As Bruxas De Tonderville- A Maldição escrita por Yan Bertone


Capítulo 27
Fugindo da Floresta




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Jorge, bem ali na minha frente de pé. Nem mesmo consegui acreditar na primeira vez que o vi, mas era verdade.

Corri e o abracei. Um abraço de amizade, como se nos conhecêssemos há anos e não há dias.

-Tudo bem. – disse ele.

-Como conseguiu se recuperar? – perguntei feliz por ele estar ali.

-Acordei hoje bem de manhãzinha e o médico disse que eu já estava bem, mas preferi fazer uma surpresa para vocês – respondeu ele radiante por estar de volta.

-Victória vai ter um ataque quando souber que você acordou – eu disse, fazendo-o rir.

-Onde ela está? – perguntou ele querendo saber não só dela, como de todos.

-Foram fazer compras – eu disse. – Joana ainda não voltou para a casa de meu pai, desde que aconteceu aquele ataque na escola Angus achou melhor esperar um pouco, pode ser perigoso.

-A escola! – exclamou Jorge. – minha mãe deve estar achando que morri depois do ataque.

-Acho melhor ligar para ela – eu disse.

-Temos que ir até minha casa – disse ele. – Daqui até a cidade não deve ser tão longe, mesmo indo a pé.

-Vamos tentar – eu disse. – Eu já havia tentado isso antes, mas estava de noite e foi quando eu e Victória nos perdemos em meio à Floresta Sombria, sem saber como voltar para casa.

Andamos até a entrada, mas o portão estava fechado, uma coisa raríssima de se ver.

-Onde pensam que vão? – perguntou um guarda que estava no portão.

-Vamos levar Jorge até a casa dele – eu disse.

-Ninguém sai dessa floresta a menos com a minha autorização – disse ele. – São ordens de Angus.

-Conheço Angus – disse Jorge um pouco nervoso pela discussão.

-Sei quem são vocês – disse o guarda. – Mas não vão sair antes de Angus voltar.

Jorge me cutucou com o cotovelo, fazendo sinal para que conversássemos em particular. Demos meia volta e nos distanciamos até que o guarda não pudesse mais nos ver.

-O que foi? – perguntei.

-Aquele é Greg – disse ele. – Um dos guardas mais chatos da floresta. Ao mesmo foi isso que uma fada me disse na noite anterior a que fui atacado na escola. Temos que arranjar uma maneira de sair daqui.

-Como vamos fazer isso? – perguntei, observando o local por completo. Apenas as pessoas com boas intenções podiam sair da floresta e naquele momento nossas intenções eram as melhores.

Chegamos perto do guarda, mas em meio a algumas árvores. Ele estava de costas para nós, o que, naquele momento, era uma grande vantagem. Um muro feito de plantas trepadeiras foi criado ao redor daquela região e dava para o lado de fora da floresta.

-Temos que escalar o muro – eu disse.

-Não acho que seja uma boa ideia – disse Jorge. – Nunca fui bom em escaladas e ele pode nos pegar.

-Temos que tentar.

Eu fui o primeiro. Segurei firme nas plantas e comecei a subir, dando espaço para Jorge bem em baixo de mim. Por um momento, achei que eu fosse escorregar, as plantas não pareciam tão fortes, mas era a nossa única chance.

Cheguei ao topo facilmente. Sempre gostei de escaladas, mas nunca havia tentado fazer uma. Olhei para Jorge que não havia conseguido chegar nem na metade do muro.

-Vamos Jorge – sussurrei. – Dei-me sua mão.

Ele ergueu uma das mãos e a segurei. Parecia que ele iria conseguir, mas eu estava quase caindo junto com ele.

-James me puxa – disse ele, alto o suficiente para o guarda escutar.

-Olhe o que você fez – eu disse.

-O que está acontecendo aqui? – perguntou o guarda correndo em nossa direção e agarrando a perna de Jorge. – Não vão fugir tão facilmente. Ordens de...

-De Angus – completou Jorge. – Agora se você puder me soltar agradeço muito, pois minha calça está escorregando.

Eu ri, ficando com menos forças nas mãos e dando vantagem para Greg.

-Puxa James – dizia Jorge, era engraçado vê-lo naquela situação.

Firmei as duas mãos com Jorge e comecei a erguê-lo, mas o guarda não parecia querer desistir.

-Solte-me – gritou Jorge que chacoalhava as duas pernas freneticamente.

-Não... solto – disse o guarda, mas, nesse instante, Jorge escapou. Fazendo-me cair do outro lado do muro. Por sorte não era o chão que me esperava, mas uma moita que amorteceu muito bem a queda.

-Sorte que conseguimos escapar – disse Jorge.

Levantamos e saímos de trás do mato. Comecei a rir rapidamente, mas Jorge ainda não tinha percebido o porquê. Na minha frente, estava ele, somente com uma camiseta e uma cueca.

-Minha nossa! – exclamou ele percebendo. – Devolva a minha calça seu guarda otário.

-Eu não – disse Greg do outro lado do portão. – Se quiser a calça vem buscar.

-Não acredito que isso está acontecendo – disse Jorge, mas eu só conseguia rir de sua frustração.

O dia estava um pouco nublado e, com as árvores tampando toda a estrada de pedra, os motoristas tinham que usar os faróis em dias como esse. Uma luz iluminou uma curva que ficava não muito longe dali. Tinha alguém vindo, mas não sabíamos quem era.

-Jorge – eu disse, atraindo rapidamente sua atenção. – Se eu fosse você me esconderia trás de uma árvore.

Ele correu e desapareceu atrás de um largo tronco de árvore, que parecia ser uma das mais antigas ali. Fiquei em frente ao portão como se nada estivesse acontecendo.

O carro estava com os faróis ligados e era irreconhecível. Angus estava voltando e não só Victória como todos eles teriam um ataque se vissem Jorge nas condições que estava.

Aproximaram-se rapidamente, parando em frente ao portão, que permanecia fechado. Saíram dele e olharam para mim.

-Vejo que acordou – disse Angus.

-É, acordei há pouco tempo – respondi.

Angus abriu o portão com grande facilidade. O guarda não parecia estar mais com as calças nas mãos, mas escondia algo atrás dele. Os outros entraram, mas permaneci ali, encarando-o.

-Você não vem? – perguntou Victória olhando para trás.

-Já estou indo.

Ela deu meia volta e foi em direção aos outros.

-Onde está a calça? – perguntei ao guarda, sabendo que ninguém poderia me ouvir.

Eu tentava parecer sério, mas era algo difícil em uma situação como essa. Jorge sem as calças em meio à floresta se escondendo atrás das árvores para não ser visto por ninguém.

-Aqui – disse Greg, retirando-a de trás do corpo e me entregando com as duas mãos.

-Obrigado – eu disse e saí parar procurar por Jorge. Foi quando eu tinha acabado de desaparecer de sua vista que pensei em ter escutado um riso baixo e de quem se divertiu muito com o que aconteceu, só não sei se é verdade.

-Jorge – chamei. Eu estava na estrada de pedra. Com as mãos esticadas para perto da árvore em que ele tinha se escondido.

A calça foi puxada da minha mão com muita rapidez e em pouco tempo ele estava ali novamente.

-Vamos – disse ele, querendo esquecer tudo aquilo.

Entramos juntos na Floresta Encantada. Não seria preciso ignorar o guarda nos observando a cada passo que dávamos, pois ele não estava mais ali.

Os outros estavam na cozinha, mas não pensavam em cozinhar tão cedo naquele dia, estavam apenas conversando.

-Jorge – disse Victória ao nos ver chegar. Correu em sua direção e os dois se abraçaram fortemente. – Como você está?

-Bem – disse ele. – Mas preciso ver minha mãe, ela deve estar preocupada – olhou para mim de relance.

-Pelo menos está tudo bem até agora – disse Angus. – Estou feliz de você ter voltado – com isso, abraçou Jorge rapidamente.

-Obrigado – disse ele.

Angus estava certo. Até esse momento estava tudo bem, mas nunca se sabe quando vai chegar a hora de agirmos ou de termos de controlar e batalhar mais uma vez contra as criaturas da Floresta Sombria, pois podiam estar em qualquer lugar nesse momento, fazendo pactos ou planejando algo para um dia em especial.


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