Cartas de Fogo e Água escrita por José Vinícius


Capítulo 1
Prólogo: Água.


Notas iniciais do capítulo

Estou reescrevendo e corrigindo a história. Conto com seus comentários.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/270974/chapter/1

Já fazia um ano que tudo se passou.

Muitas mudanças aconteceram, e certamente, a maior delas foi a criação da República, uma nação nova formada pela união e pelo desenvolvimento das quatro preexistentes.

Aang passou a morar nesta nova nação, considerada o centro do mundo, e de lá, era capaz de coordenar todo o mundo.

Nem é preciso dizer que fui junto com ele, claro.

Eu o amava naquela época.

Amava.

Acho que esse é o verbo certo, não? Até por que, naquela época, eu ainda estava um pouco confusa, mas ele foi tão compreensivo e tão verdadeiro que não havia como negar e não aceitar o que ele estava oferecendo. Eu sinceramente acho que me deixei levar pelas ações dele, e acreditei firmemente que eu estava apaixonada por ele e que o amava muito.

Mas o coração é tão confuso, não é? A gente acha que ama alguém, mas na verdade sente apenas um carinho exacerbado, um gosto especial, uma amizade muito forte, que faz a gente misturar tudo, ou pelo menos, achar que a gente sente o que acha sentir.

É o que penso agora quando raciocino sobre tudo.

Mantive-me presa naquele sentimento falso por algum tempo, quando eu e Zuko começamos a nos entender muito mais.

É, é ele. Suponho que vocês já devem ter uma ideia do porque de eu ter definitivamente acabado com o meu amor por Aang e ter começado um amor com ele. Se bem que, eu não acabei com o "amor". Amor não se acaba. Ou é, ou não é.

Mas foi bem devagar. Não muito, por que uma parte de mim sempre o amou, se eu for analisar isso.

Eu confiei nele quando ninguém confiava. Dei a ele minha amizade, mas ele nos tinha traído, seguindo por um caminho tortuoso e uma glória falsa. Eu fiquei muito arrasada com isso. Mas era de uma forma muito diferente. Não como amiga, mas uma parte de mim tinha se quebrado completamente. Eu chorava rios por dentro, e nem sequer poderia dobrar a água deles, livrá-los de mim. Era como se ele fizesse algo que eu temesse por muito tempo. Eu sabia que isso poderia acontecer, mas por algum motivo, o choque tinha sido muito maior. E só agora eu compreendi por que aquilo tinha sido pavoroso, doloroso e nefasto pra mim.

Por que eu o amava desde o começo. Desde quando lutamos na tribo da água do norte. Quando devolveu o colar da minha mãe. Quando disse que confiava nele. Quando lutou do lado de Azula nas cavernas de cristal em Ba-Sing-Se. Quando me ajudou a encontrar o dobrador de fogo que tinha tirado a vida da minha mãe. Quando pediu minha ajuda para lutar contra Azula e se tornar o Senhor do Fogo.

(Amei-o sempre. Quente e ardente como a chama de um vulcão, perigoso e sedutor como o veneno de uma flor exótica. Eu estava transbordando desse sentimento por ele. Sempre estive.).

Aquela ocasião foi, para mim, a máxima entre nós naquela época.

Ele se sacrificou por mim, impediu que o raio de Azula me atingisse.

Muitos poderiam encarar isso de uma forma amistosa, ou como a proteção de um amigo. Mas agora, quando avalio minhas reações, quando avalio o que fiz e disse, tenho vontade de chorar. Por que eu senti, naquela hora, que ele me amava tanto quanto eu o amava. Eu poderia mentir pra mim mesma, mas seria totalmente inútil. Fingir pra todo mundo, seria um absurdo.

Nem sei dizer qual fio a minha alegria vê-lo vivo. Foi como se um peso sumisse do meu coração.

Chorei, sim, mas chorei não somente por ele estar vivo, mas pelo o que ele fez por mim. Como alguém pode agir desse jeito? Como alguém pode ter uma força de vontade tão grande? Como alguém seria capaz de lançar mão da sua própria vida, se fosse o caso? Até por que, eu não encaro aquilo como algo grave, mas eu estaria seriamente ferida se o raio me atingisse. Não sei se ele estaria morto ou não, mas Azula o mataria se pudesse. Mas eu encaro as coisas com esse exagero para dar um ar de graça naquilo tudo.

(E quando penso nessa possibilidade... Eu sinto que seria capaz de matar a Azula. Porque eu... Entraria em desespero. Acho que naquela época os meus sentimentos mais ocultos estavam muito visíveis. Sempre estiveram. Eu que não quis vê-los).

Hoje, a gente ri muito do que aconteceu. Então ele faz uma cara fofa, sorri, e coloca a mão na barriga. Mente que ainda dói, e pronto: me pede para curar de novo.

É a nossa brincadeira particular. Me dá vontade de rir.

Então e o colo minha mão sobre a dele, olho carinhosamente e digo “já está curado!” E dou-lhe um beijo carinhoso e gentil.

Mas para chegarmos aí, foi muito complicado e difícil. Talvez por que a maior barreira tenha sido o próprio Aang, e de certo modo, Zuko e eu.

Não que tenhamos formado um “triângulo amoroso”, não. As coisas começaram com meu sonho, e depois de um tempo, não amei mais o Aang. O amor dele sumiu, e eu nunca descobriria o porque se não prestasse mais atenção nos sonhos.

Sim, foram meus sonhos que me guiaram para onde estamos agora.

Eu posso estar parecendo muito melosa e dramática, por isso, desculpem-me. Por que se sou emotiva demais aqui, ou não fui isso antes, é por que eu acabei mudando com o que aconteceu durante esse tempo.

Mas, a verdade é que tudo começou quando eu e Zuko nos tornamos grandes amigos. Amigos de alma. Ou quem sabe, algo um pouco maior.

(Talvez. Todos os que se amam são assim, amigos? Devem ser, porque nós somos.)


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Cartas de Fogo e Água" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.