Um Padeiro No Distrito 12- Peeta escrita por Alex Mellark


Capítulo 11
Highway to hell


Notas iniciais do capítulo

Bem, deixei esse capítulo maior... Bem maior.
Espero que gostem ;)
Desculpe demorar alguns dias para postar.



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As palavras parece demorarem em entrar na minha cabeça e meu corpo se recusa a se mexer. Minhas pernas trêmulas parecem que vão desabar. Não ando, muito menos respiro. Precisei de um certo empurrãozinho, de um menino moreno que estava atrás de mim, para seguir o corredor vazio que as pessoas haviam liberado para eu passar. Mas subo os degraus do palco com firmeza. Estou em choque e isso certamente está transparecendo em meu rosto e meus olhos, azuis, mostra o medo. Mas não deixo isso me abater. Todos os olhos estão em mim e isso me deixa mais espantado ainda. Inclusive o de Katniss que não param por um momento de me fuzilar. Mas uma coisa é certa, seu rosto está espantado tanto quanto o meu pois parece que ela está lembrando de algo, e certamente,  é sobre mim. Disso eu não duvido. Mas o que poderia ser? Acho que isso seria impossível descobrir pois apenas eu, que reparo em todas as ações e emoções de Katniss poderia ver o que realmente seu rosto transmitia já que ela era muito boa em esconder todo tipo de sentimento. Muito diferente de mim.

Nunca fui bom em esconder minhas emoções. Estou com medo, assustado. Bem, uma mistura disso ai e mais um pouco. O que eu faria na arena? Confeitar bolos? Fazer glacê? Ganhar esses jogos estava fora de cogitação e isso era algo que eu realmente tinha que admitir pra mim mesmo. Mas, meu desejo era proteger Katniss. Protegê-la da Capital. De Snow e seus olhos azuis. De todos aqueles que foram os responsáveis pela nossa visitinha a Capital. Mas se não consigo proteger a mim, como irei proteger Katniss? E o mais importante: O que irei falar pra ela, se é que ela irá querer dirigir a palavra a mim, apenas mais um garoto que trocava olhares com ela na escola? Essa vai ser a pior maneira de ficar, conhecer a garota que amo.

Quando terminam com toda o Procedimento Padrão, Effie nos manda apertar as mãos. Katniss hesita mas no final acaba apertando. Ela parece cautelosa, fria até. Ao contrario de mim, ela consegue muito bem controlar suas emoções e não as expor.

O prefeito lê o Tratado Da Traição, mas continuo não ouvindo nada. Olho para Katniss, mas ela parece estar distante. Cercada por seus próprios pensamentos. Enquanto eu tenho espasmos de nervoso.

Como eu vou fazer isso? Como eu vou lhe dizer que quero protegê-la? Como vou dizer que sou apaixonado por ela desde os cinco anos de idades – Se é que eu vou ter coragem de lhe dizer isso – Como vou me aproximar dela? E o mais importante: Como vou matar vinte e duas crianças?

Nunca cheguei a pensar em matar alguém. Isso não é uma coisa que você deseja se lembrar e muito menos se orgulhar. Eles sabem usar armas letais enquanto eu só sei fazer pães e decorar bolos. Não acho que isso vá servir de alguma coisa na arena, mas enfim: Eu não vou desistir de tentar deixar Katniss viva, mesmo que isso me custe a vida.

Volto à realidade. A multidão nos encara, provavelmente sem esperança.

Katniss continua com a expressão de antes, vazia. Olho para ela novamente, mas ela me ignora. Será mesmo que ela se lembra de mim? É claro que sim. Mas então, por que me ignora tanto agora? Por que, se vamos para o mesmo caminho da morte juntos?

Ao acabar a cerimônia da colheita cada um é levado para um sala diferente. Esse é nosso último momento de se despedir das pessoas do nosso distrito, quer dizer, de nossa família e achegados. Espero paciente e apreensivo no sofá quando um pacificador abre a grande porta de madeira e empurra meu pai para dentro.

O Primeiro que entra na sala é meu pai. Que ótimo, ele está chorando.

– Eu te amo filho. – Ele me diz enquanto se senta ao meu lado.

– Eu te amo pai. Mesmo. – Então ele me abraça forte, as lágrimas escorrendo pelo rosto.

Meu pai. Simplesmente não sabia como descrever tudo o que passamos. Ele me ensinou a fazer e enfeitar bolos, fazer o melhor pão que eu nunca irmaginaria conseguir fazer, enfim, tudo o que sei é mérito desse cara. Que me ensinou que apesar de tudo eu tenho que seguir meu coração e proteger sempre quem eu amo. Fora Katniss, ele é a única pessoa que eu realmente amo. A única pessoa que eu realmente irei sentir falta. Sim, eu irei sentir falta da minha mãe, afinal ela é minha mãe e não me trata exatamente muito bem ou com amor. Mas meu pai? Esse cara era tudo pra mim, estava sempre comigo e acreditava no que eu sou ou o que posso fazer. Ele estava lá no dia em que eu vi Katniss pela primeira vez. Foi a ele que contei tudo o que sinto e a chamei de anjo.

– Não se preocupe, vai dar tudo certo. – Diz ele segurando minha mão e me puxando para mais um longo abraço.

Não consigo conter as lágrimas e chego a soluçar.

– Você é um garoto incrível Peeta. Eu me orgulho muito de você. Mostre tudo o que sabe a eles. Você não precisa saber lidar com armas, você é forte e inteligente. Isso basta. Mas apesar de tudo, não entre no jogo deles.

Não entre no jogo deles? Como assim? Ele está sugerindo que eu não vá para os jogos vorazes? Porque isso é impossível.

– Obrigado pai, você sim é incrível e não sei como vou aguentar ficar sem o senhor. Você é mais que um pai Sr. Mellark, você é meu melhor amigo.- Ele da um sorriso sincero, algo que não vejo a muito tempo.- Pai, posso te pedir um favor? Cuide da família dela. De bolos, pães. Dê a Prim aquele bolo de limão que ela adora.

– Não se preocupe filho, eu vou dar um jeito de alimenta-la, vou ficar de olho na menininha. E a mãe também não passará fome. – ‘A menininha’, esse é o jeito que meu pai chama Prim. Meu pai assim como todo mundo se encantou com ela quando foi à padaria com Katniss. Sei que Gale as alimentará, mas uma ajuda nunca faz mal.

– Obrigado pai, de verdade. Eu te amo. – Essa é a última palavra que falo a ele quando um pacificador o tira dali informando que o tempo havia acabado.

– Eu também vou sentir sua falta. Se cuida e lembre-se, você não é mais uma peça. Mostre isso a eles.

Sinceramente, algumas palavras dele ainda não faziam sentido na minha cabeça.

Estou sozinho na sala novamente. Limpo as lágrimas em meu rosto quando vejo a porta se abrindo novamente. Dessa vez, uma mulher sem emoções entra na sala. Fria. É ela, minha mãe. Sinceramente, ela deve me odiar, afinal não há ninguém que ela realmente goste. Ela me acorda aos berros, me chama de incompetente, etc.  Minha incrivelmente chata e irritante e que com certeza que me odeia. Seus olhos cor de carvão não tem uma lágrima sequer. Ela senta na poltrona a minha frente.

– Acho que esse ano... anh, finalmente teremos uma ganhadora.

– Do que você está falando? – Pergunto.

– Você sabe. Aquela menina, boa atiradora.

Então é isso? Ela vem esfregar na minha cara que eu morrerei e Katniss sairá de lá com vida? Bem, apesar de isso ser verdade ela é minha mãe! Deveria me reconfortar e dizer que eu vou conseguir, assim como meu pai. Mas lembro que isso não irá acontecer, afinal ela é minha mãe.

–Katniss. Katniss é o nome dela caso você pense que ela é apenas mais uma menina. E não, ela não é boa. Ela é perfeita. E eu a amo.

– Claro, mas duvido que ela saiba que você existe. Peeta, vamos encarar a realidade. Essa garota... - a fuzilo- desculpe. Katniss – ela diz dando ênfase e sendo ligeiramente sarcástica- vai querer te matar nos primeiros cinco segundos de Jogos. Em um lugar desses, você não tem tempo pra pensar em ninguém além de si mesmo. Se é que você quer ganhar. Você ao menos já falou com ela?

Abaixo a cabeça e digo um não baixo, quase num sussuro.

-Foi o que eu pensei. Adeus Peeta. – Diz ela e então se retira da sala.

É incrível como passar três segundos na mesma sala que minha mãe faz com que eu me sinta mal. É Incrível como ela é totalmente o contrario de meu pai. Ela não sabe o que está falando.

Dois pacificadores aparecem na porta e sou levado até a estação de trem.

A estação está lotada de câmeras para filmar nossa entrada do trem. Isso vai ser transmitido para toda Panem, tenho certeza de que meus olhos estão vermelhos. Tento permanecer firme diante as câmeras para não parecer fraco ou sensível de mais, o que me seria prejudicial. Mas não consigo parecer forte o bastante. Enfim entramos no trem.

Quando entro fico maravilhado. Ele não é apenas ferrugem e mau cheiro. Bem diferente daqueles que levam carvão do distrito 12 para outros distritos e para a Capital. Ele é sofisticado. Repleto de detalhes, limpo, grande e muito bem decorado.  Sua velocidade é incrível e chega a 400 km p/h.

Effie Trinket nos manda para o quarto e diz para tomarmos banho porque logo será servido o jantar. Tomo um grande susto quando abro uma coisa chamada chuveiro e percebo que a agua que sai dele é quente. Dou risada de mim mesmo e continuo o banho. Sou levado até o vagão-restaurante, as paredes são revestidas de madeira, o chão limpo e brilhante. Sento-me em uma mesa com quatro lugares e espero. Então um Haymitch bêbado e tropeçando aparece.

– Eai garoto? Cade o gelo?

-Como?

-O gelo! Vc acha que beber isso aqui sem gelo é a mesma coisa?- Ele levanta a mão com um copo me indicando a bebida.

-Anh, er... Eh. Não sei.

-Ele bufa. – Incrivelmente termina a bebida em dois goles sem pensar mais no gelo. Então ele perde o equilíbrio e cai pra trás.

Levanto-me rapidamente para ajudá-lo, apesar de segurar para não rir. A última coisa que quero nessa altura do campeonato é o meu mentor, apesar de totalmente embriagado, me odiar.

- Não! Não preciso de ajuda. - Eu ainda assim tento ajudá-lo mas ele me empurra e caio no sofá.

-Você quer alguma coisa?

-Quero é ficar em paz e longe da Effie. – Ele arrepia e faz um barulho indicando isso. - A voz daquela mulher me irrita. Se ela perguntar por mim fala que fui tirar uma soneca.

Assinto com a cabeça.

Não demora muito para que os passos de Efiie e Katniss se tornam presentes na sala e a voz irritante de Effie chega em meus ouvidos. A primeira coisa que ela faz é perguntar por Haymitch e digo que ele foi tirar uma soneca há um tempinho atrás. Ela não duvida nem fica brava, apenas um pouco irritada com os modos daquele bêbado.

O jantar é servido e meu mentor ainda não apareceu. Não sei como ele ousa deixar tanta comida boa: Sopa de cenoura, salada verde, costeleta de cordeiro, purê de batata, queijo e frutas e ainda um delicioso bolo de chocolate. Nunca vi tanta comida junta a minha disposição. Aproveito um pouco de cada prato saboreando seu sabor único. A cada minuto a voz de Effie nos instruía para guardar lugar pois havia mais coisas por vir. Na arena nunca comeria assim. Meu estômago está cheio e me permito a largar os talheres e limpar o campo da minha boca com um guardanapo de pano, na verdade, de seda. Permaneci sentado encarando Katniss enquanto Effie falava sobre como tínhamos boas maneiras, diferente dos animais que se sentaram na mesma mesa de jantar com ela no ano passado.

Katniss. Como ela poderia ser tão fria? Ela não falava nada, não demonstrava nada naquele rosto sem emoções. Sabia que ela não era de demonstrar o que sentia, mas não dessa maneira. Será que ela não estava aflita? Com medo? Como alguém nessa situação consegue permanecer desse jeito. Ela não conversava, fechada. Pra que tanta cautela?

Ao termino do jantar Effie nos encaminha para a sala de TV para que nos familiarizarmos com nossos adversários que nos matariam na arena (N/A Peeta: Pessimista não?).

Sento-me no sofá junto a Katniss. Concentro-me para memorizar todos os rostos.

Distrito 1: Uma menina loira com olhos esverdeados, ou com esmeraldas em vez de olhos. Simplesmente linda. Boatos que eu ouvia entre meus amigos no 12 eram verdade, ou pelo menos pareciam ao ver Glimmer: garotas do distrito 1 são lindas. Glimmer é esse tipo de garota e com certeza linda. Apesar de amar muito Katniss, não posso nega que fiquei de boca aberta com ela. Olho para Katniss e ela estava me encarando, virando os olhos e bufando voltando sua atenção para TV. Bem fazer o que, sou homem, sou fraco. (N/A autora: Vi essa frase do ‘’sou homem sou fraco’’ numa historia e curti muito. Hahaha simplesmente tava tentando encaixar aqui. Ficou uma merda, eu sei.) Glimmer tinha um olhar doce. Talvez isso seja fachada, mas só vou confirmar isso daqui um tempo. O menino que foi sorteado com ela chamava-se Marvel. Moreno dos olhos escuros. Alto. Forte. Esse sim poderia ser uma ameaça.

Distrito 2: Clove. A menina que se ofereceu como tributo. Não porque sentia algo por alguém e queria salvar a sua vida, como fez Katniss. Mas sim porque foi treinada a vida interia para isso e parecia sedenta por sangue. Era uma menina baixinha. Praticamente uma anã com olhar mortífero. Morena, nos cabelos e nos olhos. Junto com ela, outro a se oferecer. Cato. Loiro dos olhos azuis. Assim como eu, mas ele era mais alto. Não tinha cara de uma pessoa doce, mas de uma pessoa que precisava pegar numa espada e matar todos. Ódio. Era o que tinha nos seus olhos. Olho para Katniss para ver se ela teria a mesma reação que tive ao ver Glimmer. Não, ela não teve. Manteve indiferença e isso formou um sorriso no canto da minha boca.

Os vídeos continuam e eu também continuo prestando atenção. Alguns tributos me dão medo, outros parecem inofensivos. Mas algo chama minha atenção no distrito 11. E pelo jeito não só a minha. A de Katniss também. Uma menina negra com olhos de jabuticaba, sensível, pequena, com medo. Rue, esse era o nome da menininha de 12 anos que fora sorteada no seu 1° ano. Prim. Isso que me vem a mente. Deve ser isso que deve ter ido a mente de Katniss pois vejo uma lágrima se formarem nos olhos dela, uma única gota que trazem consigo milhares de sentimentos. Não comento nada. Sei como seria para Katniss se eu mencionasse isso. Permaneço como antes. Apenas encarando a TV. O menino que foi sorteado me assusta, e muito. Vou tentar ficar o máximo longe dele em todos os lugares, tanto na capital como na arena. Provavelmente foi sorteado no seu último ano. Tresh. Negro, forte, alto. Esse é o olhar mais mortífero que já vi, mais que de Clove e de Cato. Ele tem um olhar de alguém que quer se vingar e matar todos que for capaz. O vídeo termina comigo e Katniss entrando no trem. Falhei em segurar minhas emoções para as câmeras.


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Notas finais do capítulo

Eai? Gostaram? Odiaram?
Comentem!!!
Bjooos, até o próximo!