Depois de toda a agitação passar, Angus me levou para casa. A cabana das bruxas do outro lado do jardim estava cada vez mais estranha. Parecia não haver nada, mas como Angus tinha me dito, elas poderiam estar agindo em segredo.

A guarda do lado de fora da casa foi reforçada, mas ninguém notava a presença dos guardas a não ser eu e os outros. Despedi-me de Angus e entrei, a casa estava completamente em silêncio, com exceção de um lugar, a cozinha.

- Estamos aqui James. – disse minha mãe ao perceber que tinha chegado. Seu grito veio da cozinha e logo fui ao seu encontro.

Ela e Joana estavam jantando quando cheguei lá, não precisaram me oferecer jantar, com a fome que eu estava sentei-me rapidamente na cadeira e comecei a comer.

- Onde passou seu dia? – perguntou minha mãe.

O que eu diria a ela eu não sabia, mas tive de improvisar rapidamente, minha resposta foi bem rápida.

- Estive com Victória e Jorge. – respondi- Fomos para uma lanchonete e ficamos lá o dia inteiro. – ao menos o que restava dele.

Estava cada vez mais difícil esconder de minha mãe o assunto de que as bruxas tinham voltado e eram reais, mas não tinha outra alternativa, se ela soubesse não me deixaria sair de casa por nada.

O jantar não foi tão ruim com eu estava pensando. Apesar de não durar tanto, o que em minha opinião não era nada ruim. Minha mãe era voluntária para fazer a decoração da festa da cidade, mas eu não estava tanto interessado.

Subi para meu quarto, deixando Joana e minha mãe arrumando parte da decoração na sala. As duas estavam bem animadas com tudo aquilo e tudo indicava que passariam a noite inteira ali.

Muitas coisas passavam por minha cabeça no momento em que deitei na cama de meu quarto, mas nada superava o fato daquele ataque ter acontecido mais cedo naquele dia, era muita agitação e nada me fazia parar de pensar em tudo aquilo.

O teto do meu quarto parecia ser bem interessante para poder pensar e ter ideias do que as bruxas poderiam estar fazendo naquele momento, mas é impossível alguém nunca dormir e o sono tomou conta do meu corpo e logo eu estava dormindo.

Não pareceu muito significativo o que sonhei, mas o pouco que consegui entender era o que bastava para tirar suas próprias conclusões.

Um trio de pessoas com capuzes na cabeça estavam em um lugar completamente escuro, não dava para ver seus rostos, mas nem mesmo precisava para saber quem era.

Muitas coisas estavam acontecendo em volta delas, mas passavam ignorando tudo ao seu redor. O foco era na verdade um grupo de pessoas, todas elas sem forma definida, cada uma com um tipo diferente de formato, mas nada que lembrasse um ser humano.

- Ainda bem que nosso acordo era permanente. – disse uma das pessoas ao fundo – Se ele não fosse uma guerra entre nossos povos poderia acabar ocorrendo.

- Não leve isso tão a sério. – disse uma das bruxas se aproximando – Se não fosse por nós sua espécie já teria sido extinta há anos atrás. O que me diz de nos unirmos novamente contra todos que devem pagar o preço da maldição?

Um sorriso preencheu o rosto do chefe das criaturas e logo em seguida veio uma risada escandalosa. Um sinal, aquilo poderia ser chamado assim, mas nada fazia muito sentido. Acordei com o despertador tocando, mas ainda não estava no horário, certamente estava desregulado.

Não iria voltar a dormir, pois podia acabar perdendo a hora. Levantei e me arrumei para a escola, imediatamente desci para tomar café, mas tive de parar no meio do caminho.

Minha mãe e Joana estavam dormindo na sala ao redor das decorações da festa. As decorações estavam prontas, mas as duas estavam completamente cansadas e não era a toa que estavam dormindo.

Segui para a cozinha fazer meu café, mas acabei tomando uma Coca-Cola e comi uma bolacha. Eu estava cansado e sem disposição para fazer qualquer coisa.

Voltando a sala, ma desta vez para ir à escola, acordei minha mãe, não porque dependeria dela, e sim porque ela tinha trabalho e acabaria discutindo comigo sabendo que não a acordei.

-Bom dia James. – disse ela a me ver – Já está pronto para a escola?

-Bom dia. – eu disse. Não precisei responder se estava pronto ou não, pois ela mesma estava vendo.

Logo em seguida me despedi dela e fui para a escola. Não tinha ninguém no caminho, afinal, era muito cedo e provavelmente todos estavam dormindo àquela hora.

Ao sair, olhei rapidamente para a velha cabana das bruxas, mas nada parecia acontecer ali. Se estivessem agindo, estavam agindo à noite.

O caminho podia estar vazio, mas nada se comparava ao modo como estava a escola. Nem mesmo o zelador estava lá, mas, apesar de tudo, ela estava aberta. Pensei um pouco e então resolvi procurar algo sobre a maldição na biblioteca.

Os corredores, escuros e vazios, eram de certo modo sombrios ao andar neles, mas não tinha com o que se preocupar ninguém entraria na escola nessa hora e não tinha como as bruxas entrarem nela sendo que Angus também tinha posto guardas na porta.

A biblioteca era a última sala da escola, mas não era muito grande, o que facilitava para chegar até lá. Olhei em meu relógio, faltavam vinte minutos para começar a aula, era nesse horário que os alunos começavam a chegar.

Finalmente cheguei e logo abri a porta, por sorte não estava trancada. Tive de procurar em várias prateleiras, mas a que mais chamou a atenção foi uma ao fundo, estava empoeirada e parecia que ninguém pegava um livro lá há vários anos.

Passei por uma grande quantidade de títulos, mas finalmente achei. “História e Lendas de Tonderville”, dizia o título. O abri e coloquei sobre uma mesa, suas páginas eram de uma grande espessura, tinham um amarelado que mostrava a idade do livro, apesar dele já ter sido restaurado uma vez.

Encontrei uma coisa que me interessou, contava sobre a união das bruxas com o bicho papão, foi então que me lembrei do que Angus havia falado, so dois estavam refazendo a aliança, um sinal de que uma batalha estava prestes a ser travada.