As Bruxas De Tonderville- A Maldição escrita por Yan Bertone


Capítulo 19
Incêndio




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O carro parou na frente de casa e minha mãe estacionou. Depois de descermos aconteceu algo que eu nunca pensei em ver, desde que Angus colocou os guardas na porta de casa.

-Boa noite – disse minha a eles. Era estranho vê-la fazendo isso, pois antes pareça não os enxergar, era algo com o qual eu teria de me acostumar.

Eles apenas assentiram, eu nunca conseguira ouvir a voz deles. Poderiam ser mudos, pensei, mas não era algo com o qual eu teria de me preocupar nesse momento.

Subi as escadas e fui descansar. Do lado de fora da janela de meu quarto era possível ver o sol aparecendo no horizonte. O tempo parecia passar mais rápido quando se estava na Floresta Encantada, eu já havia me acostumado. Foi a ver o sol que veio a dúvida em minha mente. Eu iria ou não para a escola? Faltava uma hora para eu ter de me levantar, seis da manhã e em uma hora o despertador tocaria no criado mudo ao lado de minha cama.

Apesar de não estar nem um pouco com vontade, eu teria de ir. Tinha que falar com Jorge e Victória, eles me ajudariam nessa jornada que estava prestes a enfrentar. Seríamos parceiros em tudo isso.

Levantei-me da cama, com medo de que, quando o despertador tocasse, eu nem mesmo o ouviria, tamanho era meu cansaço. “Não posso dormir” a frase ficava se repetindo em meus pensamentos, nesse momento, o sono era meu maior inimigo.

-Aonde vai? – perguntou minha mãe quando cheguei à cozinha para poder tomar um café da manhã.

-Tenho que ir para a escola – respondi. – Falar com Jorge e Victória.

-Não pode ir para a escola quando nem ao menos descansou – disse ela com um tom de preocupação na voz.

-Não tenho outra opção – eu disse. – Se eu não falar com eles hoje pode ser tarde para conseguirem se convencer de que se disserem não tudo pode dar errado.

Era verdade, sem os dois ao meu lado eu só teria Angus e parte da guarda da Floresta Encantada, um bom número de pessoas com alto grau de eficiência, mas não adiantaria contra as bruxas e seus aliados da Floresta Sombria.

-Faça o que tiver de fazer – disse minha mãe.

Foi nesse momento que entendi o que ela queria dizer, estava dizendo que eu poderia ir, mas não queria dar muito apoio, ela concordava comigo e eu ficava feliz por poder contar tudo a ela.

-Obrigado – eu disse. Em seguida saí da cozinha carregando um pacote de bolacha em minhas mãos, queria chegar cedo à escola, apesar de ter demorado para me arrumar e que ainda teria de acompanhar Joana até em casa quando ela saísse da casa de sua amiga.

Peguei o endereço da casa da amiga de Joana na estante e saí. O clima do lado de fora era de um ar gelado, mas o sol deveria aparecer um pouco mais tarde.

A casa da amiga de Joana não ficava muito longe de minha casa. Foi somente quando cheguei que percebi que já tinha estado naquele local, era a casa de Victória.

Toquei a campainha temendo ter acordado alguém, mas, por sorte, todos já haviam levantado de suas camas. Reconheci imediatamente a mãe de Victória quando veio abrir a porta.

-Olá James – disse ela. – Certamente veio buscar sua irmã.

Perguntei-me se havia mais alguma coisa que me interessaria em vir à casa de Victória, mas nada me veio a cabeça.

-Sim – eu disse. – Ela já está pronta para ir?

-Terminando de se arrumar – disse Victória ficando ao lado de sua mãe. – Por que não entra e espera ela terminar de se aprontar e depois disso podemos ir para a escola juntos.

Parecia uma ótima ideia e foi por esse motivo que a coloquei em prática. A casa de Victória era muito diferente da minha. Tinha coisas modernas, mas um tom conservador, a mãe dela parecia ser totalmente severa em cumprir regras da casa.

-O que acha? – perguntou ela.

-Legal – respondi. – Diferente de todas as casas as quais eu havia entrado até hoje.

-Para mim é estranho – disse ela se sentando e fez um sinal para que eu me sentasse também. – Tudo aqui é muito certinho e não é disso que eu gosto, parece que não me encaixo nessa família.

-Deve ser por isso que nos damos tão bem juntos – eu disse. – Eu sou totalmente diferente do modo como você fala de sua família, apesar de não ser completamente largado parece que não nasci para obedecer a ordens ou seguir uma rotina todos os dias.

Ela assentiu e em poucos segundos Joana apareceu no topo da escada, carregando uma mala maior do que ela.

-Deixe-me te ajudar – disse um homem engravatado que logo percebi ser o mordomo.

A casa parecia ser menor por fora do que por dentro. Era uma verdadeira mansão e era possível perceber que Victória vinha de uma família rica.

-Obrigada – disse Joana logo depois de chegarem até a porta de entrada.

-Vamos – disse Victória se levantando e logo em seguida fiz o mesmo. Não seria muito difícil carregar a mala até em casa, pois percebi que estava leve quando a levantei.

-O que colocou aqui? – perguntei a Joana. Estávamos eu, ela e Victória na rua, a qual estava deserta.

-Travesseiros – respondeu ela com um sorriso no rosto.

-Fizeram uma bagunça ontem de noite – disse Victória. – Ela e minha irmã brincaram de guerra de travesseiros, o quarto ficou completamente desorganizado.

Finalmente chegamos em casa. Deixei as coisas de Joana no quarto, onde poderia arrumar com tranqüilidade e, poucos minutos depois, ficamos apenas eu e Victória indo para a escola.

-Como foi contar para sua mãe? – perguntou ela quebrando o silêncio que estava entre nós dois.

-Nada mal – eu disse quase em um sussurro.

-Por que está falando tão baixo? – perguntou ela curiosa.

-Quando cheguei em casa e contei o que tinha acontecido minha mãe pareceu creditar – eu disse. – Mas depois ela me chamou na cozinha e disse que você tinha contado uma história completamente diferente para sua mãe, e tem mais uma coisa...

-O que ela disse? – Victória estava casa vez mais interessada.

-Disse que Angus...é meu avô – respondi. Victória ficou completamente pálida com a notícia, mas, depois de se passarem poucos segundos ela voltou ao normal.

-Como isso aconteceu? – perguntou ela.

Depois dessa pergunta, demorei todo o caminho da escola para contar tudo a ela e a cada minuto ela parecia mais interessada em tudo.

-Quer dizer então que você precisa da minha ajuda e da de Jorge para tudo o que terá de enfrentar? – perguntou ela.

-Somente vocês são capazes de me ajudar em tudo isso – eu disse. – Se concordarem, começaremos o nosso treinamento amanhã.

-Não sei quanto a Jorge – disse ela. – Mas eu estou dentro dessa, vai ser uma aventura e tanto e não perderia isso por nada, tudo para sair da rotina que existe na minha casa.

Eu estava feliz por ela ter aceitado, mas ainda faltava Jorge aceitar. Tínhamos chegado à escola e logo o avistei sentado em um canto nos corredores.

-Olá – disse ele nos cumprimentando.

-Temos que falar com você – disse Victória o puxando para um canto onde podíamos conversar mais reservadamente.

-O que aconteceu? – perguntou ele e imediatamente contei tudo a ele e foi muito bom ouvir a resposta. – Estou dentro.

-Ótimo – eu disse e Victória sorriu largamente – Agora temos que ir para a aula.

A sala de aula ficava no andar de cima e, pela janela, era possível observar minha casa e logo depois a de Victória. Estávamos no meio da aula quando um estrondo foi ouvido, vinha de um local não muito longe. Observei pela janela e logo vi o que estava acontecendo, minha casa estava pegando fogo.

-James – disse Jorge me cutucando nas costas.

-Eu já vi – eu disse e logo em seguida me levantei.

-Sente-se James – pediu o professor, mas eu nunca deixaria minha casa pegando fogo para ouvir um simples explicação na aula.

Saí correndo da sala e, assim como eu esperava, Jorge e Victória estavam atrás de mim.

-Rápido – disse Jorge. – Temos que ver o que está causando o incêndio.

Saíamos da escola o mais rápido possível, nada podia nos parar naquele momento, não havia nenhum obstáculo, apenas um caminho para percorrer.

Corríamos como nunca antes, desesperados para chegar até minha casa. A fumaça do incêndio estava tomando conta da rua onde estávamos, tínhamos chegado perto, mas não conseguíamos ver nada além da espessa fumaça ao nosso redor.

-Como vamos conseguir entrar na casa? – perguntou Jorge.

-Tem que ter uma maneira –disse Victória.

Andávamos em meio às fumaça e depois de um tempo consegui ver a casa, estava praticamente inteira, o fogo só estava em parte dela e a maioria ao redor da casa.

-Não tem como passar elo fogo – disse Jorge.

-Mãe – gritei para ver se ela ainda estava em casa e logo apareceu na porta com Joana ao seu lado.

-James – disse ela. – Nos ajude, você consegue, sei que seus amigos vão ajudar.

“Você consegue” duas palavras que não paravam de repetir em minha mente, mas eu tinha de pensar em algo rápido para poder ajudá-las, ao menos estavam bem, apesar do fogo estar cada vez maior.


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