Quando Os Mortos Andam. escrita por DIAMANTE VERMELHO
Tudo estava calmo naquela manhã, era terça-feira. Jorge acordou, mas não quis se levantar, o tempo parecia ter parado e tudo aquilo que estava acontecendo parecia um pesadelo que nunca acabava, uma música ruim que nunca tinha fim ou uma história de terror que já perdera a graça a muito tempo. Ele refletiu sobre como estaria sua vida se nada disso estivesse acontecendo, provavelmente estaria indo ao trabalho, Luíze também e Lucas logo iria para o último ano. Como pode tudo isso acontecer dessa forma? Tão terrível e com um humor sádico?
- Querido, já acordou? – Luíze se virou para Jorde.
- Sim. – Ele deu um meio sorriso e beijou a testa de sua esposa.
- Dormiu bem?
- Sabe, não muito na verdade, mas melhor do que ontem.
- Te amo sabia? E obrigada por estar suportando meu comportamento durante essa semana. – Luíze agradeceu.
- Eu sei e também te amo, esse é meu papel sabe, te suportar até na TPM – Ele riu e abraçou-a.
O relógio da cozinha marcava 10hs e todos estavam reunidos, até mesmo o pequeno Chris.
- Não temos muitas coisas para tomar café, provavelmente teremos que ir a cidade. – Karen disse fechando a geladeira. – Alguém está com fome? Talvez dê para uma ou duas pessoas o que tem aqui.
- Eu to com fome mamãe. – Chris estava sentado na mesa, deitado por cima dos braços.
- Dê o que tem na geladeira pra ele, irei arrumar o carro pra ir à cidade. Alguém quer alguma coisa de lá? – Jorge declarou.
- Eu vou junto com você pai. – Lucas disse.
- Melhor você ficar aqui Lucas, eu irei com seu pai. – Luíze estabeleceu.
- Mas mãe...
- Lucas é sério, você fica se quiser alguma coisa fale que tentaremos conseguir.
- Deixa baixo – Lucas subiu as escadas.
- Certo, eu e Luíze iremos. Vocês querem alguma coisa? – Perguntou Jorge.
- Acho que estamos bem, obrigada. Só traga o necessário. – Karen disse servindo uma ultima porção de cereal para Chris que agradeceu.
Jorge subiu as escadas para falar com Lucas.
Meia hora depois estavam saindo da fazenda e seguindo rumo a cidade.
- Estou com medo querido.
- De que? – Jorge perguntou.
- Não sei, a cidade estava um caos e com certeza vai ter alguns bichos daqueles perdidos por lá. Só espero que tudo de certo. – Luíze se apoiou na janela.
- Vai dar tudo certo. – Jorge colocou a mão na perna de Luíze.
- Você acha que vai dar tudo certo? – Sarah estava sentada no sofá com Lucas. Karen tinha subido para dar um banho em Chris.
- Vai sim, eles sabem se cuidar. Viveram muitas aventuras. – Lucas apertou uma medalha que trazia no pescoço.
- Ganhou dos seus pais de presente? – Perguntou Sarah apontando para a medalha.
- Na verdade não, ganhei de... uma amiga. – Ele soltou e olhou pra ela sorrindo, um sorriso um pouco sofrido.
- Erika né? – Sarah tentou se lembrar do nome.
- Sim, mas não sei se a verei novamente. – Lucas colocou a medalha dentro da camiseta.
- Sabe Lucas, eu acho sinceramente que você tem que tirar isso da cabeça. – Sarah suspirou. – Ela foi embora, tem que pensar no agora e não mais no futuro, é um tempo onde o passado não importa e o futuro não deve ser planejado tão bem como antes. – Ela arcou as sobrancelhas e fez uma cara de pena.
- Provavelmente você tem razão.
- Pense nisso. – Sarah se levantou e subiu as escadas.
Jorge já havia dirigido aproximadamente uns vinte minutos e a cidade se estendia a sua frente, as ruas desertas do mesmo jeito que estava alguns dias atrás. Tudo destruído e abandonado era sofrido olhar uma cidade naquele estado.
- O mercado fica virando a esquerda, será que devemos ir lá ou em um mercadinho menor? – Luíze perguntou puxando a arma.
- Vamos no mercado, mais fácil sair se acontecer alguma coisa. – Jorge virou a esquerda.
Cinco minutos depois Jorge estacionou no pátio dos fundos do mercado, havia apenas um carro abandonado com o capô aberto.
- Faremos assim, eu vou na frente e você me cobre por trás com essa arma. – Luíze entregou a Jorge uma pistola.
- Não se lembra que eu não sei atirar?
- Vai ter que aprender de forma rápida se algo acontecer, leve o machado na cintura por precaução. – Luíze lhe entregou o machado que estava no banco de trás.
- Vamos carregar as coisas como? Em um carrinho? – Jorge perguntou apontando para um carrinho abandonado no estacionamento.
- Acho que sim, na hora vemos.
Os dois seguiram e entraram no mercado pela porta dos fundos, Jorge se certificou de deixar a porta aberta pra caso eles precisassem correr de volta. Eles passaram por um depósito onde havia galões de água empilhados, muitos deles jogados no chão.
- Será que devemos pegar um galão desses de 20 litros? – Luíze perguntou.
- Acho melhor, vamos carregar agora por garantia. – Jorge disse pegando um galão que estava perto dele. – Me de cobertura que vou colocar isso na caminhonete.
- Foi uma boa vir com a caminhonete, cabe mais coisas.
- Realmente. – Jorge seguia na frente carregando o galão nas costas.
Eles voltaram e entraram no mercado, algumas prateleiras estavam derrubadas e havia muitas coisas espalhadas pelo chão, além de muitas prateleiras vazias.
- Acho que fizeram umas compras loucas antes de abandonarem esse lugar. – Jorge comentou chutando uma lata de alumínio amassada para o lado.
- Não faça barulho! – Luíze repreendeu. – Vamos pegar alguns enlatados e colocar no carrinho.
Havia apenas algumas latas, algumas de verduras, carne e molho. Luíze pegou todas e colocou no carrinho, passou pela seção de higiene pessoal e pegou vários itens importantes como sabonetes, creme dental e papel higiênico.
- Não tem muito o que pegar, os enlatados já eram. Acho melhor pegar alguns cereais, mais um galão de água e dar o fora. – Luíze disse colocando um último item no carrinho.
- Eu vi uma seção de coisas para o ar livre, acho melhor pegarmos algo por lá... –
- Verdade, Karen não tem nada né? Nem sacos de dormir, barraca... enfim, nada. – Luíze se virou de costas para Jorge e ficou em silencio por um tempo. – Ouviu esse barulho?
- Na v...
- Shiuu! – Luíze sacou a arma e a destravou.
Ela caminhou até o final do corredor e apontou a arma.
- O que tem ai? – Jorge tirou o machado da cintura e caminhou até Luíze.
A uns 3 corredores seguintes tinha alguém caído no chão gemendo.
- É uma pessoa? – Luíze perguntou.
- Sinceramente, eu acho que não! Veja o rastro de sangue em baixo daquilo. – Jorge apontou para um rastro que se estendia até outro corredor. – Senhor! Olhe aquilo, está sem uma das pernas!
- Seja o que for espero que fique ali, vamos correr e pegar o resto das coisas.
Foram até a seção de ar livre e pegaram dois sacos de dormir que tinha, uma barraca pequena, lanternas e um fogão portátil de acampamento movido a lenha.
- Melhor sairmos daqui.
Eles voltaram pelo mesmo caminho e ao passar pelo corredor onde aquela coisa estava no chão eles perceberam algo muito estranho, a pessoa, ou o que quer que fosse não estava mais ali. Havia um novo rastro de sangue.
- Jorge, cadê... aquela coisa?
- Não sei, vamos sair daqui, agora mesmo!
Os dois voltaram pelo corredor que dava para o depósito dos fundos o mais rápido que podiam e pegando algumas coisas pelo caminho, até bolacha eles não esqueceram de pegar. O estacionamento continuava como antes e eles colocaram os suprimentos na traseira da caminhonete da irmã de Karen.
-Jorge!
- O que foi? Esquecemos de alguma coisa?
- Melhor sairmos daqui rápido, olhe aquilo!
Havia no mínimo uns dez zumbis caminhando na direção deles,um pior que o outro.
- Agora! – Luíze gritou.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Espero realmente que gostem, e COMENTEM, obrigada!