A Flor Do Deserto escrita por Julia MKL


Capítulo 5
Eu te amo.


Notas iniciais do capítulo

Sugiro que ouçam essa música: http://www.youtube.com/watch?v=DP-d_d7Zi-o a letra não tem muito haver, na minha opinião. Mas é realmente uma música linda :3



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   Prendi a respiração. Não, ela... Ela não pode estar falando a verdade!

   - Surpreso? - Sorriu triste.

   - Você... Não ta falando sério. Como? Quer dizer... Eu conheço ótimos ninjas médicos, eles podem tratar você! Nós podemos achar uma solução! Eu sei... - Minha voz falhou.

   - Sinto muito, mas... Isso é impossível.

   A encarei. Eu ainda não estava acreditando.

   Aily suspirou.

   - Eu vim de um lugar. - Ela me olhou e então baixou a cabeça. - Uma vila oculta pequena, da qual quase ninguém sabe da existência. Ou... sabia. Se chamava Vila Oculta da Sombra. Eu morava lá com minha família. Eu tinha amigos... Em especial uma amiga. Ela era a ninja mais bonita e forte da vila. Todos a adoravam. Já eu, era uma ninguém. O que eu sempre desejei era ter a vida dela. Era ser especial. Era ser diferente. Importante. - Aily fez uma pausa - Então, depois de algumas pesquisas, eu resolvi fazer um pacto com um demônio chamado "Tsukage", o demônio da Sombra Lunar. Eu queria ser melhor... Eu queria vencer...

   Ela secou algumas lágrimas e se levantou. Se afastou das chamas e ficou em silêncio por alguns segundos. A observei atentamente.

   - Eu consegui o que queria. Me tornei a ninja mais poderosa da minha vila. Mas o demônio disse que queria que eu fosse sua hospedeira. Ela tomou meu corpo e... Eu não consegui o controlar. Era forte demais pra mim. Então... Ele os matou. 

   Hesitei.

   - Matou...?

   - Ele matou toda a minha vila. Eu fui a única sobrevivente. Minha inveja levou a minha desgraça. Eu queria ser útil, importante. Mas...

   - Você só queria ser notada! - Era uma história com motivos egoístas, mas eu conseguia entender os sentimentos dela. Se sentia deixada pra trás, excluída. Qualquer um em seu lugar teria feito parecido.

   Ela se sentou ao meu lado, e me encarou.

   - Eu sempre estive sozinha. 

   - Não! - A abracei. - De agora em diante você não vai mais estar sozinha. Eu não vou sair do seu lado. Eu não vou deixar você.

   Ela me abraçou de volta.

   - Obrigada...

   Após algum tempo abraçados, nos soltamos.

   - Bem, mais uma coisa. - Ela me olhou nos olhos. - Desde aquele dia, o demônio lunar vive dentro de mim, se alimentando da minha energia vital.

   Meu coração pareceu parar. Isso quer dizer que...

   - É. - Continuou - Eu normalmente viveria anos e anos, mas como cada vez que eu uso o chakra do Tsukage ele se alimenta... - Suspirou - Eu vou morrer logo.

   Isso era difícil demais... Eu não conseguia aceitar. Eu nunca havia me apaixonado. Não até agora. Ela era perfeita pra mim. Ela era simplesmente perfeita. Isso não podia estar acontecendo. Eu encontro a pessoa certa pra mim... E então descubro que minha felicidade tem limite de tempo. Eu não sabia o que fazer. Dentro de mim estava tudo uma confusão. Eu me sentia desesperado. Fiz a primeira coisa que me veio a mente. A bejei.

   Aily ficou sem ação. Quando separamos nossos lábios, ela abriu a boca pra falar algo, mas parecia não conseguir.

   - Você disse que tem pouco tempo de vida, certo? - A encarei - Então eu quero aproveitar cada momento da melhor forma possível.

   Ela me observou. Passou a mão pelo meu cabelo, em seguida pelo rosto, até tocar meus lábios. Então me beijou. Esse beijo não foi como os outros. Era voraz. Mostrava o quanto precisávamos um do outro.

   Ficamos juntos por um bom tempo. Então decidimos que devíamos procurar a saída. Caminhamos um longo trecho de mãos entrelaçadas. Tentei ao máximo manter a conversa animada, ver a Aily sorrir era o que me dava uma pontada de alegria no coração. Mas eu estava preocupado. Quanto tempo ainda tínhamos?

   Após um longo tempo caminhando, me desesperei. A caverna acabava ali. Não havia saída.

   Inconformado, corri até a parde de pedras e tentei movê-las. Talvez houvesse uma fresta. Talvez... Só talvez eu conseguisse...

   - Kankuro!

   Eu não queria olhar para trás.

   - Você não precisa fazer isso. Nós vamos achar um jeito. Você usaria muito chakra pra abrir uma saída aqui.

   - Kankuro! - Me virei e olhei dentro daqueles olhos castanhos tristes. - Você sabe que eu preciso. Se eu não fizer isso, nós dois vamos morrer.

   Eu não disse nada. Não queria aceitar, mas ela tinha razão.

   Abri espaço quando ela se aproximou da parede.

   - Tome cuidado. 

   - Vou tentar não perder o controle. - Aily sorriu pra mim. E por um momento quase acreditei que tudo fosse ficar bem.

   Ela estendeu as mãos um pouco acima da cabeça, fazendo com que formassem um triângulo.

   - Tsuki no Kage no Jutsu! * - Disse com firmeza.

   Então, algo dentro de seu mando começou a brilhar. De lá saíram correntes com armas variadas nas pontas. Em uma corrente havia a ponta de uma adaga. Em outra algo que parecia um espinho gigante. Em outra ainda algo que parecia uma foice com cabo reduzido. Muitos ninjas iriam pirar com um arsenal daqueles.

   A velocidade das armas - que se moviam sozinhas em volta da Aily - aumentou e elas começaram a se transformar em energia pura. Armas brancas feitas de luz. Finalmente, em conjunto, todas as armas atacaram a barreira de pedras quebrando grande parte delas. Agora eu entendia o grande poder ao qual Aily se referia. Com certeza um jutsu normal não teria nem sequer arranhado as pedras, mas esse tal jutsu demoníaco consegui fazer um grande estrago. Imaginei o quando de energia ela não estava gastando com isso.

   Novamente as armas atacaram as pedras violentamente, e agora foi possível notar um pequeno feixe de luz. As armas pareciam prontas para atacar novamente, mas Aily caiu.

   Desviando das armas - que pareciam estar querendo com todas as forças me acertar -, e ignorando os pedidos da Aily pra que eu voltasse, me aproximei correndo e me abaixei ao seu lado. Ela tossiu e cuspiu um pouco de sangue no chão.

   - Já chega, Aily. Está bom assim. Eu cuido do resto.

   - Ah, tá. - Ela estava rouca e falava com dificuldade - Essas rochas estão paradas a milhares de anos. São difíceis de quebrar. - Levantou o punho e o bateu no chão. Como que interligadas, as correntes bateram justas contra as pedras. Uma fenda grande o suficiente para que uma pessoa adulta passasse se abriu.

   Aily gemeu de dor, e eu tive de segurá-la. Quando a aproximei de mim, as correntes me atacaram.

   Tive que pular para longe o mais rápido que pude para não ser morto.

   - Aily... O que...?

   - Kankuro! - Aily gritou rouca - Eu não consigo controlá-las!

   A arma que parecia um espinho passou a centímetros da minha cabeça. A que tinha uma lâmina de adaga veio e minha direção, mas consegui pará-la.

   - Cuidado! - Aily gritou. Me virei para trás. Nesse momento ouvi o som de algo sendo rasgado, e um grito sufocado.

   Sangue vermelho vivo passou por mim.

   Lágrimas escorreram em meu rosto contra a minha vontade.

   Eu preferia que tivesse sido eu.

   Aily estava na minha frente, com o espinho gigante atravessado em sua barriga. Todas as correntes começaram a brilhar ainda mais e então se quebraram. Aily caiu de joelhos.

   Eu a segurei rápido e me sentei com ela em meus braços.

   - Aily... Sua idiota!

   Ela sorriu pra mim, uma lágrima correu pelo canto de seu olho.

   - Desculpa. Eu não consegui segurar. Mas pelo menos... Eu fui útil... - Ela levantou a mão com dificuldade pra tocar o meu rosto. Segurei sua mão. - Ao menos uma vez... Eu fui útil...

   Eu beijei sua testa chorando.

   - Você não pode me deixar! É egoísmo...

   - Kankuro... - Ela falava com dificuldade, como se estivesse cansada. - Eu destruí minha vila. E-... Eu sempre estive sozinha... Eu... Eu não aguentaria perder você. 

   - Aily... Eu te amo... Por favor... Por favor! Não me deixe!

   Ela sorri com ternura, então seus olhos começaram a se fechar lentamente.

                                                     Por fim, ela se foi.

                                                 E algo em mim foi com ela.

   Após algum tempo, ajeitei seu corpo a parecer que estava apenas dormindo recostada nas pedras e saí da caverna. Usei todas as minha forças para usar meu chkra e derrubar as pedras, fechando a caverna. Pareceu um túmulo digno. Coloquei algumas flores do deserto em meio as pedras e voltei pra vila.

   Na vila, quando eu cheguei, todos ficaram alvoroçados, querendo saber de tudo o que havia acontecido, mas depois de uma semana tudo voltou a ser como era antes de você chegar. Bem... eu não disse que você havia morrido. Apenas disse que se foi. Seria mais fácil assim. Seria uma grande mentira, com o objetivo de iludir a mim mesmo, dizendo que tudo estava bem. Mas não estava. Eu sentia sua falta a todos os momentos. Era como se eu não soubesse mais como viver.

   Me arrependo de certas coisas, mesmo sabendo que fiz tudo o que podia. Ainda assim, eu queria ter tido mais tempo. Eu queria ter feito mais. Eu queria ter falado mais... E ainda hoje essas palavras estão entaladas em minha garganta. 

   Mas, eu tenho que continuar vivendo. Por nós. Por nós eu vou continuar lutando. Eu nunca vou te esquecer.

                                           Eu sinto a sua falta Aily.

--- #

      Eu também sinto a sua falta.

      Mas você nunca vai estar sozinho.

      Ninguém se importa? Eu me importava.

      Ninguém sabe, mas eu te amei mais do que tudo.

      Ninguém lembra… Por que tudo foi apenas eu e você.

      Eu nunca vou esquecer.

      Obrigado Kankuro.

      E… Eu te amo.


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Notas finais do capítulo

* Arte do demônio da lua
Bem, esse é o último capitulo... Espero que quem leu tenha gostado.
Beijos...



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