaha, Naruto, lembra? sua casa. O lugar que você sempre lutou para proteger. Kiba que até então mantinha um olhar vago avançou em Naruto o segurando pela gola da camisa.
-O lugar que eu ainda luto para proteger. Disse Naruto ríspidamente empurrando Kiba.
-Não parece. Primeiro você vai embora, depois nega ajuda quando sua vila mais precisa e agora isso, um simples não posso ir? O que você está se tornando? Nós deveríamos apontar você como um ninja renegado? O sorriso no rosto de Kiba era cínico e sarcástico, do tipo provocativo.
-Ora seu... Você não tem o direito. Naruto fez menção de avançar em Kiba, no entanto foi impedido por Hinata que adentrou a frente do loiro.
-Por favor Naruto-Kun... Não. Hinata olhou no fundo dos olhos de Naruto, e lá viu que ele mais do que todos estava sofrendo com isso.
-Tudo bem... Eu não vou fazer nada. Konoha precisa de mim e eu pretendo ajuda-la, mas preciso ajeitar algumas coisas primeiro.
-Ajeitar algumas coisa? Shino perguntou em um tom quase inadiável.
-Só confie em mim, Ok? Quando chegarmos lá vocês vão entender porque não posso voltar para Konoha agora.
-Lá onde? Perguntou Kiba de braços cruzados.
-Não é algo que eu possa explicar, se vocês puderem vir comigo...
-Claro que não! Konoha precisa de nós, não podemos ficar correndo de um lado para o outro atrás de você, quando a vila está prestes a ser destruída... Kiba tomou a frente de todos enraivado.
-KIBA! Nós somos uma equipe, você não pode decidir sozinho. Todos ali espantaram-se. Levantar a voz não é uma atitude tipica de Shino. -Deixe o Naruto falar, e depois tire suas conclusões.
-Pode parecer que eu estou tentando fugir de minhas responsabilidades, mas não, estou fazendo isso por Konoha, pelo mundo shinobi. Disse Naruto recuperando seu ar habitual de sempre. Mais alguns meses, talvez dias... É só isso que peço.
Hinata estava aflita, ela sempre soube que o maior sonho de Naruto era tornar-se Hogake, e agora ele teria que negar esta oportunidade. Por mais que parecesse que Naruto estivesse evitando suas responsabilidades, Hinata não a sairia mais de perto dele, para onde ele fosse ela iria junto, nem que fosse como fora da lei.
-Naruto, eu não estou aqui apenas como ninja rastreador, mas também como sua escolta, é minha responsabilidade cuidar de sua segurança. Shino sentiu que deveria ter dito nós em vez de eu, mas quis evitar confusão por parte de Kiba.
-Obrigado.Naruto ficou um pouco vermelho com a declaração de Shino, mas fez um sinal de reverencia como agradecimento. - Hinata?
-Eu estou com Shino-Kun. Hinata pensou em dizer outras coisas mas por causa da tensão do momento resolveu tratar Naruto assim como Shino.
Todos olharam para Kiba e ele apenas fechou a cara como resposta.
-Nós somos um time, não é? Se vocês forem eu também tenho que ir. Falou de forma grosseira. Mas eu já disse o que penso sobre isso.
-Muito obrigado! Naruto fez uma reverencia a todos eles. Nosso caminho é para o Oeste, a quatro dias daqui... err, nós vamos ter que passar em um lugar antes.
-Tsc... Kiba ganiu irônico. É realmente necessário? Ou você só quer parar para comprar ramen?
-Antes de vocês chegarem, um homem veio ao meu encontro. Ele falou sobre deuses do pecado que foram aprisionados em espadas, e que a Azami está atrás delas... Explicou Naruto ignorando Kiba. - Que eles querem usa-las para destruir o mundo Shinobi... Ele falou alguma coisa sobre o mais puro dos sábios sucumbir aos mais impuros dos desejos. Que a Azami já tem três dessas coisas e que se não fizermos algo, o mundo pode... Naruto não quis continuar a falar, geralmente ele adorava ser o centro das atenções, mas agora o olhar abalado de seus amigos não lhe era agradável. Ele notou que Kiba enrijeceu quando ele falou nas espadas.
-Você não acha que é uma armadilha? Contrapôs Hinata.
-... Acho, mas vale apenas dar uma olhada. Fica no caminho do lugar pra onde vamos, há dois dias, para o Oeste. Apontou Naruto. Eu não acredito nessas coisas de deuses demônios que foram aprisionados em espadas que podem controlar pessoas...
-Espere você disse espadas que podem controlar pessoas? Interrompeu Shino.
-Sim. Disse simplesmente.
-Nós encontramos algo parecido. Contou Hinata enquanto Shino retirava a lamina dourada de sua mochila.
Naruto assustou-se com o que viu. O objeto estava tão bem guardado enrolado em panos, camadas de insetos e no final uma bainha. Quando Shino retirou a lamina do compartimento dourado Naruto sentiu algo ruim. Uma sensação ruim, um ar frio instalou-se ali e a expressão dos ninjas rastreadores mudou para um misto de ganância.
-Você não sente nada? Perguntou Shino colocando a espada em sua bainha.
-Não. Por quê? Deveria?
-Deveria. Mas não importa. A questão é que agora eu também me interessei por esse caso, vamos logo, quanto antes chegarmos melhor. Falou Shino.
Os três ninjas saíram deixando apenas o rastro de seus pés pelo chão.
[...]
Depois de um longo dia de trabalho tudo o que Shuon queria era um longo e merecido descanso. Ser um senhor de quarenta anos solteiro e sozinho às vezes não era nada fácil, principalmente quando tinha que ficar no salão da cidade até tarde, como havia acontecido hoje.
Ele adentrou seu quarto já retirando suas veste. Não se importou em ascender às luzes da casa, estava cansado demais para esse tipo de coisa. Adentrou o banheiro já totalmente despido indo diretamente em direção a banheira e ligando-a,logo em seguida jogando sais de banho dentro.
-Se possuísse uma esposa não teria que fazer esse tipo de coisa. -Pensou sozinho enquanto preparava seu banho.
Entrou na água morna sentindo todo o stress saindo de seu corpo. Nesse momento ele jurou ter visto um vulto na porta, mas entre uma piscada e outra a sombra havia desaparecido.
- Estou trabalhando muito. Suspirou o velho Shuon.
Ele aproveitou cada segundo de seu banho na luxuosa banheira. Já passavam das onze quando resolveu sair da banheira. Enxugou-se e vestiu-se apenas com um roupão vinho rendado com linhas verdes.
Ao abrir a porta de seu banheiro ele deparou-se com uma lamina de bronze e cabo negro em sua garganta ele percebeu duas cruzes intercaladas no cabo da lamina e a ultima coisa que viu foi um vulto totalmente negro com olhos brancos e brilhantes em forma humana. E antes que sufocasse no próprio sangue ele conseguiu ouvir.
-Eu o condeno. Você é culpado! Vá para o mundo dos mortos sem voz para que nunca mais possa proferir mentiras.