As Bruxas De Tonderville- A Maldição escrita por Yan Bertone


Capítulo 46
Floresta Encantada




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Abri os olhos, eu estava em um hospital, era fácil de perceber que não se tratava do hospital da Floresta Encantada, pois era maior e, ao invés das paredes sempre brancas, agora havia um tom claro de verde nelas.

Olhei ao meu redor apenas eu estava no quarto e tinha um curativo ao redor de meu machucado no braço, certamente melhor que o de Margareth, aquele era apenas temporário.

A porta se abriu vagarosamente, pessoas falavam no corredor e um médico entrou acompanhado de Victória e Jorge. Os dois pareceram realmente felizes em ver que eu tinha acordado eu estava ansioso para saber como fui parar ali, afinal de contas, não me lembrava de nada.

-É muito simples – disse Victória empurrando de leve Jorge para poder se sentar ao lado da cama. Ela ainda não havia tirado o sorriso de seu rosto. – Enquanto nós andávamos você desmaiou e se não estivesse segurando minha mão antes disso acontecer, poderia ter se machucado ainda mais.

O ar de preocupação em sua fala era um sinal de que ela realmente estava aflita com tudo aquilo. Depois de beijá-la na clareira ela começou a me olhar de um modo diferente de antes, era como se isso já estivesse para acontecer, mas só Victória sabia de tudo.

-Onde estão os outros? – perguntei dando um sorriso de leve.

-Foram para a Fl... – Jorge percebeu que o médico olhou desconfiado. – Estão na sua casa. Disseram que vão te esperar lá, para não haver uma grande quantidade de pessoas enquanto estamos no hospital.

Ele parou. O médico voltou a fazer o que estava fazendo antes, mexer em umas gavetas atrás de nós para pegar algum documento ou algum medicamento.

Ninguém falou nada por um longo tempo, até que o médico me liberou. Foi complicado levantar da cama com a dor no braço, por sorte me ajudaram, ou provavelmente eu não obtivesse sucesso algum.

Deixamos o médico na sala e seguimos para o lado de fora do hospital. Era uma área de Tonderville que eu ainda não conhecia apesar da cidade ser bem pequena, havia comércios e vilas distantes umas das outras.

Lembrei-me de como é bom respirar um pouco do ar que não seja do hospital, pois, ali, ficava sempre um cheiro forte de sangue e remédio, o que não agradava a ninguém.

Distante da cidade, o hospital era mais perto da entrada para a Floresta Encantada do que parecia, pois havia uma pequena fronteira entre ela e o estacionamento, o que facilitou completamente nossa ida, pois eu não podia fazer muito esforço com o braço naquele estado, mesmo que houvesse um curativo.

Jorge parecia estar andando mais distante de nós, penso que Victória pode ter contado algo a ele sobre nós dois e Jorge querer nos dar mais privacidade para podermos conversar a vontade.

Pergunto a ela de maneira que ele não pudesse nos escutar, mas ela diz que não contou nada a ninguém, pois não parece haver algo tão fio entre nós e então começo a desconfiar do que poderia ser.

-Jorge – chamo de imediato e ele olha para trás com uma cara de espanto. – Tem algo que queira nos contar?

Ele fez que não com a com a cabeça, desviou o olhar sorrateiramente e voltou a caminhar, mas quando estávamos prestes a entrar na floresta e se virou e não disse nada. Continuava com a cabeça abaixada e parecia querer chorar.

-O que foi? – perguntou Victória colocando as mãos sem seu ombro.

-Marta – disse ele de forma rápida e se calou novamente, foram questões de segundos para voltar a dizer alguma coisa. – Eu gosto dela, mas não sei se ela gosta de mim.

-Fale com ela – disse Victória. – Tenho certeza de que Marta compreenderá.

Voltamos a andar, o portão estava bem à nossa frente e, enquanto andávamos vagarosamente, fui pensando na questão de Jorge gostar de Marta. Ele parece ter mencionado uma vez, porém, não pareceu ser um sentimento tão intenso de forma que o fizesse chorar. Na primeira vez que vi Jorge, até mesmo pensei que ele fosse incapaz de ter sentimentos, mas, ao longo do tempo, isso pareceu ir mudando.

-O que acha que vai acontecer? – sussurrou Victória em meu ouvido, Jorge continuava a andar na nossa frente.

-Não sei – respondi e dessa forma o papo terminou.

Havia sangue entre as grades do portão. Uma poça estava nos aguardando na entrada. O líquido avermelhado pareceu enojar Victória, que cobriu os olhos com a palma das mãos.

-Minha nossa – disse Jorge boquiaberto. – Espero que estejam todos bem.

Victória engoliu em seco, tirou a mão da frente dos olhos e olhou fixamente para o líquido avermelhado espalhado pelo chão.

-Parece ser de pouco tempo – disse ela. – Mas, de qualquer forma, não faz nem horas que saímos da clareira, pode ser que não seja de ninguém da Floresta Encantada.

Continuamos andando entrando com cuidado na floresta. Tentei pegar minha espada em minha cintura, mas percebi que ela não estava ali e que eu havia passado um tempo no hospital.

-Onde está minha espada? – perguntei.

-Margareth a pegou antes de chegarmos ao hospital – disse Jorge. – Não podia entrar lá com ela. Ela disse que traria para cá.

As construções já estavam visíveis quando avistei Angus fumando em frente á cozinha. A fumaça saía de seu cigarro e ia diretamente para o nosso lado.

-Angus – gritei para que ele nos visse.

O velho homem com incontáveis anos de idade nos olhos com um largo sorriso no rosto e fez sinal para que nos aproximássemos.

Com toda a força que tinha, corria em sua direção, era bom ver aquele local sem que estivesse havendo uma guerra e o sinal para que estivesse tudo bem era que Angus estava fumando e ele só faz isso quando está realmente sossegado.

-Como vai? – disse ele como se não nos víssemos há anos. Olhou para meu curativo e depois cumprimentou os outros.

O único problema com a Floresta Encantada naquele momento era a destruição. As construções estavam parcialmente destruídas, pois não foram completamente atingidas, mas, as árvores, que havia pegado fogo e que foram derrubadas, a meu ver, seriam complemente difíceis de ajeitar.

-Como vamos conseguir recuperar tudo isso? – perguntei apontando para a grande devastação?

-Não se preocupe – respondeu Angus. – As fadas da floresta estão nos preparando uma surpresa para este pôr-do-sol.

Pensei no que poderia ser. Victória olhou para mim confiante, tinha um sorriso no rosto assim como Angus, mas ela sabia o mesmo que eu e não tínhamos ideia do que isso significava.

Estavam todos empolgados para ver o que aconteceria, mas apenas Angus parecia saber. Andamos sobre os galhos e troncos derrubados, árvores completamente queimadas e que nunca mais estariam no mesmo lugar.

Seguimos para o alto da colina onde podíamos ver toda a floresta. A mesma colina que havíamos apreciado o pôr-do-sol e que eu havia chegado quando passei pela passagem secreta do chalé de Margareth caindo desesperada na escuridão de um buraco sem fim, mas, hoje, estávamos ali para ver algo diferente, uma surpresa e a empolgação era completamente impossível de controlar.

-Prestem bem atenção – disse Angus sorrindo. – Não há mal que pode derrubar a Floresta Encantada, pois a força desta supera qualquer poder vindo das trevas. Quando as bruxas foram aniquiladas, todas as criaturas da Floresta Sombria que poderiam fazer algum mal também foram aniquiladas, dessa forma, estamos imunes de qualquer ameaça.

Ele parou de falar e se sentou ao lado de Margareth. Estávamos olhando para as destruições causadas pela batalha, esperando, quando de repente uma luz subiu até o céu e explodiu.

-O que é isso? – perguntou Jorge espantado, mas ninguém lhe respondeu.

Mais uma vez e assim foi se seguindo, era como fogos de artifício, então, subitamente houve uma explosão de folhas, que envolveram toda a floresta. O espanto era algo impossível de se conter, as fadas estavam reconstruindo a Floresta Encantada. Era tudo muito brilhante e idêntico, elas eram incríveis.

Por fim, terminou, todos sorriam, olhando novamente para uma imensidão de folhas verdes, árvores e bichos que voltavam a viver naquele local. Elas conseguiram, era como um sonho ver aquilo daquela forma.

Victória estava com a cabeça apoiada em meu ombro e olhei rapidamente para Jorge atrás de nós, ele Marta estavam de mãos dadas, ele também conseguiu, todos nós conseguimos. Vencemos, mas isso não parecia importar naquele instante, pois estávamos todos maravilhados, olhando diretamente para a floresta iluminada.


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